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Single Chapter

Tive essa ideia enquanto tava no médico skkskss não me perguntem o pq. Tava entediada e com fome

E antes de tudo quero divulgar a história de minhe amigue _TeenWolfer_16 Juro vocês vão amar demais!

↓ Sinopse ↓


Sério, corram lá! Tem muita história incrível 🛐🛐🛐🛐

Agora..

Pra compensar um pouco da minha ausência, tô postando essa One. Anda tudo um caos ainda e tô tentando me organizar, então ando terminando outros projetos pra postar logo pra vocês e também pra poder focar de uma vez só em THOOP por um tempo 🤗💘

Não sei porque sou assim juro kswkkwkwsh queria saber me concentrar numa coisa só

Minhas provas (as últimas, finalmente) estão acabando, então vou poder ficar tranquila ajeitando tudo por aqui. E não, não tô de férias ainda 😅 só no dia 10. Por que? Porque minha escola só tem um bando de infeliz do caralho #faleitoleve #ifalomais

Olha que eu não tô nem de recuperação, graças aos deuses mas enfim, passou um pouco do ódio 😆

Espero de coração que vocês gostem 😢❤️ tem uma coisinha especial que abordei nessa One, e espero que todos peguem no meio da leitura hehe

Eh isso, amo vocês 🐺💙🛐

Let's go!

~~~~x~~~~

『 

                                                                     』

                            |🐺 ♡ 🐺|






Ele odiava esse ambiente mais do que tudo. Com certeza. Mais do que trabalhar oito horas num restaurante servindo mesas de segunda a quinta, mais que os gritos estridentes de seu chefe toda manhã. Era angustiante. Um teste doentio para sua paciência.

Dava para preencher uma lista com os fatores principais. Primeiro de tudo, só por ser a merda de um hospital já perdia pontos com ele. E sem contar no ar-condicionado no máximo, crianças perambulando pela área de espera e muitas vezes parando para falar com ele qualquer coisa aleatória que sinceramente. As vezes dava medo. Por mais ridículo que fosse.

Mas o pior.. a sala de coleta de sangue. Justo a que ele estava prestes a entrar daqui uns vinte minutos. Desde que chegou, seu coração não parou um segundo de disparar. Só pela imagem da agulha aparecer em sua mente as vezes.

Theo jurou aos quinze anos que havia perdido essa maldita fobia, que não daria mais trabalho para que tudo fosse mais rápido e idolor. Porém, era automático.. as irritantes sensações que seu corpo manifestava. E nunca dava para ignorar.



Como agora.




Suas mãos suavam mesmo no frio sufocante. As pernas não paravam de tremer um segundo. Estava morrendo de fome devido ao jejum obrigatório, e para piorar. Por conta da ansiedade, dormir foi a última coisa que conseguiu fazer direito durante a noite para pelo menos não ficar tão irritado. Tudo estava tendo uma contribuição sensacional para melhorar seu dia de merda.



E sem contar que veio sozinho. Seu melhor amigo, Corey, não pôde acompanhá-lo dessa vez. O que só piorou para o lado dele. Apenas o Bryant conseguia acalmá-lo durante esses exames. Coisa que nem mesmo ele entendia como, mas agradecia demais.


Desde que chegou. E isso foi há três horas do horário imposto, só para ressaltar. A sala de espera parecia encher mais do que esvaziar. E era uma barulheira. Não só as crianças como também os pacientes mais velhos reclamando insatisfeitos.



Estava quase perto do meio dia e nada de chamarem seu nome. Que droga, e as crianças ainda choravam alto com gosto numa espécie de lembrete para ele. Raeken bufou forte mudando de posição no banco mais uma vez. Suas mãos trêmulas fazendo-o derrubar o papelzinho com a senha no processo.

Theo revirou os olhos negando com a cabeça. Fungando um pouco antes de abaixar seu tronco. No entanto, assim que alcançou o papel, uma outra mão surgiu pairando sobre a dele. Ele franziu a testa num susto, erguendo o olhar de imediato.


Provavelmente foram os olhos mais lindos que ele teve a oportunidade de ver hoje. Junto ao sorriso fofo. Theo piscou algumas vezes voltando ao foco, ajeitando-se aos poucos no acento.

— Desculpa, só quis ajudar. — O rapaz de cabelos meio loiros, proferiu um tanto acanhado ao separar suas mãos. Analisando Theo vagamente antes de arrumar a postura.

— Tudo bem, eu.. só me assustei. — Raeken murmurou um tanto risonho após driblar até que depressa sua timidez. Coçando o nariz rapidamente por causa do frio. Logo respirando fundo. Seus olhos cansados e meio tristonhos percorrendo o chão de relance em seguida.

Nem percebeu ao seu lado, que o dono do par de íris cor céu lhe enviava um olhar demorado dessa vez. Parece que Theo não foi o único a se encantar pelo visto.



— Está aqui desde a madrugada também? — O rapaz disse de repente. Ganhando de novo a atenção de Theo, que levou alguns segundos para raciocinar. O que sem dúvida fez o loiro rir de maneira discreta.

— Na verdade, desde às 6 da manhã. — Theo esboçou um vago sorriso preguiçoso ao esfregar um dos olhos. Arrumando-se no acento, mas se encolhendo involuntariamente devido a uma corrente de ar gelada que passou por eles. O outro rapaz assentiu compreendendo, mas ainda encarando o Raeken como se esperasse por mais. — Precisava fazer o famoso check-up tem alguns meses mas andei ocupado. Deve saber como é.. — Deu um meio encolher de ombros um tanto acanhado. Escondendo as mãos nos bolsos do moletom que trajava. Não era tão quente como gostaria, mas dava para o gasto.

— Infelizmente sei. E pra piorar esse serviço de merda não ajuda a nossa vida. — O loiro riu fraco negando com a cabeça, analisando vagamente as pessoas que passavam por ali antes de retornar o olhar a Theo. — Me chamo Liam. Liam Dunbar. — Ele estendeu a mão de forma breve. Raeken sorriu mínimo, guiando a sua esquerda para apertar a do outro. O comprimento foi firme até.

Era um bom nome. Lindo na verdade, assim como o dono. Theo sentiu as bochechas esquentarem por conta dos pensamentos. Mas agradeceu por estar frio, caso contrário o outro poderia notar.

— Theo. Theo Raeken. — Respondeu num tom baixinho, tentando ignorar a dor irritante na garganta. Talvez por conta do ar-condicionado do local. Mas o outro não pareceu se incomodar. O que surpreendeu o mais velho já que a maioria das pessoas odiavam quando falava baixo demais. — Desculpa perguntar, mas se entendi certo, tá aqui desde a madrugada? — Suas sobrancelhas franziram em curiosidade. Só então notando segundos depois que ambos ainda seguravam a mão um do outro.

