FELIZ NATAL, MINI MAR!

! Violet Jophy ¡

DEPOIS DE MESES FORA, finalmente estava de volta. Percy e eu descemos do carro em frente à minha casa, o ar gelado de dezembro cortando a pele, mas aquecendo o coração com a promessa do Natal. Era estranho estar aqui depois de tanto tempo. Parecia que o mundo havia mudado desde que saímos em nossas missões, mas aquela casa... aquela casa era um ponto fixo, um lugar que eu sempre pude chamar de lar.

Olhei para Percy ao meu lado e sorri. Ele parecia um pouco ansioso, ajeitando a mochila no ombro e lançando olhares curiosos para a fachada da casa. Passaríamos o Natal juntos, nossas famílias unidas, senhora Jackson disse que Percy podia me convidar para o natal, mas em vez disso, Elizabeth convidou a família inteira e ela aceitou

- Você tá bem? - Ele perguntou

- tô... é que eu não sei qual fase da Elizabeth tá me esperando ali

Quando abri a porta, o cheiro familiar de café e canela me envolveu. Percy entrou logo atrás de mim, e o som suave de uma risada feminina me fez parar. Era a risada de Elizabeth. Não era incomum vê-la de bom humor, mas havia algo diferente dessa vez. Segui o som até a cozinha, onde a encontrei sentada à mesa, rindo com um homem que eu nunca tinha visto antes.

Meus olhos se estreitaram de leve, e minha garganta se apertou com uma mistura de surpresa e desconforto. O homem parecia à vontade, e Elizabeth estava radiante. Mas assim que ela me viu, a risada morreu em seus lábios.

- Violet - ela disse, levantando-se lentamente, um olhar de leve culpa passando por seus olhos. - É... Thomas, essa é a minha enteada, Violet

- Ah, é um prazer! - Ele se levantou

Era um homem alto, muito branco, seus olhos eram azuis e seu cabelo castanho claro, liso e escovado para a esquerda, ele tinha uma pequena barba com fios brancos, mas ele era bonito

- E esse é o Percy, um amigo próximo dela - Elizabeth disse, Percy deu um oi com a mão e um sorriso - É... a gente pode conversar?

- Eu já volto - Falei para Percy e ele assentiu

Então, eu segui Elizabeth para fora da cozinha, meu estômago revirando enquanto ela fechava a porta atrás de nós. Elizabeth respirou fundo, seus olhos cheios de algo entre nervosismo e preocupação.

- Eu sei que isso deve ser... difícil de entender - ela começou, as palavras saindo com cuidado, como se estivesse pisando em gelo fino. - Desde que seu pai morreu, as coisas não têm sido fáceis para nenhum de nós.

Eu não respondi de imediato. Só fiquei ali, ouvindo, esperando por ela continuar.

- Mas... - ela prosseguiu, passando a mão pelos cabelos ruivos em um gesto inquieto - esse homem... estamos saindo há algum tempo. Eu sei que pode parecer estranho para você, Violet. Eu sei que é difícil aceitar. Mas, eu... eu só quero que você saiba que não estou tentando substituir seu pai. Eu só... mereço ser feliz, assim como ele teria querido que eu fosse.

Fiquei em silêncio por mais um instante, sentindo um nó de emoções se formando no fundo do meu peito. Meu pai. A memória dele sempre era um peso dentro de mim, um buraco que nunca parecia se fechar completamente. Mas Elizabeth... ela merecia seguir em frente, não é? Ela também tinha suas dores e suas cicatrizes. E se esse homem a fazia sorrir de novo, quem era eu para impedi-la?

- Eu entendo - murmurei finalmente, minha voz soando mais firme do que eu esperava. - Elizabeth... eu quero que você seja feliz. De verdade. - Meus olhos encontraram os dela, e eu vi o alívio imediato que minhas palavras trouxeram. - Meu pai... ele não ia querer que você continuasse sozinha e triste. E eu também não quero isso.

Ela me olhou por um momento, como se estivesse tentando absorver tudo que eu disse, e depois me puxou para um abraço. Foi estranho e confortável ao mesmo tempo. Eu ainda sentia o peso da ausência do meu pai, mas havia uma aceitação que veio com aquilo. Elizabeth estava tentando seguir em frente. Eu estava tentando, também.

