
13 ೃ࿔* - Braço quebrado e carona.
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Seus olhos se abriram assim que seu pescoço indicou o desconforto. A luz chegou até ela de forma lenta, e apesar de ser uma luz fraca, ainda assim fez com que sua retina se sentisse incômoda.
Não foi de primeira, mas após algumas boas tentativas, seus olhos estavam oficialmente abertos, lhe dando um leve contexto de onde estava e por que o desconforto que sentia era tanto. Sabia que havia dormido de mal jeito, não precisava ser um gênio para entender, porém no momento, sua mente era um quadro branco sem lembranças.
O cansaço havia lhe pegado de jeito.
Seu foco saiu do teto branco, que não lhe trazia memória alguma, e foi direto para a sua frente.
Logo concluiu que não somente o teto era pálido, mas também todo o cômodo, tendo somente uma cama e um sofá que aparentava se tornar maior após certo esforço.
Ela logo focou o olhar no móvel um pouco mais à esquerda, a cama de hospital amadeirada aparentava bem mais confortável que o sofá, mas não era ela quem estava deitada ali, ocupando grande parte do espaço. A Black rapidamente tentou reconhecer a pessoa, mas não teve sucesso.
Foi só quando tentou levar a mão em direção a seu rosto, para que pudesse coçar os olhos embaçados que notou que um de seus braços estava mais pesado que o outro.
Todo seu antebraço estava coberto por uma espécie de tecido branco e grosso, ele impossibilitava o movimento daquela mão em específico, o que só a apavorava um pouco mais, já que realmente não se lembrava do que havia acontecido, a razão para se encontrar nesse estado.
━━ Você acabou trincando o osso quando caiu. — uma voz fraca a assustou, fazendo com que se levantasse rápido demais. Seu corpo todo tremeu pela dor que sentiu.
Elena rapidamente procurou de onde aquela voz vinha, vendo que era da pessoa que estava deitada. Ela forçou-se a enxergar por detrás de tantas ataduras e gazes, no entanto, o sorriso que chegou até ela era tão gentil que foi quase impossível de não reconhecê-la.
As memórias começaram a lhe acertar como agulhas afiadas, trazendo lembranças da noite passada, quando ela pensou que seria sua última. Mas apesar de grande parte das lembranças estarem cristalinas em sua mente, outra parte era um borrão, sem sentido.
Emily Young lhe encarava com certa empatia, no entanto seus olhos estavam banhados por lágrimas, como se não pudesse conter a própria emoção. ━━ Você me trouxe na madrugada passada, não quis sair do quarto. Sam disse que desmaiou de exaustão. — explicou pacientemente ao notar a confusão no olhar da mais nova, que encarava todo o quarto em busca de algo a mais. ━━ Obrigada.
A voz de Young era fraca, o que condizia bastante com sua situação atual, rodeada por diversos aparelhos médicos, e estava pálida, de uma forma nada saudável. No entanto, parecia bem para quem perdera tanto sangue.
━━ Você salvou minha vida, Elena. — seu tom foi um pouco mais alto, certificando-se que a garota lhe escutasse claramente. ━━ Obrigada de verdade.
Elena se lembrava de toda situação, todavia, não achou que o ato havia sido tão nobre, não quando a sua vida estava em risco também.
Havia sido loucura, burrice. Entretanto, não seria benevolente o suficiente para negar que não era por sua causa que a mulher estava falando, respirando, porém também não era cruel para fazer disso uma grande questão.
━━ Fico feliz que esteja bem.
Sua garganta coçou assim que as palavras deixaram sua boca. Estava a tanto tempo sem emitir um som, e seu corpo implorava por água.
━━ Os meninos deixaram isso para você, se tivesse acordado alguns minutos mais cedo tinha visto eles. — a enferma comentou, enquanto ajustava a cama, fazendo com que seu corpo não ficasse mais deitado, e sim sentado. ━━ Eles foram buscar Paul.
A Black seguiu o olhar para onde ela apontava, notando uma mesa de canto na sala pequena, o tom amadeirado combinava com a cama e o sofá, trazendo um pouco de cor a sala branca. Uma jarra de água, aparentemente fresca, estava disposta, junto com alguns copos. Também tinham alguns sanduíches, no entanto, alguns espaços faltavam, indicando que alguém já passara por lá para devorá-los.
Seus pés não garantem firmeza, todavia, seu corpo estava faminto por qualquer hidratação que fosse, e por isso, ele não se negou a caminhar de forma bamba até a mesa.
