
51.
EMILY SAINZ
📍Dubai, Emirados Árabes Unidos
"Uma nova oportunidade"
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(Volto amanhã se a meta bater)
Encarei a quadra, sentada ao lado da Kika em um lugar reservado, enquanto Pierre e Lando jogavam padel como de costume. Eu não entendia nada desse esporte, era uma coisa que simplesmente não fazia sentido na minha cabeça.
Kika estava mexendo no celular, resolvendo alguns problemas, até que soltou um suspiro e virou a tela para mim.
— Você não acredita! — disse ela, com um tom de surpresa. —
Revirei os olhos, já prevendo que não era nada que eu quisesse saber.
— Se for notícia ruim, eu não quero ouvir. Já basta a minha vida, que tá toda errada.
Kika me olhou com uma expressão de quem não esperava tanta negatividade logo cedo.
— Nossa, Lily… Caramba, que desânimo é esse?
Soltei um suspiro, cruzando os braços.
— Não estou no pique de ficar aqui vendo eles jogarem, mas, infelizmente, se eu for embora, o Lando vai me perturbar pelo resto do dia.
Kika riu, balançando a cabeça, antes de mudar completamente de assunto.
— Falando nisso, como foi a primeira noite de vocês juntos?
— Ótima. Ele dormiu no sofá e deixou a cama só pra mim. Nunca me senti tão confortável.
Ela me olhou, incrédula.
— Coitado, Lily! Você tem que valorizar ele um pouquinho.
Fiz uma careta e me virei para ela com indignação.
— Até você, Francisca? Não acredito.
Ela riu, se divertindo com a minha reação.
— Estou só dizendo que ele está se esforçando, e você está aí, toda durona.
— Ele tem que se esforçar mesmo. Quem disse que ia ser fácil?
Kika apenas revirou os olhos, mas antes que pudesse dizer mais alguma coisa, um barulho de bola batendo com força na raquete nos chamou a atenção. Olhei para a quadra e vi Lando e Pierre discutindo animadamente sobre um ponto.
Lando, percebendo que eu estava olhando, sorriu de longe e, sem nem pensar duas vezes, mandou um beijo no ar na minha direção, como se estivesse se exibindo.
— Meu Deus… — murmurei, colocando a mão na testa. —
— Admita que ele tá um amorzinho. — Kika comentou, rindo. —
— Um amorzinho que gosta de me provocar.
Ela me cutucou de leve, ainda sorrindo.
— E você adora o joguinho dele, né?
Revirei os olhos, tentando disfarçar o sorriso que ameaçava aparecer.
— Para com isso, Kika. Agora me conta o que você ia me dizer no começo da conversa.
Ela fez uma expressão pensativa, franzindo a testa.
— Ah… Eu já me esqueci. Minha memória é curta.
Suspirei, cruzando os braços.
— Ótimo, muito útil da sua parte.
Kika riu, voltando a mexer no celular. Enquanto isso, meus olhos voltaram para a quadra, onde Lando agora se preparava para sacar. Ele parecia concentrado, mas ainda assim, como se soubesse que eu o observava, lançou um olhar rápido na minha direção e abriu um sorriso convencido.
Balancei a cabeça, segurando o riso. Ele era insuportável.
— Você tá tão ferrada, Lily… — Kika comentou, sem nem precisar olhar para mim. —
— O que isso quer dizer? — questionei, arqueando uma sobrancelha. —
— Que ele vai te conquistar de novo. Você tá resistindo, mas todo mundo sabe que no fundo já perdeu.
Soltei uma risada curta, negando.
— Ele tem muito o que provar ainda.
Kika deu de ombros, como se dissesse que não duvidava que ele conseguiria.
— Vocês deveriam parar com essa enrolação, sabia? Voltem logo! Vocês são tão fofos juntos para não estarem namorando. Sim, eu sou uma grande fã de vocês, junto com o Charles.
Revirei os olhos, soltando uma risada curta.
— Meu Deus, Kika, parece até que estamos em um reality show com torcida e tudo.