Quando ela me soltou, sorri para ela, mais sincero desta vez.

- Agora vai lá - falei com um aceno de cabeça em direção à cozinha. - Ele parece ser uma boa pessoa. Só... não o assuste.

Ela riu, aliviada, e voltou para a cozinha. Fiquei ali por um segundo, respirando fundo e deixando o peso do momento passar. Eu sabia que meu pai sempre faria parte de mim, mas talvez houvesse espaço para algo novo. Talvez, no fim das contas, a felicidade não fosse tão difícil de aceitar.

- Na real, Dioniso e Ares não são os melhores deuses - Percy conversava com Thomas

Assim que Thomas nos encarou, ele sorriu

- Ai, gostei desse cara, ele curte mitologia. - Thomas sorriu

Encarei Percy tentando decifrar se ele havia falado algo a mais para aquele mortal

- O que? A gente só tava debatendo história - Percy piscou enquanto sorria

Eu ri e abracei ele

- Tá legal, já que vocês dois chegaram, vão me ajudar na cozinha! - Elizabeth riu

(...)

Normalmente, o Natal nunca foi a minha época do ano favorita. Passá-lo com a família de Elizabeth sempre parecia uma tarefa árdua, mil primos, tios e tias falando todos ao mesmo tempo, como se estivessem competindo para ver quem tinha a história mais escandalosa ou quem ria mais alto. Eu nunca me sentia parte daquela família, e eles também nunca fizeram muito esforço para me incluir. Na maioria dos anos, eu me sentava em um canto, observando de longe, meio desconectada de tudo.

Mas esse Natal era diferente. Havia algo especial no ar, uma sensação de calma, como se finalmente eu estivesse no lugar certo. Era só a nossa família e a do Percy, o que trazia uma intimidade aconchegante. Duas mulheres, dois homens, dois adolescentes... e um mini pré-adolescente com energia de sobra.

Também tinha Tyson, o meio-irmão de Percy, estava todo empolgado, correndo pela sala com um chapéu de Papai Noel enquanto tentava roubar cookies antes da hora.

As luzes da árvore de Natal brilhavam em várias cores, piscando suavemente, lançando reflexos pelas janelas cobertas de gelo. A casa estava quente e acolhedora, com o cheiro de pinho fresco misturado ao aroma doce do jantar que Sally estava terminando de preparar na cozinha. Pelo que parece, até tia Sally estava vivendo algo novo, começando um relacionamento com um cara chamado Paul. Ele não tinha muitos familiares próximos, então decidiu acompanhar a gente essa noite. Ele parecia se encaixar bem, rindo com Percy e Thomas sobre alguma piada que eu provavelmente nunca entenderia.

A mesa estava posta de forma simples, mas perfeita. Velas acesas e pratos coloridos que brilhavam sob a luz suave. Elizabeth e senhora Jackson estavam na sala, conversando sobre receitas e memórias de Natais passados.

Eu saí da casa para tomar um ar, segurando um prato de biscoitos e um copo de chocolate quente. A rua estava inteira decorada com luzes brilhantes que refletiam na neve recém-caída. O cheiro doce de pinheiro e o som distante de risadas e música vinham da casa, mas minha mente estava longe. Eu pensava em Zoë, Bianca e Zoey... especialmente Zoey. Se ela estivesse aqui, provavelmente me acompanharia, rindo e fazendo piadas sobre o Natal. Um suspiro escapou dos meus lábios antes que eu percebesse.

A porta de trás se abriu e fechou suavemente. Eu não precisei me virar para saber quem era.

- Posso te acompanhar? - Percy perguntou, se posicionando ao meu lado.

- Fica à vontade - respondi com um pequeno sorriso, sentindo a presença dele aquecer o ar ao meu redor.

Ele olhou para o céu por um segundo antes de falar de novo.

- Acho que o Bruce está irritado porque o Wi-Fi caiu - ele disse, rindo.

- É, provavelmente ele estava conversando com os amigos da escola - murmurei, pensando no meu irmãozinho. - Ele cresceu tanto...

- Pra caramba. Nem parece mais aquele menininho que te atacou com um abraço quando você abriu a porta naquele verão - Percy riu, a lembrança clara em seus olhos.

