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53.

EMILY SAINZ
📍Madrid, Espanha
"Você aceita casar comigo?"


O tradicional almoço de domingo que meus pais faziam questão de reunir toda a família era uma regra sagrada. Quase todo domingo tinha esse ritual, mas havia um específico no ano que eles gostavam de ver todos presentes. Eu, porém, não cheguei a tempo, até porque Lando já tinha respondido por mim, mesmo que fosse exatamente o que eu teria dito.

Desde que voltamos de Mônaco, eu estava ficando na casa dele, mas naquela manhã decidi ir direto pra casa dos meus pais. Lando tinha saído para jogar golfe com Carlos, Chilli e Antônio, meu cunhado. Eu aproveitei pra ajudar minha mãe com as coisas e ter mais um tempo só nosso.

— Fico feliz de ver você bem, querida — disse minha mãe com um sorriso carinhoso. — Ver sua felicidade é o que mais importa pra mim.

— Obrigada, mamãe... tá sendo um recomeço, sabe? Mas estou tentando levar tudo com calma  — respondi, sincera.

— Isso é ótimo. Se redescobrir é um começo importante. Descobrir o que realmente importa é essencial — ela falou, me entregando uma pilha de pratos.

Peguei os pratos e comecei a arrumá-los na mesa, refletindo sobre o que ela tinha dito.

— É... você tem total razão — murmurei, pensativa.

Meus pensamentos foram parar em Lando. Desde o ano novo, estávamos apenas nos redescobrindo, sem nenhum rótulo. Era leve, tranquilo, mas ao mesmo tempo havia algo mais profundo ali. Talvez ele só estivesse esperando o meu tempo. Os sinais que ele dava... eram claros.

Uma tosse forçada me tirou do transe. Sacudi a cabeça e encontrei minha mãe me encarando com um sorriso travesso.

— Você tá mesmo longe, hein? Nem me ouviu passando os talheres para você — ela disse, divertida.

Sorri sem jeito, pegando os talheres na mesa e começando a distribuí-los.

— Desculpa, mãe... me distraí por um momento.

— Eu percebi, querida — ela falou, sentando-se à mesa e apontando com a cabeça para a cadeira em frente — Senta aqui, vamos conversar. Como fazíamos, lembra?

Assenti com um sorriso e me sentei. Ela pegou minhas mãos entre as dela, com aquele olhar de mãe que lê a alma.

— Então, conta pra mim... o que está te deixando tão pensativa? Vindo da minha filha mais decidida, até estranhei.

— Ah, mãe... nem sei por onde começar. Eu tô tentando só... deixar as coisas fluírem — respondi com um suspiro.

— Deixa eu adivinhar... — ela fez uma pausa dramática e estalou os dedos — Lando Norris, meu genro preferido. Acertei?

Revirei os olhos, mordendo o lábio inferior.

— Mãe... a gente não tá namorando — corrigi.

— Ainda! — ela rebateu na hora. — Isso é só questão de tempo. E, olha, tratem de parar de enrolar... essa volta de vocês tá demorando mais que novela mexicana.

— Ele tem que me reconquistar primeiro, mamãe. Não é tão simples voltar depois de tudo.

— Eu sei. Mas já faz um mês que ele tá tentando, né? E ainda não conseguiu?

— Tá indo pelo caminho certo... mas leva tempo — falei, dando de ombros.

— Claro, né... Emily Arabella Sainz é muito exigente! — brincou ela, fazendo drama com as mãos.

— E orgulhosa também — completei, rindo.

Suspirei, jogando o corpo pra trás na cadeira.

— Ai, mãe... tá difícil eu me fazer de durona. Ele tá me conquistando a cada dia mais — admiti, deixando escapar um sorriso tímido.

— Eu percebi mesmo, querida. Passa mais tempo em Mônaco do que aqui. Nesse último mês, você veio pra Madrid só três vezes! — ela disse, rindo. — Você tá passando tempo demais com ele... e, sinceramente, ele já te reconquistou, e você sabe disso.

— É... eu sei mesmo — murmurei, encarando nossas mãos entrelaçadas. — Se fosse você... o que a senhora faria?