Sentiu o liquido descer por sua garganta assim que ele foi colocado em um dos copos, e alívio fora quase imediato.
Ela observou a janela, as árvores não lhe impediam de enxergar onde estava dessa vez, já que a área era bem iluminada. Não demorou para que finalmente entendesse que estava no hospital da reserva, ou o lugar que os quileutes tinham para se refugiar em caso de doenças.
Não era uma grande surpresa que os anciões tivessem tomado uma das casas como um recanto para abrigar os enfermos assim que descobriram que o novo médico geral seria um cara pálida, o que fora causa de um grande burburinho que, no entanto, não chegou a nenhuma solução.
No fim, fizeram justiça com as próprias mãos, sendo assim, as famílias com mais posse se juntaram para que construíssem um casebre no meio da reserva.
Apesar de simplório, o lugar sempre ajudou muito dos crédulos que se negavam a sair da reversa para curar-se com um ser que poderia, facilmente, ser um frio. Houve incidentes, quase perdas, mas no fim, a comunidade se juntara para que a segurança permanece.
O lugar não chegava perto do hospital de Forks, nem equipamento e muito menos espaço, entretanto, era um salva vidas no fim do dia. Eram uma casa dividida em cinco quartos, três deles tinham tamanhos iguais, e camas, para que os enfermos repousassem por mais tempo. Um outro era específico para emergências, ou coisas sangrentas demais para serem assistidas. Já o outro, Elena nunca havia entrado.
Sua atenção voltou para sala quando escutou uma tosse seca. Ela se virou e assistiu enquanto Emily se esticava na direção de um copo ao seu lado esquerdo.
Seus passos foram apressados até a mulher, apanhando o copo antes que ela alcançasse, o que não aconteceria tão cedo devido a sua movimentação precária.
A Black assistiu a mulher beber o líquido de forma lenta, e apesar de seu rosto carregar um semblante gentil, a dor estampava seu olhar.
━━ Você está melhor?
A pergunta era tola, e Lena tinha consciência disso, no entanto, precisava saber.
Emily sorriu outra vez, a quileute não a conhecia muito bem, o contato que tiveram era nulo, quase inexistente, porém, era possível notar que a mais velha carregava um bom humor um tanto peculiar. E ver alguém sorrir em tal situação, lhe fez questionar o que no mundo lhe irritaria e estamparia uma carranca de seu rosto.
━━ Estou viva, e graças a você. — a de franja completou, com a calmaria de sempre. ━━ Disseram que apesar do susto, fora algo superficial, e não atingiu nenhum lugar importante.
Ela se ajustou cautelosamente na cama, para que seu pescoço não ficasse tão inclinado, e lançou-lhe um sorriso aberto. ━━ O médico disse que vai deixar uma cicatriz. Vou ficar com cara de durona agora, não acha?
A pergunta arrancou um sorriso leve de Elena, que se encontrava ainda confusa, presa na preocupação de horas atrás.
Seus olhos percorreram por todo o rosto, que agora, estava cercado por todo tipo de curativo. Suas questões se baseavam na possibilidade de não ter corrido mata adentro, de não ter encontrado a Young, ou pior, na chance que tinha de aquele monstro ter a encontrado antes.
Morte.
Essa seria a consequência.
Ali naquela sala tinham duas sortudas, duas malditas sortudas que haviam sobrevivido a uma fera que, até então, era desconhecido por qualquer outro morador. O ser de aparência brutal, que faria parte de seus maiores pesadelos.
Embora não fosse uma pessoa assustada, a fera, que se escondia na escuridão da floresta, lhe trazia um arrepio desconhecido por todo seu ser. Elena não sabia explicar, então decidiu que aquilo era o mais puro e honesto medo, o terror em te-lo metros de distância, tão desprotegida lhe trazia calafrios.
No entanto, sua mente lhe alertava que não estava em perigo, que nada lhe alcançaria.
━━ Eu tenho certeza que sim.
A porta foi aberta de forma abrupta assim que terminou de falar, a ação repentina assustou ambas as mulheres, que não esperavam por tamanha interrupção.
━━ O que eu disse sobre entrar no quarto fazendo barulho? — Emily perdeu seu tom doce com facilidade, no entanto, ele ainda estava lá sendo ofuscado por um tom materno.
Elena ainda estava com a visão turva quando seus olhos foram em direção a porta e pode enxergar o responsável por aquela algazarra, notando logo que, diferente do que imaginou, se tratava de três pessoas.