Liam sorriu mostrando os dentes um pouco por perceber o constrangimento nítido no novo conhecido. Theo havia se retraído ao soltar o aperto, olhando mais para o chão do que para o rosto de Dunbar.

Fofo. A palavra surgiu na mente do loiro no mesmo instante.

— Minha mãe.. precisou fazer uma cirurgia de emergência. A enfermeira veio me informar há uma hora que foi apendicite.. — Liam explicou com tristeza nítida no tom. Seus lábios se contraindo outra vez, o vago brilho contente em seu semblante sumindo. Theo assentiu compadecido. Recordando-se de ter visto pelo canto de olho uma enfermeira por ali. — Ela me ligou 1 da manhã morrendo de dor e então corri pra trazê-la. — Ele esfregou o rosto assim que soltou um suspiro longo.

Theo mordeu o lábio inferior, balançando a perna direita um pouco. Não era para aquilo incomodá-lo tanto. Mas o fez. De qualquer jeito sempre foi assim com as pessoas. As vezes era quase inevitável.

— Sinto muito. Imagino o desespero que tenha sido. Mas ela vai ficar bem. Acredite. — Tentou soar o mais encorajador possível. Ainda que não fosse a pessoa mais positiva do mundo. Só por hoje iria tentar. E no fim, valeu a pena assim que assistiu o sorriso retornando um pouco a feição de Liam, um suave, mas muito.. acolhedor. Poderia passar vários minutos observando o loiro. Disso ele tinha certeza. — O atendimento aqui pode ser uma porcaria, mas os profissionais são bons. Pelo menos boa parte.. — Deu um meio encolher de ombros ao murmurar o final. Ignorando com força uma vaga lembrança de quando mais novo. Neste mesmo hospital.


Uma experiência nada agradável com um enfermeiro quando menor. Talvez, tenha sido daí que surgiu sua fobia, só talvez. Entretanto, não tinha mais o que fazer. Não podia mais adiar nada. Não outra vez. Theo suspirou fundo com o pensamento. Mal notando o vago olhar preocupado que Liam o lançava.

— Pelo visto.. também está com alguém na emergência, acertei? — Liam soou gentil. Tentando não parecer invasivo. Apenas queria continuar o papo. Estava o ajudando querendo ou não a se tranquilizar, e olha que não era de conversar com qualquer um por simples desânimo de socializar. Ainda mais em um momento como esse. Mas Dunbar não sabia dizer. Só.. gostava de ouvir Theo falando, e gostou da companhia.


— Não, não.. — Theo negou maneando minimamente a cabeça para os lados. Recostando a coluna no apoio do acento pela primeira vez. Sua postura tensa não passando despercebida por Liam. — Só vim coletar sangue. Mas até agora nada do meu nome.. — Lamentou. Suas sobrancelhas subindo de forma rápida numa expressão irônica e irritada. 

— Já chamaram bastante gente com a letra T a essa altura. Tem certeza que de repente você não ouviu? Sua consulta era que horas? — Liam se inclinou na direção do mais velho mas não muito por já estarem lado a lado. Raeken franziu a testa preocupado com a possibilidade, mas com uma pontinha de felicidade por ter chance de escapar dessa.

— Me chamariam às 8:13 da manhã. E eu não saí daqui, então.. realmente não sei. Já até falei com a mulher do balcão mas ela mal olhou na minha cara. — Theo despejou as palavras com uma raiva notória depois de horas. Gesticulando vagamente na direção da mulher no fim do corredor que parecia checar algo pessoal no notebook em horário de trabalho. — Aqui sempre foi assim.. — Bufou. Não percebendo a feição emburrada que adotou ao cruzar os braços.


Liam com certeza gostaria de apertá-lo se tivessem alguma intimidade. Mas logo estranhou a vontade e tratou de afastar tais pensamentos. Seguindo o olhar de Theo para a mulher. Chega, eles já esperaram tempo demais. Sua paciência tinha limite.

— Mas não hoje. — Rebateu num timbre amigável mas confiante. Sua postura e tom firmes. Theo o analisou de cima a baixo defensivamente. Liam lhe encarou. — Já volto. — Apenas afirmou antes de se erguer do lugar. Seu modo de andar denunciando o nível de impaciência. Theo desviou o olhar por uns segundos antes de voltar novamente a atenção rumo ao fim do corredor.

Óbvio que o Raeken esperou que um escândalo ocorresse. Ao ver pela expressão nada tranquila no rosto do loiro bonitão. Entretanto, apenas houve um baque alto na superfície do balcão, seguido de uma atendente nervosa.

Liam indignado tentava o seu melhor para não gritar mesmo que já tenha atraído olhares o suficiente para si a essa altura. Estava para lá de aborrecido, e pelo visto com razão. Theo tentou um pouco de leitura labial, mas devido ao sono estava péssimo em tudo hoje.

O Raeken bufou frustrado. Entendendo somente uma parte que ao menos fez sentido. "Você é uma inútil" ou algo parecido. De qualquer modo seu foco mudou assim que uma vontade súbita de espirrar veio, fazendo-o cobrir rapidamente o nariz com o braço.

Odiava tanto, mais tanto a quantidade de ar-condicionados que ocupavam esse lugar. Mas o que sempre ganharia no pior reaching seria o atendimento. Custava organizar as agendas direito? Ele só queria sua cama..


— Pega. — Theo despertou dos devaneios de ódio assim que viu um papel ser posto repentinamente em seu campo de visão. Ele pegou de maneira desajeitada. Piscando as orbes verdes antes de focá-las no rosto de Liam. — Eles simplesmente se perderam e não viram seu nome passar. E por uma coincidência ridícula, deixaram de me informar sobre minha mãe porque há muitos pacientes com apendicite hoje. — O rapaz loiro revirou os belos olhos azuis durante seu monólogo irritadiço. O que arrancou um sorriso ladino involuntário de Theo. — Enfim, espero que ainda dê tempo de ir. Desculpe por aquela cena, geralmente não sou tão daquele jeito. — Liam esboçou uma vaga careta. Lançando em seguida um sorriso gentil ao Raeken.


— Tudo bem, eu.. foi de uma grande ajuda, na verdade.. — Em partes não era mentira. Pois ele precisava enfrentar aquele medo sufocante e cuidar de sua saúde. Embora só quisesse fugir dali.. Theo bufou fraco tratando de enxotar aquela sensação crescente de ansiedade. Levantando-se do banco de uma vez. — Obrigado. — Deu seu melhor sorriso tranquilo. Estendendo a mão na direção do outro, e só então notando, que Dunbar era uns dois centímetros mais alto que ele.