Ela respirou fundo, apertando minhas mãos levemente antes de me olhar nos olhos com toda a ternura de mãe.

— Bom, não tô dizendo isso só porque ele é meu genro preferido, tá? — começou com um sorriso — Mas olha... você devia viver isso. Não tem mais nada atrapalhando vocês dois agora. Ficar tentando se manter durona assim não vai te proteger, só vai te afastar do que te faz bem. O melhor que você pode fazer... é aceitar o sentimento, filha.

Fiquei em silêncio por alguns segundos, digerindo cada palavra.

— Ele vai surtar se eu contar que vou dar uma chance pra ele de novo — falei, soltando uma risadinha nervosa.

— Então você vai mesmo dar uma nova chance pra ele?

— Sim, mamãe. Vou conversar com ele sobre isso ainda hoje — respondi com convicção.

— Espero que corra tudo bem... e olha, quero ver uma aliança nesse dedo logo, Emily — disse ela com um sorriso malicioso.

— Tá bom, mas daí a senhora já começa a tratá-lo como "quase genro", né? — brinquei, rindo.

Antes que ela respondesse, ouvimos vozes animadas vindo do lado de fora. A porta da frente se abriu e, em poucos segundos, Lando apareceu na entrada da sala de jantar acompanhado de Carlos e meu pai. Logo atrás, Blanca e Antônio também chegaram, completando a bagunça familiar típica de um almoço de domingo.

Lando foi o primeiro a entrar na sala de jantar e, ao me ver, não conteve a empolgação. O sorriso largo tomou conta do rosto dele enquanto atravessava o cômodo com passos rápidos, indo direto até mim.

— Finalmente! — ele exclamou, me puxando para um abraço apertado, antes de deixar um beijo carinhoso em minha bochecha, ou melhor, quase nos lábios.

— Também fiquei com saudade — murmurei só pra ele ouvir.

— E aí, dona Reyes! — Lando cumprimentou minha mãe com o mesmo entusiasmo, abrindo os braços. — Tudo bem?

— Tudo ótimo, agora que vocês chegaram. — Ela retribuiu o abraço com um sorriso acolhedor, olhando de canto pra mim. — E pelo visto... chegaram com novidades no ar, não é?

Lando arqueou a sobrancelha, curioso, mas antes que pudesse perguntar qualquer coisa, Carlos apareceu na sala com aquele jeito debochado de sempre.

— E aí, maninha, acredita que o seu homem perdeu de lavada pra mim no golfe? — falou, passando o braço pelo meu pescoço com um sorriso vitorioso.

— A minha maior inspiração não tava lá — Lando se defendeu, piscando pra mim com aquele ar brincalhão.

— Não tenho culpa, Lan. Golfe não é pra mim. Acho um tédio ficar lá vendo vocês jogarem, não tem graça nenhuma — falei, fazendo uma careta.

— Eu ainda vou te convencer a jogar comigo um dia — Lando respondeu, cruzando os braços e fingindo estar ofendido.

— Vai sonhando, amor — soltei, rindo da expressão dele.

— Amor, hein? — Carlos provocou, arregalando os olhos e olhando de um para o outro.

— Carlos, para — pedi, empurrando-o de leve.

— Opa, opa! Tá ficando sério mesmo — ele riu, se afastando e indo até a mesa onde Blanca já colocava os acompanhamentos.

Ele sorriu aliviado e deu um beijo leve na minha testa antes de ir ajudar Antônio com as bebidas. Minha mãe, do outro lado da mesa, só observava tudo com aquele olhar de quem sabia que já tinha vencido a aposta do dia.

Fui até Blanca e a ajudei com os últimos detalhes, antes de todos formos pra mesa, me sentei, e Lando sentou-se ao meu lado esquerdo e Blanca ao lado direito.

¤¤ 🇪🇸 ¤¤

Estava na cozinha ajudando minha mãe em alguma coisa. Depois de muito insistir, tinha conseguido que ela me deixasse lavar a louça, e, claro, arrastei o Carlos comigo. Não ia deixar ele jogado no sofá, bebendo cerveja e conversando como se fosse visita de luxo. Era muita vagabundice.

