𝐄ra somente mais um dia nublado na famosa Seoul, nada de comum para alguns habitantes, porém, uma preocupação para outros.

E um desses era Jeon Jungkook, não se preocupava com somente o tempo em si, ─ apesar de ser bastante
importante para o que praticava ─ mas sim com a pequena borboleta à sua frente.

Um lindo inseto indefeso e delicado aos olhos de um, era uma praga para Jungkook. Acontece que ele precisava muito de uma foto do inseto ágil, entretanto, ele não parava quieto nem por uma mínima fração de segundos, estava sempre voando de um lado para o outro, algo que particularmente o irritava.

Observando o delicado ser através de sua lente, um pouco mais distante da pequena criaturinha, o alfa não se movia e até mesmo evitava respirar, qualquer movimento brusco e ele poderia perder sua valiosa nota no mestrado.

A borboleta com lindas asas em detalhes pretos e brancos e até mesmo mesclados formando um lindo degradê do cinza ao preto estava pousada sobre uma flor branca que Jungkook reconheceu ser uma camélia, o lugar em que estava era famoso por ter diversas flores.

Seria a foto perfeita para a redação de seu trabalho, além de precisar de fotos e descrições em palavras explicitas, ele precisava da foto perfeita, um reflexo perfeito sobre o inverno da natureza de Seoul.

Jeon não se mexia, tão pouco respirava, e foi apenas algum segundo para ter o resultado que queria.

Gotas de água começaram a cair assustando a pobre borboleta, essa que abriu suas asas e voou rapidamente pra longe. Porém, não tão rápida quando o movimento do moreno ao apertar o clique da câmera.

E a foto perfeita saiu. Jungkook conseguiu pegar o exato momento em que a borboleta abre as asas sobre a flor branca, com gotículas da chuva ao fundo a foto ficou perfeita.

Jeon, satisfeito com o resultado, juntou seus matérias, logo caminhando até seu carro. Não demorou muito e deu partida até a sua faculdade, precisava voltar.

Jeon Jungkook. Ah, como explicar esse homem? O Alfa lúpus puro mais cobiçado ─ e também o único ─ do campus tira suspiros por onde passa. Seu semblante sério com o maxilar trincado, sobrancelhas franzidas, queixo erguido, olhar indiferente e postura intimidante, sendo sempre seguido de seu cheiro cítrico e característico de whisky e cerejas, cheiro esse que chamava atenção de qualquer um, e isso era um fato.

O moreno era conhecido como "o inalcançável" no campus, sendo um cara discreto e misterioso, porém gentil e empático. Um verdadeiro cavalheiro, como diziam. O sonho de todos os ômegas, betas e até mesmo alfas que passam perto o suficiente a ponto de sentir seu característico cheiro ácido de whisky com o toque doce de cerejas. Tentador demais.

Entretanto, o moreno não dava atenção a nenhum tipo de flerte a si direcionado, não, ele somente dispensava todos com classe. Os poucos que conseguiam algo com Jeon não passavam apenas de uma noite, apenas uma noite e depois Jungkook simplesmente fingia que não existiam.

Não, não considere Jungkook o vilão da história, ele não tinha culpa se as pessoas se iludiam com um futuro com o moreno. Afinal, uma coisa era clara, Jeon Jungkook nunca seria laçado por ninguém. Ou seja, nunca seria de uma só pessoa.

Apesar de ser gentil e cavalheiro, Jungkook não tinha proximidade com muitas pessoas, não suportava nenhuma que tentava se aproximar. Para ele, apenas Yumi e Hoseok bastavam.

Ah, os Jungs.

A amizade de Jung Yumi, a mais nova dos irmãos, e do alfa lúpus  era algo para se questionar. Afinal, ambos tinham personalidades fortes, Jeon sendo alguém racional, frio e lógico, e Yumi seu completo oposto, impulsiva, animada e irracional.

Mas, como dizem, os opostos se atraem.

Não do jeito romântico, nunca nem cogitaram essa hipótese. Apesar de praticamente todos ao seu redor não achavam isso, todos estranhavam. Afinal, uma amizade tão forte entre um alfa lúpus puro e uma ômega mestiça era de se questionar?

Sem sombra de dúvidas não. Jung e Jeon eram apenas melhores amigos e cúmplices, somente isso.

Ambos vivam brigando, seja verbalmente ou fisicamente, dois oponentes a altura um do outro. Suas desavenças já eram costumeiras, porém, sempre acabava quando algum deles se metia em alguma confusão, ocasionando o outro ir ajudar.

Jung era a única que entendia realmente Jeon, se conheceram em momentos difíceis para ambos, assim como carregam cicatrizes semelhantes, aprenderam a lidar com todas elas juntos.

