
42.
LANDO NORRIS
📍Londres, Inglaterra
"Mentira"
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Aquele negócio de não beber não funcionou comigo. Eu sabia que devia, que precisava, mas a verdade é que eu estava exausto de tentar ser alguém que não sou. O álcool ajudava a apagar um pouco a dor, a fazer o turbilhão de pensamentos se acalmar, por mais que fosse apenas por um tempo curto.
Eu estava ali, com o copo em mãos, olhando fixamente para o líquido âmbar que parecia me chamar, tentando não pensar em tudo o que estava acontecendo. Emily. A única coisa que vinha à minha mente, de manhã à noite, mesmo quando eu tentava me convencer de que estava tudo bem. Não estava. E talvez nunca mais fosse.
Olhei para Oscar, que me observava do canto do olho com aquele olhar de quem queria dar conselho, mas sabia que eu não queria ouvir. Ele já tinha tentado, várias vezes, me dizer que beber não ia mudar nada. Mas a verdade é que naquele momento eu não me importava com nada disso.
— Tentei, Oscar. Tentei ser o que ela queria. Mas eu sou assim, e nem sei mais se isso vai importar. — As palavras saíram mais pesadas do que eu esperava, e a irritação começou a tomar conta de mim. Eu estava frustrado, perdido em meus próprios sentimentos. —
— Não foi você que me disse uma vez que descontar no álcool não adianta?
Eu dei uma risada amarga, virando o copo na minha mão, quase sem querer. Aquelas palavras me martelaram a cabeça, e, por um momento, me senti idiota.
— Cara, nem eu mesmo acredito no que eu falo. Você não deveria me ouvir. — Minha voz saiu mais baixa do que eu esperava, carregada de frustração. A verdade é que eu estava tão perdido que já não sabia em que acreditar. —
Oscar ficou em silêncio por um tempo, como se ponderasse minhas palavras. Depois, ele deu um suspiro, mais leve dessa vez.
— Lando, você sempre foi alguém que se importa. Só que, agora, tá se afundando nisso e não vai resolver nada. Se você continuar assim, vai acabar se perdendo de vez.
Eu respirei fundo, e um sorriso amargo apareceu no meu rosto.
— Eu me perdi no momento que perdi ela, Oscar. Eu não sou nada sem ela. — As palavras saíram mais pesadas do que eu imaginava, e, no fundo, eu sabia que estava falando a verdade. Sem Emily, eu não conseguia me enxergar de verdade. —
Oscar me olhou com uma expressão que eu não conseguia decifrar, mas sabia que ele estava tentando entender. Ele deu um suspiro, como se soubesse o quanto aquelas palavras pesavam para mim.
— Eu entendo, cara. Eu sei que a dor de perder alguém assim é foda. Mas você não pode se perder também. Ela... Ela seguiu a vida dela, e você precisa encontrar a sua também.
Eu baixei a cabeça, mexendo no copo com a mão.
Oscar respirou fundo e olhou para mim, com uma expressão sincera, quase como se estivesse refletindo sobre suas próprias palavras antes de dizer o que sabia que precisava ser dito.
— Olha, posso te falar... Às vezes, amar é também saber deixar ir. E eu sei que isso não faz sentido agora, mas, com o tempo, você vai entender. Vai doer, é claro, mas vai fazer sentido.
Eu o encarei por um momento, sentindo um peso nas palavras dele, como se estivesse tentando buscar uma forma de aceitar aquilo. Era difícil acreditar que algum dia faria sentido, mas, de algum jeito, a ideia de seguir em frente parecia ser o único caminho.
— E quando é que isso vai parar de doer, Oscar? Porque eu tô começando a achar que essa dor vai ficar aqui pra sempre.
Ele me olhou com uma expressão de empatia, como se entendesse exatamente o que eu sentia.
