xxiii. life and visions
CAPÍTULO VINTE E TRÊS
life and visions
A QUEDA DA TEMPERATURA ERA PERCEPTÍVEL, principalmente fora de Hogwarts. Quando Regulus dissera que iria sair escondido novamente, Daphne insistiu para ir mesmo que não soubesse para onde. E lá estavam eles, assistindo de uma distância segura o velório de Rasmund Ford.
Havia uma alta estátua de pedra segura no chão, parecia uma espécie de anjo, ela protegia os dois jovens alunos de Hogwarts dos olhos das diversas pessoas naquele cemitério enorme.
Regulus parou de insistir em se aproximar mais e mais. Disse que queria ouvir o que falavam, mas Daphne sabia que só o interessava o local para onde levariam o filho de Rasmund.
A garota se perguntava o que o menino havia falado, afinal, ela e Regulus fugiram antes que pudessem ser vistos. O que será que pensavam? "Como Rasmund morreu?" E, distante deles, depois de toda a cerimônia significativa, uma senhora se aproximava do garotinho, passando as mãos pelos cabelos dele, deixando-o abraça-la. Regulus respirou fundo, talvez um pouco aliviado por saber que aquela provavelmente era a avó do garoto. Ele podia não estar sozinho.
─ Precisamos ir ─ disse Daphne, baixinho. ─ Nikolai já mentiu demais pela gente. Não quero que fique encrencado.
─ O.K ─ respondeu Regulus, mas ele ainda demorou encarando o garotinho. ─ É, devemos ir.
๑
Mansão Armstrong
- 20 de dezembro de 1978
Hogwarts permitiu que seus alunos voltassem para casa uma semana antes do natal, caso desejassem. E, após duas cartas de Felicity e Walburga, Regulus e Daphne sabiam que não tinham muita opção e nem desculpas para recusar voltar.
Naquele dia vinte de dezembro, Daphne estava sozinha no quarto e tomou um susto quando a porta foi aberta de supetão. A única pessoa que invadia seu quarto ── a sua casa ── assim era Nikolai. E ele sequer olhou enquanto ela terminava de abotoar a sua blusa e correu para a janela.
─ Sabia que essa coisa de madeira que existe entre esse cômodo e o outro também serve para bater além de dar privacidade? ─ perguntou ela, enquanto, a luz de sol, Nikolai tirava um pedaço de pergaminho do bolso.
─ Daph ─ Schenker finalmente olhou para ela, ─ eu não me importaria nem se estivesse totalmente sem roupas e eu tivesse que lhe pintar.
Daphne não se segurou, infelizmente para ela própria, não segurou o sorriso.
─ Você é um grande idiota, sabia?
Então sentou na cama, esperando pela provável grande novidade que levava o seu melhor amigo até ela naquele momento. Ao menos ainda tinha uns poucos minutos antes de ir ao infeliz jantar que Walburga e convidou; contudo, algo e a única coisa que valia a pena era que iria rever Regulus.
─ Há alguém ─ o garoto lhe passou o pedaço de pergaminho com um endereço escrito. ─ Rose Schenker.
─ E quem é...?
─ Eu não sei ─ Nikolai, eufórico, a interrompeu, então se levantou. ─ Uma tia? Prima? Não sei. Falei para Mike que eu tinha sonhos estranhos, foi tudo o que eu disse e ele me mandou procurar Rose de repente, disse que ela pode me ajudar. Acho que ela é como eu, Daph.
Depois de um ano sem nenhuma novidade sobre o caso misterioso de Nikolai, uma esperança era muito bem vinda. Daphne torcia para que a tal Rose pudesse ajudá-lo.
─ Onde Rose mora?
─ Apenas à algumas horas de Londres ─ disse Nikolai. ─ Você quer vir comigo?
Daphne foi pega de surpresa por seus próprios instintos sabendo que diria sim no mesmo instante, ao menos até lembrar que prometeu a Regulus que iria jantar com sua família. Ele não sabia sobre Nikolai, ninguém, fora ela, realmente sabia o que acontecia com o garoto. E ele realmente estava visivelmente animado sobre isso pela primeira vez.
─ Claro, Nik, eu vou.
๑
A brisa leve e fria despenteou os cabelos dos dois jovens que contemplavam o local. Era uma fazenda com um belo clima e uma ótima visão agradável dos animais que passeavam por ali, e até mesmo do céu limpo e sem poluição.
Nikolai e Daphne estavam parados defronte a um pequeno portão de madeira que fechava a cerca sob os esguios esverdeados de uma grama bem cuidada. Era uma paisagem rural, interrompendo-se por árvores, areia, capim e penhascos.