— Mas estão! — Ela respondeu, rindo. — E eu e o Charles estamos torcendo pelo casal Lilando.
— Isso foi péssimo — fiz uma careta. —
— Eu achei criativo.
Antes que eu pudesse retrucar, um barulho alto veio da quadra. Olhamos a tempo de ver Lando largando a raquete e apontando para Pierre.
— Isso foi fora, cara! — Lando reclamou, indignado. —
— Dentro. — Pierre cruzou os braços, se divertindo com a situação. —
— Vamos ver no replay! — Lando insistiu. —
Eu e Kika nos olhamos e começamos a rir. Era sempre assim entre os dois, como duas crianças brigando por um doce.
— É engraçado ver o Lando tão competitivo, mas não é novidade — Kika comentou, ainda rindo. —
— Ele sempre precisa ganhar — concordei, bebendo um gole da minha água. —
— E ele também quer ganhar você de volta, Lily.
Parei por um segundo, sentindo meu rosto esquentar.
— Ele pode tentar.
— E ele vai — Kika disse, com um sorriso sugestivo. —
Antes que eu pudesse responder, Lando veio até nós, ainda resmungando sobre Pierre, mas, ao me olhar, o sorriso brincalhão voltou ao rosto dele.
— E aí, princesa, gostou do show?
— Gostei. Principalmente da parte em que você surtou por perder um ponto.
Ele estreitou os olhos para mim.
— Você tá querendo me provocar, Arabella?
— Sempre — respondi, dando de ombros. —
O sorriso dele aumentou.
— Eu adoro um desafio.
E, naquele momento, eu soube que ele estava levando essa aposta muito a sério.
Lando se aproximou mais, apoiando-se na grade que nos separava da quadra, e me olhou com aquele sorriso travesso de sempre.
— Se você gosta tanto de me provocar, Arabella, eu deveria começar a devolver na mesma moeda, né?
Levantei uma sobrancelha, cruzando os braços.
— Ah, é? E como exatamente você pretende fazer isso, Norris?
Ele se inclinou um pouco mais perto, sem desviar o olhar do meu.
— Bom, posso começar lembrando que, tecnicamente, você ainda me deve um beijo.
Revirei os olhos, mas não consegui segurar o sorriso.
— Continua sonhando, Lando.
— Eu prefiro transformar sonhos em realidade — ele rebateu com um tom arrastado e confiante. —
Antes que eu pudesse retrucar, Kika soltou um suspiro dramático ao nosso lado.
— Tá bom, tá bom, dá pra vocês dois pararem com isso? Eu tô bem aqui, sabia? Não quero ser obrigada a assistir esse flerte descarado ao vivo.
Lando riu, dando um passo para trás, mas ainda me olhando com um brilho divertido nos olhos.
— Desculpa, Kika, mas quando se trata da Arabella, eu não resisto.
— Eu percebi — ela disse, revirando os olhos, mas sorrindo. —
Apenas balancei a cabeça, tentando fingir que aquilo não estava me afetando tanto quanto realmente estava.
— Se você terminou seu showzinho, Norris, que tal voltar pra quadra e perder mais alguns pontos?
Ele colocou a mão no peito, fingindo indignação.
— Ai, Arabella, você machuca meu ego assim.
— Sobrevive — retruquei, dando um gole na minha água. —
Lando deu uma risada e voltou para o jogo, mas não sem antes me lançar um último olhar desafiador.
— Ainda vou te fazer pagar essa provocação, princesa.
— Estou esperando, Norris.
Lando piscou para mim antes de voltar à quadra, pegando a raquete com um sorriso de canto que denunciava que ele já estava bolando algum plano.
Kika suspirou ao meu lado, balançando a cabeça.
— Você realmente gosta de provocar ele, né?
Dei de ombros, segurando um sorrisinho.
— Só estou devolvendo na mesma moeda. Ele começou primeiro.
— Ah, claro — ela disse, ironizando. — E agora você vai fingir que não está gostando desse joguinho?
