42 | Planos Falhos
⚠️ Eu N A O me responsabilizo por acessos de ódio e problemas de raiva/cardíacos no decorrer do capítulo! CUIDADO na pista. ⚠️
Escute o vento soprar
Veja o sol nascer
Corra entre as sombras
Dane-se o seu amor,
danem-se as suas mentiras
E se você não me ama agora
Você nunca vai me amar de novo
Ainda posso ouvir você dizendo
Que nunca quebraria a corrente...
A corrente, nos mantém juntos...
— The Chain, Fleetwood Mac
𖤍 T a l i s s a 𖤍
Por um momento o mundo parou de fazer sentido para mim. Eu havia imaginado aquele momento. Havia fantasiado ele de várias formas, e nenhuma delas era aquela. Minha reação não foi outra senão indiferença. E me sentir perdida. Algo não fazia sentido, eu sentia isso. Sentia como se ainda estivesse me faltando algo.
— Meu pai, você tem certeza? Não está sendo precipitado?
— Heimdall? — Odin chamou, e o homem entrou no local. Tinha o olhar baixo e calmo. — Eu fui até Heimdall. Questionei diversas vezes se era mesmo possível, pois nem eu conseguia acreditar. Surtur esteve em Midgard exatos nove meses antes do nascimento da menina, como um transmorfo, usando uma forma mais humana. E esteve em contato com a mãe dela.
— Infelizmente não restam mais dúvidas. — Tyr diz.
— Talissa é sim filha de Surtur. — Odin diz, tendo nossos olhares em si. — Dito isto, fica claro a ameaça que Talissa se torna para Asgard.
— O quê? Que ameaça? — Questiono, já sentindo uma maior adrenalina correr por minhas veias.
— Odin... — Heimdall tenta intervir, mas o rei levanta a mão, o impedindo de falar.
— Sinto muito, minha querida. Você é uma grande guerreira, mas eu levo profecias à sério, e suas intenções estão bem claras.
— Minhas intenções? O que diabos está falando?
— Não faça isso ser mais difícil, menina. Todos sabemos que deve estar ligada ao ragnarok! Infiltrada em Asgard, pronta para destruir o trono de dentro para fora e juntar-se ao seu pai.
— Vocês só podem estar enlouquecendo! Eu vim para Asgard por acaso! Heimdall, diga a ele! Diga que eu só estava em perigo!
— Heimdall não tem mais nada a me dizer, criança. Agora, peço por favor que não lute. Não torne isso mais difícil.
— “Isso” o quê? Vai me prender? Eu nem pertenço a este mundo.
— Ficará nas masmorras até que possa retornar para o seu lugar. Agora que seu pai está morto, não há mais riscos de mantê-la no palácio, mas presa e muito bem observada.
— Meu pai, não está passando dos limites? Lis é nossa companheira, nossa amiga. Com certeza pode reconsiderar, e... — Thor pede, tentando acalmar os ânimos.
— Reconsiderar? Thor, não está pensando direito! Ela será devidamente presa e tratada como uma ameaça, pois é o que ela é.
— Vocês estão brincando comigo, só pode. Loki, meu bem-
— Eu espero que não se envolva mais nisso, Loki. Eu ainda tenho boas perguntas a lhe fazer sobre o lobo e Jormungand. — Odin diz, claramente tentando lhe silenciar.
— Você pode perguntar o que quiser, mas não culpe Talissa por algo que ela não fez. Nem planejava fazer.
— Como tem tanta certeza de que ela não planejava fazer?
— Porque eu sei. Você também sabe, só não quer e nem vai admitir. É orgulhoso e cego demais para ver a burrice que está cometendo. — Loki se impõe, erguendo um olhar desinteressado para Odin.
— Olhe bem como fala comigo, meu filho.
— Se você também olhar como fala comigo e com minha mulher. — Loki diz, se pondo a minha frente, protetor.
É nesse exato segundo em que vejo minha vida passar diante dos meus olhos. Não de uma forma ruim. De um jeito bom, muito bom. Sei que Loki não usava aquelas palavras de forma pejorativa e possessiva, ele só queria deixar claro que estávamos juntos. Ele só queria me defender.
— Era só o que me faltava. Vocês dois juntos. O casal perfeito. A destruição do meu reino.
— Você é um estúpido. Um velho burro e cego.
— Loki Odinson! — Ele repreende e Loki ri, debochando. Odin nos olha, e sutilmente leva a mão a sua espada.