Passei um prato pra ele secar assim que terminei de enxaguá-lo.

— Por que você não pediu pro Lando? Quem beija sua boca todo dia é ele, não eu. Cada coisa viu — Carlos resmungou, pegando o pano com má vontade.

— Carlos, para de reclamar. Nossa, você não tá transando há quantos dias pra estar com esse mau humor? — falei, olhando de lado.

— Há uma semana — ele respondeu, com a maior naturalidade do mundo.

— Aí, sem noção! Eu não precisava saber disso — fiz uma careta, fingindo indignação.

— Ué, você perguntou, eu só respondi — deu de ombros. — Mas mudando de assunto... e você e o Lando? Já evoluíram em alguma coisa?

Continuei lavando os pratos, respirando fundo antes de desviar o olhar pra ele rapidamente.

— Conversei com a mamãe mais cedo. Ela me ajudou a clarear umas coisas e... cheguei à conclusão de que vou dar uma chance pra ele. A última — falei, meio contida.

Carlos sorriu e levantou os braços como se comemorasse um gol no último minuto.

— Aleluia! Deus ouviu minhas rezas! — disse dramático — Finalmente, Lily. Você já tava fazendo o coitado sofrer!

Dei de ombros, tentando conter o sorriso que teimava em escapar.

— Depois do que aquela loira falsa e ele me fizeram, ele tinha mais é que sofrer mesmo. Mas, pelo menos, valeu o esforço dele. Foi insistente, eu admito.

— E você gosta dele. Isso aí ninguém precisa nem perguntar. Fica até idiota quando ele aparece — ele provocou, me cutucando com o cotovelo.

— Cala a boca, Chilli — ri, jogando um pouco de água na camisa dele de propósito.

— Eiii! Tá maluca?! Isso aqui é Versace! — ele exclamou, fingindo indignação.

— Ah pronto! Agora virou fino, tá achando que tá em Mônaco também?

— Emily, sempre estive! — disse com uma voz afetada, e nós dois caímos na risada.

Era bom rir assim. Com leveza. Com meu irmão.

E, por mais que eu não quisesse admitir em voz alta... no fundo, eu já sabia, com Lando, meu coração já tinha cedido faz tempo.

Enquanto lavava os talheres, aproveitei o silêncio momentâneo pra alfinetar meu irmão.

— E você, hein? Quando vai me apresentar uma namorada decente? Já tô começando a achar que vou morrer antes de ver isso acontecer.

Carlos soltou uma risadinha, sacudindo o pano de prato no ar.

— No dia de São Nunca, Lily. Isso de ficar preso a alguém não é pra mim. Quero curtir a vida, viajar, tomar uma cerveja no sofá sem ninguém me enchendo o saco.

— Nossa, que ilusão, Carlos... um dia você vai se apaixonar e vai ser bonito de ver. Quero só ver sua cara de bobo apaixonado — provoquei, erguendo uma sobrancelha com um sorrisinho maldoso.

— Bobo apaixonado? — Ele me olhou, fingindo indignação — Tá falando de você com o Lando, né? Porque a boba aqui já foi fisgada faz tempo!

Antes que eu pudesse rebater, senti um respingo de água gelada no meu braço. Arregalei os olhos, chocada.

— Você jogou água em mim?!

— Ops — ele sorriu, vitorioso — Minha mão escorregou...

— Ah, escorregou, né?! Veremos se vai escorregar de novo!

Enchi minhas mãos de água e joguei nele sem dó. Ele xingou, desviando o rosto, mas já preparando a vingança. Em segundos, estávamos no meio de uma verdadeira guerrinha de água, rindo como duas crianças.

— Mãe vai matar a gente se ver a bagunça que fizemos! — falei, tentando me proteger com um prato enquanto ele mirava outro jato de água em mim.

— Valeu a pena! — ele respondeu, rindo alto — Faz tempo que a gente não se zoava assim, saudade das nossas tretas!

Eu ria junto, tentando recuperar o fôlego e secar o rosto com a manga da blusa.

— Parece que eu voltei para os sete anos e você para os dezesseis anos — falei entre risos — Só faltou você puxar meu cabelo e sair correndo.