Olhei para frente, fingindo que estava muito interessada na partida.
— Não sei do que você tá falando.
Kika riu.
— Tá bom, Lily, finja o quanto quiser. Mas eu vou adorar ver até onde vocês vão levar isso.
Meu celular vibrou no bolso, e quando peguei para olhar, vi que era uma mensagem do Arthur. Achei estranho, já que ele só me mandava mensagem quando era para fofocar ou quando realmente era algo importante, mas eu apostava na primeira opção.
Logo em seguida, meu celular tocou com uma chamada de vídeo, e eu atendi.
— E aí, Emily Norris — Arthur soltou assim que atendi a chamada de vídeo, com aquele sorrisinho irritante dele. — O Landão tá atacando, hein?
Revirei os olhos, mas segurei um sorriso.
— Quer parar de me chamar assim? Você tá parecendo o Charles.
— Ei, não me compara com aquela coisa monegasca não, Emily — Arthur rebateu, fazendo uma careta. —
— Então para de me encher a paciência e me diz logo o que você quer.
— Bom, não quero nada demais… Só quero saber se a fofoca que tá rolando de que você e o Lando voltaram é verdade.
Arregalei os olhos, indignada.
— O quê? Você pirou, foi, seu branquelo? A gente não voltou, e estamos longe disso acontecer!
— Mentira! — Kika se meteu, rindo. — Art, eles estão todo grudadinhos um com o outro.
Arthur arregalou os olhos do outro lado da tela.
— Eu sabia! Eu sabia que esse joguinho de vocês não era só provocação.
Revirei os olhos, bufando.
— Você e o Charles têm muito tempo livre, viu? Deviam arranjar um hobby novo.
— Ué, mas fofocar sobre vocês dois já é o nosso hobby favorito. — Arthur disse, com um sorriso travesso. —
— Olha, eu tenho que concordar com o Arthur. Vocês são literalmente uma história de amor que amamos acompanhar. — Kika completou, rindo. —
Revirei os olhos, cruzando os braços.
— Vocês dois deviam arrumar um emprego como comentaristas de novela, de tanto que gostam de criar enredos.
— Não precisa, sua vida amorosa já é entretenimento suficiente. — Arthur retrucou, rindo. —
— Vocês são insuportáveis. — Suspirei, mas não consegui segurar um sorriso. —
Já sabia que essa conversa com eles ainda ia longe.
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— Ah, para de drama, a gente só vai sair pra jantar. — Lando revirou os olhos, ainda com um sorriso no rosto. — Até parece que você não gosta de passar tempo comigo.
Cruzei os braços, fingindo estar pensativa.
— Hmm… Eu gosto, talvez um pouquinho. — Provoquei, vendo o olhar dele se estreitar. —
— Só um pouquinho? — Ele fingiu indignação, puxando minha mão novamente para entrelaçar nossos dedos. — Acho que alguém tá com medo de admitir que sente minha falta.
— Sonha, Norris. — Ri, balançando a cabeça. —
Ele me guiou até a entrada do restaurante, um lugar que eu tinha que admitir, parecia bem agradável. O ambiente era aconchegante, com luzes suaves e uma vista incrível da cidade.
— E então? Já posso marcar o próximo encontro ou ainda preciso te impressionar mais? — Ele perguntou, arqueando uma sobrancelha enquanto segurava a porta aberta para mim. —
Olhei ao redor, analisando cada detalhe antes de encará-lo novamente.
— Vamos ver como você se sai hoje. Se for bom o suficiente… talvez eu pense no caso.
Lando sorriu de lado, claramente aceitando o desafio.
— Ótimo. Eu adoro um bom desafio.
Lando me guiou até uma mesa reservada, puxando a cadeira para que eu sentasse antes de ocupar o lugar à minha frente.
— Serviço cinco estrelas, hein? — Brinquei, cruzando as pernas e o encarando com um olhar desafiador. —
— Só o melhor para você, princesa. — Ele piscou, apoiando os braços na mesa enquanto me observava. — Mas confesso que ainda estou esperando você admitir que está gostando.