— A dor vai ficar por um tempo, mas não vai durar pra sempre. Um dia, ela vai diminuir, e você vai se dar conta de que conseguiu seguir em frente. Não vai ser fácil, mas você vai conseguir. Só não deixe que ela te defina.
— Isso não faz sentido pra mim, Oscar. — Suspirei, sentindo o peso da frustração me esmagar. — É como se, sem a Emily, eu nunca mais fosse me encontrar. Nunca mais vou ser eu.
Oscar me lançou um olhar preocupado, como se soubesse que eu estava à beira de fazer algo idiota.
— Cara, escuta, eu entendo que você tá mal, mas ficar remoendo isso só vai te deixar pior. — Ele disse, tentando me trazer de volta à realidade. —
Mas eu não queria ouvir. A ideia já estava formada na minha cabeça, e eu sabia o que precisava fazer, mesmo que fosse a pior decisão de todas.
— Me leva até o hotel dela. — Falei, decidido. —
Oscar piscou algumas vezes, como se tivesse ouvido errado, antes de cruzar os braços e me encarar com seriedade.
— Você só pode estar de brincadeira. Tá completamente bêbado, Lando. Quer fazer uma cena na frente dela? Isso só vai piorar tudo.
— Eu não me importo, Oscar. Preciso ir até lá. Preciso falar com ela. — Minha voz estava firme, mas por dentro eu sentia o caos crescendo. —
Ele balançou a cabeça, descrente.
— Você ouviu alguma coisa do que a gente conversou? Ou você editou tudo pra justificar o que tá querendo fazer agora?
— Não interessa, Oscar. Só me leva. Não posso deixar as coisas assim. — Olhei para ele, implorando, mesmo sabendo que ele provavelmente ia tentar me convencer do contrário. —
Oscar passou a mão pelo rosto, claramente frustrado.
— Lando, isso é uma péssima ideia. Você tá fora de si. Amanhã, quando estiver sóbrio, vai se arrepender de tudo isso.
Eu bufei, sentindo a raiva e a necessidade pulsarem dentro de mim.
— Amanhã não importa, Oscar. Agora é o que importa. E agora, eu preciso ver a Emily.
Ele suspirou pesadamente, me olhando como quem não sabia se ria ou me socava.
— Você é inacreditável. Mas, tudo bem, se é isso que você quer, eu vou te levar. Só não diga que eu não te avisei. — Oscar disse, resignado. —
— Obrigado por querer ver seu amigo feliz. — Respondi, tentando soar sincero, embora minha voz saísse mais embargada do que eu gostaria. —
Oscar balançou a cabeça, mas antes que pudesse dizer mais alguma coisa, ouvi uma voz familiar atrás de nós.
— Tá, mas a Magui tá vindo aí. — Ele avisou, e meu estômago revirou. —
— Era só o que me faltava. — Murmurei, passando a mão pelo rosto. —
Magui apareceu antes que eu pudesse me recompor completamente, cruzando os braços e olhando de mim para Oscar.
— Lando, tava pensando em ir embora sem mim? — Ela perguntou, erguendo uma sobrancelha em desafio. —
Oscar olhou para mim como se dissesse boa sorte com essa, enquanto eu tentava pensar em uma desculpa rápida.
— Claro que não, Magui. Só estava... pegando um ar. — Disse, dando um sorriso forçado. —
— Ah, que conveniente. — Ela respondeu, sem parecer convencida. — Então, onde vocês vão?
— A gente tá indo dar uma volta. Só isso. — Oscar interveio, tentando manter a situação sob controle. — Nada que precise de mais gente, sabe como é.
— Eu vou com vocês. — Magui declarou, ignorando completamente o que ele disse. —
Oscar me lançou um olhar significativo. Era agora ou nunca.
— Na verdade, Magui, esqueci que precisava resolver uma coisa importante com o Oscar. Coisa de... trabalho. Prometo que não demoro. — Falei, tentando soar casual enquanto me movia para a saída. —
Ela me olhou desconfiada.