O garoto Schenker estava calado, fitando o casarão que se erguia próximo ao celeiro, se perguntando se realmente estavam no local certo que seu irmão Mike lhe dera no pergaminho.
─ Com licença! ─ chamou Daphne, gritando do outro lado do portão. Combinou mentalmente que seria falta de educação invadir a casa de alguém quando viera lhe pedir ajudar. ─ Há alguém por ai?
Nikolai franziu a testa quando finalmente ouviu e encarou a amiga. Estava confuso. O lugar era lindo mas era simples para um bruxo que viera de uma família como a dos Schenker. Era uma ótima fazenda para trouxas, para bruxos era apenas uma fazendinha.
A casa de madeira era alta e grande, com certeza tinha dois ou três andares, assim como o enorme celeiro e outro móvel, talvez uma espécie de ferraria... Nikolai devia ter ficado um pouco mais nas aulas de Estudos dos Trouxas já que Daphne nunca entrou na sala para estudar essa matéria.
Ele finalmente abriu o pequeno portão e o empurrou, esperando qualquer feitiço acontecer e impedi-lo de dar um passo. Nada aconteceu.
─ Isso é esquisito ─ soltou ele. ─ Vamos entrar?
Daphne concordou. Não prevendo perigo algum, eles entraram no terreno. Havia um galinheiro cheio; um garotinho de uns prováveis treze anos e com roupas largas e surradas de fazendeiro, ele caminhava para fora, levando consigo uma pequena cesta cheia de ovos. E ele só viu os dois jovens quando ouviu Nikolai.
─ Ei, você! É aqui que mora Rose Schenker?
─ Vocês vão levar as abóboras? ─ uma voz, que claramente não saia da boca do garoto, chegou aos ouvidos dos dois recém chegados.
Eles se viraram depressa, estudando rapidamente o senhor de cabelos brancos que surgiu ao lado do celeiro enorme. Ele usava os mesmos tipos de roupas que a criança, porém, muito maiores.
─ Não, senhor ─ respondeu Nik, ─ viemos falar com Rose. Eu sou Nikolai Schenker e essa é minha amiga Daphne.
─ Sim! ─ o homem gesticulou, parecendo lembrar de algo ─ Claro, Nikolai... seu irmão Michael disse que provavelmente viria, ou que seria covarde demais para vir.
Daphne baixou a cabeça, reprimindo uma risada.
─ Venham comigo então ─ disse o homem, acenando com a mão enquanto caminhava ─ por aqui.
Daphne e Nikolai olharam um para o outro por um curto instante e depois seguiram o senhor por uma passagem de pedras entre aquela grama que levava para os fundos da casa no centro da fazenda. Antes que entrassem pela porta da cozinha, viram um pequeno espaço ocupado por um balanço e um pequeno lago onde patos nadavam.
─ Rose, com licença ─ o homem que os levou tirou o chapéu ao ver a mulher na cozinha, cortando algumas cenouras. ─ Esses jovens são Nikolai e Daphne. Creio que a senhora esteja esperando pelo garoto.
Rose ergueu-se para vê-los. Ela abriu um pequeno sorriso ao encarar os dois jovens.
─ Obrigada, Ed ─ agradeceu, antes de limpar as mãos em um avental. ─ Sentem-se, por favor, sentem-se.
Ed, o senhor, se retirou quando Nikolai e Daphne ficaram a vontade e finalmente sentados. Rose, sabendo que Ed já não estava mais com eles, olhou para porta, em seguida fez um simples gesto com a mão e a faca, cuja a qual antes segurava, agora começava a cortar outra cenoura sozinha, sem ajuda de suas mãos.
─ Ed foi contratado pelo meu marido Otis ─ de repente dizia Rose, retirando do forno uma grande forma recheada até a borda com massa de bolo, ─ e quando Otis morreu, Ed insistiu em continuar trabalhando aqui. Não uso muito a magia para não expor, e talvez eu prefira viver sem ela. Assim como eu, Ed é um homem de idade, iria infartar se me visse conjurar uma caixa de fósforos ou simplesmente ascender a fogueira com um estalo de dedos ou usando um pedaço de madeira. Mas sei que não vieram aqui me ouvir falar sobre como somos velhos ─ ela deu uma risadinha, como uma garotinha. ─ Nikolai, é um prazer finalmente conhecer você. E essa garota bonita? Namorada?
─ Não, senhora ─ Nik riu. ─ Daphne é minha amiga... é minha irmã.
─ Muito prazer, Rose ─ disse Daphne.
─ A verdade é que não tenho certeza do que estou fazendo aqui ─ continuou Nikolai. ─ Mike disse que poderia me ajudar com... essa coisa.