Peguei o cardápio, fingindo total desinteresse na conversa.
— Ainda não vi nada digno de ser elogiado. Quem sabe depois da comida?
Ele soltou uma risada baixa, balançando a cabeça.
— Você realmente gosta de me provocar, né?
— E você realmente gosta de achar que pode me dobrar fácil.
Lando se inclinou um pouco mais na mesa, estreitando os olhos em um jeito brincalhão.
— Não preciso dobrar você. No final, você sempre acaba cedendo um pouquinho.
Levantei uma sobrancelha, um sorriso malicioso surgindo nos meus lábios.
— Continua sonhando, Norris. Você ainda tem um longo caminho pela frente.
Ele sorriu de lado, aquele sorriso confiante que eu já conhecia tão bem.
— Então é melhor eu começar a trabalhar nisso agora. Porque eu não desisto fácil, Arabella.
Revirei os olhos, mas, no fundo, aquela insistência dele tinha algo de irresistível. Eu só não ia admitir tão cedo.
— Sabe de uma coisa? Acho que nem precisava dizer, mas você está linda hoje. Como sempre. — Lando disse, com um sorriso convencido. —
— Hum… obrigada. Mas não espere que eu te elogie de volta.
Ele colocou a mão no peito, fingindo estar ofendido.
— Caramba, nem um “você tá apresentável”?
Suspirei, segurando um sorriso.
— Certo… só não inventa de usar amarelo e roxo da próxima vez.
— Ok, estilista. Eu estava com pressa, esqueci que estava saindo com uma das maiores especialistas em moda. Me desculpa. — Ele disse, rindo. —
— Você tem muita sorte de estar comigo, Norris.
— Isso você não precisa nem me dizer. Estou com a mulher da minha vida e a mais linda na minha companhia, Lily. — Lando disse, com aquele sorriso que ele sabia que me desestabilizava. —
Revirei os olhos, tentando não deixar transparecer o efeito que aquelas palavras tinham sobre mim.
— Nossa, que exagero. Você fala como se fosse um príncipe encantado.
— E se eu for? — Ele arqueou a sobrancelha, segurando minha mão com mais firmeza. — Um príncipe destinado a te conquistar?
Segurei o riso e me inclinei levemente para frente.
— Não vai ser mais difícil do que te conquistar quando você não gostava de mim. — Ele respondeu com aquele tom convencido de sempre. —
— Você é muito convencido, sabia?
— Eu sei. Mas é que eu digo fatos, e você sabe disso.
Revirei os olhos, mas não consegui evitar um pequeno sorriso.
— Claro…
O restaurante estava quase vazio, as luzes baixas refletiam nos talheres, e a música suave ao fundo criava um clima íntimo demais para algo que supostamente não tinha rótulos. Mas talvez o problema fosse exatamente esse: eu sempre soube que, quando se tratava de Lando Norris, eu nunca conseguiria manter as coisas apenas no raso.
Ele brincava com a borda do copo, um sorriso preguiçoso nos lábios, como se tivesse todo o tempo do mundo para me fazer abaixar a guarda. E eu sabia que, cedo ou tarde, acabaria cedendo. Sempre acabava.
— Sabe… eu gosto disso. — Ele disse, como se estivesse apenas jogando as palavras no ar, sem esperar muito em troca. —
— Disso o quê? — Minha voz saiu mais baixa do que eu pretendia. —
— De estarmos assim. Sem pressa. Sem toda aquela bagunça que sempre fazemos. Só… sendo nós.
Mordi o lábio, desviando o olhar. Ele tinha esse jeito de falar como se fosse simples, como se não tivesse sido ele quem bagunçou tudo antes. Como se não fosse ele a razão pela qual meu peito ainda pesava às vezes.
— Eu também gosto. — Admiti, quase num sussurro. —
Lando apoiou os cotovelos na mesa, os olhos presos nos meus, como se quisesse memorizar cada detalhe do que eu estava sentindo.