— Eu não puxava, eu só empurrava você do sofá! — ele retrucou, se defendendo com um copo na mão.

— Ah claro, super melhor — revirei os olhos, ainda rindo.

A porta da cozinha se abriu com um estrondo e, de repente, a voz que congelava qualquer criança desobediente ecoou:

— Emily Sainz e Carlos Sainz, o que é isso aqui?!

Congelamos. Eu ainda com as mãos molhadas, ele segurando o pano de prato encharcado. Olhamos devagar na direção da nossa mãe, que nos encarava com as mãos na cintura e uma sobrancelha arqueada, a clássica pose de "tô a um segundo de perder a paciência".

— Mãe... — comecei, tentando dar aquele sorriso inocente de quem "não fez nada".

— Foi um acidente! — Carlos apressou-se a dizer, apontando pra mim — Ela começou!

— EU?! Você jogou água em mim primeiro, seu mentiroso!

— Mas só porque você me provocou com essa história de namorada! — ele rebateu, já se escondendo atrás da porta da geladeira.

— Olha só pra esse chão! — ela disse, sem paciência — Vocês têm mais de vinte anos nas costas e ainda se comportam como dois moleques! Se escorregar aqui e quebrar o pescoço, quero ver se vai rir assim!

— A gente limpa, mãe... — murmurei, já pegando um pano com o pé.

— É bom mesmo. E me deixem essa cozinha mais limpa do que estava antes! — ela completou, virando-se pra sair — E se eu ouvir mais uma risada aí dentro, vocês vão lavar até a calçada da casa da vizinha!

Esperamos ela sair completamente da cozinha antes de nos entreolharmos e cairmos na risada de novo, dessa vez mais contida.

— A gente tá ferrado — murmurei, jogando um pano pra ele.

— Mas valeu cada respingo — ele respondeu com um sorrisinho de canto, pegando o pano e se abaixando pra secar o chão.

— Idiota.

— Te amo também, maninha.

Ele aproveitou que a pia estava cheia e jogou um pouco de água de leve pra perto dos meus pés de propósito, fingindo inocência.

— Carlos! — reclamei, pulando pra trás — Vai ficar mexendo com água de novo?

— Ops, escorregou — ele respondeu com a maior cara de pau.

Antes que eu pudesse retrucar, o celular dele vibrou em cima da bancada. Ele fez um som com a boca e apontou com a cabeça:

— Pega aí pra mim? Minhas mãos tão molhadas.

Revirei os olhos e peguei o celular, desbloqueando sem cerimônia. Afinal, irmãos não têm muita noção de privacidade.

Abri a notificação e arregalei os olhos assim que li a mensagem:

"Semana que vem vou pra Madrid e nos encontramos, Cariño"

Pisquei algumas vezes, processando. E então olhei pra ele, de sobrancelha arqueada.

— O que é isso aqui? — perguntei, levantando o celular pra ele ver.

Carlos virou de leve o rosto, só pra checar, e quando reconheceu o nome, soltou um riso meio sem graça.

— Ah... é da Bela, uma amiga — disse, tentando parecer casual.

— A Bela? A engenheira da McLaren? — insisti.

— Uhum — respondeu, já parecendo que sabia o que vinha pela frente.

— Desde quando você e ela... são amigos? — perguntei com um sorrisinho debochado — Porque esse papo de "amiga" vindo de você, Carlos, eu já entendi: você já pegou.

Ele soltou uma risada abafada, coçando a nuca.

— Tá... a gente tá ficando, vai — confessou.

— O quê? Eu achava que ela tava ficando com o Oscar! — falei, surpresa de verdade.

— Muita gente acha isso — ele deu de ombros — Mas os dois são só amigos. Ela é mais na dela, não fica espalhando as coisas. E, sei lá, a gente se deu bem. Começou despretensioso, mas... ela é legal. Inteligente pra caramba.

Eu o encarei, ainda sem acreditar muito.

— Meu Deus, Carlos Sainz elogiando uma mulher além da aparência. Tô em choque real.

— Para, vai — ele riu — Não estraga o momento.

— Só não magoa minha amiga, ouviu? Porque se você pisar na bola com ela, eu pessoalmente acabo com sua vida social no paddock.