— Nenhum ato intencional de violência deve profanar seu caminho de paz. — Loki cita, e Odin recua, largando a arma. — Eu lembro bem dessa lei. A única que mantém o grande Pai de Todos preso a rédeas curtas. A lei criada pelo pai do seu pai. Respeitada por todos. Não é você quem vai jogar todo esse longo caminho de justiça por uma simples descoberta, é?
— Uma simples descoberta? Não seja insolente, meu filho. Sabe bem que isso é necessário.
— Não, não é. Está tentando uma desculpa para manter Talissa presa, culpada por algo que ela nem tinha conhecimento. Você sabe que ela é inocente. E é esse o seu medo. De quem será a culpa se não puder pôr nela?
— Loki, pare com isso. Não quer voltar para as masmorras, quer? Dessa vez sem Sigyn para lhe curar e tirar o veneno de você.
— Odin. — Frigga chama sua atenção.
— Ele não vai fazer isso. Não pode. Velho fraco.
— Chega! Aquele gigante desgraçado matou meus irmãos. Estava condenado a matar todos nós, tal como destruir nosso lar! Não vê o que eu fiz? Dei abrigo a sua prole. Lhe dei chance de conseguir o que queria!
— Você está cego! — Loki grita, mais alto do que ele. — Cego de raiva por ser tão idiota. Cego de medo pela morte iminente. Você fica cego quando se trata da vingança por seus irmãos, e ainda mais por estarmos quase lidando com um ragnarok. Você é burro, é fraco! Sabe que não é a presença ou a ausência de Talissa aqui que irá mudar o nosso destino.
— É isso que você quer, não é? Libertar o caos sobre Asgard. Destruir tudo o que conhecemos, assim como falam as histórias. É assim que seu nome corre entre elas. Como destruidor, como o percursor do caos. O seu, da sua filha morta, e agora daquele lobo...
— Não fale o que não sabe. Eu já estive sim envolvido com o ragnarok, mas não é de meu interesse há anos. Muitos anos. Você só está louco, está deixando as suas vontades tomarem conta de suas ações, e procurando uma justificativa para não ser afetado pela lei que você mesmo ajudou a criar. Você é um hipócrita, um miserável! E não ouse jamais tocar um dedo ou direcionar uma palavra a Talissa antes de pedir perdão por todas as acusações. Seja homem e admita o seu erro, papai.
O olhar de todos estava confuso e embaralhado. Todos permanecemos em silêncio, mas não ousamos mover um músculo enquanto Odin continuava a encarar o filho, como se travassem uma guerra, e pelas expressões corporais de Odin, Loki estava ganhando. Meu coração parecia sair pela boca de tanto que batia, me deixando mais nervosa. Nervosa pela situação, por Loki, por estar sendo tão defendida por ele em frente ao próprio pai, por não saber o que dizer... Por tantas coisas!
Um uivo alto e assustador soou, cortando toda a tensão da sala. Todos ficaram em ainda mais silêncio por um tempo, até outros dois uivos fortes soarem novamente. Olhei Loki, e percebi que ele me observava aparentemente preocupado. Muninn, o corvo de Odin, pousou na janela, batendo as asas freneticamente como se o chamasse para ver algo.
Ao longe pudemos ver as árvores balançarem como se algo grande corresse entre elas. Algo extremamente grande e comprido. Ou talvez fosse mais de uma coisa. Senti o toque de Loki em minha costela e olhei para onde ele apontava. A Lua brilhava pouco, em tom avermelhado. Não parecia ter tanta vida e parecia perder sua cor cada vez mais, me preocupando.
— O último brilho de Mani. — Thor disse, atraindo a atenção. — Hati o pegou!
— Não é possível! Ainda está cedo! — Mímir exclamou, olhando o céu com dificuldade.
— O que está acontecendo? — Questiono, perdida.
— A história que lhe contei sobre Hati e Skóll, o sol e a lua. Hati conseguiu pegar Mani.
— Não sei o que acontecerá se Skóll chegar a Sigel agora que Fenrir já foi morto. — Tyr diz.
— Mani morrerá? — Sif questiona.
— É provável que sim. — Odin diz, tirando o elmo em respeito ao deus.
Uma ideia se passa ligeiramente pela minha cabeça, e eu olho para Loki. Ele ainda observava a lua acima de nós com um olhar pesado, mas percebeu estar sendo observado e me encarou. Ele logo arqueou as sobrancelhas, provavelmente lendo meus pensamentos e maneou a cabeça em negação.
— Você não vai fazer isso. — Diz, alto, chamando atenção.
— Fazer o que? — Thor questiona, curioso.
— Salvar Mani. — Digo, abrindo minhas asas e voando para o terraço do palácio.
