25 | Um Pedaço do Paraíso
𖤍 T a l i s s a 𖤍
Loki me guiou bosque adentro, falando pouco sobre o lugar para onde me levava. Eu me concentrava mais na vista e no caminho. O bosque era vasto, enorme, e o palácio ficava cada vez mais distante. Nossos corpos estavam quase colados um no outro, e eu sentia sua mão em minha cintura, me segurando gentilmente. Apreciava isso, essa atenção que ele me dava, sincera, sem malícia. Era diferente. Bom.
— Até que você sabe conduzir bem. — Ele diz, distraído, observando as árvores.
— E você duvidou das minhas habilidades?
— Jamais, darling. Apenas fiquei curioso. — Diz, tirando uma flor de uma das árvores que passamos e pondo-a entre minha orelha e cabelo. Sorrio com isso, lhe olhando de canto.
— Para com isso, você sabe mentir melhor. — Digo, dando de ombros, e ouço seu sorriso. — Estamos chegando?
— Na verdade, estamos sim.
Guiei o cavalo até chegarmos ao que parecia ser uma gruta. O animal adentrou o local com cuidado, e saímos no topo de um pequeno monte que dava vista para uma enorme lagoa de águas cristalinas. Observei o deus, que sorria da minha reação, e ele logo tomou as rédeas do cavalo em mãos, nos guiando por um caminho seguro até a parte plana. Loki prendeu seu cavalo num tronco firme no chão, permitindo que o animal se deitasse, comesse e até mesmo bebesse a água do lago.
Ele desceu e ergueu os braços para mim. Girei o corpo, sentindo suas mãos firmes na minha cintura me levarem calmamente até o chão. Só então respirei fundo, sentindo o cheiro da natureza adentrar meus pulmões. Loki fez o mesmo, mantendo os olhos fechados por certo tempo.
— O que achou?
— É perfeito. Tão lindo quanto o jardim.
— É um dos lugares que descobri quando estava passeando. Provavelmente é do conhecimento de Odin, mas nunca vi ninguém por aqui, nem mesmo guardas fazendo rondas.
— Isso é bom. Privacidade...
— É... Costumava vir aqui quando algo me irritava. Ajuda a me controlar, testar minhas habilidades...
— Quantas vezes esteve aqui no período em que estivemos brigados?
— Eu vivia aqui. Principalmente quando você estava na biblioteca e as ajudantes de minha mãe no Jardim. É o meu pequeno refúgio.
— Já entrou na água?
— Algumas vezes, sim. É relaxante e quente. — Ele diz, caminhando ao redor do lago. — Vem, aqui tem um ótimo lugar pra deitar.
Loki me guiou pacientemente até uma das grandes pedras que havia ao lado do lago, próxima de uma das nascentes. Ele apoiou uma manta enrolada e deitou a cabeça, eu me deitei depois, usando seu peitoral como travesseiro. O céu agora estava claro e os raios de sol traziam mais cor ao ambiente. Nós observávamos as nuvens e as árvores em completo silêncio, como dois idiotas, apenas apreciando a companhia um do outro.
Sua mão envolvia meus ombros e seus dedos frios faziam um carinho confortável no meu braço. Eu passava as pontas das unhas por sua pele exposta pela blusa que vestia, próximo do seu pescoço. Sua respiração me acalmava e eu gostava disso.
— Eu nunca perguntei isso, você tem algum irmão? — Perguntou curioso. Uni as sobrancelhas, estranhando a pergunta, e ele logo se prontificou a explicar sem que eu sequer pedisse. — É só curiosidade.
— Eu tenho irmãos por parte de mãe, deuses e semideuses, mas não os conheço bem. Tenho irmãos de criação também, Zoe, Hércules...
— Esse Hércules... Quem ele é?
— É um semideus, filho do meu avô com uma mortal. Crescemos juntos no Olimpo.
— São bem próximos, não é?
— Éramos. Ele esteve com meu avô quando quiseram me expulsar. Acho que não me considera mais tanto assim.