Rose franziu o cenho quando Nikolai apontou para a própria cabeça.
─ Eu posso tentar ─ revelou Rose. A faca agora fatiava outro bolo sobre a mesa. ─ Querem uma fatia de bolo? Café? ─ os dois negaram ─ Tudo bem, então venham comigo.
Ao contrário da cozinha que estava quente, a sala tinha um clima bastante agradável quando, mais uma vez, os dois visitantes foram convidados a se sentar.
─ Eu gosto de ter pessoas aqui em casa ─ disse Rose, sentando no outro sofá de frente para Daphne e Nikolai. ─ Otis e eu nunca conseguimos ter filhos, há coisas que nem a magia consegue fazer. Adam, aquele garotinho lá fora, quem me deu a sensação mais próxima de maternidade. Ele é um bom garoto, queria poder ajudar muito mais a família dele.
─ Eu sinto muito ─ lamentou Nikolai.
Mesmo que, de início, Daphne e Nikolai não tivessem aceitado nenhuma bebida ou comida, Rose caminhou até a cozinha e trouxe uma pequena bandeja com pedaços de torta fatiados e suco em dois copos separados.
─ Nik, não podemos demorar muito ─ Daphne confidenciou, baixinho, apenas para ele. ─ Vá direto ao assunto.
Quando Rose novamente se sentou, Nikolai começou:
─ Eu costumo ter certas... ─ ele odiou o que diria em seguida ─ visões. Vejo alguém que simplesmente morrerá horas ou um dia depois. Rose, você conheceu outra pessoa da nossa família que teve esse tipo de problema?
Nikolai estava esperançoso. Havia falado com seus próprios pais sobre isso, em vão, nenhuma explicação sobre seu "problema", eles não sabiam ou não lhe disseram nada. Michael também não sabia, mas já ouvira, quando criança, Rose discutir algo semelhante com o falecido marido.
─ O meu pai tinha fortes dores de cabeça quando era jovem ─ Rose percebeu que divagava quando Daphne começou a bater despropositadamente o pé no chão, ─ com as dores vieram os sonhos estranhos, ele jurava que estava ficando louco. Começou com simples acidentes, depois mortes. Eram premonições.
Nikolai respirou fundo e olhou rapidamente para Daphne.
─ Nunca tive esse problema e creio que meu avô também não, deve pular uma geração e atingir apenas um membro da nova geração, não tenho certeza. Seu irmão sofre com isso?
─ Não, não que eu saiba.
─ Minhas suspeitas devem está corretas então. Apenas um membro da família por geração ─ disse Rose. ─ Queria te ajudar, Nikolai, mas tudo o que eu sei é o que meu pai passou.
─ E ele ainda está... vivo? ─ perguntou Daphne, tentando não parecer insensível. Era provável que não, afinal, mesmo com as idades dos bruxos prolongadas, Rose também já era idosa.
─ Vocês querem suco? ─ perguntou Rose, sorrindo, erguendo a bandeja.
Nikolai franziu o cenho, mas aceitou o copo. Daphne recusou.
─ Rose, sei que deve ser difícil... ─ a garota não conseguiu completar sua fala.
─ Não, Daphne, papai estava perturbado ─ Rose respondeu, com um súbito mal humor. ─ Tirou a própria vida, não aguentou, não conseguiu salvar ninguém e nem controlar as premonições.
Daphne e Rose pararam de se olhar no instante em que ouviram Nikolai tossir, engasgado com o suco.
─ Estou bem! ─ ele levantou as duas mãos antes que Daphne batesse em suas costas. Sabia que ela sempre fazia isso mesmo que de nada adiantasse. ─ Como assim, Rose? Não há como controlar?
─ Só nascendo de novo ─ a mais velha sacudiu a cabeça. ─ Sinto muito, Nikolai.
─ E o que isso significa? Isso não é normal ─ o garoto protestou. ─ O que eu sou?
─ Você é um Precursor da Morte, Nikolai.
Por um instante silencioso, Daphne imaginou que Nikolai fosse gritar ou surtar de outra forma. Mas ele permaneceu quieto, calado, como se estivesse em um transe criado pelo silêncio.
─ Todas as vezes que você tentar interferir, algo pior acontecerá. Você precisa deixar fluir, sem interromper o ciclo.
Quando ele ergueu novamente a cabeça e olhou diretamente para Rose, sua expressão era quase furiosa.
─ E para quê isso serve se eu não posso interferir? ─ perguntou ele, usando toda a sua paciência para manter a voz estável.
─ Eu não sei...