Subi para o pico mais alto, ficando em um dos terraços abertos e logo me sentei num banco próximo ao parapeito. Ouvi passos atrás de mim e logo vi Loki e Thor se aproximando. Os dois pareciam curiosos e preocupados.
— Não movam mais um músculo. Eu preciso de silêncio. — Digo, assim que Odin e os outros adentram o local.
Felizmente todos me obedecem, e eu consigo me concentrar na troca de energia cósmica. Assim que consegui me conectar a Mani, senti sua dor. Era imensa, enorme, cortante. Ele estava sofrendo muito, e encontrou alívio em minha ajuda. A troca de energia aconteceu, mesmo não sendo equivalente. Eu estava mais que disposta à salvá-lo.
Mani não tinha energia vital para me oferecer, então apenas “sugou” o que eu lhe ofereci, salvando sua vida. A dor dele foi transferida para mim. O sofrimento também. A luz intensa de Mani nos atingiu. Mais uma vez vívido, saudável. Branco como a névoa densa da floresta, iluminando a noite.
A dor dele me atingiu também, agora que a troca havia sido completa. Eu me sentia fraca, me sentia como se acabasse de travar uma intensa batalha, e estivesse quase à beira da morte, como ele esteve. Me mantive sentada o máximo que pude, mas não aguentaria por muito tempo.
— Ele está a salvo. Mas precisam matar os outros dois lobos. Não conseguirei repetir o feito. Não conseguirei salvar Mani ou Sigel se forem pegos novamente.
— Ela precisa descansar. — Frigga disse, me observando preocupada.
— E ela vai. Na sua cela. Longe de todos, e principalmente de você. — Odin diz, ainda encarando Loki, e eu sorrio.
— Você realmente perde a sanidade com a Convergência e o Ragnarok, não é? Um homem tão fisicamente forte. Um deus, destinado a viver milênios, travar batalhas, defender reinos, gastando sua vida culpando uma jovem que nunca o quis mal. Quem diria que o grande Odin seria tão egoísta. — Digo, ficando de pé, usando o pouco da força que me restava.
— Não piore sua própria situação, Talissa. Suas palavras são incapazes de me atingir.
— Não, não são. Mas sei de algo que é mais efetivo.
Puxo o Mjolnir da mão de Thor, erguendo o martelo com facilidade. O olhar de Odin chega até mim e ele parece extremamente surpreso, afinal ainda não sabia disso. Conjuro um raio forte e jogo em sua direção, vendo o olhar perdido dele após desviar com sua lança. Ele parecia repetir para si mesmo e baixo “como é possível?”, me fazendo sorrir, sabendo que o surpreendi e que realmente Loki estava certo.
Ele não tinha motivos para me prender. Nunca teve.
— C-Como consegue? Não deveria!
— Ela consegue porque é pura. Suas intenções, seus atos, suas falas, é tudo verdade. Pai de Todos, você está reagindo mal a tudo isso. — Heimdall diz, tentando apaziguar a situação.
— Eu fui enganado, Heimdall! Por todos! Não pode ser. Não pode...
Odin, irritado, me joga a sua lança. Eu desvio, batendo nela com o martelo e fazendo-a cair ao chão, rachando a lâmina. Lhe jogo outro raio, mais forte, e dessa vez ele não desvia. É acertado precisamente, e bate as costas na parede. Ele me olha, revolto em ódio, e eu giro o martelo na mão, pronta para mais.
Mas meu corpo não estava.
A troca de energia havia me feito “mal”. Havia me deixado cansada. Exausta, para falar a verdade. E isso me fez cair ao chão, largando o martelo, que logo foi puxado de volta para Thor. Odin deu dois passos na minha direção, ameaçando me atacar, mas Loki abraçou meu corpo, apoiando minha cabeça e impedindo que eu a batesse no chão.
— Chega. Chega de briga, de luta, de raios... Lis não tem culpa, mas se você quer alguém para culpar, que seja a pessoa certa.
— E quem seria? Você?
— É. Eu. Eu que planejei tudo. Eu que fiz acontecer. Tudo isso é culpa minha.
◦◦◦◦ ◎ ◦◦◦◦
UI DIDI
Nem eu acredito que eu parei esse capítulo aqui, mas é necessário. Ficou grande demais, pra mais de 5 mil palavras, não tinha COMO deixar assim.
O quê acharam? Escrever isso me deixou com os nervos à flor da pele, e revisar quase me matou. Espero que tenham gostado e se preparem para o que vem à seguir.
Eu disse que o Loki bad boy estava chegando. E chegou.
Nos vemos no próximo!! Um beijoooo 💚💚
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