— Caramba, que apoio maravilhoso da família — ele disse, sarcástico — Tô me sentindo super amado.

— Tá, mas agora me conta tudo. Como vocês começaram com isso? E por que eu sou a última a saber?

Carlos deu uma risadinha nervosa, coçou a nuca e encostou na pia.

— Foi recente, na real. No GP de Abu Dhabi... a gente começou a conversar mais, sabe? Sempre foi na boa, ela sempre foi legal comigo. Aí ficamos presos um tempão no briefing, só nós dois, e rolou uma conexão ali. Quando vi, já tava trocando mensagem com ela direto.

Carlos deu um sorrisinho de canto enquanto secava uma tigela.

— Ah, e o Lando também ajudou com isso — soltou, como quem não queria nada.

Virei o rosto na hora, encarando ele com os olhos semicerrados.

— Como assim, o Lando ajudou? — perguntei, já cruzando os braços.

Ele deu uma risada sem graça, largando o pano na pia.

— Calma, maninha. Não briga com ele. Foi tudo por minha conta. Eu pedi pra ele ficar quieto. Ele só me deu uma força, tipo... puxando assunto com ela nos boxes, ajudando ali nos bastidores, sabe? Foi bem no GP de Abu Dhabi que tudo começou, então é meio recente ainda.

— Você tá me dizendo que meu ex-namorado foi cupido do meu irmão com uma das minhas amigas? — questionei, completamente chocada.

Carlos riu, tentando segurar o riso que escapava.

— Quando você coloca assim, até parece mais estranho. Mas foi de boa, sério. A gente começou a trocar ideia naquele GP, e depois disso... continuou rolando.

— E você esconde isso de mim por quê?

— Porque você é a última pessoa com quem eu queria discutir sobre meus rolos, ainda mais sendo com alguém que você conhece. Mas agora já era, né?

— Meu Deus... e pensar que você ficava me julgando por causa do Lando — falei, indignada, mas tentando não rir.

— Cada um com sua hipocrisia, irmãzinha — ele disse, e logo jogou mais um pingo de água em mim.

— Você tá pedindo pra morrer, Carlos Sainz!

Carlos riu, percebendo que a tensão tinha virado deboche, e se escorou na pia com os braços cruzados, ainda com aquele sorrisinho convencido no rosto.

— Vai, fala a verdade... a gente combina, né?

Revirei os olhos, mas não consegui segurar o riso.

— Eu nunca ia imaginar vocês dois juntos, sério mesmo. Tipo, nunca. Mas agora pensando bem... vocês são até fofos. Dá vontade de vomitar, mas são fofos.

Ele estufou o peito, fingindo orgulho.

— Obrigado, é tudo natural. Charme espanhol.

— Charme cara de pau, isso sim — provoquei, dando um leve empurrão no ombro dele.

— Ei! Vai descontar a surpresa me batendo? Bela ia te julgar por isso.

— Ah, então agora já tá todo íntimo? Bela pra cá, Bela pra lá...

— A gente tá ficando, né? Posso chamar como eu quiser — respondeu ele, se defendendo, mas com um brilho nos olhos que entregava o quanto ele tava gostando daquilo tudo.

Cruzei os braços, fingindo análise.

— É... só não parte o coração dela, Carlos. Ela é minha amiga.

Ele assentiu, mais sério por um instante.

— Eu sei. E é por isso que eu tô indo devagar. Não quero estragar as coisas com ela.

Sorri de lado, surpresa com a maturidade repentina.

— Quem diria que o galinha da família Sainz tava virando um príncipe encantado?

— Shhh, fala baixo! Vai que isso espalha e estraga minha reputação.

— Relaxa, eu deixo você com fama de cafajeste ainda um tempinho... pelo menos até colocar um rótulo nesse rolo aí com a Bela.

Carlos deu uma risada curta, pegou o pano de prato e começou a secar as últimas louças enquanto eu enxaguava os talheres com a maior calma só pra irritá-lo.

— Anda logo, maninha, que a gente vai envelhecer aqui nessa cozinha — ele resmungou, girando o prato nas mãos de forma dramática.