— De nada. Espero que o resto do seu dia seja melhor após aqui. — Liam proferiu ao agarrar a mão do mais baixo. Demorando-se neste gesto mais do que imaginava.


— Pra nós dois. E.. espero que consiga ver sua mãe. — Theo deu num sorriso fechado, permitindo-se admirar só mais uma última vez os detalhes do rapaz a sua frente. Honestamente, sentia-se até meio cabisbaixo por saber que não o veria mais.

— Vou vê-la daqui uns 2 minutos. Ela está em descanso, então.. — Explicou dando um meio encolher de ombros ironicamente tímido. Theo riu anasalado logo fazendo menção para soltar suas mãos. Mas Liam se apressou. — A-Aliás, fica com isso. — Se amaldiçoou por gaguejar. Buscando no bolso traseiro com a mão livre, um pouco dos trocados que havia guardado. Levando-os de encontro a palma de Theo.

— Espera, por quê? — Raeken observou as moedas de uma maneira um tanto desconfiada. Mirando o olhar para a expressão de Liam instantes depois. O loiro botou as mãos no bolso da calça, encolhendo os ombros.

— Pra você comprar alguma coisa na máquina de lanches depois do exame. Sei como jejum pode ser um saco. — Liam apenas disse. Seus pés se movendo para longe de Theo a medida que se esclarecia. — Espero te ver de novo, olhos verdes. — Soou quase como uma confissão. Ele lançou uma piscadela na direção do mais velho, que ergueu as sobrancelhas surpreso enquanto assistia o outro pegar um rumo diferente.

Por uns instantes Theo permaneceu assim. Parado, com cara de paisagem. Feito um idiota no meio do corredor. O papel e as moedas bem presos em mãos. Não que as vezes ele não recebesse uma cantada aqui e ali. Mas essa..

— Eu devo tá com a sorte em dia, não é possível.. — Resmungou para si mesmo tentando não rir. Já estava atrasado o suficiente, e não se daria o luxo de parecer um maluco. — E olha que nem me arrumei tanto pra esse evento tão importante.. — Seu sarcasmo atacou na última parte. Finalmente desdobrando o papel para dar uma olhada.

Sala 097 | Exames - Coleta de sangue.

Leu atentamente as palavras sentindo um frio irritante percorrer sua espinha, suas mãos tremulando brevemente. Engoliu em seco respirando fundo. Tratando de ignorar a todo custo. Era inevitável, sabia disso. Mas tinha que fazer. Fugir não prestava nem como um bom plano a essa altura.


Porém, ao ver alguns números escritos logo abaixo na folha. Ficou sem jeito instantemente. Um sorriso acanhado formando-se nos lábios. As bochechas esquentando.

43 1095 - 754637
↳ Liam Dunbar ;) Xx



Não era para ser tanto assim. Afinal, podia acabar sendo só coisa de uma noite e estaria botando expectativa demais à toa. Ainda mais com seu histórico em relacionamentos. No entanto, foi meio automático. Não só melhorou seu ânimo como também o incentivou a ir aquela sala. Embora seu coração aumentasse os batimentos a cada passo dado.

Tinha que se cuidar se quisesse está vivo até criar coragem para ligar. Uma lógica um pouco estúpida, mas que estava funcionando no quesito de mantê-lo calmo.

Descobriu que a sala encontrava-se no segundo andar, então se apressou a pegar o elevador.


Ele podia fazer isso. Repetia em sua mente como um mantra. Observando as portas se fecharem.




*



Ele com certeza não podia fazer isso. Não estava raciocinando direito na hora do surto de coragem. Quem em sã consciência consegue se manter calmo nessas horas? Toda vez era um maldito pesadelo para ele, e ainda estava do lado de fora da sala.

Restava somente algumas pessoas a sua frente numa fila. Talvez cinco ou seis. Primeira vez que viu algo relativamente organizado ali mas no momento não conseguia pensar em mais nada. Só tinha capacidade para ouvir os gritos horríveis das crianças.

Um era pior que o outro. Dava para aproveitar e fazer uma playlist de trilha sonora para os próximos filmes de terror em andamento. Sério que eles nem se preocupavam em dar algum conforto para os filhos? Sinceramente. Sua paciência para esses episódios estava por um triz. Ele não aguentava mais aquilo..

— Próximo! — Uma moça jovem de feição séria se pronunciou alto outra vez. Apoiando-se no batente da porta agora entreaberta. Passou o olho pela prancheta em mãos antes mirar a atenção para o pessoal. Ao menos Theo pensou assim a princípio. — Daqui a pouco é você, rapaz. E peço desculpas pelo transtorno. Hoje está uma bagunça. — Disse quase que de forma robótica antes de ajeitar os óculos de grau cor vinho e voltar a ler os papéis.

— S-Sem problemas.. — Murmurou numa lufada de ar. Sua visão ficando turva vagamente mas tratou de se sustentar por uns segundos na parede. Passou a mão pelo rosto. Ele não ia conseguir, não sozinho.. ele precisava de Corey com ele. Só assim para funcionar e acabar logo.

Durante os pensamentos acelerados mal percebeu o andar da fila. Seu ritmo cardíaco aumentando e tirando qualquer possibilidade de manter sua percepção do ambiente estável. Só pensava na sala, e nas enfermeiras com aqueles trajes brancos e luvas. Um dos detalhes que o aterrorizava juntamente, e até hoje não encontrou explicação plausível.

Sentiu uma pontada forte no peito. Sua garganta secando. Apertou os dedos uns nos outros estralando-os numa tentativa para aliviar boa parte da tensão. Porém, isso não o ajudou como nas vezes anteriores. Claro que nas outras não estava sozinho, mas.. se via sem saída. Não queria entrar, ele simplesmente não podia...

— Por aqui, senhor. — Ouviu de relance a mulher de minutos atrás. Só não sabia se era consigo ou se a garota falava com outro alguém. De qualquer modo soou tão distante, como se estivesse se debaixo d'água. Não importava de todo jeito. Seu corpo parecia ter petrificado, assim como seus olhos voltados ao chão. — Ei, após ele você já poderá entr-

Os calcanhares de Theo se moveram sem que ele ao menos esperasse. Sua respiração mais pesada a cada passo. Fazendo-o cambalear em curtos intervalos e ir se guiando pelas paredes. Sua visão piorando repentinamente não ajudava em nada. Mas não era como se fosse culpa dele ou que pudesse evitar com facilidade.

Seu corpo reagia assim, e o melhor a se fazer seria então seguir os instintos e fugir. Ele poderia tentar outro dia.. um dia bem distante.


Suas pernas cederam subitamente ao virar a esquerda no corredor. Chegando em outra área menos cheia de pessoas e todo aquele falatório sem fim. Apoiou-se nos joelhos tentando recuperar o fôlego com o passar dos segundos. Permitindo-se sentar no piso. As costas apoiadas na parede.

