22 | Uma Estranha Reconciliação (2/2)
𖤍 T a l i s s a 𖤍
Me viro para Loki, enfurecida com sua petulância, e saco minha adaga. O deus gira o corpo, defendendo meu braço e atacando, seguro seu pulso, inutilizando seu braço, e ataco com o meu direito livre, Ele prende meu pulso, segurando a sua adaga mágica bem próxima às minhas veias.
- Eu não quero brigar com você, Loki!
- Não? E o que está fazendo? Vamos Lis, você quem me desafiou! - Ele diz, fazendo as adagas sumirem. Logo se livra do meu braço e se afasta um pouco, fazendo-as aparecerem novamente.
- Por que está fazendo isso? Eu já disse que não quero brigar!
- Disse, mas não me deu um bom motivo. - Ele avança, tentando atacar, e eu desvio para o lado, girando o corpo e chutando suas costas. - Pode revidar melhor que isso.
- Posso, mas não quero. - Digo e vejo seu olhar se perder um pouco. Logo entendo suas verdadeiras intenções e baixo minha guarda. - Sabe que não precisa fazer isso, Loki.
- É só um treino, princesa. Não precisa ter medo de me machucar.
- Me fazer brigar com você não vai mudar nada no que estou sentindo agora. - Digo, baixando os punhos. Vejo Loki rolar os olhos e retomar sua postura.
- Eu sei. Não quero que mude seus sentimentos por mim. - Diz sincero.
- Então quais suas intenções? Por que está me enchendo o saco? - Ralho, irritada, quando vejo se aproximar para atacar.
- Quero que perca seu medo de batalhar com alguém que parece mais forte do que você, Lis! Vamos lá, só um golpe!
Expus minhas asas cobertas em chamas em uma posição de ataque, segurei firme a minha adaga, e avancei na direção de Loki, que recuou. As costas dele quase bateram na parede quando ele tropeçou, e isso me fez guardar as asas e atacar com a perna. Pus meu peso em seu peito, o jogando contra a parede do quarto, e ergui minha adaga até seu pescoço, finalmente encarando os olhos azuis.
- Nunca mais faça isso novamente, entendeu?
- Não faço promessas, princesa.
- Vai embora. - Mando, o soltando e me afastando da porta.
- Ah, para com isso! Vamos lutar mais, você está se saindo tão bem. - Ouço Loki pedir e se aproximar.
Chuto seu abdômen, o derrubando no chão, e subo em seu colo, vendo sua feição surpresa. Antes que ele possa levantar, giro meu corpo, prendendo seu braço direito entre minha coxa e panturrilha e apoio meu braço no chão, próximo do seu rosto, encarando novamente seus olhos.
- Você é insuportável! - Digo, pausadamente, e vejo seu sorriso satisfeito. Acabo rindo com ele e maneio a cabeça em negativa. - E ainda assim eu não consigo ficar com raiva de você. Que inferno!
- Que honra. - Diz, respirando de forma quase sufocante, me fazendo descer os olhos pelo seu pescoço, peitoral e abdômen. - Talissa, olhe para mim. - Pede, baixo e eu o faço. - Me desculpe. Por tudo. Por ter falado daquela forma com você, e dito aquelas coisas horríveis. Me desculpe por não me expressar mais cedo e acabar perdendo um precioso tempo ao seu lado. Entende que eu estava exausto mentalmente?
- Entendo, mas não-
- Não é desculpa e nem justificativa para tratar alguém com arrogância, eu sei, my dear. Não farei mais isso. - Diz, ainda com a voz baixa, rouca, seduzente e chamativa. - Me desculpe pela minha forma de reconciliar, mas confesso que gostei da curta briga.
- Você é ridículo.
- Eu sei. - Diz, e grunhe, provavelmente por conta do meu peso sobre o seu corpo.
Ele ainda respirava cansado, e talvez isso o deixasse ainda mais atrativo. Não sei. Mas algo em mim se aqueceu ao ouvir sua voz assim, e perceber a posição em que estávamos só piorou tudo. Folgo o aperto em seu braço, deixando-o livre, e vejo o deus mover a mão livre até o meu rosto e tocar com delicadeza. O olhar de Loki desce até os meus lábios e volta aos meus olhos. Ele toca meu lábio com o dedão e suspira, afastando a mão. Uno as sobrancelhas sem lhe entender, mas logo sinto seu toque na minha nuca, me puxando para mais perto de si.
Nossos lábios se unem, e eu sinto arrepios e pequenas descargas elétricas percorrerem meu corpo. Loki me puxa ainda mais para si, possessivo e com desejo. Relaxo minha perna, permitindo que ele mova o outro braço, e logo sinto seu toque na minha cintura, gentil, mas ao mesmo tempo firme. Os estalos do beijo ficam mais altos quando ele pede passagem e eu cedo, me entregando completamente.
Loki gira nossos corpos, ficando por cima, me dominando. Ele migra a mão que antes estava em minha cintura, para a minha coxa, puxando para cima. O mesmo movimento que fez da primeira vez que nos beijamos. Isso é o suficiente para ascender meu corpo, mas ao mesmo tempo me deixa com medo. Eu nunca, jamais havia passado desse ponto, e isso me assustou. Muito.