Sem dúvidas algumas, A ômega mataria e morreria por Jeon, assim como ele faria por ela. No fim, os dois com certeza matariam juntos e depois esconderiam o corpo juntos também. O que é engraçado, porque quase aconteceu diversas vezes, tanto que hoje em dia os dois tem um protocolo e um plano para fugirem se algo assim acontecer. Até mesmo aprenderam idiomas diferentes para caso a fuga fosse para longe do país.

Enfim, cúmplices.

Já Jung Hoseok é bastante diferente de se encontrar em uma amizade como a do trio. Jung era uma pessoa completamente diferente de sua irmã e Jungkook, sempre gentil, carismático e positivo, Hobi era conhecido como o sol do grupo, o ponto brilhante daquele trio diferente. O único que realmente continha um pouco de sanidade e uma personalidade não tão questionável.

Apenas Jung Hoseok.

Andando pelos corredores e tendo atenção de todos que cruzavam, o moreno caminhou até um lugar já bem conhecido por si, a sala cinematográfica.

O espaço possibilita ao espectador o reconhecimento de um conjunto de códigos narrativos que o conduzem a uma experiência com a obra. Entretanto, não é muito usado, porque pelo que parece, muitos não têm interesse na arte cinematográfica.

Ao adentrar a sala, estranhou no telão estar passando uma série de fotos e vídeos, completamente aleatórios ao seu ver.

─ O que pensa que está fazendo? ─ Sua profunda voz ecoou pelo vazio da sala fazendo a outra se assustar.

─ Vai assustar sua mãe! Desgraçado... ─ Murmurava diversos xingamentos enquanto mantinha a mão no peito esquerdo.

─ Não é possível assustar fantasmas. ─ Respondeu simples e inexpressivo, algo típico de Jeon.

─ Quase me mata do coração.

─ E você tem isso? ─ Perguntou em deboche vendo a ômega parar pra pensar, logo depois mostrou a língua para si. ─ Parece criança.

─ Vai se fuder, Jeon! ─ Revirou os olhos desligando o retrovisor. ─ Atrapalhou o meu trabalho.

─ Não deveria estar em aula?

─ Deveria, mas, pelo que o professor explicou, a aula foi dispensada porque teremos que ouvir uma palestra que um CEO de uma empresa de moda muito bem sucedida irá apresentar.  ─  Respondeu serenamente se sentando ao lado de Jungkook. ─ Mas, e você? Não deveria estar em aula? ─  Perguntou ao lúpus.

─ O professor nos liberou depois de fazer uma palestra sobre o inverno e como ele é inspirador. ─ Revirou os olhos somente em lembrar da voz irritante de seu professor.  ─  Vou ter pesadelos com isso.

─ Imagino. ─ Riu se sentando em sua frente toda desajeitada. ─ Sabe algo que acabei de lembrar? ─ Perguntou de repente entusiasmada.

─ Hum? ─ Jeon perguntou sem muito interesse.

─  O Reitor disse que teremos uma visita hoje. Parece que um CEO famoso virá dar uma pequena palestra sobre moda. E pelo que entendi, ele está procurando alguns estagiários, modelos e estilistas.  ─  Explicou olhando para seu melhor amigo.  ─  Vamos ir assistir?

─  Por que eu iria?  ─ Perguntou novamente ainda fingindo desinteresse, porém, algo dentro de si acendeu ao ouvir sobre o tal visitante.

─  Porque, além de que eu vou te arrastar pra lá de qualquer jeito, você tem a oportunidade de ver Park Jimin de perto. ─ Respondeu convicta. ─ Dizem que ele tem uma beleza tão surreal, que parece ser filho da própria Vênus.  ─ Pegou seu celular o entregando na mão do moreno.  ─  Apesar de não acreditar muito nessas coisas, fui pesquisar sobre ele e facilmente o confundiria com o filho perdido de Afrodite. Sério, é surreal de tão lindo e...  ─ Yumi continuou a falar coisas que Jeon não prestou muita atenção, estava concentrado demais na foto do citado pela Jung.

Park Jimin...

Esse nome corria em sua mente como as corretesas de um Rio em tempestade. Ao olhar a foto pode ter certeza de que os boatos eram verdade, o garoto era indescritívelmente lindo aos seus olhos.

Ao observar mais a foto reparou em todos os seus traços, a pele leitosa e aparentemente macia, o corpo esbelto e curvilíneo, os cabelos pretos que pareciam brilhar pela iluminação, os olhos pequenos e afiados destacando que provavelmente teria uma dualidade estupefata, as iris em um castanho brilhante que facilmente seria confundido com um pedaço de estrela e o sorriso, ah, aquele sorriso que prendeu sua atenção.

Seus lumes brilharam em uma luz obscura nas orbes negras, algo completamente suspeitavel, porém ele não se importava. Algo dentro de si se aflorou e despertou em apenas ouvir falar sobre Park. E alí, Jeon teve a certeza.

Precisava fazer ele ser seu, necessitava isso e faria. Não importa o que aconteça.

Park Jimin definitivamente será seu...

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