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UMA EXPLOSÃO EM ALTO-MAR
! Violet Jophy ¡
TÍNHAMOS ACABADO de fazer uma excursão que não queríamos pelo navio, por acomodações escuras lotadas de marinheiros mortos. Vimos o depósito de carvão, as caldeiras e o motor, que bufava e gemia como se fosse explodir a qualquer minuto. Vimos a casa do leme, o paiol de pólvora e o convés de artilharia (o favorito de Clarisse), com dois canhões Dahlgren de cano liso a bombordo e a estibordo e um canhão Brooke estriado de nove polegadas na proa e na popa, todos especialmente adaptados para disparar lulas de bronze celestial.
Vimos todos os lugares, por onde passávamos, marinheiro nos encaravam friamente, e eu sentia que qualquer um iria nos matar ali mesmo.
Finalmente, fomos escoltados para o jantar. O alojamento do capitão do Birmingham era mais ou menos do tamanho de um closet, mas ainda assim muito maior do que qualquer outro recinto bordo. A mesa estava posta com linho branco e porcelana. Manteiga de amendoim, sanduíches de geléia, batatas fritas e refrigerantes foram servidos por tripulantes esqueléticos. Eu não queria comer nada que fosse servido por fantasmas, mas minha fome foi maior que o medo.
- Não foi muito difícil saber que vocês fugiram - Clarisse murmurou e jogou um papel em meu colo
Peguei confusa e percebi que era a carta de meu pai, a que eu havia tentado esconder em minha cama.
- Tântalo expulsou vocês por toda a eternidade - disse Clarisse, com ar de superioridade. - O senhor D disse que se mostrarem a cara de novo no acampamento vai transformá-los em esquilos e passar por cima com sua caminhonete.
- Foram eles que deram este navio a você? - perguntei.
- Claro que não. Foi meu pai.
- Ares? - Percy perguntou surpreso
Clarisse sorriu, sarcástica.
- Acha que seu pai é o único que tem poderes no mar? Os espíritos do lado perdedor em todas as guerras devem tributo a Ares. E sua maldição por terem sido derrotados. Pedi a meu pai um transporte naval, e aqui está ele. Esses caras vão fazer tudo que eu mandar. Não é, capitão?
O capitão estava em pé atrás dela, rígido e zangado.
- Se isso significa dar fim a essa guerra infernal, madame, finalmente a paz, vamos fazer qualquer coisa. Destruir qualquer um.
Clarisse sorriu.
- Destruir qualquer um. Eu gosto disso.
Tyson engoliu em seco.
Uma grande prota se abriu e de lá, uma voz feminina reclamando
- Seus fantasmas não sabem fazer misto quente com chocolate - Max disse e jogou um pedaço de pão na lixeira
- Você que tem gostos estranhos, agora senta aí como alguém normal - Clarisse disse a sua irmã
- Max? - Perguntei ao vê-lá novamente
- Eai pestinha - Ela sorriu e sentou na ponta da mesa enquanto analisava o que tinha ao seu dispor
- Clarisse - disse Annabeth. - Luke também pode estar atrás do Velocino. Nós o vimos. Ele tem as coordenadas e está indo em direção ao sul. Tem um navio de cruzeiro cheio de monstros...
- Bom! Vou explodi-lo para fora da água.
- Você não está entendendo - disse Annabeth. - Precisamos unir nossas forças. Deixe-nos ajudá-la...
- Não! - Clarisse deu um murro na mesa. - Esta é a minha missão, garota esperta! Finalmente chegou minha vez de ser a heroína, e vocês não vão roubar minha chance.
- Onde estão seus colegas de chalé? - perguntei. - Você teve permissão de trazer dois amigos, não teve? Aqui só tem uma
- Eles não... Eu os deixei para trás. Para proteger o acampamento.
- Você quer dizer que nem mesmo as pessoas do seu próprio chalé quiseram ajudá-la? - Perguntei
- Cale a boca! Eu não preciso deles! Nem de você!