Desde criança, Nikolai sempre controlou bem os seus sentimentos, principalmente sua tristeza e sua raiva. Ele dificilmente explodia ou descontava em alguém. Nikolai apenas se isolava. E no momento em que ele deixou o copo na mesa e levantou, Daphne soube que precisavam ir embora.
A porta principal foi aberta e, apesar de não estar escuro dentro da casa, a luz do sol deu a Nikolai uma sensação rápida de cegueira. Sem rumo, ele pensou.
Quando Daphne levantou pronta para segui-lo, sentiu uma mão segurar seu braço com força. Rose parecia prestes a implorar.
─ Ele vai ter problemas futuros por causa disso ─ os olhos da senhora estavam molhados pelos sentimentos de lembrança que os garotos lhe trouxeram. ─ Vai se sentir inútil por não poder fazer nada... não vai conseguir passar por isso sozinho.
Sem pensar e sem ao menos pestanejar, Daphne respondeu:
─ Ele não está sozinho.
๑
Agasalhado, protegendo-se do frio do inverno, Regulus, após bater duas vezes na porta principal do casarão dos Armstrong, abraçou o próprio corpo. Era noite, uma hora após o horário em que normalmente acontecia os jantares no Largo Grimmauld.
Linky, o elfo doméstico, levou o recém chegado até a sala de estar. Felicity estava sozinha de frente para uma janela, e ao perceber que tinha visita, apagou rapidamente o seu cigarro no parapeito feito de tijolos pintados de branco.
─ Me desculpe aparecer sem avisar ─ Regulus tentou ignorar a situação em que pegou Felicity desprevenida, não queria deixá-la desconfortável e não queria se sentir, ─ mas Daphne e eu tínhamos combinado algo e ela não apareceu, queria saber se ela está bem.
A Sra. Armstrong se virou e mostrou um simples sorriso para o garoto. Seus cabelos vistosos e avermelhados brilhando ao luar que invadia o cômodo pela janela aberta, tão incrivelmente parecidos com os de Daphne.
─ Sem problema, Regulus. E não sabia que Daphne tinha algo marcado com você. Ela saiu com Nikolai há algumas horas, mas não tenho ideia sobre para onde foram.
Regulus estranhou, mas não conseguiu dizer nada ao ouvir a voz de Richard Armstrong soar alta no corredor.
─ Que bom que está aqui, Regulus!
O menino não teve certeza se Richard estava bêbado ou apenas feliz em vê-lo. A primeira opção devia ser mais viável já que ele nunca havia se referido desta maneira ao falar com o mais jovem, entretanto, se houvesse bebido, era quase impossível saber.
Regulus cumprimentou de volta, não sabia bem o que dizer, então mostrou um sorriso, tentando não parecer confuso.
─ Venha ─ o homem passou uma das mãos pelas costas do garoto, ─ vamos ter uma conversa de homem para homem.
─ Ric, por favor, não encha a cabeça do garoto de ameaças ─ disse Felicity, retornando para a janela.
Ameaças... Regulus achava que eles já tinham passado dessa fase. Daphne e ele casariam logo em breve, Richard realmente não precisava mais falar sobre isso.
─ Eu não prometo nada ─ o Sr. Armstrong deu uma piscadinha para a esposa.
Regulus sentiu uma leve sensação da garganta fechando.
Ele foi conduzido na direção do enorme jardim do casarão da família Armstrong. Ouviu um barulho. Eram os dois enormes e majestosos pavões que caminhavam pelo esguio verde quase esbranquiçado pela neve que começava a cair. A casa dos Armstrong não era como o Largo Grimmauld, tinha mais semelhança com a casa dos Malfoy. Ficava em um bairro bruxo, mas ainda assim era distante de qualquer outra casa, o terreno era enorme. Regulus não sabia dizer exatamente onde a posse da família terminava.
─ Talvez seja bem óbvio o que estou prestes a dizer ─ Richard falou. Regulus queria pegar nos ombros dele e apressa-lo para dizer imediatamente, odiava todo esse suspense. ─ Eu sei que você e Daphne realmente se gostam.
Black soltou devagar o ar que nem sabia que segurava.
─ O senhor tem uma filha incrível, Sr. Armstrong ─ disse Regulus, parando à cerca do jardim assim como seu sogro fizera. ─ É impossível não gostar.
Mas a reação que Regulus esperava não era nada comparada com o sorriso irônico de Richard. Ele pensou se disse algo errado.
─ Tenho certeza que você entendeu o que eu disse.
Regulus com certeza entendeu. Se Richard queria dizer que Regulus era imensamente apaixonado por Daphne... estava totalmente certo.
