38 | Cabeças Demais
𖤍 T a l i s s a 𖤍
A tarde foi dividida entre ouvir as peripécias de Maeve, e cuidar de Stela. Eira estava com mais dois outros bebês, então Loki e eu ficamos com a pequena, livrando-a de mais trabalho. Sif e Thor debatiam conosco sobre nomes de meninas, pegando algumas ideias para tentar decidir depois.
Aos poucos, os convidados foram se dispersando, indo para os seus quartos, se arrumarem para o jantar. Nós quatro continuamos ali após Eira levar Stela e Maeve, prometendo trazê-las para passar mais tardes conosco depois. Loki fazia massagem na minha mão enquanto ouvia o irmão falar sobre a ideia da mãe de tentar mandar alguns soldados para Muspelheim, o último lugar onde Odin fora visto, e descobrir o que aconteceu.
Mas algo nos assustou.
Um rosnado alto, muito alto. Agonizante, e quase que ensurdecedor. Encarei Loki e ele me olhou de volta. Não pensamos duas vezes antes de voar até os quartos e eu corri para o meu, pegando minha espada e escudo, e abrindo minhas asas, me distanciando do palácio, sobrevoando o bosque.
No mesmo campo aberto onde havíamos matado a quimera, estava uma hidra. As seis cabeças destruíam algumas das árvores ao redor, e rugia para o alto, como se quisesse chamar atenção. Pousei, evitando chamar a atenção dele, e senti a presença de Loki atrás de mim. Ele se transfigurou, tornando a sua forma humana, e se aproximou devagar, encarando a besta.
— O que inferno é isso?
— Hidra. O lagarto mais odiado do Olimpo.
— Sua espada funciona?
— Funciona com muito cuidado.
— Por quê?
— Não se pode cortar as cabeças, ou outras duas nascem no mesmo lugar. Para quem não sabe, é perigoso de lidar.
Assim que eu explico, vejo uma imagem que faz meu coração parar. Thor, voando na direção do monstro, girando o martelo em mãos e jogando para a frente. Ele acertou duas cabeças das pontas, fazendo-as caírem ao gramado e se deteriorarem aos poucos. Mas que inferno! Eu mal pude gritar, quando uma fumaça negra começou a sair dos dois pescoços cortados. Ela tinha regeneração mais rápida...
— Thor! Não!
Vi o loiro nos olhar, e voar até nós com o auxílio do martelo. Ele parecia tão confuso quanto Loki no início, e eu o expliquei sobre os cortes nas cabeças, e como seria a forma certa de matar o monstro. Era treinada para isso também, tinha minhas estratégias.
— Eu preciso de um trabalho de equipe com vocês dois. Thor, você vai chamar a atenção das outras cabeças. Jogue raios, jogue o martelo, o que for, mas não corte nenhuma cabeça.
— Tudo bem. — Ele concorda.
— Loki, você vai usar Luar. — Digo, lhe entregando minha espada. Ele pega, ainda que receoso. — Corte a cabeça que eu mandar, bem próxima do corpo. O cobre vai fazer desacelerar o processo de recriação, me dando tempo para cauterizar.
— Você vai chamar a atenção como?
— Fogo. — O respondo, fazendo chamas surgirem nas minhas asas. — Entenderam tudo?
— Sim.
— Ótimo. A última cabeça vai ser a do meio, é “imortal”, vai ser um trabalho difícil.
— Tudo bem. Confiamos em você. — Loki diz, e o irmão assente.
Thor sai primeiro, energizando o corpo, chamando atenção da hidra. As cabeças – agora dez – foram todas na direção dele, e Loki e eu fomos na direção das de trás. Sem aviso prévio, ele corta duas cabeças da ponta, e a besta ruge alto. Queimo os pescoços, parando apenas quando a carne já está quase invisível, impedindo que nasçam outras cabeças ali.
Nos afastamos, indo para o lado direito, cortando mais duas cabeças e repetindo o processo. As cabeças agora eram seis. Thor chamou atenção novamente e nós dois nos aproximamos. Loki cortou duas cabeças de uma vez, e eu mais uma vez direcionei duas rajadas de fogo, já me sentindo fraca.