— Então vamos continuar assim. Sem rótulos, sem cobranças. Apenas… descobrindo.
Suspirei, porque uma parte de mim queria acreditar que poderia ser fácil desse jeito. Mas eu sabia que nada com ele era simples.
— Parece um bom plano. — Respondi, mesmo sabendo que estávamos andando na beira do precipício. —
Ele sorriu como se tivesse ganhado alguma coisa, como se soubesse que, no fim, eu sempre acabaria voltando para ele.
— Ótimo. Então vamos começar com algo simples… me diz uma coisa que você nunca me contou antes. Algo aleatório.
Soltei uma risada curta, balançando a cabeça.
— Que tipo de pergunta é essa?
— Sei lá. Só quero saber mais sobre você. Sem filtro, sem nada planejado.
Fechei os olhos por um segundo antes de responder.
— Quando eu era pequena, achava que ia ser astronauta.
Ele franziu a testa, como se tentasse imaginar essa versão de mim.
— Você? Astronauta?
— Sim. Mas aí percebi que não queria passar meses presa em uma nave e desisti.
Lando riu, aquele riso leve que sempre me desarmava.
— Bom, ainda bem. Senão, eu nunca teria te conhecido.
Balancei a cabeça, tentando ignorar o jeito que aquilo fez meu coração bater diferente.
— Sua vez.
Ele respirou fundo, olhando para o teto por um instante antes de me encarar de novo.
— Eu sei tocar piano.
Meus olhos se arregalaram.
— O quê? Desde quando?
— Desde criança. Mas nunca falei porque ninguém imagina que eu gosto disso.
Fiquei um segundo em silêncio, absorvendo aquilo.
— Você ainda toca?
— De vez em quando. Quando ninguém está olhando.
Algo na forma como ele disse aquilo me fez querer vê-lo tocar mais do que qualquer coisa. Mas, ao invés de dizer isso, apenas sorri de lado.
— Sempre tem algo novo para descobrir.
— Exatamente. — Ele sussurrou, e por um momento, o mundo ao redor pareceu ficar em silêncio. —
E eu soube que, por mais que tentasse, nunca conseguiria me afastar de verdade.
Lando sempre esteve lá. Desde o começo. Desde quando éramos só duas crianças dividindo a mesma rua, o mesmo grupo de amigos, os mesmos sonhos que pareciam grandes demais para nós. E, de alguma forma, ele sempre conseguiu o que queria.
Eu me perguntei, pela primeira vez em muito tempo, se ele queria mesmo que eu estivesse ao lado dele. Se ele sempre quis. Se, no fundo, ele sentiu a mesma coisa que eu esse tempo todo.
— Você pensa demais, Lily. — Ele quebrou o silêncio, sorrindo de lado. — Sempre fez isso.
— E você nunca pensa o suficiente. — Minha resposta foi automática. —
Ele riu, e era ridículo como aquele som ainda mexia comigo.
— Talvez seja por isso que sempre funcionamos.
Eu respirei fundo, tentando ignorar a forma como a minha mente começava a girar de novo. Tentando não pensar demais. Tentando não sentir demais.
— Talvez.
Mas a verdade é que eu sabia.
Eu sempre soube.
Lando me olhava daquele jeito de novo. Aquele olhar que sempre esteve lá, desde que éramos crianças, mas que eu me forcei a ignorar tantas vezes. Como se, se eu fingisse que não via, isso não fosse me afetar. Como se não doesse ver ele conseguir tudo que queria, sempre tão fácil. Sempre tão perfeito.
Ele sorriu, inclinando um pouco a cabeça.
— Você tá fazendo isso de novo.
— O quê?
— Fingindo que não se importa.
Engoli em seco, desviando o olhar.
— Você acha que sabe de tudo, né?
— Só sobre você. — Ele deu de ombros. — Passei a vida inteira te observando.
