JASON HAVIA DETERMINADO QUE AS PARADAS ACONTECERIAM APENAS PARA FINS EMERGENCIAIS. Excetos os hotéis para dormir à noite ou paradas para fazer necessidades. O professor não gostaria de perder tempo na estrada, ainda mais quando estava sendo seguido por um desconhecido, ou não. Era irônico, mas havia passado de perseguidor a perseguido, sentia-se vigiado e excluído da vida de Louise. O homem não desposara mais a garota em sua cama desde a última vez na escola.

Louise sorria menos, provocava menos, ela se sentia cansada da brincadeira proibida. Jason não era mais uma novidade para ela, tampouco, atrativo de qualquer forma. Sabia que eles estavam presos no mesmo inferno, condenados e vagarem juntos. Para Lo tudo agora começava a fazer sentido; o casamento repentino, a morte da sua mãe e a viagem para Flórida e todas as mentiras de Jason. Ela gostaria de falar com seus advogados, saber como tudo havia sido resolvido e por qual desgraça ela havia se tornado uma Delarue sem ser consultada.

No entanto, deveria tomar cuidado, Jason estava diferente, ele havia se tornado outra pessoa ou talvez apenas estava se mostrando aos poucos a pessoa obsessiva que era, suas amizades mostravam isso, Enzo não parecia ser diferente dele. Talvez isso explicasse a grande amizade duradoura ou provavelmente os dois também estivessem presos por algo ou por alguém.

Lolita. Louise precisava conhecer a garota agora mulher, ela precisava conhecer o seu lado da história. Da mesma forma que Jason havia tomado Lolita como sua musa amada, ele parecia repetir a mesma história com Louise.

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Jason fez uma parada para abastecer, da conveniência, ele encarou o carro. Louise estava visivelmente entediada, mas algo além da jovem chamou sua atenção, o mesmo veículo que seguia o seu havia parado mais adiante. Espiou pela janela o homem que havia descido do carro, deveria beirar os sessenta anos e usava um terno preto possivelmente caro.

O homem bem vestido caminhou até a garota dentro do Jeep. Jason acompanhou os passos do outro até Louise, a conversa foi breve, antes que Jason pudesse pagar a gasolina e colocar os pés para fora da loja de conveniência, o homem já havia partido. Louise encarou Jason assim que ele adentrou ao carro em uma verdadeira confusão.

— Quem era o homem com quem falava?

— Não faço ideia. — Louise deu de ombros.

— Me diga o que ele disse. — Jason deu partida no carro.

— Está interessado por ele? — Louise sorriu secamente. Encarou a jovem friamente, ele não havia achado nenhuma graça no comentário da menina.

— Você é jovem Louise, as pessoas podem se aproveitar facilmente de você. — Jason alertou. Lo revirou os olhos.

— Você com certeza sabe disso... — murmurou. — O homem estava perdido e sem bateria, perguntou se eu tinha um carregador para emprestar a ele.

— Aquele homem... Está nos seguindo. — Jason disse. Louise sorriu de lado ao notar o medo nos olhos de Jason.

— Está com medo? — Ela perguntou sem demonstrar qualquer sentimento. — É claro que sim.Você está com medo de ir para a cadeia, não é?

— Por que eu iria para a cadeia? — Jason perguntou desentendido.

— Você me deve essa resposta. Como minha mãe morreu? — Louise encarou Jason friamente.

Aquele era um assunto no qual ele não gostaria de tocar, nunca havia contado a Louise de fato o que havia acontecido no fatídico dia em que Lorraine veio a óbito. Mas Louise havia encurralado Jason como um rato fugitivo, era uma felina cruel quando queria respostas.

— Ela caiu da escada. Estava dopada por tomar muitos remédios! — Jason disse sem encarar Louise.

— Minha mãe nunca se dopou antes. O que fez a ela? Porque com certeza você fez algo.

— O que importa? Ela está morta. — Jason rugiu dentro do carro.

Louise cerrou os dentes em silêncio.

— O que aconteceu com Lolita? — perguntou. Jason apertou as mãos no volante.

— Ela foi embora, já disse a você.

— Ela foi embora de verdade? Ou você cuidou disso pessoalmente... como fez com minha mãe? — O clima pesado havia tomado de conta daquele carro. Jason olhou para Louise e quase não reconheceu a garota que estava ao seu lado.

Lolita, assim como Lorraine, eram assuntos tardos para serem mencionados ou lembrados. Ambas faziam parte de um passado que Jason insistia deixar para trás, apenas Louise era o que importava.

Parou o carro bruscamente. Eles estavam em meio a uma floresta densa sem nenhuma movimentação aparentemente. A primeira coisa que o homem fez foi tomar o celular de Louise, ela se assustou com a atitude inesperada. Saltando para fora do carro, Jason jogou o aparelho no chão e pisou furiosamente sobre ele.

— O que está fazendo?! — Louise gritou dando a volta no carro. Ela empurrou Jason, mas o homem não se mexeu. Mesmo que ele fizesse algum movimento, o seu celular já estava aos cacos no chão.

— Essa é a sua punição por me desafiar tantas vezes, mocinha. — Jason segurou o braço fino de Louise. Ela gemeu de dor quando o homem apertou seu pulso puxando-o.

— Me solte! — gritou. Jason bufou então forçou a garota a encará-lo.