- Loki, é melhor parar. - Peço, quando ele afasta sua boca da minha para beijar meu pescoço, sua mão já descia para o cordão da minha blusa.
- Tem certeza? - Pergunta, já parando seus movimentos, mas me olha avaliativo, esperando uma resposta concreta.
- Não. Mas tenho medo.
- Medo? Oh. Lis... Você nunca...?
- Não. E estou com raiva de você por me provocar para te bater. - Digo, o encarando, e ele ri, mas logo comprime os lábios.
- Eu sou um babaca, achei que já estivesse acostumada. - Diz, sincero, me puxando para o seu colo. Ele caminha até a minha cama e se senta lá, abraçando meu corpo. - Me desculpe, Lis. Por tudo. Eu não agi certo com você, pus meu orgulho na frente dos meus olhos por tanto tempo que quase fiquei cego. Você me fez perceber o quão errado eu estava, e confesso que não gostei disso. Não gosto de estar errado.
- Está tudo bem, eu já disse...
- Me escuta, porque eu não vou repetir nada disso. Eu estava muito mal antes da sua chegada aqui. Nada fazia sentido para mim, nem mesmo magia, ler, ou visitar o Jardim de minha mãe. Eu estava perdido. Mas aí você chegou ferida naquele cavalo, precisando de ajuda... Eu senti algo bom em você. E você fez despertar algo bom em mim. Uma vontade incessante de carinho e cuidado, algo diferente e forte, que eu não senti com ninguém. Ninguém. E quando eu percebi que estava criando sentimentos por você, tudo o que eu pensei em fazer foi me isolar, te afastar de mim. Foi a decisão mais estúpida da minha vida inteira, e não há um dia que eu não me arrependa, mas... Você sabe, meu orgulho e ego não me permitiram pedir desculpa. Não até agora.
Paro por alguns segundos para digerir suas palavras e solto um longo suspiro, entendendo o deus perfeitamente. Alguém como Loki, que sempre sofreu com a indiferença do pai e as intrigas com o irmão, ter alguém tão próximo de si, que realmente se importa com ele, é diferente, assusta. Sentimentos podem ser aterrorizantes as vezes. E nesse momento eu lembrei dos conselhos de Heimdall, e sorri.
- Está tudo bem, meu querido. Eu entendo a sua confusão, e por mais que tenha odiado o seu comportamento, é compreensível. - Digo, unindo minhas mãos à dele, e vejo seu olhar terno e um sorriso de canto.
- Eu... Eu preciso dizer algo. Antes que eu perca a coragem mais uma vez.
- Tudo bem. Não se sinta pressionado.
- Eu gosto de você. - Dispara, e não me surpreende. Arregalo os olhos apenas por ter sido tão direto. - Eu fiz tudo o que o meu péssimo ego me permitiu para lutar contra isso, mas não... Não é possível. Você me faz sentir tão bem, como se eu tivesse um propósito. Me trata bem, e me deu forças para tentar ser bom novamente...
- Você não faz ideia do quão feliz eu fico por ouvir isso, Loki. De verdade. E... Eu me sinto diferente com você. Me sinto viva. Gosto de estar com você todo o tempo, e esses dois meses "longe" de você me mataram por dentro.
- Me desculpe por isso, minha linda. Eu prometo que não farei mais isso.
- Você disse que não faz promessas.
- Por você eu faço. - Diz, erguendo meu queixo e me dando um selinho. - Minha princesa. - Diz, me fazendo sorrir boba. - Já está sabendo sobre o banquete? - Ele muda de assunto, talvez já desconfortável em falar sobre sentimentos.
- Odin me falou mais cedo. Sabe quem vem?
- Njord, com os filhos Freya e Frey, Mímir e Tyr. Odin quer conversar sobre a convergência e os nove reinos.
- Convergência?
- É. Não conhece?
- Não muito.
- Acontece quando os nove mundos se alinham, alguns eventos cósmicos acontecem, muitas das vezes brechas são abertas, fazendo com que seres e coisas possam viajar entre os mundos com facilidade. Sempre triplicamos as guardas em Asgard, pois as chances de invasão são enormes.
- Já aconteceu alguma vez?
- Invasão? Uma. Um jotün bêbado atravessou uma das brechas. - Loki explica, dando de ombros. - Talvez Odin queira que converse com eles sobre seu mundo. Não tema negar se não se sentir bem com o assunto, está certo?
- Sim, eu sei. Nunca falo mais do que devo, não se preocupe. - Respondo, ainda afagando seus cabelos.
- O que vai vestir?
- Um vestido que sua mãe mandou para mim. É simples, bonito. Infelizmente não é preto.
- Qualquer vestido te faz parecer a deusa que você realmente é.
- Quer parar de falar essas coisas?
- Por quê? Está com vergonha? Que linda, minha Praguinha.
- Loki!
- Tudo bem! Eu paro por enquanto. Então... Qual a nossa situação agora?
- Não sei. Nos declaramos um para o outro, nos beijamos, mas eu ainda sinto uma extrema vontade de jogar um raio em você.
