Parece que tudo que você faz,
me fazer querer sorrir
Será que eu consigo não gostar de você
por um momento?
Você sabe exatamente como me tocar
Para que eu não queira mais discutir e brigar
Eu disse: Eu detesto o quanto te adoro
...
E eu odeio o quanto eu te amo, garoto
Eu não suporto o quanto preciso de você
E eu odeio o quanto eu te amo, garoto
Mas eu simplesmente não posso te deixar partir
— Hate That i Love You; Rihanna ft. Ne-Yo
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Londres, Reino Unido
05 de Janeiro, 7:00pm
N A R R A D O R
Três dias inteiros de pensamentos obsessivos sobre um assunto em específico haviam acabado com Melissa. Felizmente não havia afetado a sua disposição no trabalho, muito menos o seu desempenho nos novos projetos de sua empresa, ou nas longas reuniões que fez. Mas era impossível não pensar em um único nome quando passava as portas da empresa para a rua.
E só piorava quando entrava em casa.
Peach corria direto para o sofá, se deitando e se acomodando ali, sem querer sair as vezes até mesmo para jantar, como se aquilo fosse um protesto por tê-la afastado de Kal. Melissa ria e fazia piada daquilo, claro, mas não tinha coragem de mandar nada para Henry, temendo a forma que ele entenderia a mensagem.
Não queria dar a entender que era ela quem sentia falta, por mais que também fosse. E também não sabia porquê se sentia assim.
— Vamos, Peach! Chega de charme, hm? Pus até o seu patê favorito, amorzinho! Vem comer..
A situação estava ficando preocupante e um tanto fora de controle. Por mais adestrada que a cadela fosse, e que sempre tivesse sido obediente à Melissa, havia algo nela quando queria ser teimosa. E fazia a mulher ver a cadela quase como um espelho de si. Porque era isso que ela estava passando.
Se martirizando enquanto a solução estava óbvia e bem na sua frente.
Seu celular até piscou a tela, como se fosse uma nova notificação.
— Vou te dar meia hora ou eu recolho e levo pra o cachorro do vizinho.
Melissa ameaça, se afastando e indo tirar a lasanha do forno, colocando com cuidado contra o fogão. As receitas de Henry estavam mesmo rendendo nos últimos dias. Ela se sentia orgulhosa de si, e havia tirado uma foto de cada prato para mandar para ele, mas não conseguia. Se sentia travar quando tentava iniciar alguma conversa, e apenas usava do tempo livre para certificar ao homem de que estava bem, garantindo que ele também estava.
Mas ela não sabia que, em Kensington, bairro vizinho de Chelsea, a situação era quase a mesma.
Henry tentara contornar como podia as birras de Kal, e nem mesmo a ajuda do adestrador do cachorro foi suficiente. E após um bom tempo pensando e questionando se era mesmo a melhor solução, Henry decidiu ceder. Vestiu-se o melhor que pôde, sem querer parecer arrumado demais para vê-la – quase como se não quisesse que ela soubesse da vontade dele em ir de uma vez. E então saiu.
Dirigiu com calma, com o cão ainda resmungando no banco ao lado do seu e olhando a janela. Era realmente um caso de dois amores que não podiam mais ficar separados. Melissa e Henry, Kal e Peach. Estavam conectados, e, simultaneamente, os dois sorriram. Um dentro do carro, parado num semáforo na saída do bairro, e a outra enquanto tirava a lasanha do prato, vendo o quadrado perfeito.
— Estamos chegando, resmungão. Vai vê-la logo.
Ele estava ansioso. Não sabia como Melissa reagiria a visita inesperada, muito menos se gostaria. Mas fazia isso por seu cão, pelo apego curioso que Kal havia desenvolvido com Peach. Tentaria não entrar em nenhum tópico pessoal demais se a mulher não se sentisse confortável.