Louise cuspiu em seu rosto despontando a ira no homem, dessa vez ele havia pensado bem no que iria fazer. Acertou um tapa no rosto da menina fazendo-a chorar, ela teria caído se ele não a estivesse segurando. Havia feito tudo por ela e para ela, em troca, havia recebido ingratidão e traição. Ele estava farto disso, Louise merecia ser verdadeiramente punida.

— Eu estava certa... Você matou minha mãe! — Ela choramingou. Jason apertou mais ainda o braço da garota fazendo-a chorar de dor. — Eu tenho nojo de você!

Louise tentou se desviar de Jason, mas ele era mais forte, gritou quando foi arrastada por ele para dentro da floresta. Todos os seus medos vieram à tona, aquele homem era o verdadeiro vilão da sua história, ela se sentia culpada, pois ela sentia-se o pivô.

Jason jogou Louise no mato seco. A garota estava ofegante e tinha medo do que ia acontecer, tentou se levantar e correr, mas Jason foi mais rápido em prender-lhe no chão. Ele a beijava ou ao menos tentava. Louise a todo custo lutava para sair debaixo daquele homem. Ela ouviu o barulho que fez sua alma lhe abandonar. O cinto de Jason foi aberto e seu vestido foi levantado.

— Não, por favor! — Ela suplicou chorando.

— Louise, eu fiz tudo por você... Tentei ser melhor por você... — Ele beijou os lábios da jovem contra a vontade, sentia as lágrimas da garota molharem seu próprio rosto.

— Socorro! — Ela gritou mais uma vez, então sentiu mais um tapa ferir seu rosto. A jovem sentiu a mão grossa de Jason tapar sua boca e sua calcinha ser rasgada.

— Quando vai entender que você pertence a mim? — Ele sussurrou. Rapidamente suas palavras deram espaço para um gemido, quando ele se empurrou para dentro de Louise, com força.

Ela queria gritar o mais forte que conseguia, mas não se sentia capaz. Eles estavam longe de qualquer civilização e Jason poderia fazer com ela o que quisesse, até mesmo matá-la. Louise chorava a cada investida do homem, sentia-se suja e enojada por aquele homem e tudo que havia passado ao lado dele e permitido que ele fizesse.

Apesar de estar imobilizada contra o chão, ela ainda lutava contra Jason. Ela estava sendo violada e sentia uma dor tomar seu corpo, sua visão ficou turva, ela se sentia ferida e tinha consciência que uma parte dela havia morrido ali mesmo, esse era seu inferno, ela parecia morrer e reviver cada vez que Jason a maltratava naquele chão de folhas secas. A impressão era que a violência sexual havia durado uma eternidade, Louise encarava seu agressor em uma visão desfocada, ela havia deixado de sentir qualquer coisa.

Um gemido mais alto saiu da boca de Jason, ele retirou a mão do rosto de Louise. A menina não emitia qualquer ruído, nem ao menos piscava, sua respiração estava pesada e lágrimas desciam em grande quantidade no rosto da jovem. Ele beijou delicadamente os lábios dela, afagando os fios castanhos e macios.

— Eu amo você, Louise! — Jason disse. — Desculpe por não ser um bom pai.

Ela não respondeu. Jason saiu da menina. Ela fechou os olhos chorando em silêncio, estava dolorida, seus braços foram puxados a força para frente e ela se levantou ainda tremendo pelo que havia acabado de lhe acontecer. Louise deu seu primeiro passo depois da morte, ela se sentia machucada, mas isso não parecia incomodar Jason, ele fechou sua calça novamente e arrastou a garota para seu carro.

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MAIS TARDE

— Quer comer algo? — Jason perguntou no quarto de hotel. Louise estava deitada encolhida na própria cama, ela não respondeu. — Louise!

— Não. — Ela disse baixo, ele suspirou irritado.

— Vou ao centro da cidade, você vai ficar bem? — Ele perguntou se aproximando da cama.

— Melhor do que você pode imaginar. — Ela respondeu secamente.

Jason girou os calcanhares para fora do quarto, mas antes se certificou que havia trancado bem as portas e janelas. Em sua cabeça, eles haviam feito amor na floresta depois da discussão, mesmo que Louise não tivesse demonstrado sentimentos, ele sabia que em seu íntimo, ela havia gostado, a garota gostava de ser surpreendida. Ele havia sido bem persuasivo quando disse que ela não deveria fazer qualquer sinal de alerta a alguém, isso poderia ser perigoso a ela. Finalmente havia domado a garota, agora ela pertencia inteiramente a ele.

Jason parou em frente a uma biblioteca. Ele se sentia inspirado para terminar de escrever seu romance, e assim fez. Jason procurou o lugar mais afastado da pequena biblioteca da cidade local, abriu seu notebook e começou a escrever tão inspirado quanto antes.

Visto de longe, ele era um bom homem que não fazia mal a uma mosca, mas os que viviam em seu convívio sabiam do verdadeiro monstro que Jason era e que se orgulhava em ser quem deveria ser. Ainda naquele mesmo dia, Jason desposou de Louise no quarto de hotel, ela não havia dito nada, nem mesmo um não, mas também não havia demonstrado qualquer sentimentos ou algo parecido.

— NOTAS

Esse capítulo foi um choque para mim, tanto que quando eu escrevi ele eu dei uma pausa, acho que a partir daqui vocês estão percebendo que o Jason não é uma pessoa boa e que esse relacionamento é tóxico e abusivo.