— Uma pena que ele tenha perdido você. — Diz, com um sorriso cínico. Lhe dou um leve tapa no peitoral e ele finge estar em choque.
— Você só teve Thor e Hela?
— Hela não é exatamente minha irmã... Mas, ahm... Enfim, tive Thor e Balder.
— Odin sente falta desse tal Balder...
— Quase todos sentem.
— Vocês não se davam bem?
— Nunca me dei com nenhum deles. Nem mesmo Thor.
— Mesmo? Parecem ser bem unidos.
— Aparências. Ele ainda me irrita, mas quando criança era bem pior. Pegava no meu pé, me chamava de bastardo e outras coisas, era insuportável. Ele e o amável Balder. Até eu começar a revidar.
— Se batiam?
— Não. Nunca fui o melhor em força bruta, mas inteligência e magia...
— E como revidou? — Pergunto, interessada, sentando-me para lhe observar melhor. Ele me olhava como se perguntasse para si mesmo se me contava ou não.
— Ele adora cobras, é fascinado por elas, então eu me transformei em uma. Quando ele se aproximou para brincar comigo, eu voltei à minha forma humana e gritei "É, sou eu!", e... Bom... Esfaqueei ele.
— Loki! — Digo, chocada com sua confissão, mas logo começo a rir. E ele também. — Você poderia ter matado o seu irmão!
— Eu sabia que ele não ia morrer. Tínhamos por volta de oito anos na época, sua saúde era perfeita. Eu só queria passar o recado de que ele não deveria mexer comigo.
— Funcionou?
— Em partes, sim. Ele logo entendeu que se me batesse, teria volta, então parou. Até a adolescência, quando começou à frequentar aulas com Fandral e Sif.
— Era muito chato?
— Bastante. Queria se mostrar para os novos amigos, deve saber como é.
— Sim, sei. Mas superaram suas diferenças, não?
— Sim. Quando Frigga me contou a verdade sobre minha linhagem eu ainda era bem jovem, e fiquei muito abalado, muito arrasaso. Sabe, eu sempre senti que não pertencia a esse lugar, e podia perceber a diferença de tratamento de Odin comigo, Thor e Balder. Ele não era tão paciente comigo, não era tão amoroso, tão cuidadoso. E isso me fez ser muito mais apegado à Frigga, ela nos tratava sem indiferença. Acabamos nos afastando um pouco quando ela me contou sobre Laufey e Farbauti, sobre Jotünnheim e a guerra contra os asgardianos... Então ela pediu que Thor me incluísse nas coisas pois eu estava muito isolado.
— Mesmo?
— Sim, ela tinha medo de que eu desenvolvesse algum transtorno mental por isso. No início foi desconfortável, eu não queria estar ali. Mas depois eu passei a aceitar. E então minha relação com Thor mudou. Anos depois tive meus desentendimentos, meu lado sombrio aflorou e eu fiz muitas coisas ruins, mas agora não importa mais. É passado.
— É assim que se fala! Fico orgulhosa de saber que realmente está tentando. E está conseguindo.
— É bom ter alguém do meu lado. — Ele diz, me dando um meio sorriso, mas logo volta à ficar sério, observando o céu.
— Está calor... — Desconverso, e vejo seu olhar curioso em mim.
— Entra no lago. — Sugere, voltando a deitar a cabeça na manta.
A ideia não parecia tão ruim assim... Levanto-me, deixando meus calçados de lado e começo à remover lentamente o vestido. Vejo o olhar de Loki perdido nas minhas ações e sorrio com isso. Como é fácil prender sua atenção...
— Vai mesmo entrar?
— Vou.
— Nua?
— Você não vai? — Questiono, removendo o vestido por completo. Loki desvia o olhar, mirando as orbes azuis nas árvores ao seu lado.
— Eu vou, mas...
— Sinceramente, Loki, você já foi mais divertido. — Brinco e começo a andar na direção do lago.
Me aproximo da parte rasa e entro devagar, sentindo a temperatura da água. Mergulhei, jogando um impulso para frente, chegando até o fundo do lago e apoiando meus pés no fundo. Meu cabelo agora estava totalmente solto e encharcado, caindo em cascata sob minhas costas.