Fechei os olhos por um segundo, sentindo o peso daquelas palavras. Não era justo ele dizer essas coisas. Não era justo me fazer sentir isso de novo, como se eu tivesse treze anos e estivesse assistindo ele brilhar enquanto eu ficava na sombra. Como se eu ainda fosse aquela garota que nunca seria suficiente.
— E isso te ajudou em quê? — Minha voz saiu mais baixa do que eu queria. —
Ele respirou fundo antes de responder.
— Me ajudou a perceber que, não importa o que eu faça, nunca vou te alcançar.
Aquelas palavras me pegaram desprevenida. Me fizeram encará-lo de novo, tentando entender o que ele queria dizer.
— Do que você tá falando?
Ele sorriu, mas dessa vez não era aquele sorriso convencido de sempre. Era diferente. Mais triste. Mais real.
— Você sempre esteve um passo à minha frente, Lily. Só demorou pra perceber.
O ar entre nós ficou pesado, denso com todas as palavras que nunca dissemos. E eu odiei isso. Odiei o jeito como ele me fazia sentir pequena e gigante ao mesmo tempo, como se eu fosse tudo e nada pra ele.
— Você não faz ideia do que tá dizendo. — Minha voz saiu baixa, quase um sussurro. —
Lando soltou uma risada sem humor, passando a mão pelos cabelos, frustrado.
— Eu faço, Lily. Sempre fiz. Você só nunca quis ver.
Fiquei em silêncio, porque ele tinha razão. Porque parte de mim sempre soube que, por trás de cada provocação, de cada olhar prolongado, havia algo mais. Algo que eu nunca quis admitir, porque admitir significava abrir espaço pra me machucar.
— Eu não sou perfeito, nunca fui. Mas se tem uma coisa que sempre foi real, foi isso. — Ele apontou entre nós dois. — Sempre foi você.
Minha garganta fechou, e eu senti meu coração bater contra as costelas, como se tentasse me avisar que não havia mais como fugir.
— Então por que parece que nunca foi o suficiente? — A pergunta escapou antes que eu pudesse segurar. —
Os olhos dele se suavizaram, mas a dor ainda estava ali.
— Porque somos duas pessoas complicadas demais. Mas olha pra nós, estamos aqui, juntos de novo. O destino quis assim, Lily. Não adianta continuarmos fugindo disso.
Suspirei, desviando o olhar para qualquer ponto que não fosse ele. Porque olhar para ele significava encarar tudo o que eu tentei evitar por tanto tempo.
— Não é tão simples assim, Lando. O destino pode até dar um empurrãozinho, mas somos nós que escolhemos o que fazer com isso.
— E o que você quer fazer? — A voz dele saiu baixa, hesitante. —
Respirei fundo, sentindo meu coração bater forte contra o peito. O medo ainda estava ali, mas, pela primeira vez, parecia menor do que a vontade de tentar.
— Eu… eu quero dar uma nova chance pra nós. Mas com calma, sem muitas expectativas, Lando.
Um sorriso suave surgiu no rosto dele, e por um instante, ele não disse nada. Apenas segurou minha mão com cuidado, como se tivesse medo de que eu fosse fugir a qualquer momento.
— Eu aceito qualquer coisa, contanto que seja com você.
Revirei os olhos, mas não consegui evitar um sorriso. Ele sempre soube exatamente o que dizer para me desmontar.
— Mas sem exageros, Norris. Não quero você planejando casamento ou escolhendo nomes pros nossos filhos, entendeu?
Ele riu, balançando a cabeça.
— Tá bom, tá bom. Mas, só por curiosidade… você prefere nomes mais clássicos ou diferentões?
— Lando!
— O quê? É só uma pergunta!
A risada dele misturou-se à minha, e, pela primeira vez em muito tempo, tudo pareceu leve de novo.
001. Demorei a atualizar por dois motivos, a demora pra meta bater e que eu estava em período de prova, mas agora vou poder atualizar com mais frequência porém vocês terão que me ajudar cumprindo a meta.
002. Desculpa qualquer erro ortográfico. Espero que estejam da Fanfic.
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