Theo piscou tentando normalizar sua vista enquanto isso. Respirando fundo diversas vezes afim de esfriar a cabeça. Ele odiava esta fobia, odiava com tanta força. Era ridículo. E o tornava patético em níveis críticos. Uma bagunça completa.


Os insultos vinham feito uma avalanche preenchendo sua mente. O que só contribuía para agravar mais seu estado. Os olhos verdes não demoraram a marejar.

— Eu n-não aguento mais.. — Negou devagar com a cabeça. Sua respiração trêmula. As lágrimas molhando suas bochechas. Logo trouxe as pernas de encontro ao peitoral, abraçando-as e se encolhendo. Ele tremia nitidamente. — Por que eu tenho que complicar tanto as coisas? — Sua voz falha e embargada saindo tão baixa que sem dúvida se estivesse falando com alguém, não o ouviriam.

Theo abaixou o olhar por um momento. Querendo apenas evaporar. Ir para qualquer lugar desde que fosse longe
daquele maldito hospital.

Não tinha outra opção, não é? Ele não conseguiria entrar naquela sala de qualquer forma, e o único jeito que parecia martelar seu juízo era evitar ao máximo o corredor de onde saiu até ver a área limpa o suficiente para se esgueirar rumo a saída sem ser visto.

O chamariam de novo se passasse por ali, e sinceramente só de pensar na provável hipótese, seu corpo gelava. Theo engoliu em seco apertando os lábios. Enxugando de maneira irritada as lágrimas em seu rosto. Em seguida enterrou a cabeça nos braços. Decidindo ignorar por hora o ronco que seu estômago emitiu mais uma vez.

Ignorar, esse sempre seria o melhor caminho na filosofia de Theo Raeken. Até mesmo quando o prejudicasse.

As conhecidas palavras irritantes de sua mãe ecoaram em sua mente. Fazendo-o bufar aborrecido mas ainda assim manter-se na mesma posição. Sua mãe podia ser muitas coisas boas, mas também era perita em o magoar. Agradecia todos dias por ter saído de casa. Pois no fim, ela não o entendia por inteiro, esse era fato.

Ninguém o entendia. E as vezes nem o próprio compreendia os medos que tinha. Como se pertencessem a uma outra versão dele. Permanecer quieto era bem melhor. Desde pequeno adotou esse mecanismo de defesa. E honestamente, até então não estava interessado em mudá-lo.

Havia se perdido total nos pensamentos que nem ouviu quando passos se aproximaram dele. A única coisa que o despertou foi um pigarrear súbito que soou. Atraindo sua atenção para cima.

Não sabia se era bom ou ruim está vendo aquele belo par de olhos azuis novamente. Mas tinha certeza que ajudou com boa parte de seu pânico. Embora odiasse admitir.

— Uhm.. tá tudo bem? Pensei que nem estaria aqui a essa altura. — Liam olhou para os lados checando ao redor, como se estivesse caçando a ameaça que deixou o outro naquele estado. Logo voltando o foco a Theo, que se retraiu em reflexo. — Desculpa.. é que esse é o corredor que leva para o quarto da minha mãe. Acabei de sair de lá. — Explicou-se brevemente. Encolhendo os ombros. Parou então para analisar melhor o Raeken, notando os rastros das lágrimas pelas bochechas antes adoravelmente rosadas.

O loiro não soube bem o porquê de sentir um aperto no peito ao ver aquilo. Mas quando se deu conta já foi se acomodando no chão ao lado de Theo. Que por sorte não pareceu incomodado. Ao menos ele torcia para que não.

— Acredite.. ir embora era o que eu mais gostaria agora. — Theo confessou num murmúrio. Fungando um pouco enquanto limpava com a manga do moletom algumas das lágrimas que haviam descido por sua bochecha direita. Ele abaixou a cabeça sentindo-se acanhado, após perceber a mudez do outro. — Foi mal, eu.. não tô tendo um dia bom. Só isso. — Completou meio sem vontade de esclarecer, enquanto brincava com os próprios dedos.


— Não precisa se desculpar por está no limite. Ninguém é obrigado a se manter forte o tempo inteiro. — O tom acolhedor e o modo como o loiro não parecia só tomado pela curiosidade ao se sentar ali com ele. Theo não entendeu muito o porquê, mas não se irritou dessa vez com a aparição repentina de alguém como em todas as suas crises. Na verdade, até preferia não ficar mais sozinho neste instante. — E.. se quiser contar o que tirou seu sorriso tão rápido. Sabe.. faz bem. Ou se preferir eu posso ir e-

— Não! Por favor.. — Theo mal assimilou os próprios movimentos. Somente percebeu no segundo seguinte sua mão esquerda segurando firme o braço do rapaz loiro, que para sua surpresa não se assustou. — Desculpa, e-eu.. — Engoliu em seco se xingando mentalmente por gaguejar. Respirando fundo. — Só não me deixa sozinho agora. — Pediu não se importando que tecnicamente era um estranho com quem havia conversado só por algumas horas. Liam assentiu mínimo concordando de prontidão, ajeitando melhor a postura.

— Tudo bem. Eu não vou a lugar nenhum. — Garantiu com convicção, arriscando pousar sua mão sobre a do outro. Seu olhar genuinamente preocupado enviando um certo conforto para o mais velho. — Seja lá o que tenha acontecido. Eu sinto muito. Se eu puder ajudar em alguma coisa.. — Tentou seu melhor apesar de não ser muito bom com as palavras ou em consolar em si. Theo riu baixo de maneira sarcástica por um momento, direcionando o olhar para suas mãos unidas. Apertando de leve o braço de Liam.

— O problema sou eu mesmo. E não tem como consertar.. — Foi tudo o que Raeken conseguiu formular. Sua respiração engatando um pouco. O nó clássico se formando em sua garganta. Não queria chorar na frente do outro rapaz, mas hoje em específico parecia que não tinha controle sobre mais nada em si.


— E quem foi o idiota que te disse isso? Todos temos dificuldades, Theo. Mas isso não quer dizer que somos falhas completas.. — Liam nem sabia se seu conselho poderia fazer algum sentido para o problema do outro. Mas de qualquer jeito nem teve tempo de prolongar muito aquele momento para saber a fundo.

Logo uma voz extra se fez presente no início do corredor. Chamando a atenção de ambos, mas principalmente, alarmando Theo. Era uma moça com o clássico traje branco do hospital, e parecia bem confusa e apressada. Liam franziu a testa intrigado, ainda mais ao notar o aperto em seu braço aumentando.