Faltavam quatro.
Respirei com certa dificuldade assim que pousei, e senti minha cabeça doer. Ouvia uma voz fraca, alguém chamando meu nome, mas não conseguia decifrar de onde vinha, então voltei a atenção a besta, que era nossa maior preocupação agora. Sobrevoei novamente, encarando Loki e apontando para as duas últimas cabeças da esquerda.
— Agora! — Grito, fazendo minhas asas pegarem fogo.
A cabeça do centro estava quase alcançando Thor, e chamar a atenção dela para mim poderia salvá-lo. Loki cortou as cabeças e eu as queimei, usando a pouca força que eu tinha. Desviei do ataque da besta, jogando o corpo para o lado, recebendo todo o impacto da cauda, e me senti atingir uma árvore, quase partindo-a ao meio, caindo no gramado. Senti tudo doer, e minha cabeça latejar forte.
— Lis, amor? Meu bem? Lis, está me ouvindo?
— Loki?
Eu não conseguia vê-lo. Minha vista estava escura e turva, é uma dor agonizante se alastrava em minha barriga.
— Sim, sou eu. Lis, estamos quase lá. O que eu preciso fazer? — Ele pergunta, e eu abro os olhos devagar.
Antes que eu possa falar, recobro minha vista, e vejo uma movimentação maior no campo, e uma espada em direção ao coração da hidra. Reconheço Tyr, Hogun e Volstagg de pé, pouco distante de nós, e aponto para a espada no coração da besta.
— Tenho que matá-la assim?
— Arrancar o coração com essa espada e me trazer para queimar. Aquela espada não irá servir.
— Tudo bem, não se esforce, eu volto logo.
— Cuidado com as duas bocas. Ambas cospem fogo.
Ele se afasta, e eu me sento, encostando o corpo na árvore em que bati. De longe, vejo Tyr remover a espada, e Loki rasgar o couro e a carne da hidra, fazendo-a agonizar, puxando o coração. Ele lançou para mim, e, ainda no ar, eu ateei fogo e raios, fazendo-o queimar e sumir em cinzas. O corpo da besta foi paralisando aos poucos, deitando no chão do enorme campo, se desfazendo lentamente em uma fumaça escura e uma mucosa negra.
Loki se aproximou novamente, me abraçando e me puxando para os seus braços. Indo direto para o palácio, utilizando o cavalo de Hogun. Loki me guiou até a sala de cura, quase em completo desespero, e Frigga logo chegou, fechando as portas do local, impedindo os guerreiros de adentrar a sala.
— Já imaginava que algum de vocês viria parar aqui. Heimdall veio anunciar a chegada dos guerreiros e a invasão dessa besta. Me disse que vocês estavam cuidando disso.
— Estávamos, mas o meu poder de fogo me cansa muito, me tira a energia.
— Eu imagino, minha linda.
— E como ela está? — Loki perguntou, ansioso, segurando minha mão com os dedos entrelaçados aos meus.
— Está bem. Não vejo nada de anormal, além do cansaço físico. — Ela diz, observando tudo. Frigga franze o cenho ao observar algo, me deixando curiosa. — Lis, eu acho que... Não. Não é nada.
— Tem certeza? — Questiono, me apoiando melhor na cama.
— Sim, sim. Não se preocupe. Você está bem.
— Ela pode voltar ao quarto?
— Pode sim. Deve permanecer lá pelo fim do dia, pelo menos. Precisa recuperar as forças. Vou pedir para que levem o seu jantar para o quarto. Loki, faça companhia, certo?
— Tudo bem. Mas Odin e sua trupe...
— Todos voltaram, exceto Odin. Ele foi à Yggdrasil, voltará amanhã ou depois.
— Isso significa que o assunto é mais sério do que pensávamos, não é?
— Pode significar muitas coisas, meu filho. Agora vá, Lissa precisa descansar.
— Certo... Consegue andar?
— Sim, mas devagar, por favor.
— Tudo bem, amor, não se preocupe.
Loki me guiou devagar até o quarto, e me carregou no braço para não me fazer subir as escadas. Ele me auxiliou no banho e me vestiu, tomando um cuidado quase extremo comigo. Deitei na cama, e ele permaneceu comigo por todo o fim do dia, fazendo carinho e tentando me fazer dormir, mas eu não tinha sono algum.