— Trabalho? Agora?
— Coisa urgente. Você sabe como é. — Oscar acrescentou, ajudando a reforçar a desculpa. —
Antes que Magui pudesse fazer mais perguntas, Oscar segurou meu braço e me puxou em direção à porta.
— Vamos, antes que ela mude de ideia. — Ele murmurou. —
Nós praticamente corremos até o carro, deixando Magui para trás sem dar tempo para ela reagir. Assim que entramos, soltei um suspiro de alívio.
— Isso foi por pouco. — Comentei. —
Oscar riu, ligando o carro.
— Por pouco, não. Isso foi sorte mesmo. Agora, você vai ter que me explicar como pretende lidar com tudo isso quando chegarmos lá. — Oscar disse, me lançando um olhar de lado enquanto dirigia. —
— Eu dou meu jeito. — Respondi, tentando parecer mais confiante do que realmente estava. — Só me deixa na porta do hotel, mais nada.
Oscar suspirou, balançando a cabeça.
— Você sabe que essa é uma das piores ideias que você já teve, né? E olha que já vi você fazer muita besteira.
— Sei, mas preciso fazer isso. Preciso ver ela, Oscar.
Ele ficou em silêncio por alguns segundos, como se estivesse escolhendo as palavras com cuidado.
— Tá. Eu vou te deixar lá. Mas só vou te avisar uma última vez, você tá pedindo pra se machucar ainda mais.
Não respondi. Sabia que ele estava certo, mas a vontade de vê-la era maior que qualquer lógica. O resto do caminho foi feito em silêncio, o peso do que eu estava prestes a fazer crescendo a cada quilômetro.
Quando finalmente paramos em frente ao hotel, senti meu estômago revirar. Minhas mãos estavam suadas, e o álcool que antes parecia me dar coragem agora só tornava tudo mais confuso.
— Última chance de desistir. — Oscar disse, olhando diretamente para mim. —
— Não vou desistir. — Respondi, abrindo a porta do carro. —
— Boa sorte, então. Vou ficar por aqui, só por precaução. — Ele disse, reclinando o banco do carro como se já estivesse se preparando para o desastre. —
Assenti, saindo do carro e fechando a porta atrás de mim. Respirei fundo, encarando o hotel à minha frente. Cada passo parecia carregar o peso de todas as dúvidas e arrependimentos que eu tentava ignorar. Mas eu não podia parar agora.
Ao entrar no saguão, fui direto para o balcão de recepção. Uma jovem uniformizada sorriu de maneira educada ao me ver.
— Boa noite, senhor. Em que posso ajudá-lo? — Perguntou com simpatia. —
Respirei fundo, tentando parecer mais calmo do que estava.
— Boa noite. É o seguinte... Minha namorada está hospedada aqui, e eu queria fazer uma surpresa pra ela. Poderia me passar o número do quarto dela?
A recepcionista hesitou por um momento, franzindo as sobrancelhas.
— Senhor, normalmente não fornecemos esse tipo de informação por questões de segurança. — Disse, educadamente. —
Engoli em seco, mas forcei um sorriso confiante.
— Eu entendo, mas é algo especial. A gente teve... uns dias complicados, e eu só queria surpreendê-la. Trouxe algo que ela ama, e é importante pra mim que ela veja isso agora. É só isso, prometo que não vou incomodar ninguém.
Ela olhou para mim, avaliando, enquanto eu tentava não demonstrar o nervosismo. Após alguns segundos que pareceram uma eternidade, a jovem suspirou.
— Qual o nome dela? — Perguntou, com um tom mais suave. —
— Emily Sainz. — Respondi rapidamente, rezando para que ela acreditasse em mim. —
A recepcionista digitou algo no computador, e meu coração disparou quando vi que ela parecia encontrar o que procurava.