- Não foi isso que você me falou - Max encarou Clarisse com ironia
- Cala boca você também, se não vai acabar igual eles - Ela o advertiu e Max revirou seus olhos
- Clarisse - Percy disse. - Tântalo está usando você. Ele não importa com o acampamento. Adoraria vê-lo destruído. Está armando para você fracassar.
- Não! Não me importa o que o Oráculo... - ela se interrompeu.
- O quê? - disse eu. - O que o Oráculo lhe contou?
- Nada. - As orelhas de Clarisse ficaram rosadas. - Tudo o que vocês precisam saber é que vou terminar essa missão e vocês não vão ajudar. Por outro lado, não posso deixá-los ir...
- Então somos prisioneiros? - perguntou
- Hóspedes. Por enquanto. - Clarisse apoiou os pés na toalha branca de linho e abriu outro refrigerante. - Capitão, leve-os para baixo. Ceda redes para eles no convés-dormitório. Se eles não se comportarem bem, mostre-lhes como lidamos com espiões inimigos.
(...)
Não era o lugar mais confortável que eu já estive, na real, era horrível. Percy caiu no sono assim que se deitou. Fiquei acordada encarando o teto enquanto mexia em meu cabelo.
A madrugada chegou muito mais rápido, eu encarava a carta do meu pai, novamente.
Ouvi uma pequena cantoria com as vozes da garganta, era Steve, ele estava ao meu lado encarando o nada.
- Ainda está acordado? - Perguntei
- Não consigo dormir, parece que a qualquer momento alguém vai descer aqui e nos matar - Ele disse e eu ri
- Eu não duvido mais de nada - Falei
- A quanto tempo você vive nessa vida? De monstros, luta, acampamento, etc... - Ele perguntou, nós dois encaravamos o teto
- No verão passado eu cheguei no acampamento pela primeira vez - Respondi
- É como foi? - Ele perguntou
- Assustador, todos agiam como se aquele fosse meu lugar, mas eu nem me sentia segura, todos tinham uma habilidade, menos eu. E até hoje as pessoas acham que a minha única qualidade é ser bonita, e eu também tô perdendo ela - Falei
- Você luta muito bem, é uma ótima amiga e nunca vai parar de ser extremamente bonita - Ele disse me encarando sorrindo
- Valeu, eu sinto que isso tudo é muito novo pra mim, mesmo eu estando aqui a quase um ano, eu me sinto como se eu tivesse que me encaixar o tempo inteiro - Falei
- Olha, eu te entendo tão bem - Ele disse
Ficamos em silêncio por um tempo, enquanto encaravamos a noite
- Sabe... eu amei você dês do dia em que te vi, lembro até hoje, você sentando ao meu lado e depois a gente descobriu que eu tava na sala errada, eu podia ter saído, mas a cada segundo que eu passava conversando com você, eu queria conversar mais - Ele respondeu
- Por que? - Perguntei
- Sei lá, eu sou popular porque já cai na porrada com um garoto que era ex popular, dês de então todos me olhavam como um cara forte, corajoso e tudo mais. Mas eu não sou aquilo, e você não sabia, você me olhava como se eu fosse só mais alguém, eu sentia falta daquilo
- Dê um olhar normal?
- Por aí
- Então é por isso que me ama? - Perguntei
- Talvez
- Então me ama? - Perguntei
Ele ficou quieto por alguns segundos pensando e depois riu percebendo que acabou de admitir mas o silêncio prevaleceu novamente
- Acho que... já te amei
- Não ama mais?
- Não sei... o que é o amor pra você?
- Sei lá, quando você adimira a pessoa, a protege, quando não consegue imaginar sua vida sem ela, quando está disposto a enfrentar até um Deus por ela, quando se importa em saber tudo que ela ama pra poder agrada-la cada vez mais ou só quando você diz algo que sabe que deixaria ela bem...
- Uau... - Ele respirou fundo - Acho que eu ainda não tô pronto pra amar alguém, mas definitivamente, eu faria tudo isso. - Ele sorriu virando pra mim - Boa noite Violet
- Boa noite - Sorri
Ele se virou para o lado oposto do meu, mas assim que fiz o mesmo, eu não estava mais na rede, na real, não estava mais nem no navio.