— Senhor Raeken, pelo amor de deus. Não pode simplesmente sair assim. Temos um cronograma com os horários e você precisa entrar lá para fecharmos ele. — A garota veio dizendo em seu timbre sério. Nitidamente tentando disfarçar a irritação mas falhando. Os dois homens se levantaram mostrando escutá-la com atenção. Apesar de Theo está mais interessado em se escorar em Liam. Ela arrumou a prancheta em mãos ao se colocar na frente deles, encarando Theo. Esperava por uma explicação. — No próximo mês o laboratório estará fechado para as manutenções diárias. Não pode mais adiar. — Avisou não escondendo a leve preocupação mas a pitada de impaciência se destacava.


Theo desviou o olhar para os próprios pés por um tempo antes de negar devagar com a cabeça. Sua inquietação voltando em segundos, assim como a falta de ar.

Liam arregalou de leve os olhos ao sentir o tremor repentino nas mãos do mais baixo, desviando o olhar para elas. Não hesitou em segurá-las junto as suas num aperto firme e carinhoso. O que pareceu estabilizar um pouco Theo para que ele pudesse ao menos falar.

— Desculpa m-mas eu não posso.. não consigo.. — A voz do Raeken embargou na última parte. Ele comprimiu os lábios sentindo os olhos arderem das lágrimas acumuladas. A garota franziu a testa analisando-o de cima a baixo. Theo ofegou esforçando-se para continuar, tentando afastar o choro a todo custo. — Eu só não posso, tá bom? Espero até que vocês retornem o funcionamento..


— Não é bom você adiar exames assim. Ainda mais levando em conta o tempo considerável que ficou sem fazer um check-up. — A mulher tentou ser um pouco cuidadosa ao abraçar a prancheta contra o peito. Sua expressão minimamente suave. Ela sabia. Theo constatou, o que só trouxe com mais intensidade a vontade de desabar. — Olha, os outros pacientes já foram. Pode ser mais confortável pra você sem as outras pessoas por perto.. — Sugeriu em seu tom mais gentil. Porém, Theo negou veemente com a cabeça. Só a ideia de ir para não estava ajudando.

— Eu não quero, não quero.. — Disse um tanto firme, comprimindo os lábios. Soou mais como choramingos, honestamente. Mas ele não se importava mais. As lágrimas que até então repremia, logo molhando suas bochechas. Ele deu dois passos para trás de forma desajeitada, quase caindo por pouco se não fosse pelo braço direito de Liam em sua cintura. — Por favor.. não insiste. — Suplicou pela última vez ao erguer meramente a mão esquerda em defesa. Com medo de que a outra o levasse a base de puxões. Seu choro aumentando gradativamente, assim como o desespero.

Liam não foi capaz de simplesmente ficar parado assistindo aquela tortura. Então, sem cerimônia envolveu o mais baixo num abraço protetor. O qual Theo aceitou depressa.


Ele escondeu o rosto na curvatura quente do loiro, agarrando o tronco do mesmo como se sua vida dependesse disso. Que o diga suas juntas já brancas pela força que fazia ao segurar punhados da camisa do Dunbar no aperto.


A mulher que os assistia, no fundo, sentiu certa pena. E até cogitou só ir embora. Mas precisava ser feito. E de todas as diversas fobias com que já se deparou em seu ramo. Aquela sem dúvida, não era um bicho de sete cabeças. Tinha solução.

A respiração pesada de Theo batia num ar morno contra o pescoço de Liam, que esfregava suas costas enquanto isso. O loiro temia não conseguir acalmá-lo devidamente, pois se continuasse neste ritmo não levaria muito tempo até acarretar num ataque de pânico pior.


— Tá tudo bem.. shh.. você não está sozinho, Theo. — Dunbar assegurou em sussurros rente ao ouvido do outro após respirar fundo. Permanecendo com os carinhos na nuca do de olhos verdes. Ousou depositar um beijo na têmpora do rapaz assustado. Logo redirecionando sua atenção à moça a sua frente, que parecia pensativa.

— Passe o máximo de segurança a ele enquanto converso com as enfermeiras lá dentro. — Ela pediu num tom calmo assim que saiu do breve transe. Não demorando a mover os calcanhares para longe. — Vai dá tudo certo desde que fique com seu namorado lá dentro. Sério, juro pra você. — Garantiu um tanto apressada. Logo dando as costas. Liam permaneceu meio estático por uns segundos. Os lábios entreabertos. Sua expressão era de completo acanho.

— Mas ele não é o meu.. — Deixou escapar no automático mas de qualquer modo ela encontrava-se longe demais para ouvi-lo. O Dunbar suspirou dando de ombros. Apenas apoiando a lateral do rosto contra os cabelos de Theo, que ainda soluçava um pouco, mas parecia mais estável com o passar dos segundos. — Você tá seguro tá bom? Confie em mim.. — Disse num murmúrio atencioso. Sentindo o aperto das mãos do outro em suas costas, diminuindo.

— E-Eu confio.. — Foi tudo o que Raeken conseguiu proferir. Ele esfregou brevemente o rosto no ombro do mais alto, como se buscasse por mais conforto. Liam sorriu singelo, aumentando as carícias no couro cabeludo do rapaz.

Estava satisfeito sim por vê-lo mais calmo. No entanto, o desafio real seria daqui alguns minutos até convencer Theo de ir até aquela sala. Liam nunca imaginou que seu dia poderia ter esse acréscimo inusitado.




*


Durou uns bons cinco minutos a conversa até que Liam fizesse Theo se mover para fora do corredor. Não que fosse alguém muito persuasivo mas ele tinha algumas cartas na manga quando preciso. E uma delas foi a clássica ameaça de levar o Raeken no colo se preciso.

E como Liam pôde observar. O mais baixo era orgulhoso demais para confessar que até queria uma atitude daquelas.

Contudo. Claro que foi fácil demais até terminar o trajeto, pois a parte difícil se desenrolou assim que Theo pisou na sala e seus olhos foram direto à agulha que infelizmente, uma das enfermeiras não conseguiu esconder a tempo de seu campo de visão.

Ele não queria desgrudar do loiro por nada desde então. E sorte que ainda não havia se passado tanto tempo, mesmo que a equipe estivesse quase desistindo.

— Querido, por favor, já passou do horário do nosso almoço. Colabore e será rápido. — Uma das enfermeiras de aparência mais velha, disse de um jeito nítido tentando negociar. Mas Theo somente negou com a cabeça, seus braços bem presos ao redor do pescoço de Liam que abraçava sua cintura. — Ai minha nossa.. — Ela resmungou virando-se e olhando para o teto, como se a paciência estivesse ali nas lâmpadas.