— Ué, tá com pressa por quê? Vai ter encontro secreto com a Bela depois do jantar? — falei com a sobrancelha arqueada.

Ele fez uma cara cínica.

— Quem sabe... ela me mandou uma figurinha de urso se espreguiçando, deve ser sinal de saudade.

— Ai, que romântico! Um urso! — ironizei, batendo levemente o pano molhado no braço dele.

— Ei! Olha o respeito com os sentimentos dos outros — ele respondeu, fingindo indignação.

— Você não tem sentimentos, Carlos. Todo mundo sabe.

— Tenho sim! Só guardo bem escondidos atrás de uma camada de piadas ruins.

— E de ego inflado também — retruquei.

Ele fez um gesto dramático de quem leva uma facada no coração.

— Você me magoa, Emily Sainz. Profundamente.

— Cala a boca e seca os talheres.

— Sim, senhora general da louça — respondeu ele, fazendo continência com a espátula de madeira.

Começamos a rir de novo, e por um instante, era como voltar no tempo, como quando a gente brigava pela televisão ou disputando quem lavava a louça depois do almoço de domingo. Aquela conexão boba, leve, e tão nossa.

— Pronto — ele disse, largando o pano sobre a bancada — Missão cumprida. Cozinha salva. Louças limpas. Carlos Sainz, herói nacional.

— Herói seria se você limpasse o chão também — brinquei, apontando pra água que ele mesmo tinha derrubado.

Ele me lançou um olhar dramático e foi buscar o pano de chão.

— Sério, se a Bela souber como você é chato, acho que termina antes mesmo de começar.

— Ela já sabe. Só que ela acha isso "parte do meu charme".

— Ela tá iludida — falei rindo.

— E você tá com inveja — ele respondeu, piscando pra mim.

— De você? Nunca — disse, jogando um guardanapo nele enquanto a gente ria de novo.

Ter momentos assim com ele, apesar dele ser um insuportável legal, era meu irmão preferido.

¤¤ 🇪🇸 ¤¤

Peguei um moletom no armário, vesti por cima da blusa e desci devagar as escadas até o andar de baixo da casa do Lando. O ambiente estava silencioso, exceto por algum barulho distante vindo da TV.

Antes de ir até ele, passei pela cozinha, peguei duas taças de vinho e uma garrafa que eu sabia que ele gostava, era um tinto suave, daqueles que a gente tomava nas noites mais tranquilas. Respirei fundo, tentando conter o nervosismo, e segui até a sala.

Lando estava sentado no sofá, distraído com o celular, a luz da tela iluminando levemente o rosto dele. Ele vestia uma camiseta simples e um short cinza, parecia confortável, em paz. Sorri de leve com a cena.

Coloquei a garrafa e as taças sobre a mesa de centro, com cuidado, e só então falei, tentando soar casual, mas gentil:

— Trouxe reforços pra gente relaxar um pouco... Achei que merecíamos.

Lando ergueu o olhar e, ao me ver ali, com as taças na mão e um meio sorriso no rosto, os olhos dele brilharam discretamente. Ele largou o celular de lado e se ajeitou no sofá.

— Você pensando nos detalhes... isso já vale mais do que qualquer vinho — ele disse, com a voz suave.

Sorri mais largo, um pouco tímida, e sentei ao lado dele no sofá. O clima era calmo, íntimo. Eu podia sentir o peso do que estava por vir, mas também a leveza de estar ali com ele. Lando me observava como se tentasse ler nas entrelinhas o motivo de tudo aquilo, mas não dizia nada, só esperava.

— Achei que a gente podia conversar... — falei, estendendo uma das taças pra ele.

— Sobre nós? — ele perguntou baixo, quase como se não quisesse quebrar o momento.

Assenti devagar, e antes de qualquer palavra mais séria, encostei minha taça na dele, brindando de leve.

— Mas antes... vamos aproveitar esse silêncio juntos, só um pouquinho.

Ele sorriu, e dessa vez, aquele sorriso sincero, quase infantil. Depois disso, Lando se aproximou um pouco mais, nossos joelhos encostando. A música de fundo que tocava baixinho preencheu o resto do espaço enquanto o vinho fazia seu trabalho de aquecer, suavizar e aproximar.