— Certo, senhor. O quarto é o 305, no terceiro andar. O elevador fica à sua direita. Espero que a surpresa seja um sucesso. — Ela disse com um sorriso, me entregando um cartão de acesso. —
Minha garganta secou, mas agradeci rapidamente.
— Obrigado, de verdade. Você salvou minha noite.
Caminhei em direção ao elevador, segurando o cartão na mão, enquanto minha mente corria a mil. Era uma boa ideia? Eu realmente não sabia. Mas o peso do que eu precisava dizer era maior do que qualquer dúvida.
Olhei para o cartão entre os dedos, sentindo o metal frio contra minha pele. Não era meu plano usá-lo, a menos que fosse absolutamente necessário. Eu queria que ela soubesse que eu estava ali porque escolhi estar, não porque forcei minha entrada.
Quando o elevador chegou, entrei e apertei o botão para o terceiro andar. O silêncio no espaço fechado parecia amplificar os batimentos do meu coração. A cada andar que passava, a tensão crescia. E se ela não quisesse me ouvir? E se eu acabasse tornando tudo pior?
As portas se abriram com um leve som metálico, e eu saí, caminhando pelo corredor. Meus passos eram pesados, e o número do quarto parecia mais próximo e mais distante ao mesmo tempo. Quando finalmente parei em frente ao 305, fiquei imóvel por um momento, tentando controlar minha respiração acelerada.
Levantei a mão para bater, mas hesitei. Meus dedos congelaram no ar, e um milhão de cenários passaram pela minha mente. Fechei os olhos, respirando fundo. Era agora ou nunca.
Bati suavemente na porta, o som ecoando no silêncio do corredor. Esperei, o coração batendo tão forte que eu podia ouvi-lo nos ouvidos. O silêncio do outro lado era quase insuportável. Segundos se arrastaram como horas, mas então ouvi o som de passos leves se aproximando.
A porta se abriu lentamente, e Emily apareceu. Seus olhos estavam semicerrados, a expressão confusa e cansada. Ela me olhou por alguns segundos, como se estivesse tentando entender o que eu estava fazendo ali.
— Lando...? O que você está fazendo aqui? — Sua voz saiu baixa, mas carregava uma mistura de surpresa e desconfiança. —
Eu a encarei, sentindo meu peito apertar ao vê-la tão perto, mas ao mesmo tempo tão distante.
— Eu precisava falar com você. E não vou embora. Eu escutei o que você tinha pra me dizer, agora é a sua vez de ouvir o que eu tenho pra falar. — Minha voz saiu firme, mais do que eu esperava. —
Emily cruzou os braços, inclinando-se contra a porta. Seu olhar estava carregado de impaciência e exaustão.
— Sério, Lando? Você acha que aparecer no meu quarto, no meio da noite, vai mudar alguma coisa? Você sempre faz isso. Sempre invade os limites dos outros como se nada importasse além do que você quer.
Engoli em seco, mas não recuei.
— Talvez porque nada mais importe pra mim além disso. Além de você.
Ela soltou uma risada seca, balançando a cabeça.
— Isso não é amor, Lando. É obsessão. E eu não vou voltar pra isso. Você tem que entender que acabou.
Eu sabia que as palavras dela eram um escudo, mas elas ainda cortavam. Mesmo assim, me recusei a desistir.
— Você pode dizer o que quiser, Emily. Me odiar, me xingar. Mas você vai ouvir o que eu tenho pra dizer. Não vim até aqui pra sair sem pelo menos tentar.
Antes que ela pudesse responder, empurrei a porta com cuidado e entrei no quarto. Ela recuou alguns passos, surpresa pela minha ação.
— Lando, sai daqui! Eu não te convidei pra entrar! — Ela protestou, a voz subindo um pouco. —
— Eu sei. Mas se eu fosse embora agora, sem falar nada, ia me arrepender pelo resto da vida. Só me dá cinco minutos, Emily. Depois disso, se você quiser me expulsar, eu vou. Prometo.