— Ficar rodeando ele com isso não vai adiantar, Agatha. — A mesma moça que os escoltou para a sala, afirmou num tom óbvio. Fazendo a colega de trabalho bufar. — E ele já chorou demais em poucos minutos. Não queremos outra rodada, não é? — Ela avisou retoricamente. A colega se calou, abaixando a agulha e recostando-se no balcão onde possuía os tubos que precisariam encher.

Theo somente observava elas quieto, por cima do ombro de Liam. Mal escutando os outros ao redor. Seus olhos meio avermelhados e inchados assim como a ponta de seu nariz. Quem o visse de longe poderia jurar estar vendo uma criança se não fosse por seu porte e altura.

Era quase como se não fosse ele realmente. O medo o comandava demais, e era algo tão instintivo. Um pânico avassalador.. ele não sabia bem o porquê. Ou como surgiu exatamente. Talvez estivesse sempre dentro dele e só precisou de um gatilho terrível. Raeken odiava não se entender por completo. Mas ele entendeu uma única coisa em segundos.

Com Liam, ele se sentia seguro. Como nunca se sentiu antes. E estar ali praticamente ouvindo os batimentos cardíacos do outro. Era surreal de bom, e até familiar de um jeito curioso. Só sabia que não conseguia soltá-lo. Ainda não.

Sentiu de súbito um carinho em seus cabelos que o incentivou fechar os olhos. Quase desligando-o. Constatou que o loiro tinha os melhores carinhos também.

— Já sei o que pode funcionar. Mas não garanto que ele não vá se debater de início. — Liam soou o mais confiante que pôde. Tentando não elevar tanto a voz após reparar no relaxamento de Theo em resposta a seu cafuné. — É bem ali onde ele deve se sentar, né? — Indicou a cadeira espaçosa com o olhar. As enfermeiras assentiram em concordância.



— É tudo ou nada. Então, por favor. — A enfermeira comentou dando mais passagem ao loiro, executando um gesto com a mão rumo ao lugar. Liam a lançou um sorriso leve. Enfim, juntando coragem. Vendo como faria.

Ele se moveu minimamente de início só para checar se Theo perceberia. Logo erguendo em seus braços no estilo nupcial o rapaz mais baixo, que soltou uma exclamação surpresa em reflexo.

Dunbar se acomodou rápido na cadeira acolchoada trazendo o outro para seu colo, não tardando em segurar o tronco do mais velho e o braço esquerdo contra seu peitoral. Enquanto isso a enfermeira cuidou em manter o direito de Theo esticado para pousá-lo na braçadeira. Uma das outras colegas com o repetitivo traje branco, aproximou-se com o que ele mais temia em mãos. Instigando-o a se encolher.

— Não! Me solta, porra! — Theo gritou entredentes em meio as tentativas para se livrar do aperto. Mas estava tão exausto fisicamente que todas foram inúteis no fim, ainda mais comparando sua força com a de Liam no momento. Raeken choramingou alto deixando sua cabeça cair no ombro direito do loiro, não demorando a sentir a ponta da agulha perfurando sua pele. — Por favor, tá doendo... — Sua voz embargada e chorosa querendo ou não, amoleceu os corações das enfermeiras. Junto a do Dunbar que só queria simplesmente levá-lo dali de uma vez.

— Já vai passar.. fica parado agora, por favor. — Liam pediu de um jeito carinhoso. Ignorando o nervosismo por hora. Sua mão percorria os fios meio claros do mais velho neste meio tempo, dando seu melhor para tranquilizá-lo. — Eu tô aqui lembra, meu bem? — Soou retórico impressionando-se por ter saído tão calmo. — Vai ser rápido, eu prometo. — Disse convicto, tentando não desabar junto por ouvir os soluços do outro bem próximos de seu ouvido. Ele mirou as orbes azuis para o procedimento que a profissional fazia, vendo-a pegar outro tubo. — Quantos serão? — Questionou alarmado, mas se controlou no último segundo. Aumentando o aperto em Theo por reflexo após senti-lo querer se debater.

— Três no total. Esse é o segundo. — A moça informou num timbre até que agradável. Parecendo concentrada em agilizar, mas principalmente executar tudo certinho. — Continue falando com ele, de preferência perto do ouvido. Isso ajuda a acalmar um pouco pacientes com aicmofobia. — Explicou sendo breve, sem desviar o olhar do sangue que preenchia o objeto de vidro. Liam assentiu franzindo a testa vagamente. Era cada nome que davam para as fobias.

— Theo? — Chamou num tom doce. Acariciando a cintura do outro de forma lenta. Recebeu um resmungo um tanto manhoso como resposta. O que acabou por arrancar um fraco sorriso do loiro. — Sabe.. você definitivamente chamou minha atenção. E sabe por quê?— Nem soube como teve a capacidade de enfiar a vergonha naquele lugar. Mas ao se dar conta, as palavras só.. fluiam. — Seus olhos fofos, e a cor única que eles têm, parece que nunca vi nada parecido. E esse.. seu sorriso acolhedor com aura infantil que todos deveriam ter o privilégio de ver, e sem contar nos.. seus lábios. Sem dúvida, me hipnotizaram ridiculamente rápido.. — Suas palavras preenchiam os ouvidos do Raeken, que parecia ter paralisado diante aquilo. O que obviamente preocupou Liam, já que a circunstância ainda não mudava tanto o fato dele ser só um estranho para o outro.

Mas Theo conseguiu surpreender o loiro assim que escondeu mais o rosto contra o pescoço dele. Aconchegando-se na curvatura, como se estivesse acanhado.

Liam emitiu uma risada boba ao constatar, logo notando que o mais velho buscava sua mão esquerda com certa dificuldade. Ele não hesitou em agarrar os dedos trêmulos do outro, movendo o polegar sobre a pele num carinho. Theo suspirou fundo se dando por vencido finalmente. Até porque o jeito seria esperar acabar. Não tinha outra opção.

— Estamos quase... pronto. — A enfermeira anunciou de repente. Seu timbre um tanto divertido até. Não demorou em retirar a agulha e pousar um pedaço pequeno de algodão sobre o furo. Liam soltou o ar pelo nariz em alívio nítido. Comemorando internamente antes de guiar a mão para manter o algodão no local pedido assim que a moça se afastou um pouco para organizar os tubos cheios. — Fiquem tranquilos, garotos. Ele não é o primeiro a reagir assim a esse exame. Pode acreditar. — Garantiu de maneira cuidadosa e uma postura meio maternal. Olhando para eles sobre o ombro. — A equipe vai na frente e eu também. Mas podem ficar por aqui alguns segundos até ele se acalmar mais. Lá no andar inferior ainda há muito falatório. — Alertou de forma breve para então pegar em mãos o recipiente onde residia os tubos bem encaixados. Ela sorriu amigável na direção deles.