Havia recebido notícias mais detalhadas por Benjamin durante esses dias, já que ela parecia claramente lhe evitar. Mesmo que não fosse essa a situação, mas Henry não sabia. E assim que virou a esquina para entrar no condomínio, se sentiu ansioso de imediato. As mãos suaram no volante e os pés quase tremeram quando pressionou o freio bem na entrada da portaria.
— Sr Cavill! Já não vem há algum tempo! — Miles, o porteiro, diz. Já estava acostumado a ver Henry por ali, e a forma como ele tratava o ator como um amigo era o que lhe acalentava.
— Estive gravando muitas coisas. Como está, Miles?
— Bem, bem. A Srtª Windsor chegou há algum tempo.
— É. Trouxe ele para vê-la. — O moreno avisa, acariciando os pelos do cachorro, que põe a língua para fora, relaxado.
— Agora mesmo. Boa noite, Sr Cavill.
O moreno acena em resposta, também como um agradecimento por ele lhe deixar passar. Sabia que só fazia isso porque Melissa permitia, e sentia que se acalmava um pouco mais sabendo que ela não havia proibido sua vinda. Era um bom sinal para ele.
Mesmo que não tivesse qualquer razão para pensar daquela forma. Era apenas a insegurança falando mais alto.
Assim como brincou com seu subconsciente quando estacionou na frente da casa dela. Mas, mesmo assim, ele desceu do carro, levando Kal na guia até a porta da frente e tocando a campainha, esperando pacientemente. Com os sons ansiosos de Peach do lado de dentro, Kal se sentiu ansioso também, começando a puxar a coleira na direção da porta.
— Henry? Oi!
Melissa sorri, completamente surpresa com a presença do homem ali. E desce o olhar para os dois cães, que agora se cheiram freneticamente, balançando as caudas felpudas com fervor. E Peach circulando o corpo de Kal animadamente, e correndo para dentro, como se o chamasse.
— Me desculpa aparecer sem avisar. Ele não estava comendo, não quis ir passear, não me obedecia.. Não sabia mais o que fazer.
— Ela também! Parece paixão adolescente, e fica resmungando como se eu tivesse culpa. — Melissa diz, acariciando os pelos do cachorro, que coramingava para entrar na casa.
Ela mesma o soltou da guia, deixando que ele seguisse Peach até o enorme sofá, e sorriu quando os dois se sentaram juntos. Com uma breve negação de cabeça, Melissa voltou a encarar o moreno, e o puxou para dentro da casa sem delongas.
— Você quer comer algo? Eu já jantei, mas..
— Não, tudo bem. Eu também já jantei. Mas agradeço. — Ele diz, educado, sorrindo e se sentando na poltrona, observando quando ela pega o lugar na frente dele.
Os dois se encaram, como se dissessem muito em um só olhar. As sensações eram quase as mesmas. A ansiedade, o saber do que sentiam, mas a falta de coragem para iniciar um assunto. Ou pior, como chegar no tópico em que os dois precisavam tanto falar. Não era fácil.
Ele não sabia como ela estava se sentindo, e ela não sabia se ele havia ido até lá para isso.
— Eu.. Preciso confessar… — Henry começa, o que faz um suspiro confortável escapar dos lábios de Melissa. E que logo dá lugar a mais um pouco de uma ansiedade boa. — Ben esteve me mantendo a par de como você estava esses dias.
— Oh.. Eu não sabia.
— Eu imaginei. Só precisava ter certeza de que você estava mesmo bem e que não queria apenas me confortar ou não me deixar preocupado.
— Sabe que eu posso até omitir algumas coisas de você, mas mentir, jamais.
E se ela havia dito que estava bem, era porque estava. E isso fazia um alívio imenso crescer no peito de Henry. Sabia que términos podiam ser complicados, mas ela estava lidando bem com isso e com o “deixar ir”. Ela era forte.
— Fico feliz em saber. Digo, em saber que está bem, não que-
— Eu entendo, Henry. Vamos, não quero falar sobre isso. