30 | Vinhos e Valsas
Antes de tudo, fotinho do vestido da Lis (já que eu esqueci de por no último capítulo).
Agora sim, boa leitura!
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𖤍 T a l i s s a 𖤍
O jantar havia sido mais demorado e caprichado do que qualquer outro desde que cheguei aqui. Não havíamos chegado nem a metade e Odin já parecia estar mais animado que o normal. A bebida não surtira efeito em mim. Já Loki estava mais sociável que o normal, o que era estranho. Conversava abertamente com Thor e os três guerreiros sobre a convergência, me deixando um pouco fora do assunto.
Um pouco cansada de toda a barulheira ali, saí em silêncio, caminhando até o terraço com minha taça em mãos. Me aproximei da meia parede, me encostando ali e observando a Lua e seu brilho quase ofuscado pela imensa Bifrost. A noite estava linda.
— Tali? — Ouvi a voz de Thor e me virei da direção do loiro. — 'Tá tudo bem?
— Sim. Só vim pensar um pouco. E descansar do barulho. — Eu explico e ele assente.
— Sabe que se sentir algo ou precisar conversar, pode contar comigo. — Ele se dispõe. — Tecnicamente sou seu cunhado agora, mesmo que ninguém saiba. — Completa, me fazendo rir.
— Agradeço a disposição.
— Você e ele estão bem? Estão se falado tão pouco.
— Estamos. Só conversamos um pouco sobre a relação e achamos melhor não parecermos tão juntos publicamente. Você sabe... Bocas soltas, olhos curiosos...
— Sei. Bom, imagino que já saiba, mas eu apoio os dois. Minha mãe também. Ela provavelmente já sabe. — Ele diz e eu assinto, confirmando. — Nunca vi Loki tão feliz, preocupado e se importando tanto com alguém. Tem sorte de ter meu irmão. — Diz, com um imenso sorriso no rosto.
— Eu quem tenho sorte de tê-la. — Loki diz, nos assustando. Sinto meu rosto enrubescer com a sua fala e ele sorri, se aproximando mais.
— Fiquem à vontade. Vou ficar ali na porta garantindo que ninguém chegue de surpresa. — Thor diz, se afastando e levando sua enorme caneca de cerveja.
— Você está linda, minha princesa. — Loki diz, tocando minha mão e observando todo o meu corpo. — Queria cegar todos aqueles que vi olharem para você. — Diz, e eu ergo as sobrancelhas.
— Você está bêbado? — Questiono, e ele maneia a cabeça em negação, se aproximando mais.
— Não, só cansei de esconder meus ciúmes. — Dá de ombros e eu sorrio.
— Já sabe o motivo do banquete?
— Anunciar a data do casamento de Thor e Sif e os padrinhos. Tem algo mais, mas Odin não disse. — Loki responde, sério.
Fico em silêncio e logo volto a observar a paisagem. Ele apoia o corpo no meu, abraçando minha cintura e beijando meu pescoço. Sorrio e entrelaço sua mão na minha, girando o corpo e observando seu rosto e seus olhos sob o brilho da lua.
— Isso é tão estranho. — Ele diz, após tocar meu rosto.
— O quê?
— Destino. Universo. Nós dois não deveríamos nem saber da existência um do outro. Mas algo ligou você a Asgard. Algo trouxe você para mim.
— Uma história de amor confusa do início ao fim. — Digo sorrindo e ele assente.
— Espero que não estejam se beijando. — Thor diz, retornando para o terraço. — Nosso pai está chamando, irá se pronunciar agora.
— E lá vamos nós. — Loki diz, girando os olhos, impaciente, e abre caminho para que eu siga em sua frente.
Voltamos para o grande salão, onde Odin já estava de pé, ao lado de Frigga. Thor ficou entre o pai e Sif, e Loki e eu fomos para o outro lado. Os bardos que tocavam na lateral do salão silenciaram seus instrumentos e logo o Pai de Todos começou a falar.
— Todos sabem o quanto meus filhos são importantes para mim. Maiores do que qualquer tesouro que eu tenha em todo esse palácio. — Ele diz, e eu ouço Loki pigarrear baixinho e sorrir cínico. — Não é novidade alguma que o meu primogênito está noivo da melhor guerreira de Asgard, mas as boas e grandes notícias que vos trago hoje são...
Antes que Odin possa falar, os bardos fazem um rufar de tambores, fazendo os convidados sorrirem. Odin levanta a mão, pedindo silêncio, e ainda sorrindo, retorna a falar.
— Meu querido filho, depois de muitos anos, finalmente irá casar e ser pai! — Ele diz, e uma onda de gritos exasperados, assobios e bateres de palmas ressoam pelo local. — O casamento foi marcado para daqui a exatos dez meses. Esperaremos o nascimento do bebê, e então completaremos os preparativos para a grande cerimônia.
— Também gostaríamos de anunciar as escolhas de padrinhos para abençoarem a união de Thor e Sif. — Frigga completa, deixando espaço para o filho falar.
— Eu tenho muitos amigos, mas não podia deixar de escolher aquele que esteve comigo por todo o tempo, seja em boas situações ou em grandes enrascadas. Meu irmão, Loki. — Anuncia, e Loki dá um meio sorriso ao ouvir os barulhos ao redor. — E a madrinha, com muito prazer em dizer, será Talissa!
Sorrio, e sinto minha bochecha enrubescer ainda mais quando Loki toca gentilmente a minha cintura. Publicamente. Meu cérebro tem uma leve pausa de cinco segundos no seu funcionamento geral. Principalmente após o olhar de Freya, Eira e Fulla, percebendo o toque do deus em mim.
Voltamos a sentar assim que as congratulações para Thor e Sif foram devidamente dadas, e Odin continuou de pé, provavelmente preparando-se para contar mais algo. E não demorou muito até que tornasse a falar.
— Também quero comunicar a todos de que estarei fora das propriedades de Asgard durante o próximo mês, por motivos pessoais. Nesse tempo de ausência, a autoridade máxima de Asgard será minha esposa e rainha, Frigga. Todo e qualquer assunto de extrema urgência deverá e poderá ser tratado por ela. Grato.
Ele volta a se sentar, e pede que sirvam as sobremesas do banquete. Eu como pacientemente, trocando algumas palavras com Freya, que estava um pouco isolada e conversava sobre possíveis passeios para darmos pelo reino.
Ela era gentil e muito mais comunicativa que o irmão, que depois daquela noite, sequer tentou se aproximar de mim outra vez. Freya era muito educada, e até o momento, não fora invasiva em nenhum assunto, respeitando os limites de conversa, tornando-se assim uma boa amizade.
— Me perdoem interromper, minhas queridas, mas gostaria de saber se você aceita dançar comigo. — Odin pergunta, tirando Frigga da conversa. Fulla, a irmã, sorri, caçoando dela.
O casal se levanta, sendo o primeiro a adentrar a “pista” quando o toque suave da harpa se faz presente. Aos poucos, outros casais tomam coragem para se juntar, sendo eles Frey e Fulla, Tyr e Freya, Njord e Eira, Thor e Sif, e Hogun com uma mulher que eu não reconhecia. Eu os observava, lembrando dos tempos em que havia grandes banquetes assim no Olimpo, e por ainda ser criança, dançava nos braços de Poseidon. Sentia falta dele também. Era um bom tio.
Os passos dos casais pareciam ritmados, nada improvisado, e muito bonito visto de longe. A música era muito bonita e lenta, e a baixa iluminação em branco e vermelho deixava o cenário ainda mais romântico. Não demorei a ver, pela minha visão periférica, Loki erguendo a mão para mim, e o encarei incrédula.
— Sei que quer ir. Venha, dance comigo. — Pede, sorrindo gentil.
— Loki...
— É só uma dança, milady. — Diz, e eu assinto, levantando-me.
E o que eu mais temia aconteceu rápido até demais. Os olhares se voltaram para nós, como se fôssemos duas assombrações. Eu descia as escadas ao lado dele, segurando em seu braço com firmeza, com medo de tropeçar e cair na frente de todos. Ri internamente por isso, mas continuei. Assim que chegamos à pista, ele me girou para ficar a sua frente, e acompanhamos os passos dos doutros casais.
Loki mantinha sua mão direita na minha cintura, e a esquerda segurando a minha destra. Minha mão livre estava em seu ombro, e nós trocávamos olhares durante todos os passos, deixando alguns sorrisos escaparem. Meu vestido e sua capa se moviam de acordo com o balanço dos nossos corpos, trazendo um charme ao nosso redor. A música acabou dando continuação para outra. Uma valsa mais lenta agora. E nós continuamos na pista.
Ele me aproximou de seu peito, e eu encostei minha cabeça ali, sentindo seu abraço. Fechei os olhos e deixei a música tomar conta dos meus pensamentos. Eu queria que aquele momento fosse único, e queria me recordar dele apenas como sendo meu e de Loki. Apenas nós. Por isso mantive os olhos fechados todo o tempo. E pude ouvir seu suspiro ao acabar, me permitindo fazer o mesmo.
Retornamos a mesa, sentindo mais uma vez os olhares em nós, mas ele não pareceu se importar. Eu, por outro lado, estava vermelha como um morango, e disfarcei virando uma taça de vinho e saindo do local, indo novamente respirar um pouco mais no terraço. Sentada na meia parede, abri as asas, sentindo o vento frio e reconfortante abraçar cada uma das penas, me fazendo arrepiar.
— Imaginei que fossem um casal, mas achei que ainda pudesse estar enganado. — Frey diz, me assustando.
Eu juro por Zeus que nunca mais volto nesse terraço. Que perseguição!
— Não vai negar?
— Não tenho o que negar, Frey. Você acha o que quer, e eu não tenho a mínima vontade de mudar seus pensamentos.
— Oh, céus. Você e ele...
— Eu e ele o quê? — Questiono, e o encaro, vendo-o me avaliar.
— Não sinto mais a pureza em você. — Diz, tocando meu queixo, e eu rolo os olhos afastando o rosto, controlando minha raiva. — Ele foi seu primeiro? Ele? — Questiona, segurando meu braço.
Num ato de impulso, afastei seu braço e segurei seu maxilar, elevando seu corpo e voando apenas para cima, subindo até parar alto o suficiente para que ninguém nos visse ou ouvisse. Frey olhava apavorado para baixo, e mexia o corpo nervosamente, segurando em minha mão.
— Se você tocar essa sua mão podre em mim mais uma vez, ou sequer insinuar que eu fiz ou deixei de fazer algo com Loki ou qualquer outra pessoa nesse castelo, eu juro, Frey. Juro por Zeus, por Bor, por quem diabos for, que corto sua língua, suas mãos, e esmurro sua cara até você ficar irreconhecível.
— T-Talis-
— Espero que estejamos entendidos, e que você pare de me importunar. Não mexa comigo. Nunca. E lembre-se que sou uma mulher de palavra. — Digo, descendo lentamente, até nossos pés finalmente encostarem no chão. Assim que o faço, sinto um raio avermelhado passar do meu corpo para Frey, lhe dando um forte choque.
Frey respira com dificuldade, e aos poucos a coloração volta ao rosto dele, fazendo sumir o vermelho sufocante.
— Me perdoe, eu não quis-
— O que ainda está fazendo aqui?
Ele sai, tão rápido quanto chegou, e eu volto a me sentar na meia parede, finalmente me sentindo tranquila. Sinto o ar frio entrar em meus pulmões e mais uma vez abro as asas, sendo abraçada pelo sereno.
— Belo par vocês são. — Ouço a voz de Freya e viro o rosto, observando-a se aproximar sutilmente. — Posso me juntar a você?
— Pode sim. — Digo, me afastando um pouco mais para o lado. — Agradeço o elogio, mas somos amigos. — Minto, e ela sorri.
— No início sempre são. Mas qualquer um pode perceber a diferença em Loki, e quem for esperto o suficiente, consegue ver o motivo. — Ela diz, sentando-se ao meu lado, sem medo algum de cair.
— Não acredito que ele tenha mudado por mim... — Digo e ela dá de ombros.
— Eu acho que foi. E acho lindo. Eu não teria a coragem de mudar por mim, nem por alguém. Acredito que requer muita vontade e dedicação. E eu não tenho. — Ela constata e eu permaneço calada. — Suas asas são lindas. — Diz, e eu sorrio.