Liam retribuiu em agradecimento. Vendo-a rumar na direção da porta aberta e sumir pelo corredor.

Seu foco não hesitou em cair para seu colo. A tempo de ver aquele adorável par de olhos verdes lhe observando. Ainda que possuíssem um aspecto abatido, continuavam lindos. Liam guiou a mão esquerda sem soltá-la propriamente do aperto da de Theo, usando apenas os dedos para acariciar a bochecha do rapaz.

Este se encolheu um pouco a princípio. Mas então relaxou, inclinando-se mais para o toque. Antes de suspirar pesado depois. Liam o analisou sentindo a frustração praticamente irradiando do menor. E imaginava mais ou menos o que poderia vir, mas outra vez, se enganou.

— Eu.. sinto muito, mesmo. Por toda essa cena... — Theo murmurou cansado, enfim afrouxando aos poucos o agarre na mão do outro, quase afastando seus corpos. Liam franziu a testa, não gostando muito do rumo daquilo. — Juro, a última coisa que eu queria, era você vendo esse meu lado idiota primeiro.. isso se... Eu tivesse coragem de te ligar. — O mais velho riu fraco mas sem humor de fato. Fungando após isso e abaixando o olhar de um jeito tímido. — Sério, eu.. não sou o tipo de pessoa que vale a pena, Liam.. — Afirmou com tanta convicção que assustou o loiro de forma instantânea. Por pouco deixando-o sem ação. Aquilo era absurdo demais.

Theo preparou-se para se levantar do colo do outro e simplesmente seguir seu rumo para o mais longe possível daquele hospital. Porém, seu braço foi segurado. Mantendo-o no lugar. O agarre não o machucava, pelo contrário, era até cuidadoso.

O de olhos verdes reuniu coragem para encarar direito o rosto do rapaz loiro. Esperando encontrar pena. Mas o que detectou foi mais complexo que isso.

— Eu sei que.. não posso nem imaginar como foi e é difícil ter que lidar com tudo isso todas as vezes nessas ocasiões.. — Liam umedeceu os lábios, organizando mais a mente. Ousando puxar Theo pela cintura um pouco mais para frente sobre suas coxas, tal ato esse que fez Raeken piscar atônito. — Ou até.. ouvir de alguém muito próximo, que você é complicado e sem solução. Mas uma coisa é certa; nada disso foi sua culpa, Theo. Precisa entender isso. Nem sempre vamos ter total controle de como nossos corpos vão reagir perante uma ameaça. Ainda mais quando estamos lidando sozinhos.. — Continuou. Seu tom sereno em cada palavra, trazendo uma paz estranha ao mais velho. Que por uns segundos sustentou uma feição indecifrável, até seus olhos claros começarem a marejar. Liam suspirou, deixando a mostra a sombra de um meio sorriso. — Posso sim ser só um desconhecido que o ajudou em partes. Mas saiba, que você foi forte. E deve se orgulhar por superar essa dificuldade todos os dias. — O loiro sabia internamente que neste momento estava sendo sincero pela primeira vez na vida. Mas Theo não precisava saber.

E ao contrário de Dunbar agora. Theo mal conseguia formular uma frase inteira em seu raciocínio, que dirá se expressar verbalmente. O choque em ouvir tudo aquilo era grande, mas a sensação era boa. Diferente de muita coisa que já sentiu.

As lágrimas acumuladas trilharam suas bochechas silenciosamente, assim como sua resposta que fluiu através de um abraço. Foi o melhor que Raeken pôde fazer naquele instante.

Liam riu anasalado em surpresa ao passar os braços pelo tronco do menor. Que instintivamente havia mudado de posição no colo do Dunbar. Agora com as duas pernas de cada lado sobre as coxas do rapaz. 

Ele definitivamente não se incomodou nenhum pouco.

— Obrigado.. — Theo murmurou rente ao ouvido do mais novo. Se aconchegando mais após senti-lo acariciar suas costas no aperto firme. — Ninguém nunca me entendeu tanto assim antes.. apenas... me julgavam e só. — Engoliu em seco logo deitando a cabeça no ombro do loiro. Notando em seguida a mão do mesmo subir rumo a seus cabelos na área da nuca. Okay, ele não deveria se sentir tão a vontade assim com um desconhecido.

Mas era tão viciante o modo como parecia certo. Deixaria os detalhes sobre tempo de convivência para depois.

— Quem te julga com certeza é o problema real. Ou seja, você vale a pena sim. E muito. — Liam fez questão de enfatizar a última parte num sussurro rente a orelha do menor. Que acabou por se arrepiar automaticamente. Mas Dunbar fingiu não perceber. Em respeito a timidez do outro. Somente continuou com os carinhos, balançando-o um pouco em suas pernas. — Está melhor agora? — Soou gentil. Realmente preocupado. Recebeu um cantarolar curto em confirmação. Liam assentiu satisfeito. — Não quer comer logo alguma coisa? Já passou muito tempo.. — Alertou tentando não soar apressado.

— E isso envolve eu ter que sair daqui? — Theo questionou, dessa vez, sem um pingo de vergonha. A manha carregada em sua voz. Dunbar com certeza não estava preparado. — É que.. tá sendo o melhor abraço em meses pra mim. — Confessou baixinho no surto de coragem. Não demorando a se encolher encabulado. Liam riu fraco firmando mais os braços ao redor dele.

— E que tal.. a gente continuar isso depois, se quiser é claro. Mas em troca, você aceita sair comigo pra um lanche? — O tom amigável não disfarçou tanto assim a insegurança do loiro. Mas ao menos havia tentado. Uma breve quietude durou alguns segundos. Até Theo se mexer no abraço, afastando minimamente o tronco do peitoral do outro para fitá-lo. — Tudo bem se você não..

— Eu seria maluco se não aceitasse. — Theo foi rápido em interrompê-lo. Não se importando muito sobre ser discreto assim que levou as duas mãos para segurar cada lado do rosto do rapaz. — O que disse sobre meus lábios mesmo? — Se fez de desentendido. Observando os detalhes no semblante do Dunbar, que ergueu as sobrancelhas meio abobado. O mais velho não conteve-se na demora ao levar o foco para os lábios carnudos.

Em dias normais, estaria em casa se perguntando por que quase sempre algo tinha que acontecer para o chatear. Sendo sobre sua mãe, problemas internos ou o trabalho. Porém, agora poderia levar o tempo que fosse para tentar entender como em meio a uma crise, tudo se encerrou tão.. estranhamente equilibrado.

Mas de uma coisa tinha segurança. Pela primeira vez em sua existência. Não deixaria algo escapar tão facilmente por seus dedos. Ou melhor, alguém.

A paixão aumenta em função dos obstáculos que se lhe opõem.