Era como um grande deserto, uma vista linda, uma floresta com um lago passando entre ela, eu reconhecia exatamente aquele lugar
Levantei-me rapidamente olhando em volta
- Isso não é justa, né? - Ouvi uma voz masculina
Encarei assustada ao redor
- Ainda por aqui? O que está fazendo aqui? - Perguntei
- Você ainda não está preparada pro mundo real jovem heroína, ainda é muito assustada - Ele continuou
- Asustado é você que tem coragem de mostrar sua voz mas não a sua cara, Covarde! - Gritei de volta
O que parecia tosco, era literalmente uma garota descalça no meio de um deserto.
- Vamos ser sinceros, você acha que Afrodite realmente amaria você se a conhecesse? - Ele perguntou
- Não tem como saber
- Ah, você sabe a resposta - Ouvi um barulho atrás de mim, a área caia para o chão, mas eu não conseguia nem se quer me mexer, eba, meu pesadelo está de volta - Você não procura a salvação, Violet, Você procura a aceitação!
Ele gritou, e a areia me puxou para baixo, de repente, acordei de volta naquele inferno, ofegante e assustada
- Eu só ia pegar meus sapatos - Annabeth disse ao meu lado com seu tênis na mão
Ela se levantou e saiu, percebi que Tyson e Steve também haviam subido. Me levantei mas ao meu lado, Percy murmurava algo, ainda dormindo, parecia estar em um pesadelo
- não! Grover - Ele murmurou assustado
- Aí, tá tudo bem, o Grover tá bem - Murmurei ao seu lado passando a mão em seu cabelo tentando acalma-lo, mas até eu tinha minhas dúvidas sobre aquilo, Percy pareceu se acalmar e voltou a dormir silenciosamente.
Respirei fundo e sai do local e fui em direção a Annabeth, Steve e Tyson. Eles estavam naquela mesma mesa. Já estavam tirando a mesa, o que não havia muita coisa.
- Bom dia, como dormiram? - Perguntei
- Eu já tive noites melhores - Annabeth murmurou
Subimos para a parte externa do navio, Tyson ficava observando o mar com seus olhos brilhantes enquanto Annabeth e Steve conversavam sobre algo aleatório, e Max estava um pouco mais afastada de nós enquanto observava algo com seu binóculos
Não demorou muito para Percy aparecer lá, com a cara confusa e pensativa, ele caminhou até nós e ficou encarando o mar.
- Qual é o problema? - perguntou Annabeth.
- Outro sonho? - Perguntei
Ele fez que sim com a cabeça, ainda calado
Clarisse subiu as escadas. Ela agarrou o par de binóculos de sua irmã e olhou na direção do horizonte.
- Até que enfim. Capitão, adiante, a todo o vapor!
Olhei na mesma direção que ela, mas não consegui ver muita coisa. O céu estava encoberto. O ar era nevoento e úmido, como vapor de um ferro de passar. Se eu apertasse os olhos com muita força, podia apenas distinguir um par de manchas escuras indistintas a distância. O motor gemeu quando aumentamos a velocidade.
- Pressão demais nos pistões. O motor não foi feito para águas profundas. - Tyson murmurou nervoso
Não tinha a menor idéia de como ele sabia disso, mas aquilo me deixou nervosa.
Depois de mais alguns minutos, as manchas escuras à nossa frente entraram em foco. Ao norte, uma enorme massa de rocha se erguia do mar, uma ilha com falésias de pelo menos trinta metros de altura. Cerca de um quilômetro ao sul, a outra mancha de escuridão era uma tempestade que se formava. O céu e o mar ferviam juntos em uma massa trovejante.
- Furacão? - perguntou Annabeth.
- Não - disse Clarisse. - Caríbdis.
Annabeth empalideceu.
- Você está louca? - Ela gritou
- É a única entrada para o Mar de Monstros. Bem entre Caríbdis e sua irmã Squila.
Clarisse apontou para o topo das falésias e minha impressão foi a de que lá em cima vivia algo que eu não tinha vontade de conhecer.
- O que você quer dizer com única entrada? - Percy perguntou. - O mar é tão largo! E só contorná-las.