- Ele era um bebê naquela época... - comentei, meu tom suavizando ao lembrar.

O silêncio caiu sobre nós de novo, o tipo de silêncio que não era desconfortável, mas fazia o ar vibrar com algo não dito. Eu pensei em tudo o que havíamos passado naquele ano. Toda a dor, o medo... e a gratidão por ainda estarmos aqui. Olhei para Percy e me lembrei de vê-lo quase morrer sob o céu. Era uma imagem que eu nunca mais queria ver.

- Bom... e a Theo? Falou com ela recentemente? - perguntei, tentando quebrar o silêncio.

Percy parecia desconfortável por um momento, desviando o olhar para a neve aos seus pés.

- Ah, sim... - ele respondeu lentamente.

- Ela se declarou pra você, não foi?

Ele assentiu, a tensão evidente em sua postura.

- Foi.

- E o que você falou?

Percy suspirou, seus olhos agora fixos nos meus, como se estivesse reunindo coragem para o que viria a seguir.

- Não é dela que eu gosto. Eu gosto de outra garota.

Meu coração apertou no peito. Tentei sorrir, mas senti um leve tremor nas mãos, apertando o copo de chocolate quente como uma âncora.

- É mesmo? - perguntei, tentando manter a voz leve, mas falhando.

Percy sorriu de lado, mas havia algo nos olhos dele que parecia diferente. Uma vulnerabilidade que eu não estava acostumada a ver.

- Sim. Ela é... bem, incrível, sabe? Ela tem esse jeito sarcástico que sempre me faz rir, mesmo quando ela está me chamando de mini mar. Ela é linda, mas de um jeito que vai além do que dá pra ver. Ser filha de Afrodite parece que só intensifica tudo, mas é a forma como ela age que realmente me atrai... a força dela, a determinação. Ela é teimosa, irritada às vezes, mas eu acho que isso só a torna mais... ela.

Percy olhou para o chão, como se estivesse reunindo coragem.

- O problema é que... ela não sabe se gosta de mim.

Meu coração disparou no peito, e eu senti o sangue subir até minhas bochechas. A ficha caiu com força. Ele estava falando de mim.

- Percy... - minha voz saiu como um sussurro, carregada de emoção. Eu não sabia o que dizer, o que pensar. Tudo o que eu havia sentido naquele ano parecia se alinhar de repente.

Ele levantou a mão, interrompendo meu pensamento, mas seus olhos nunca deixaram os meus.

- Eu não quero te pressionar, Violet. Não estou dizendo isso pra você se sentir obrigada a nada. Eu só... eu só precisava te dizer. E se você não sentir o mesmo, tudo bem. Eu só quero que você saiba que, independentemente de qualquer coisa, você é a pessoa mais importante pra mim.

Aquelas palavras fizeram algo dentro de mim desmoronar. Sem pensar duas vezes, larguei o prato e o copo na neve, virei para ele e, em um movimento rápido, o beijei.

O choque nos olhos dele durou apenas um segundo antes de ele corresponder, suas mãos segurando delicadamente minha cintura, como se tivesse medo de me quebrar. O mundo ao nosso redor desapareceu. As luzes de Natal, o frio da noite, o som distante de risadas. tudo se apagou quando nossos lábios se encontraram.

Eu senti meu coração bater forte, minhas mãos subindo até o cabelo dele, puxando-o para mais perto. O beijo era cheio de todas as palavras que nunca dissemos, de todo o medo que compartilhamos e toda a esperança que ainda tínhamos. Era como se, naquele momento, tudo finalmente fizesse sentido. As peças do quebra-cabeça de nós dois finalmente se encaixando.

Quando nos separamos, ambos ofegantes, Percy me olhou com aquele sorriso torto que eu tanto amava, os olhos brilhando como nunca antes.

- Eu... acho que isso responde minha pergunta - ele disse, sua voz baixa, mas cheia de felicidade.

Eu sorri, sentindo uma onda de alívio e felicidade me inundar.

- Percy Jackson, você realmente não percebe o quanto eu gosto de você, né? - eu respondi, rindo suavemente.