Os três jovens caminharam de forma descontraída pelo quarto, ainda sem nota-la, bom, pelo menos dois deles não haviam notado seu despertar, já que o terceiro permanecera na porta lhe encarando fixamente.
Ela sabia dos problemas e boatos sobre Sam Uley, no entanto, saber que Jared Cameron o seguia como cachorro agora, lhe fazia sentir um aperto no coração. Talvez sua mente aínda estivesse conturbada, mas acabou se esquecendo completamente que eles estavam ligados de certa forma, devido sua amizade repentina e peculiar.
De qualquer maneira, lá estava ele, lhe encarando como quem via um fantasma, embora provavelmente se parecesse com um em tais circunstâncias. Por mais que se esforçasse para manter o coração mais calmo, ele ainda bateu com força quando seus olhos se encontraram.
Não olhe.
Sua mente lhe repreendia por tamanha falta de amor próprio e autocontrole, porém, mais que ninguém, ela sabia que anos não poderiam ser apagados em poucas semanas.
Ainda o amava.
Se é que poderia chamar esse sentimento que tanto lhe machucava de amor.
Por um momento Elena imaginou que seu coração tivesse lhe denunciado de uma forma nada humana. Talvez tivesse batido tão alto a ponto de que os presentes na sala o escutassem. Pois foi somente quando Jared ameaçou dar um passo em sua direção, que seu coração gritou em afirmação, ignorando qualquer palavra negativa que sua mente exclamava, que os outros presentes lhe notaram.
O primeiro foi Paul Lahote, o galã de La Pulsh. Ele também era popular na reserva, no entanto, o apelido veio devido ao fatídico dia no qual ele foi visto correndo totalmente nu pela praia após uma aposta com seus amigos. Pode se dizer que as jovens quileutes adoraram.
━━ Cinderela, você acordou! — sua voz era alta e chamativa, como sua aparência era.
Paul era um homem bonito, isso era algo notável. Entretanto, sua personalidade lhe estragava se estivesse procurando por algo sério. Ele era o claro tipo "pega e não se apega", o que fazia com que o jovem transmitisse zero confiança.
O rapaz fez com que a atenção de Sam deixasse Emily e se voltasse para Elena por alguns segundos, antes de voltar a encara-la como hipnose.
A jovem assistiu enquanto o casal compartilhava um olhar mútuo, amoroso demais para parecer real. Como se conversassem por telepatia, o contato visual logo foi encerrado, e o Uley caminhou se posicionando próximo aos dois outros garotos, que agora estavam a poucos metros de Elena.
━━ Cinderela é a do sapato, babaca. — o resmungo de Cameron fez sua atenção voltar-se a ele, que ainda a encarava de forma tão fixa que estava começando a lhe assustar.
Seus pés agiram por conta própria quando deu um passo para trás na intenção de afastar-se do grupo. Tal ação foi notada pelo trio, no entanto, o entendimento não passou pela cabeça de nenhum deles.
Eles tinham uma certeza, as duas mulheres naquele quarto estavam protegidas, muito bem protegidas. E apesar de uma delas ter essa noção, a outra ainda estava por fora da situação.
As últimas semanas haviam sido tensas, não só com as descobertas do lado transmorfo, mas também a descoberta do imprinting. Sam havia sido o primeiro, e o mais sortudo sem dúvidas. No entanto, um pequeno descuido os levou aquela sala hoje, com mil e uma preocupações e o alvo de imprinting de Jared os acompanhando.
Quando eles viram, pela mente compartilhada, o que havia acontecido com Emily, o instinto protetor levou todos a procurá-la mata a fora. Já que Sam estava descontrolado demais para lembrar-se de detalhes tão "sem importância". Foram minutos, longos minutos pela mata à procura da Young, porém, a chuva lhes atrapalhava com cheiros e sons. E quando, finalmente, Uley se recuperou e entrou em sã consciência, Jared lhe informou que outra pessoa havia a encontrado antes.
A surpresa foi grande quando a matilha descobriu que o salvador havia sido Elena Black, e que, outra vez, ela havia fugido de Jared em sua forma de lobo.
Apesar de carregarem um bom humor no momento, cada um carregava um preocupação dentro de si. Jared se sentia enojado de si mesmo, gostaria de abraçar Elena, conforta-la, afirmar que ela estaria bem em seus braços, porém, o rosto assutado da garota ao lhe olhar em sua forma transmorfa lhe tirava qualquer esperança de fazer aquilo dar certo, e honestamente, preferia morrer com a chance de ganhar um não, do que com um não físico vindo da garota. Sam Uley partilhava de sentimentos similar, porém, a diferença era que seu alvo já sabia e lhe aceitara, no entanto, temia que tal ocorrência se repetisse. Já Paul, bom, o Lahote apenas estava animado com tudo aquilo, toda a situação de ser um lobo grande e monstruoso lhe dava certa autoconfiança que, sendo bem sincera, ele já carregava.