Clarisse revirou os olhos.
- Você não sabe nada? Se eu tentar contornar elas vão simplesmente aparecer no meu caminho de novo. Se quer entrar no Mar de Monstros precisa navegar por entre as duas.
- E as Simplégadas, as Rochas Colidentes? - disse Annabeth. - São outro portal. Jasão o usou.
- Eu não consigo explodir rochas com os meus canhões - disse Clarisse. - Mas monstros, por outro lado...
- Você é louca - concluiu Annabeth.
- Observe e aprenda, Garota Esperta. - Clarisse voltou-se para o capitão. - Em curso para Caríbdis!
- Sim, milady.
O motor gemeu, as chapas de ferro chacoalharam e o navio começou a ganhar velocidade.
- Clarisse - falei -, Caríbdis suga o mar. Não é essa a história?
- E o cospe de volta depois, sim.
- E Squila?
- Ela vive em uma caverna, no alto daquelas falésias. Se chegarmos perto demais, suas cabeças de serpente vão descer e começar a arrancar marinheiros do navio.
- Então escolha Squila - disse. - Todo mundo vai para o convés de baixo e passamos direto.
- Não! - insistiu Clarisse. - Se Squila não conseguir sua comida facilmente, poderá pegar o navio inteiro. Além disso, fica muito no alto para conseguirmos uma boa mira. Meus canhões não conseguem atirar para cima. Caríbdis fica sentada lá, no centro do seu redemoinho. Vamos avançar diretamente para ela, mirar nossos canhões e mandá-la para o Tártaro!
Ela disse isso com tanto gosto que quase tive vontade de acreditar. O motor zumbia. As caldeiras estavam esquentando tanto que eu podia sentir o convés se aquecendo embaixo de meus pés, As chaminés vomitavam rolos de fumaça. A bandeira vermelha de Ares tremulava ao vento.
À medida que nos aproximávamos dos monstros, o som de Caríbdis era cada vez mais alto, um horrível rugido molhado, como a descarga do maior vaso sanitário da galáxia. A cada vez que Caríbdis inspirava, o navio estremecia e era arremessado para a frente. A cada vez que ela expirava, subíamos na água e éramos castigados por ondas de três metros.
Caríbdis levava cerca de três minutos para sugar e destruir tudo num raio de um quilômetro. Para evitá-la, teríamos de passar bem perto das falésias de Squila. E, por pior que Squila pudesse ser, aquelas falésias não estavam me parecendo nada boas.
Os marinheiros mortos vivos realizavam com calma suas tarefas no convés superior. Imagino que já tivessem lutado por uma causa perdida antes, portanto aquilo não os incomodava. Ou talvez não se preocupassem com a possibilidade de ser destruídos, porque já eram defuntos. Nenhum dos dois pensamentos fez com que me sentisse melhor.
- Você ainda tem sua garrafa térmica cheia de vento? - Annabeth murmurou para Percy que logo fez que sim.
- Mas é perigoso demais usá-la no meio de um redemoinho como aquele. Liberar mais vento só vai tornar as coisas ainda piores. - Ele respondeu
- E que tal controlar a água? - Perguntei. - Você é filho de Poseidon. Já fez isso antes.
Ele fechou os olhos por alguns segundos mas logo abriu novamente, com frustração e decepção em seu olhar
- Eu... eu não consigo - falou ele com tristeza.
- Precisamos de um plano B - disse Annabeth. - Isso não vai dar certo.
- Annabeth está certa - disse Tyson. - O motor não está bom.
- O que você quer dizer? - perguntou Steve.
- Pressão. Os pistões precisam de conserto.
Antes que ele pudesse explicar, o vaso sanitário cósmico deu descarga com um possante chuááááâ! O navio se lançou para a frente, e eu fui arremessada no convés. Estávamos no redemoinho.
- Retaguarda total! - gritou Clarisse mais alto que o barulho.
O mar se agitava à nossa volta, as ondas arrebentavam no convés. As chapas de ferro agora estavam tão quentes que fumegavam.
- Levem-nos à linha de tiro! Preparem os canhões de estibordo!