Ele riu também, puxando-me para perto de novo, enquanto o brilho das luzes de Natal refletia na neve ao nosso redor.

Ouvimos a porta de trás se abrir e nos afastamos tão rápido quanto um raio.

- A gente vai comer, vocês vem? - Bruce perguntou

- Claro, a gente tá indo - Falei

- Beleza - Ele disse e voltou seu rosto para seu celular

Eu e Percy nos encaramos e começamos a rir sem parar e então nos levantamos

- Estamos aqui, não comecem sem a gente - Eu falei me sentando na cadeira

- Finalmente, onde estavam? - Tia Sally perguntou servindo um prato

- É... brincando na neve - Percy respondeu

- Ah, depois que eles abrirem os presentes, podemos brincar na neve também? - Tyson perguntou

- Claro! E eu comprei um presente pra você também, Tyson - Sally disse

- Pra mim? Tipo, de verdade? - Ele perguntou

- Claro!

- Nossa, eu nunca ganhei presentes

- Nunca? Tipo, nunca mesmo? - Thomas perguntou surpreso

- É, não

- Bom, tem uma meia com seu nome, espero que você goste de doces, Tyson - Elizabeth disse se servindo

- Eu amo doces! - Tyson disse

- Voce vai curtir o Natal! - Bruce disse enquanto digitava algo no celular

- E você mocinho - Elizabeth disse pegando o celular de Bruce - Vai curtir o Natal, ao vivo!

- Mãe! Eu já sou grande

- Então aja como alguém grande

Eu ri bagunçado seus cabelos ruivos de implicância

- Aí Violet! Mãe, briga com ela, ela tá arruinando meus lindos cachos - Ele murmurava enquanto eu ria

Comemos e finalmente, fomos para sala abrir os presentes, Bruce ganhou um videogame novo, depois disso ele é Tyson não saiam de trás das telas

Tyson ganhou um jogo de tabuleiro (o que também foi um grande entretenimento na noite), Percy ganhou uns ingressos de um show na praia, ele ficou meio confuso mas convidou nós para ir com eles. E eu ganhei um par de patins novinhos.

E finalmente, depois de Sally e Elizabeth nos cobrir do pé a cabeça de agasalhos, brincamos na neve, fizemos bonecos de neve, anjo na neve, guerra de neve.

Quando era no fim da madrugada, os adultos decidiram sair para andar no condomínio, eles provavelmente bebiam e caminhavam.

Bruce e Tyson haviam adormecido e eu e Percy estávamos assistindo TV, um filme de Natal.

- Bom, eu tenho um último presente - Percy disse

- Uau, você é uma caixinha de surpresas, o que? - Perguntei

Ele me entregou uma caixa, uma pequena caixa, assim que eu abri, vi um lindo colar com a letra "V" ele era dourado e a letra era preenchida com pedras brilhantes

- Nossa Percy, é lindo! Obrigada! - Dei um beijo rápido no loiro. Então Percy colocou o colar em meu pescoço.

- Ficou lindo em você - Ele disse encarando o colar

- É porque o comprador tem bom gosto - Sorri

De repente, eu o encarei seria e pensativa

- O que houve? - Ele perguntou

- Você está mesmo disposto a ser a criança da profecia? - Perguntei preocupada

- Violet, eu...

- Eu sei, não pode botar Nico em perigo mas... eu não quero te perder - Falei encarando ele

- Você não vai! - Ele me abraçou

Enquanto as primeiras luzes do amanhecer começavam a surgir pelas janelas, nós dois ficamos ali, lado a lado, assistindo ao fim do filme de Natal, sabendo sobre aquilo, eu sabia que o pesadelo estava começando.

Mas não queria focar no futuro, eu tava feliz, nossas famílias em paz, problemas resolvidos, e eu queria aproveitar aquilo cada vez mais, porque sabia que uma hora... as coisas acabam.

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— NOTAS DA AUTORA —

• Eai gente, espero que tenham gostado. Me desculpem por qualquer erro ou algo assim

• Se tiver gostado, pfvr, dexem um estrela e um comentário/s, isso ajuda MUITO os escritores, motivando e entregando a fic para mais pessoas

• Até amanhã com um extra da última missão deles (pelo menos pra Violet sim)