━━ Vão assustá-la se continuarem a encarando assim. — a voz de Emily foi escutada, e rapidamente, eles já não a encaravam mais. Ou pelo menos, tentavam disfarçar.
O Uley decidiu que seria de bom tom dar um avanço, afinal, naquela sala, ele era o alfa. Se não fosse a pessoa responsável por manter um ambiente amigável, ninguém mais teria a iniciativa. ━━ Fico feliz que esteja melhor, Elena. Você nos deu um baita susto quando desmaiou.
Segurou a risada, quando Paul tentou dizer algo, mas logo foi interrompido por um tapa em sua nuca, acarretando em um carranca em seu rosto.
━━ É, que bom que está bem. — o jovem concordou, mas seus olhos lhe entregavam e diziam que a piada infame que havia guardado em sua mente, não ficaria somente ali por muito tempo.
Na intenção de fugir de tudo aquilo, Elena deu um outro passo, no entanto, esse foi seguido de alguns outros, até que alcançasse seu celular e chaves na pequena poltrona ao lado do sofá. ━━ Estou me sentindo ótima, na verdade. — informou sem muito mistério, enquanto apanhava os seus pertences, no caso, os que conseguira alcançar antes de todo o caos. ━━ Meu tio deve estar preocupado, acho melhor me mandar. Fico feliz que esteja melhor, Emily.
A verdade era óbvia, a Black não era próxima de nenhuma das pessoas naquele ambiente, e a única pessoa que um dia fora lhe deixara de lado sem muito sufoco. Por essa razão, seus sentimentos estavam uma bagunça, e continuar ali só lhe causaria mais preocupações e ansiedades desnecessárias.
Ela não precisava estar alí, ou melhor, não precisava continuar ali. Não precisava fazer sala para Sam Uley, o qual nunca respondia seus cumprimentos. Não precisava ser legal com Paul Lahote, já que ele era um grande babaca que provavelmente nem se lembrava de seu nome. Elena definitivamente não precisava ser gentil com Jared Cameron quando tudo que queria era um motivo para odiá-lo por completo, pois aparentemente abandoná-la quando mais precisava não era um para seu coração.
Em geral, ela não precisava ficar ali e responder nenhuma de suas perguntas sobre como chegou até Emily, ou de onde arrumou forças, mesmo com um pé quebrado para arrasta-la floresta a fora. Não os devia explicações, e muito menos dizer-lhes sobre sua dores. No entanto, quando seus olhos se encontraram com os castanhos que sempre lhe hipnotizava, ela desejou que perguntassem, que se preocupassem em saber o por que ela havia saído no meio de uma tempestade.
Ela desejou que Jared demonstrasse pelo menos um pouco que ainda restavam resquícios de uma amizade de infância que era genuína. Desejou não ser a única presa no passado.
Nada saiu de sua boca, sua voz era insistente. Ele continuou ali, a encarando sem dizer uma única palavra, como se não se importasse, como um desconhecido que não encontra palavras boas o suficiente para confortar um outro alguém.
No fim, era isso que eram, desconhecidos.
Jared não era mais aquele garotinho que era gentil e protetor. Ele não era mais seu melhor amigo, e nunca mais limparia uma lágrima sua quando estivesse triste.
E se fosse sincera, ela também não era mais a mesma Elena. Não tinha mais medo de trovões ou do escuro, não chorava com facilidade e não acreditava que o Papai fosse voltar.
Ambos haviam mudado, não eram mais os mesmos. Talvez fosse melhor assim, que no fim, fossem apenas memórias em sua mente de algo que era bom, era paz, mas que se foi.
━━ Avisamos a ele que estava aqui, ele ficou mais tranquilo após chegar em casa e não te encontrar. — a voz de Cameron a tirou de seus pensamentos, fazendo com que quebrasse o contato visual no mesmo momento, ajeitou rapidamente sua roupa e se dirigiu em direção a porta.
Sua mente praguejava sobre como aquela cena havia soado ridícula para quem assistia, afinal, o gesso em sua perna era pesado e não conseguiu evitar mancar durante um percurso tão curto. Entretanto, permaneceu com sua cabeça erguida, mesmo que seu rosto queimasse pela vergonha.