Os confederados mortos corriam de um lado para o outro. O motor entrou em reverso ruidosamente, tentando reduzir a marcha do navio, mas continuamos a deslizar em direção ao centro do vórtice.
Um marinheiro-zumbi de repente saiu do porão e correu até Clarisse. Seu uniforme cinzento fumegava. A barba estava em chamas.
- A sala da caldeira está superaquecendo, madame! Vai explodir! - Ele falava
- Bem, desça até lá e conserte!
- Impossível! - gritou o marinheiro. - Estamos nos vaporizando com o calor.
Clarisse deu um murro na lateral da casamata.
- Só preciso de mais alguns minutos! Só o bastante para chegar à linha de tiro!
- Estamos indo depressa demais - disse o capitão em tom sinistro. - Preparem-se para morrer.
- Não! - Tyson urrou. - Eu posso consertar!
Clarisse olhou para ele, incrédula.
- Você?
- Ele é um ciclope - disse Annabeth. - É imune ao fogo. E entende de mecânica.
- Vá! - berrou Clarisse.
- Tyson, não! - Percy agarrou o braço dele. - É perigoso demais!
Ele deu uma palmadinha na minha mão.
- É o único jeito, irmão. - Sua expressão era determinada... confiante - Vou consertar. Volto já.
E, então, vi Caríbdis. Ela surgiu algumas centenas de metros adiante, em meio a um turbilhão de névoa, fumaça e água. A primeira coisa que notei foi o recife, um rochedo negro de coral com uma figueira agarrada ao topo, algo estranhamente tranquilo no meio da confusão.
Por roda a volta, a água girava como num funil, como luz ao redor de um buraco negro. Então vi a coisa horrível ancorada no recife logo abaixo do nível da água
Uma enorme boca com lábios vistosos e dentes cobertos de musgo do tamanho de botes a remo. li, pior, os dentes tinham um aparelho, tiras de metal corroído e infecto com pedaços de peixes, madeira podre e lixo flutuante presos entre eles.
Caríbdis era o pesadelo de um ortodontista. Nada mais que uma enorme boca negra, com dentes estragados e mal alinhados, os caninos e os incisivos exageradamente projetados sobre os dentes de baixo, e que havia séculos não fazia nada a não ser comer sem escovar os dentes depois das refeições.
Enquanto eu olhava, todo o mar à sua volta foi sugado para o vazio. Tubarões, cardumes de peixes, uma lula gigante. E percebi que em poucos segundos o Birmingham seria o próximo.
- Lady Clarisse! - bradou o capitão. - Canhões de estibordo e de proa ao alcance!
- Fogo! - ordenou Clarisse.
Três projéteis foram disparados para dentro da boca do monstro. Um arrancou um pedaço de um incisivo. Outro desapareceu em sua garganta. O terceiro atingiu o metal do aparelho e ricocheteou de volta, arrancando do mastro a bandeira de Ares.
- De novo! - ordenou ela.
Os artilheiros recarregaram os canhões, mas eu sabia que seria inútil. Teríamos de golpear o monstro cem vezes mais para causar algum dano real, e não tínhamos todo esse tempo. Estávamos sendo sugados depressa demais.
Então as vibrações no convés mudaram. O zumbido do motor ficou mais forte e mais firme. O navio estremeceu e começamos a nos afastar da boca.
- Tyson conseguiu! - disse Annabeth.
- Espere! - disse Clarisse. - Precisamos ficar perto!
- Vamos morrer! - falei. - Temos de nos afastar.
Agarrei-me à amurada enquanto o navio lutava para não ser sugado. A bandeira arrancada de Ares passou voando por nós e se alojou no aparelho de Caríbdis.
Não estávamos fazendo muito progresso, mas ao menos mantínhamos a posição. De algum modo, Tyson nos dera força suficiente apenas para impedir que o navio fosse tragado.
De repente, a boca se fechou. O mar ficou absolutamente calmo. A água encobriu Caríbdis.
Então, com a mesma rapidez com que se fechara, a boca se abriu numa explosão, cuspindo uma muralha de água, ejetando tudo o que não era comestível, inclusive nossas balas de canhão, uma das quais atingiu o costado do Birmingham com um plim!, como o da sineta de um brinquedo de parque de diversões. Fomos lançados para trás em uma onda que devia medir uns doze metros.