Ela bufou, cruzando os braços novamente e me olhando com raiva.
— Cinco minutos. E é melhor você ser rápido.
Assenti, tentando ignorar o nó na garganta e o peso das palavras que eu precisava dizer.
— Eu sei que errei, Emily. E nada do que eu falar aqui vai servir como uma explicação convincente. Sei que terminei tudo sem te dar motivo algum, sem mais nem menos. E, depois... eu apareci com a Magui. — Fiz uma pausa, respirando fundo, enquanto ela mantinha o olhar fixo em mim, os braços cruzados, claramente se segurando para não me interromper. — É que... ela tá grávida.
As palavras pareciam ecoar no quarto, enquanto Emily piscava, chocada.
— Grávida? — Ela repetiu, a voz incrédula, mas sem qualquer sinal de suavidade. — E você achou que isso justificava o que fez comigo?
— Não. — Balancei a cabeça, sentindo a culpa pesar ainda mais. — Não justifica nada. Mas, na época, eu fiquei perdido. Achei que precisava fazer a coisa certa, que precisava estar com ela por causa do bebê.
Ela riu, mas foi uma risada amarga, cheia de dor.
— A coisa certa? Então a coisa certa foi me descartar como se eu não fosse nada? Você nunca pensou que talvez a coisa certa fosse ser honesto comigo?
Engoli em seco, sem conseguir olhar diretamente para ela.
— Eu pensei... Pensei que se explicasse, ia te machucar ainda mais. E eu não sabia como lidar com tudo isso.
— Então você escolheu me machucar do jeito mais cruel possível, sumindo e depois aparecendo com ela como se eu não tivesse significado nada pra você. — Sua voz falhou, e ela desviou o olhar, como se não quisesse que eu visse o quanto aquilo a afetava. —
Dei um passo em sua direção, mas ela levantou a mão, me impedindo.
— Não, Lando. Não adianta agora. Você tomou suas decisões, e eu tive que aceitar as consequências delas. Só que isso não significa que você pode simplesmente aparecer aqui e achar que pode consertar tudo com palavras bonitas.
— Eu não tô aqui pra consertar tudo, Emily. — Minha voz saiu rouca, cheia de desespero. — Eu tô aqui porque precisava que você soubesse a verdade. Que eu nunca parei de te amar.
Ela me encarou por um longo momento, seus olhos brilhando com lágrimas que ela se recusava a deixar cair.
— Às vezes, Lando, amar alguém não é suficiente. Porque amor sem respeito e confiança não é nada.
Seu tom era definitivo, e eu senti meu coração afundar. Mesmo assim, eu não me movi. Eu precisava ouvir isso, mesmo que doesse. Mesmo que fosse tarde demais.
— Eu não vou desistir de você. — Minha voz saiu firme, mas por dentro, eu estava desmoronando. —
Emily soltou uma risada amarga, balançando a cabeça em descrença.
— Você já desistiu, Lando. Quando decidiu me tirar da sua vida sem nem me dar a chance de entender o que estava acontecendo, você desistiu.
— Não, Emily, eu nunca desisti de você. Eu desisti de mim mesmo, porque achei que estava fazendo a coisa certa. Mas eu vejo agora que fiz tudo errado. Eu só... eu só quero uma chance de consertar isso.
Ela me olhou, os olhos cheios de mágoa, mas também de algo que parecia cansaço.
— Você acha que pode simplesmente aparecer aqui e pedir uma chance como se fosse fácil? Como se tudo o que você fez não tivesse deixado marcas?
— Eu sei que não é fácil, e eu não tô pedindo pra você esquecer o que aconteceu. Só tô pedindo pra você me deixar tentar.
Ela cruzou os braços, desviando o olhar.
— Você sempre acha que pode consertar tudo, não é? Mas algumas coisas não têm conserto, Lando. Algumas coisas quebram de um jeito que nunca voltam a ser como antes.