Tomamos um gole do vinho em silêncio, deixando que o tempo corresse com calma, sem pressa. A presença dele ao meu lado era reconfortante, e mesmo sem dizer muito, tudo ali parecia dizer alguma coisa. Lando me observava com atenção, o tipo de atenção que pesa, mas de um jeito bom, como se ele estivesse gravando mentalmente cada detalhe.

— Sabe o que é engraçado? — ele começou, com aquele sorrisinho de canto.

— O quê?

— Que mesmo depois de um dia cheio, você aparece aqui assim, linda e tranquila, como se tivesse saído de um filme — disse, apoiando o cotovelo no encosto do sofá enquanto me olhava.

Soltei uma risada, espontânea, pegando de surpresa até a mim mesma. Me virei um pouco de lado, olhando pra ele com as sobrancelhas arqueadas.

— Você tá tentando me conquistar com cantadas agora?

— Não — ele sorriu — Tô só sendo honesto. Mas se servir pra te conquistar de novo, melhor ainda.

Fiquei sem resposta por um segundo, e senti meu rosto esquentar. Por mais que ele sempre tivesse esse jeito, ouvir aquilo agora, daquele jeito leve e carinhoso, me pegou desprevenida.

— Lando... — murmurei, abaixando o olhar.

Ele esticou a mão com delicadeza, os dedos traçando meu rosto de forma suave, como se me tocasse fosse algo precioso. Meu olhar encontrou o dele e, por um instante, tudo ao redor pareceu silenciar.

— Eu senti falta desse seu sorriso... — ele sussurrou — De estar perto de você assim, sem pressa.

Suspirei, ainda sem coragem de dizer nada. Mas meu coração estava ali, batendo mais forte do que eu gostaria de admitir. Ele sorriu de novo, quase como se soubesse, e encostou a testa levemente na minha.

— Não precisa dizer nada agora — ele disse baixo — Só queria que você soubesse.

Mas eu queria. Precisava.

— Eu quero dizer, sim — falei, baixinho, mas firme, o coração acelerado — Eu pensei muito, conversei com a minha mãe, com o Carlos... e eu decidi. Vou dar uma chance pra gente. A última, Lando.

Ele piscou algumas vezes, como se quisesse ter certeza de que tinha ouvido certo. E então, o sorriso mais lindo e genuíno surgiu no rosto dele, iluminando tudo ao redor.

— Você tá falando sério? — ele perguntou, os olhos brilhando.

Assenti com um pequeno sorriso, e antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, ele segurou meu rosto com as duas mãos e me beijou, daquele jeito cheio de sentimento, como se estivesse colocando ali tudo o que sentia.

Quando o beijo terminou, ele encostou a testa na minha de novo, sorrindo.

— Eu tô tão feliz... — ele disse, com a voz embargada de emoção — Você não faz ideia. Eu prometo, Emily... nunca mais vou te decepcionar. Eu vou fazer você a mulher mais feliz desse mundo, todos os dias.

Fechei os olhos por um segundo, deixando as palavras dele ecoarem no meu peito. E pela primeira vez em muito tempo, eu acreditei nelas.

— Tô contando com isso, Norris — brinquei, sorrindo.

E ele riu baixinho, me puxando de novo pra perto, como se finalmente estivesse fazendo a coisa certa. Em um movimento suave, me acomodou no colo dele, os braços firmes ao meu redor, o olhar preso no meu.

— Isso... isso aqui é muito bom — ele murmurou, passando os dedos de leve pelas minhas costas — Você aqui, comigo, assim... era tudo o que eu queria. E agora que a gente tem isso de volta, eu só fico pensando no que vem depois.

— E o que a gente é agora? — perguntei, com um sorrisinho no canto da boca, brincando com a gola do moletom dele.

— O que você quiser que a gente seja.

— Hum... então a gente pode ser tudo o que a gente quiser?

— Tudo — ele confirmou, os olhos brilhando — Inclusive... se for assim, você aceita casar comigo?

O sorriso no meu rosto congelou. Eu fiquei ali, olhando pra ele, completamente sem reação.

— Você tá brincando?