~~~~x~~~~


Não resisto as citações de Shakespeare >< 💕

Lembrando que o intuito passado aqui não é de zombar ou algo do tipo sobre pessoas que têm essa fobia com agulhas. E sim de alertar que elas precisam de mais compreensão, suporte e essas coisas. Cada um sabe o nível de seus medos, e já basta a fobia em si ser limitante. As pessoas não precisam tornar tudo ainda pior :)

E espero ter passado bem o medo dele já que precisei pesquisar um tico pra poder entender parcialmente pessoas assim pq não tinha ideia skksksksk Sou de boa pra tirar sangue e essas coisas, até durmo na cadeira da coleta KAKAKKS então pse, digam ae plss ❤️

E caso ninguém tenha entendido os sinais 👉 Abordei o lance vidas passadas. O fato do Theo não saber bem o porquê de ter esse medo, interliga à resposta: quimera do ""mal"" e todos os babados que a gente já sabe sobre o que ele passou com os Dread Doctors 😢 Liam e ele se já se conheciam da vida anterior (universo de Teen Wolf) e nessa vida mostrada, eles tiveram o privilégio de se reencontrar novamente. Eh isto 💫💘

Espero que tenham gostado!!! Ainda vou aparecer de novo com outras coisas 👀🍸 Até!!!!!!!!

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