Outro marinheiro incandescente saiu de repente do porão e foi de encontro a Clarisse, quase lançando ambos ao mar.
- O motor está a ponto de explodir!
- Onde está Tyson? - Perguntou Percy.
- Ainda lá embaixo - disse o marinheiro - Segurando as pontas, não sei como, mas acho que não por muito mais tempo.
- Temos de abandonar o navio.- O capitão disse
- Não! - berrou Clarisse.
- Não temos escolha, milady. O casco já está rachando. Ela não pode...
Não chegou a terminar a frase. Rápida como um raio, alguma coisa marrom e verde desceu do céu, agarrou o capitão e o levou embora. Tudo o que restou foram suas botas de couro.
- Squila! - gritou um marinheiro, enquanto outra coluna de carne reptiliana se lançava da falésia e o arrastava para cima. Aconteceu tão depressa que era como ver um raio laser, e não um monstro. Não pude nem distinguir a cara da coisa, só um relance de dentes e escamas.
Percy destampou Contracorrente e tentou golpear o monstro quando ele levou mais um tripulante, fiz o mesmo com meu espelho. Mas aquela coisa era muito rápida
- Todo o mundo para baixo! - Percy berrou.
- Não podemos! - Clarisse sacou sua espada. - O convés inferior está em chamas.
- Botes salva-vidas! - disse Annabeth. - Depressa!
- Eles nunca passarão pelas falésias - disse Clarisse. - Vamos ser todos comidos.
- Temos de tentar. Percy, a garrafa térmica. - Annabeth gritou
- Não posso abandonar Tyson!
- Temos de preparar os botes! - Steve disse
Clarisse aceitou a ordem deles. Ela e alguns dos seus marinheiros mortos vivos removeram a cobertura de um dos dois botes de emergência enquanto as cabeças de Squila despencavam do céu como uma chuva de meteoros com dentes, catando um marinheiro confederado após outro.
- Pegue o outro barco. - Percy jogou a garrafa para mim - Vou buscar Tyson.
- Ta doido? Você não pode! - falei. - O calor vai matá-lo!
Ele não deu ouvidos e correu até lá,
Corri até Annabeth e Steve. Enquanto corria, algo caiu de minha bolsa, um papel, não qualquer papel, era a carta de meu pai...
- Vem Violet! - Annabeth gritou estendendo a mão
Ao olhar para cima, vi que aquela coisa havia pego Percy. Achei que ele iria morrer ali mesmo mas ele a golpeou para trás com sua espada e conseguiu acertar seus olhos. Ela grunhiu e o soltou.
Eu tentei correr para dentro do navio novamente, mas igual um raio, Steve saiu do bote e segurou meu pulso
- Temos que ir! - Ele disse
- Eu tenho que pegar a carta - Falei
Antes que Steve falasse algo, ele me puxou para o bote salva-vidas.
- Rápido Annabeth! - Ele gritou, desesperado demais para o normal
Anne não entendeu nada, mas abriu a garrafa e de repente um barulho enorme tomou conta do local
CA-BUUUUUM!
A casa de máquinas foi pelos ares, lançando pedaços de couraça de ferro em todas as direções, como asas flamejantes.
- Tyson! - Ouvi um grito, aí lembrei-me, ele ainda estava ma casa de máquinas...
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- NOTAS DA AUTORA -
• Eai gente, espero que tenham gostado. Me desculpem por qualquer erro ou algo assim
• Se tiver gostado, pfvr, dexem um estrela e um comentário/s, isso ajuda MUITO os escritores, motivando e entregando a fic para mais pessoas
• É isso povo, até, até amanhã, bjs, amo vocês, tchauuu !!! 💗
• 𝐀𝐓É 𝐎 𝐏𝐑Ó𝐗𝐈𝐌𝐎 𝐂𝐀𝐏Í𝐓𝐔𝐋𝐎 •
ᴹʸ ʰᵉʳᵒ ᵇᵒʸ
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