Fiquei em silêncio por um momento, as palavras dela me atingindo como um soco.
— Eu sei que não posso mudar o passado, Emily. Mas posso mudar daqui pra frente. Posso ser melhor, fazer as coisas do jeito certo.
Ela finalmente me encarou, os olhos brilhando com lágrimas que ela se recusava a derramar.
— Eu não sei se tenho força pra acreditar nisso. Não depois de tudo.
— Então eu vou acreditar por nós dois. — Dei um passo à frente, mas parei, respeitando o espaço dela. — Eu vou provar que ainda vale a pena.
Ela ficou em silêncio, como se estivesse lutando contra algo dentro de si. Por um momento, pareceu que ia dizer alguma coisa, mas apenas balançou a cabeça.
— Vai embora, Lando. Por favor.
As palavras dela eram como um golpe final. Respirei fundo, tentando aceitar, mesmo que meu coração gritasse para ficar.
— Eu vou, Emily. Mas isso não significa que desisti de você. — Dei um último olhar para ela antes de me virar e sair do quarto, sentindo o peso do mundo em meus ombros. —
Eu não sabia como, mas de alguma forma, eu ainda acreditava que poderia reconquistar a mulher que amava. Mesmo que fosse a luta mais difícil da minha vida.
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Eu não sabia se o que eu estava fazendo era o certo, mas já tinha me arrependido umas mil vezes desde o momento em que decidi vir para essa cafeteria. Não fazia sentido estar aqui, sentado, esperando pelo Mason. Eu nunca gostei dele, e provavelmente nunca vou gostar. Então por que aceitei isso? Talvez fosse a curiosidade, ou talvez fosse o jeito misterioso como ele disse que precisava falar comigo.
Olhei para a tela do celular. Faltavam dois minutos para o horário combinado. Suspirei e deixei o aparelho sobre a mesa. A cada segundo, eu considerava levantar e ir embora, mas algo me impedia.
O som da porta se abrindo chamou minha atenção, e, quando olhei, lá estava ele. Mason entrou com aquela expressão tranquila, quase casual, como se não fosse estranho ele ter me chamado para uma conversa. Ele me viu, acenou e veio direto para minha mesa.
— Pontual como sempre, Norris. — Ele disse, puxando a cadeira à minha frente e se sentando sem esperar convite. —
— Vamos ao ponto, Mason. O que você quer? — Fui direto, cruzando os braços. —
Ele deu um sorriso, aquele que parecia ensaiado, mas que provavelmente funcionava com quem não o conhecia tão bem quanto eu.
— Calma, cara. Não podemos nem pedir um café antes?
— Não estou aqui para socializar. Você disse que tinha algo importante para me dizer, então diga logo.
Ele suspirou, recostando-se na cadeira e passando a mão pelos cabelos, como se tentasse escolher as palavras com cuidado.
— Certo, direto ao ponto. Eu gosto disso. — Ele se inclinou para a frente, apoiando os braços na mesa. — É sobre a Magui.
Minha testa franziu instantaneamente ao ouvir o nome dela.
— O que tem a Magui? — perguntei, a irritação evidente no meu tom. —
Mason pegou o celular do bolso e mexeu rapidamente na tela, sem me encarar de imediato.
— Antes de você explodir, só... escuta isso, tá?
— Escutar o quê? — Minha paciência estava no limite, mas ele simplesmente levantou o dedo, pedindo silêncio, e apertou o play em um áudio no celular. —
A voz da Magui soou nítida no gravador, e meu coração congelou no instante em que reconheci suas palavras.
"Eu não tô grávida, Mason. Nunca estive. Você sabe que isso é só um plano. O Lando não precisa descobrir a verdade agora, ele tá na palma da minha mão."
Minha mente parou. Cada palavra dela era como uma facada. Fiquei encarando o celular, quase sem acreditar no que estava ouvindo. Ela continuava no áudio, rindo de forma despreocupada.