— Pode tocar se quiser. — Permito e ela ergue o braço, tocando as penas das pontas.
— É tão estranho, mas lindo. Sua mãe tem asas?
— Não. Acredito que seja algo dado por eu ser uma fênix. Não nasci com asas.
— Foi estranho quando estavam crescendo?
— Um pouco. Coçava. — Sou sincera, e ela ri.
— Como é lá onde cresceu?
— Parecido com isso aqui, mas branco. Uma arquitetura mais simples, e os deuses não vivem próximos dos mortais.
— Não?
— Não. Midgard é povoada por humanos e semideuses, e existe o Olimpo, de onde apenas deuses, semideuses ou seres divinos podem subir e descer livremente.
— Então estão sempre isolados dos mortais?
— Sim. Os mortais lá costumam cobiçar demais, brigar demais.
— É verdade que existem outros deuses lá?
— Sim, muitos outros, mas temos a regra de manter distância e não influenciar um ao outro.
— Odin deveria ter buscado saber sobre vocês, talvez não vivessem tão distantes se ele tivesse o feito.
— É... Talvez... E você, o que costuma fazer em Vanaheim?
— Não fico muito em Vanaheim, mas meu pai precisou de mim e eu parti pouco antes de você chegar aqui, por isso não nos conhecemos. Eu sou uma feiticeira, basicamente. Então quando não estou no palácio, gerando mais uma Valquíria para o exército, pois sou uma grande vadia, estou isolada em minha casa, vivendo em paz, longe de tudo e todos, mas ainda nas propriedades de Asgard. — Ela diz, de forma engraçada, e eu não consigo conter o riso.
— Ótimo resumo.
— Eu sou direta. E você, o que fazia no seu mundo?
— Era guerreira. Vivia treinando, estudando ou em missão.
— Você exala poder. Acho isso ótimo. — Diz sincera. — Só volto pra Vanaheim quando te vir voar. — Constata.
— Em algum momento eu irei. — Digo, e me sinto ser observada. Viro para trás, e ela faz o mesmo.
— Loki, olá! — Ela o saúda, e logo volta a me olhar. — Vou lhes dar licença.
— Agradeço. — Ele diz, e se aproxima a uma distância segura assim que Freya se vai. — Estou indo deitar-me, você vem?
— Está me chamando para ir dormir com você?
— Sim. No meu quarto, dessa vez. — É sincero, segurando minha mão e começando a andar para sair do local.
— Que pedido indecente, senhor Laufeyson.
— Senhor... Gostei disso. Talvez te faça me chamar assim, minha coisinha pura e inocente.
Seguimos para os quartos pelo corredor lateral, evitando qualquer dos curiosos que quisesse nos espiar ou ver para onde estávamos indo. Ele abre a porta do quarto e abre espaço para que eu entre. O local é bem maior que o meu. Mais fechado, mas muito espaçoso e com móveis bem dispersos, sem dar sensação de aperto ou falta de algo. Tudo em um marrom escuro e terroso, preto e cinza, e a cama com cobertas em tons de verde.
— O que achou? — Pergunta, ao perceber que eu avaliava o local.
— Bonito. Melhor que o branco predominante do meu quarto. — Respondo sincera, sentando-me na cama.
— Bom saber. — Diz baixo, se aproximando. Loki toca meu rosto, me fazendo encarar seus olhos e sorri perverso. — Agora venha aqui, my dear. Está na hora de ser uma boa menina novamente.
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Oláaaa!
Como vocês estão em?
Eu to postando isso aqui na correria, e já peço desculpas para caso tenha algum erro no capítulo.
Como já devem imaginar, o próximo capítulo é um hot, então fica aí o aviso para se prepararem huahsuaha.
O que acharam desse cap? A Lis finalmente impondo limites com o Frey? Uma conversa sincera e amigável com Freya... Humm, e o que será que Odin vai ficar fazendo um mês fora de Asgard?
Espero que estejam gostando, amores. Está sendo um prazer postar cada um desses capítulos.
Nos vemos no próximo.
Beijão 💚
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