— Não tô — ele respondeu sério, embora os olhos entregassem uma alegria quase infantil.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele esticou o braço e pegou algo na mesa ao lado do sofá. Uma caixinha pequena, preta, simples... mas meu coração disparou só de ver.

— Lando...

Ele abriu a caixinha. Duas alianças.

— Agora a gente é noivo oficial, senhorita Sainz — ele falou com um sorriso bobo, pegando a aliança e colocando com cuidado na minha mão. Eu tremia, mas ajudei a colocar a dele também, rindo nervosa.

— Da onde você tira essas alianças, Norris? — perguntei, ainda sem acreditar.

— Comprei em Abu Dhabi — ele respondeu, como se fosse a coisa mais normal do mundo — Eu sabia que um dia ia usar. E hoje, o Carlos me avisou... então eu só me preparei.

— Você é impossível — falei, ainda olhando a aliança no meu dedo, com os olhos cheios d'água.

— Eu sou seu — ele corrigiu, colando os lábios nos meus de novo, selando aquele momento como só a gente sabia fazer.

Fiquei ali, por alguns segundos, olhando a aliança reluzindo na minha mão como se fosse um sonho, um daqueles bons, que a gente nunca quer acordar. Passei o polegar por cima dela com carinho, sorrindo feito boba.

— Eu tô mesmo noiva... — murmurei, mais pra mim do que pra ele.

— E de um piloto maravilhoso, engraçado, charmoso... — Lando começou, com aquele tom convencido que só ele sabia usar.

— Metido — completei, rindo.

— Mas seu — ele rebateu rápido, inclinando a cabeça pra me encarar, os olhos brilhando com um carinho que me deixava sem palavras.

Assenti, ainda sorrindo.

— E feliz. Tipo, muito feliz. Nem lembro a última vez que me senti assim.

Ele puxou minha mão, beijando devagar a aliança que ele mesmo colocou.

— Prometo que vai ser sempre assim. Ou melhor.

Eu só conseguia assentir, ainda meio sem acreditar que aquilo tudo estava acontecendo. Meus dedos entrelaçados aos dele, nossos sorrisos leves, nossos corações tranquilos... Pela primeira vez em muito tempo, parecia que tudo estava no lugar certo.

— Você tá sorrindo desse jeito há uns bons minutos já, sabia? — Lando comentou, ainda segurando minha mão, com aquele ar pretensioso irresistível.

— Culpa sua — respondi, rindo — Quem manda ser tão fofo e convencido ao mesmo tempo?

— É um dom natural — ele deu de ombros com falsa modéstia, e depois arqueou uma sobrancelha, se inclinando mais perto — Mas fala sério... você deu sorte, Emily Sainz. Vai casar com o pacote completo: beleza, talento e senso de humor impecável.

Revirei os olhos, rindo.

— Modéstia definitivamente não faz parte do pacote.

— Mas você ama — ele rebateu, com aquele sorriso que me fazia esquecer qualquer defesa.

— Infelizmente, eu amo mesmo — falei num suspiro dramático, fazendo ele rir ainda mais.

Ele puxou minha mão de novo, encostando a testa na minha.

— Você não faz ideia do quanto eu tô feliz. Tipo... de verdade. Não tem nada melhor do que saber que a mulher da minha vida quer ficar comigo. Oficialmente.

— E com aliança e tudo — murmurei, mostrando a mão mais uma vez, ainda encantada.

— Ainda bem que eu comprei a certa. Imaginei que esse dia ia chegar, só não sabia quando... e olha só — ele apontou com um sorriso torto — Aqui estamos.

— É, aqui estamos — repeti, me aproximando pra dar um beijo leve nele — E eu não trocaria esse momento por nada.

Acho que a Emily de um ano atrás suportaria em saber que está noiva, justamente de Lando Norris, a pessoa que ela menos gostava, mas que agora ela ama.

001. NÃO É UM TESTE, EMILY SAINZ E LANDO NORRIS ESTÃO NOIVOS OFICIALMENTE!!! Os queridos finalmente decidindo viver pra valer.

002. Desculpa qualquer erro ortográfico. Espero que estejam gostando da Fanfic. Votem e comentem!!

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