"Se ele souber, eu perco tudo. Você também, porque foi você que ajudou a armar isso. Então, cala a boca e faz sua parte."
Quando o áudio terminou, Mason bloqueou a tela e me olhou com uma expressão séria.
— Eu sei que a Magui pode ser... complicada, mas isso foi longe demais. E, por mais que eu não seja fã de você, achei que deveria saber a verdade.
Minha cabeça estava uma confusão. As palavras dela ecoavam sem parar, e eu não sabia se sentia raiva, choque ou simplesmente vergonha por ter acreditado nela.
— Por que você tá me mostrando isso agora? — perguntei, tentando manter a calma, mesmo sentindo meu sangue ferver. —
— Porque, apesar de tudo, ninguém merece ser enganado assim. Eu tô fora dessa. Não quero mais me meter nas mentiras dela, e você tem o direito de saber com quem tá lidando.
Fiquei em silêncio por um momento, tentando absorver tudo. Depois, me levantei abruptamente, a cadeira arrastando no chão.
Fiquei em silêncio por um momento, tentando absorver tudo. O mundo parecia girar ao meu redor enquanto as palavras do áudio ainda ecoavam na minha cabeça. Depois de alguns segundos, me levantei abruptamente, arrastando a cadeira no chão com o movimento.
— Não sei qual é a sua intenção com isso, Mason, mas... obrigado por me mostrar. — Respirei fundo, tentando manter a calma. — Só faz um favor, me envia esse áudio.
Mason assentiu, mexendo no celular.
— Já enviei. Tá na sua caixa de mensagens.
— Ótimo. — Respondi secamente, pegando meu celular para confirmar. O áudio estava lá, esperando para ser usado. —
Saí da cafeteria sem dizer mais nada, ignorando qualquer olhar ou comentário que Mason pudesse ter. Meu foco agora estava em uma coisa, Magui.
No caminho até o hotel, eu me esforçava para manter a calma, mas era como tentar conter uma barragem prestes a romper. Minhas mãos estavam firmes no volante, mas minha mente era um redemoinho de pensamentos e emoções. O áudio que Mason havia me mostrado ecoava na minha cabeça como um lembrete constante do que eu precisava fazer.
Quando estacionei, respirei fundo, tentando organizar meus pensamentos. Já sabia onde Magui estava hospedada, então não perdi tempo na recepção. Atravessei o lobby com passos firmes, ignorando qualquer olhar curioso. Peguei o elevador e apertei o botão para o andar do quarto dela, sentindo o peso da tensão no peito.
Cheguei à porta do quarto dela e bati três vezes, firme. Esperei alguns segundos até que a porta se abriu, revelando Magui com o mesmo ar de superioridade e sarcasmo de sempre.
— Ora, ora, se não é o Lando. Que honra receber sua visita inesperada. — Ela disse, com aquele sorriso de sempre, o tom de confiança que nunca a abandonava. — O que foi? Sentiu minha falta?
Eu respirei fundo, sem perder tempo com suas provocações. Sem esperar um convite, entrei no quarto e fechei a porta atrás de mim, mantendo o olhar fixo nela.
— Quando ia me contar que não tá grávida? — Perguntei, tentando manter a calma. —
Ela riu, o sorriso presunçoso nunca deixando sua face.
— Da onde você tirou isso? Claro que eu tô grávida, Lando. Você viu os exames.
Eu encarei-a com frieza.
— Um papel que você deve ter comprado e só trocado o nome de alguém, porque de mim você não está grávida, só se for do vento.
Ela riu ainda mais, quase com pena de mim, como se fosse incapaz de acreditar no que eu estava dizendo.
— Você está ficando paranoico, Lando. Sério, o que você pensa que eu sou? Uma mentirosa? Isso é típico de você, não é? Agora tá tentando me fazer de culpada. Você, que nunca soube o que queria e me usou como desculpa.