─ Sim, senhor ─ o jovem adolescente balançou a cabeça. ─ Eu entendi e o senhor tem razão, me desculpe.
Regulus continuou olhando para o gramado nevado do outro lado da cerca. Ficou confuso quando o Sr. Armstrong se afastou.
─ Sente-se, Regulus ─ disse Richard depois de um momento. Regulus não demorou a fazer o que o homem lhe pediu e se sentou na cadeira ao lado. ─ Você está bem, garoto?
Regulus percebeu quando Richard olhou por cima dos ombros dele, para a porta da cozinha, observando se Felicity estava por perto. Richard estava adiando a conversa, um assunto que sua esposa não podia saber.
─ Eu estou bem, e o senhor?
Ignorando a resposta e a pergunta de Regulus, Richard aproximou a cadeira e disse baixinho:
─ Daphne está confusa. Ela estava ─ ele balançou a cabeça. ─ Quero dizer que conheço minha filha e sei quando ela precisa de algo. Ela precisava ter certeza do que queria.
─ Me desculpe ─ disse Regulus de cenho franzido, ─ mas eu ainda não sei onde o senhor quer chegar.
Mais uma vez ele desviou o olhar para a porta, depois voltou para o rosto do garoto.
─ É o seguinte: se, em algum momento, Daphne estiver em perigo, quero que você a leve embora, a obrigue se for preciso. Está entendendo?
Por algum motivo até mesmo o garoto foi obrigado inconscientemente a olhar para a porta dos fundos. Felicity iria enlouquecer se ouvisse aquilo sair da boca do marido.
─ Senhor, eu...
─ Você entendeu?
─ Sim, mas eu não sei por...
─ Regulus ─ Richard disse, a voz pertinaz. O garoto se calou imediatamente. ─ Estamos entrando em uma guerra. Eu olho para Daphne e vejo que ela não escolheu nenhum lado, e isso só significa uma coisa. Morte. Eu não quero ter que enterrar a minha própria filha.
E Regulus não conseguia dizer nada. Estava perplexo. Sequer conseguia piscar.
─ Gostaria que ela estivesse deste lado, mas ela não está. Apesar de prezar o que... ─ ele se calou por alguns segundos ─ A questão é, Regulus, eu prezo mais pela segurança e pela vida da minha menina. Eu não estarei sempre aqui para protege-la. E eu sei que você vai largar qualquer coisa para mantê-la a salvo. Daphne não é fraca, mas ela não pode lidar com tantas coisas sozinha.
Tantas palavras surgiram na mente dele naquele momento. Traição, Voldemort, tortura, morte... Voldemort achava que Richard era um de seus mais fiéis servos. Seriam mortos se qualquer outro comensal da morte ouvisse aquela conversa.
─ E o que eu devo fazer agora? ─ a voz de Regulus saiu mais baixa do que ele desejou.
─ Por agora, apenas continue ─ respondeu Richard. ─ Mas no momento em que você apenas desconfiar de que algo está prestes a acontecer, você vai levá-la e desaparecerão. Caso contrário você irá morrer; pior, Daphne vai morrer. Posso contar com você?
Sem nem pensar, Regulus respondeu:
─ Sim.
─ Não vou está sempre aqui para Daphne, eu desejo, mas não vou.
Regulus jamais havia ficado tão surpreso ao ouvir uma frase. Richard confiava nele, confiava ou estava completamente louco.
O homem adulto se levantou, sua expressão mudou tão rápido quanto seu gesto. Ele sorriu quando o mais jovem o imitou.
─ Você é um bom garoto, espero que isso não seja atuação. Sua família sabe como enganar alguém.
Regulus imaginou que devia se sentir ofendido com aquela frase, mas ele só sentiu vontade de rir.
E Regulus foi para casa com aquela conversa na cabeça. Temendo que esse dia chegasse, o dia em que provavelmente teria que deixar a sua família. Isso realmente aconteceria?
Ele iria abandonar tudo o que seus pais lhe ensinaram?
E ele realmente se importava se o fizesse?
Havia prometido para Richard, ficaria com Daphne.
E ela era tudo o que importava para ele.
olá, bruxinhos! como vocês estão? gostaram do capítulo?
demorei para publicar pq fiquei fora do wattpad por alguns dias, mas já estou de volta e já atualizando algumas obras!
e, como eu não podia esquecer, quero usar um pequeno espaço dessa nota autoral para desejar um feliz aniversário para uma das minhas leitoras e amiga<3
-Bea-triz , meus parabéns, você é muito especial para mim e eu quero que seja feliz sempre. te desejo as coisas mais maravilhosas da vida e toda felicidade do mundo, vc é incrível, amg !!!
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