Fui completamente distraída pela visão de Loki adentrando o lago, mas pela parte mais funda. Mostrava explicitamente sua nudez e definições do corpo — que me surpreenderam um pouco — sem vergonha alguma. Ele logo se aproximou, observando meu corpo, e assim que chegou até mim, puxou meu rosto para perto do seu, me dando um rápido beijo.
— Você é louca. — Afirma, sorrindo.
— Assim como você. O seu par perfeito. — Completo, molhando os braços distraidamente. — Você mesmo já disse que havia entrado aqui.
— Não assim. — Rebate, apontando para o corpo.
— Meu vestido está limpo, não quero molhar agora. Não gostou da visão que teve, é?
— Claro que gostei! Só não quero que outros também tenham a mesma visão que a minha. — Comenta, enciumado, subindo as mãos até minha cintura, onde aperta com firmeza e puxa para si.
— Não se preocupe com isso, querido.
— Tenho que me preocupar, darling. Conheço bem os idiotas que estão de olho em você.
— Está falando de Fandral e Frey? — Questiono e Loki revira os olhos assentindo positivamente. — Frey já deve desconfiar de nós. Você deixou bem claro ontem à noite.
— Fiz o que tinha que ser feito. Frey tem que se pôr em seu lugar antes que comece a querer criar intimidade. Sei bem o que ele pode fazer.
— Ele não vai se aproximar de mim, te garanto. Nem Fandral. Ele acha que estamos brigados, mas tem quase certeza de que eu sinto algo por você.
— E você sente? — Perguntou, me encarando. Desviei o olhar do seu e pude, de relance, vê-lo sorrir. — Vem aqui, coisinha boba.
Loki levou a destra até minha nuca, puxando meu rosto para o seu e unindo nossos lábios. O beijo começou lento, mas logo sua mão livre desceu para a minha cintura, tocando minha pele nua e colando nossos corpos. Ofeguei assim que ele aprofundou o beijo, fazendo nossas línguas travarem uma batalha de desejo intenso. Loki desceu as mãos para as minhas coxas, me puxando para o seu colo e fazendo com que eu entrelaçasse as pernas em sua cintura, ainda com metade do corpo dentro d'água.
Levei minhas mãos à sua nuca, apoiando meu corpo no seu, e separando o beijo. O ar já nos faltava. Afastei meu rosto do seu com uma pequena mordida em seu lábio inferior e vi seu sorriso de aprovação. Distribuí beijos por seu pescoço, ouvindo seus grunhidos de resposta e em seguida ele repetiu meu ato, trilhando um caminho de beijos e mordidas até o meio do meu peitoral, dando um curto beijo em cada seio meu, me fazendo morder o lábio em sinal de nervosismo.
— Loki... Eu quero você. Eu preciso de você. — Peço, segurando seu rosto, encarando seus olhos, a imensidão azul cristalina como esse lago.
— O quê?
— Quero que seja meu primeiro. Quero que me faça sua.
— Aqui? Agora?
— Sim. Por favor, Loki! — Peço novamente, acariciando seus cabelos, controlando minha vontade de arranhar seu corpo.
— Tem certeza? Não quero que tenha pressa, my dear.
— Cansei de esperar, de me privar do desejo que sinto. Eu quero agora, nunca tive tanta certeza na vida. — Respondo, vendo seu sorriso se alargar a casa palavra dita.
— Então seu desejo é uma ordem para mim, darling.
◦◦◦◦ ◎ ◦◦◦◦
UEPAAA
Olha a autora cortando o capítulo na melhor parte, que absurdo!
Gente do céu, isso ficou com mais palavras do que eu imaginava, não podia deixar em um capítulo só, mas prometo que domingo sai a continuação, não vou prolongar demais, todos sabemos o que aguarda a querida Lis.
Espero que tenham gostado até aqui, mais uma vez perdão por picotar o cap, é um mal necessário.
Nos vemos em dois diasss! Beijooo! 💚
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