━━ De qualquer forma tenho que ir para casa. — sua mão agarrou a maçaneta com força, e sua tentativa de sair foi interrompida pela voz de Sam. Normalmente não se sentia intimidada, porém naquele momento, rodeada por três rapazes que pareciam soar testosterona pura, ela sentiu-se como uma formiga em meio a uma selva perigosa.
━━ Jared veio com o carro, talvez ele possa lhe dar uma carona enquanto fazemos companhia para Emily. — seu semblante era amigável, coisa que era suspeita, já que normalmente ele dispensava qualquer simpatia. Mas para que as lembranças de seu verdadeiro eu ranzinza não fossem esquecida, sua sugestão não escondeu o tom de ordem.
A dupla se encarou, aparentemente nenhum dos dois achava que aquilo era uma boa idéia. Antes que qualquer um pudesse recusar, ou refutar a tentativa de contato, Paul decidiu que seria uma boa hora para falar. ━━ Espera aí, aquele quem dirigiu até aqui foi eu...
Outro tapa foi deixado em sua nuca, dessa vez ainda mais forte, fazendo com que ele se desequilibrasse por um segundo, logo se afastando e se aconchegando em uma cadeira ao lado de Emily com uma carranca emburrada.
━━ Como Jared está com a chave, ele pode levá-la, certo? — o olhar enviado para Cameron pingava uma autoridade um tanto estranha, era como se uma resposta negativa não pudesse mais sair de seus lábios, já que era Uley ali, ordenando. E se fosse sincera, não lembrava de já ter conhecido alguém que assustava tanto a pessoa que costumava ser sua heroína. ━━ Pode ir, você deve estar cansada. Não tenha pressa, te esperamos aqui.
A última fala foi direcionada ao rapaz, que parecia apavorado com a ideia de estar em um carro com a Black. Porém tudo que ele fez foi concordar com um aceno e caminhar calado até a porta, que agora estava aberta, parando poucos passos a frente de Elena.
Tudo parecia em câmera lenta para ela, quando assistiu o rapaz parar e se virar em sua direção. ━━ Você não vem?
Honestamente, ela gostaria de ser capaz de gritar um lindo e limpo "não" para que ele pudesse escutar em alto e bom som. Gostaria que seu coração aproveitasse a algazarra e entendesse de uma vez por todas que não, seu peito não tinha mais lugar para Jared Cameron, que ele não ocuparia mais um espaço que não deveria pertence-lo.
No entanto, outra vez ela se auto sabotou e se amaldiçoou por saber que na verdade, seu coração pertencia ao rapaz, e ela se viu pedindo para que aquele órgão que só lhe machucava voltasse a pertencer ao dono original, ela mesma.
━━ Claro. — o incômodo na perna havia ido embora, ou talvez tivesse sido ofuscado pelo peso que a realidade fazia em seu peito. ━━ Melhoras, Emily.
━━ Obrigada outra vez. — a empatia transbordou a cada palavra que saia de sua boca, talvez ela tivesse notado o clima, mulheres tendiam a ser mais atentas a situações como essa, e esse era um grande problema na visão de Elena, já que agora ela parecia uma pobre coitada que era apaixonada por um cara que não dava a mínima.
Ela era, mas não gostaria de levar os créditos.
Foi por isso que ela lançou-lhes um aceno e caminhou em silêncio até a porta de entrada do lugar, já que não sabia onde o carro estava estacionado.
O céu já estava dando adeus ao entardecer, e à noite mostrava todos os seus sinais, sem muito medo. Um vento fresco circulava naquela área da reserva, e vendo dali, se não conhecesse bem o lugar o qual havia sido criada, acreditaria que era um lugar caloroso e banhado pela luz do sol. Mas sabia que não era verdade, o que tornou aquele fim de tarde ameno em uma aberração enviada pela mãe natureza.
Não que estivesse reclamando, não estava. Na verdade, Elena amava o calor, apesar de não o presenciar muitas vezes, entretanto, não deixará que pensar que os Deuses estavam dando um pequeno agrado após tantos percalços em tão pouco tempo.
Ela focou sua atenção ao redor, tentando notar coisas que não lhe pareciam importantes, como um casulo de mariposas que estava sendo formado a poucos metros do hospital, ou como as flores próximas à janela que estavam caídas para a esquerda, o que significa que o vento era habitualmente mais forte para aquela direção.