- Não bastam as vezes que Thor já fez isso?
- Não. Você merece, seu sacana. - Brinco, vendo seu sorriso de lado. - Eu prefiro manter isso em segredo. Eles vão deduzir algo quando nos verem juntos novamente. E ainda acho que temos muito a conversar antes de rotular alguma relação.
- Tudo bem, será segredo então. Mas, veja bem, mas se o imprestável do Fandral tentar algo novamente...
- Eu mesma parto ele em dois, meu querido. - Digo, vendo o deus sorrir em aprovação e logo depois me dar um selinho.
- É isso aí! Minha garota! - Ele diz animado e com um sorriso perverso. - O que vai fazer agora?
- Tomar um bom banho e me preparar para o jantar.
- Farei o mesmo. Te vejo no grande salão. - Diz, me dando um último beijo e se levantando.
- Até mais.
O acompanho até a porta, e antes de sair ele me dá mais outro beijo, atravessando o corredor e entrando em seu quarto. Volto, fechando a porta, e tiro minha roupa, deixando-a dobrada em uma cadeira próxima à cama. Entro na banheira, sentindo a água relaxar meu corpo, e apoio a cabeça na borda, suspirando cansada.
Estava feliz, pois finalmente havia acabado com as batalhas contra os guerreiros de Asgard, e para completar o dia, me acertei com Loki. Ficar longe dele estava me matando, e mesmo que ele tenha sido irritante à sua maneira de resolver as coisas, aquele início de luta foi interessante, ao menos me fez perceber o quão interessante seria uma luta com ele. Claro que eu ainda estava com raiva disso, mas parecia não importar mais tanto assim.
Termino o banho, secando o corpo e o máximo que posso do cabelo, penteando e deixando solto para trás. Pego o vestido, encarando a estampa suave e delicada e o visto depois, calço um sapato, me deixando um pouco mais alta, e me levanto. Passo um pouco do pequeno perfume que Frigga me deu nos pulsos e me olho no espelho. Sentia que faltava alguma coisa, e num gesto automático, minhas asas apareceram. O tom avermelhado trazia uma espécie de brilho diferente para os meus olhos, eu gostava disso.
Saí do quarto, sentindo as penas maiores quase baterem contra o chão, e ouvi as vozes vindas do grande salão. Andei até lá sem pressa, e pude perceber os olhares curiosos em mim enquanto descia as escadas. O único olhar que me interessava já estava lá, sentado no seu lugar de sempre, com uma cadeira vaga ao seu lado. Sorri discretamente e me aproximei da mesa, vendo Odin levantar-se.
- Me perdoe a demora, Odin.
- Não se preocupe com isso, querida. Ainda estamos esperando Thor e Sif. Enquanto isso, deixe-me apresentar você aos nossos convidados. - Ele diz, e os outros se levantam. - Meus queridos, esta graciosa princesa é Talissa, deusa midgardiana da astúcia, bravura e prosperidade. - Ele me apresenta, e eu sorrio gentilmente. - Este é Tyr, deus do céu, da luz, dos juramentos e justiça.
- É um prazer, princesa Talissa! - O tal deus diz. Ele parece jovem, um pouco esguio, de cabelo longo e elmo e roupas branco e douradas. O respondo educadamente.
- Este é Njord, deus dos mares e dos marinheiros representa o clã dos Vanir. E aqueles são seus filhos, os gêmeos Freya e Frey.
Njord estranhamente me lembrava Hefesto, sem a cadeira de rodas, claro. Tinha uma aparência cansada, e parecia bem tranquilo. Frey era alto, musculoso, corpulento, tinha um cabelo grande e um bigode enrolado em conjunto com uma barba bem feita. Freya parecia o exato oposto do irmão. Um corpo bonito e cabelos loiros grandes, um olhar marcante e chamativo. Ela era muito bonita.
- Freya também é de Vanaheim, mas vive quase sempre em Asgard, comanda minhas valquírias.
- Minhas valquírias, Odin. - Ela o corrige. - É um prazer finalmente conhecer a deusa de Midgard. É mais alta do quer imaginei, mais bonita também.
- Obrigada, eu acho.
- E por último, este é Mímir, o deus sábio.
Odin apresenta um velho baixinho, de barba longa e chapéu engraçado. Ele me olha, avaliativo, e arregala os olhos ao ver minhas asas. Ele ergue o dedo para mim e encara Odin, como se parecesse em desespero.
- Você... Você é uma fênix!
◦◦◦◦ ◎ ◦◦◦◦
Yohoo!
Meu Deus que agonia que eu tava de não conseguir postar!
Como estão, bebês? Espero que bem. Eu tô bem melhor, graças ao meu bom Loki.
O que acharam desses dois se declarando, em? Loki carinhoso é tudo pra mim.
E esse final? Será que vai dar ruim? Cês mal sabem o que aguarda esse jantar.... Espero que não me matem mas tive que parar aí, já corria em mais de 2,3k de palavras. Prometo que não demoro à postar o próximo viu? Fiquem atentas.
Beijão, se cuidem! 💚
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