— De você eu não espero mais nada, Magui. — Respondi, já cansado de ouvir as desculpas que ela sempre tentava usar. — Agora escuta isso.
Peguei meu celular, abri a mensagem de Mason e toquei no áudio. As palavras dela se repetiram, e eu a observei enquanto o som ecoava pela sala, preenchendo o silêncio pesado entre nós.
Ela não demonstrou nenhum sinal de arrependimento. Ao contrário, seu olhar ainda estava cheio de confiança, como se estivesse no controle da situação, e seu sorriso não vacilou nem por um segundo.
— Bom, já que você descobriu tudo, não vou negar. Eu não tô grávida, nunca estive. Um papel e a sua ingenuidade foram o suficiente para te convencer. Não precisei de muito pra conseguir o que eu queria, separar você da Emily. — Ela disse, sem remorso, como se estivesse contando uma história qualquer. —
— Você é uma pessoa vazia, usar isso que estava grávida pra me prender, isso… isso é ridículo. — Eu disse, a raiva transbordando em minha voz. —
Ela deu uma risada seca, sem expressão, e cruzou os braços com um ar desdenhoso.
— Não me diga, Lando. — Ela respondeu, os olhos estreitados. — Nem venha tentar ser o bom moço dessa história. Você só está recebendo o que fez comigo, me largar, mesmo depois de eu sempre ter te ajudado.
Eu senti um nó na garganta, não acreditando no que estava ouvindo. Como ela podia virar as coisas dessa forma? Como podia me fazer de vilão?
— Você me ajudou? — Perguntei, rindo sem humor. — Você usou tudo o que podia pra me manipular. Isso não é ajuda, é uma jogada suja, e não tem mais como mudar isso.
Ela não se abalou, pelo contrário, parecia ter se fortalecido com a minha raiva. Ela estava acostumada a esse tipo de manipulação.
— Eu sabia que você não entenderia, Lando. Você nunca vai entender. Mas, no fim, você sempre foi só mais um que se aproveitou de mim. Eu fiz o que fiz porque queria o que era meu. Eu só estou tomando de volta o que era meu direito.
Eu respirei fundo, sentindo a frustração crescer. Tentei não reagir de forma impulsiva, mas as palavras dela me faziam querer sair dali imediatamente. Ela estava tão perdida nas mentiras que tinha criado que qualquer tentativa de explicar parecia em vão.
— Você acha que é justa nessa história? Você usou tudo que eu tinha, tudo que eu mais amava, e agora quer se passar por vítima? — Eu disse, tentando manter a voz firme. —
Ela apenas deu de ombros, com um sorriso satisfeito.
— Isso não é sobre justiça, Lando. É sobre poder. E, agora, eu tenho o poder.
Eu a encarei por mais alguns segundos, sem saber o que mais dizer. Não havia mais nada que eu pudesse falar ou fazer. Ela estava completamente fora de controle, e eu já estava farto dessa situação.
— Não sei o que você pensa que vai conseguir, mas agora você não tem mais nada sobre mim. — Respondi com firmeza. —
Ela apenas riu, um riso vazio, e deu um passo em minha direção, como se quisesse marcar território.
— Um dia a gente se encontra de novo, Lando. — Ela disse, com uma confiança que parecia inabalável, como se ainda tivesse o controle da situação. —
Eu não a respondi. Não valia a pena. Apenas me virei e saí dali, deixando para trás aquele quarto sufocante e tudo o que ela representava. Conforme a porta se fechou atrás de mim, senti como se estivesse finalmente encerrando um capítulo da minha vida.
Mas encerrar aquele capítulo não era suficiente. Eu precisava corrigir as coisas. Precisava recuperar a Emily.
001. Segundo capítulo da maratona, batam a meta é trago amanhã mesmo o último capítulo da maratona, amores.
002. Desculpa qualquer erro ortográfico. Espero que estejam gostando da Fanfic.
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