E apesar de ter tentado seguir uma borboleta amarela, quase florescente, com os olhos, ela foi incapaz de tirar seu foco do rapaz a frente. Jared caminhava de forma distraída, tão preso em seus pensamentos quanto a Black, porém a diferença dos dois é que aquilo não era o feitio do Cameron.
Seus passos era tudo, menos cautelosos, e fazia um barulho alto toda vez que um galho era esmagado com brutalidade. Seus ombros estavam tensos, Elena tomou a conclusão imediata, ele estava na defensiva, sempre estivera, não seria diferente naquela tarde, e como não queria discutir, somente o seguiu em silêncio.
Pouco sabia Elena sobre os sentimentos que percorriam cada célula do corpo de Jared. Seu lobo gritava para que ele dissesse uma única palavra, algo que o ajuda-se a se aproximar nem que um miserável centímetro de sua impressão, nem que fosse para receber somente um sorriso, até mesmo um olhar que demonstrasse algo que não fosse medo ou decepção, qualquer outro sentimento era bem vindo.
Mas nos últimos tempos, era tudo que ele havia recebido dela. Jared recebia um olhar cheio de decepção, já seu lobo, medo.
Sua memória voltava para quando raiva era tudo que recebia. A irá de ser um babaca que não lhe dizia um bom dia, e não um monstro que lhe dava pesadelos.
Esse assunto havia sido debatido, Sam e Paul agora eram seus irmãos de matilha, parceiros que lutariam pela vida um do outro, mas a forma como enxergavam o presente que os ancestrais lhe deram era totalmente opostas.
Uley via como, de fato, um presente. Havia vivido um amor antes, e sentia que estaria ali pois teria que estar, e apesar de amar sua antiga companheira, nunca havia se sentido tão completo como agora.
Lahote tinha uma visão mais similar a de Jared, no entanto, ele ainda insistia em dizer que o mais velho exagerava em alguns momentos. Ele via o imprinting como um fardo, amar alguém e ser obrigado a criar laços, e seu passado traumático o impedia de aceitar tal situação de braços abertos.
E então, sobrava Cameron, que via a impressão como um castigo por pecados que ele nem ao menos se lembrava de ter cometido.
Ele decidiu que estaria bem se fosse qualquer outra garota, podia ser Suzy, que morava na mesma esquina. Ou talvez, Kim da sala ao lado.
Qualquer pessoa seria melhor que Elena Black, qualquer pessoa que não conhecesse a tanto tempo, qualquer pessoa que nunca tivesse morado em seu coração, qualquer pessoa seria menos desgaste para si. No entanto, Elena não era qualquer pessoa.
Ela era a única Elena Black, uma garota cabeça dura e forte. A garota que costumava botar o pé para ele cair toda vez que era ignorada. Aquela que seguia seus passos de forma cautelosa era Lena.
Seria simples, muito mais simples se eles estivessem destinados a corações totalmente opostos. Elena sairia da cidade, e se casaria com um cara estudado, com um sorriso bonito e com uma casa herdada pelo avô.
Já Jared continuaria ali, ou talvez fosse para Forks. Ele se casaria com alguma garota que lhe desse bola, e trabalharia com alguma coisa que envolvesse mão de obra.
No fim, se veriam uma vez a cada três anos e acenariam um para o outro como forma de cumprimento, nada mais que um aceno.
Jared seria o primeiro amor tolo, que a fizera notar que merecia algo melhor.
Elena seria a garota inesquecível de sua vida, a qual havia abandonado por não ser corajoso o suficiente.
Suas vidas seriam assim, tristes, mas simples.
Isso, se não fosse pelo destino.
01| oii, cap novoooo! Eu te quase 5k de palavras para um interação mixuruca, mas é isso. Esse cap é para o pessoal que estava ansioso para mais interações dos pombinhos. Lembrando que Elena e Jared não são próximos, eles não tem o mesmo ciclo de amizades e o cara ignorava ela sempre que podia, então paciência que agora eles finalmente vão ter um pouco mais de contato.
02| Batemos 27k, to surtandooooo! Obrigadaaaa a todo mundo que aguarda ansiosamente pelo próximo capítulo e que interage 🥹❤️
03| O que acharam do capítulo?
04| Revisão por kthmarii 🤍
05| Eu sempre estou postando edits e spoilers no tiktok, vão lá dar uma olhadaa! Inclusive, adoro os comentar de vocês 😅
05| Não seja um leitor fantasma! Comente, vote, interaja..mas lembre-se, todos aqui tem sentimentos. Seja legal com o coleguinha.
Até breve! 🧡
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