— Gostou de Stela?
— Ela é fofa. Maeve também. — Admite, distraído.
— Maeve gosta de conversar, de perguntar. Stela está quase aprendendo a andar. São fases boas.
— Eu vi... Vi também os olhares que recebemos.
— Não seria surpresa alguma. — Digo e ele maneia a cabeça em negativa, pensando. — E como se sente sabendo que terá uma sobrinha?
— Indiferente. Já disse que não terei responsabilidade ou apego com a criatura.
— Assim como não teve com Stela? — Pergunto, comprimindo os lábios e vejo seu olhar mortal em mim.
— Stela me encantou, foi diferente.
— E como sabe que sua sobrinha não fará o mesmo?
— Porque minha sobrinha terá a cara da insuportável Sif. — Ele diz, me fazendo gargalhar.
— Você é péssimo.
— Eu vou fingir que sei que você não gosta, tá lindinha?
— Convencido. — Digo, desviando o olhar, e ele ri.
— Sou. Vou buscar o jantar. — Avisa, e eu assinto. — Algum suco ou sobremesa específico?
— Não. Pode trazer o que tiver servido.
— Tudo bem. Não demoro.
Loki me da um beijo no topo da cabeça e sai do quarto. Me movo, trocando a posição, e sinto algumas partes do meu corpo ainda doerem. Enquanto descanso, não consigo deixar de pensar na invasão da hidra. Já fora o segundo monstro da Terra a aparecer subitamente em Asgard sem que Heimdall pudesse perceber.
Eu tinha certeza que havia algo envolvendo Hades. Sabia, mas não podia provar. Havia tentado novamente aquela viagem dimensional, mas não havia funcionado. Nem para o Mundo Inferior, nem para o Olimpo, e nem para o acampamento onde minha mãe estava. Talvez fosse por contada convergência. Assim como Heimdall não conseguia se comunicar com minha mãe, eu não conseguia viajar. Ou talvez fosse pelo cansaço presente em meu corpo.
Sinceramente, eu não sabia.
Tudo o que sabia agora é que havia melhorado meu ataque com raios, mas não havia treinado nada em questão do meu poder de fogo, e agora usá-lo me deixava cansada, mais que o normal. Mais que a troca de energia equivalente. Eu precisava treinar isso antes de retornar ao Olimpo, seria um ótimo contra-ataque surpresa.
— Espero que não esteja trelando. — Loki diz, adentrando o quarto com uma bandeja grande em mãos.
— Não estou. O que trouxe?
— Minha mãe mandou preparar um jantar especial pela volta dos convidados. — Ele diz, pondo a bandeja na cama e cercando-a, sentando ao meu lado. — Trouxe suco, e uma sobremesa de morango.
— Obrigada, meu bem. — Digo, lhe dando um selinho rápido. Ele sorri e volta a atenção para a comida.
— Consegue comer sozinha?
— Se eu disser que não, você me dá na boca?
— Folgada. Vou dizer bem o que vai na sua boca. — Loki diz, e eu lhe olho incrédula, contendo o riso. — Até parece que não gosta. Anda, senta direito e vira de frente pra mim. — Manda, com o meu prato em mãos.
Sorrio com ele e faço o que ele ordenou, pegando o prato com cuidado. Logo começamos a comer em silêncio, apenas observando um ao outro e dando alguns sorrisos tímidos e engraçados entre os olhares...
◦◦◦◦ ◎ ◦◦◦◦
Oláaa!
Como vocês estão? Espero que bem, viu?!
Atrasei um dia de capítulo pq ontem fui vencida pelo cansaço. Mas cá estou!
E o que acharam desse? Lis poderosa mas com bastante limites ainda, e mais detalhes jogados pra vocês...
O que acham que Odin descobriu na viagem? Ele já está voltando em, para o ódio de todos e para o mal da nação.
Espero que estejam gostando. Os próximos trazem mais ação também, mais do casal, e finalmente a solução de um mistério que vocês esperam há tempos.
Nos vemos logo logo! Beijão 💚💚
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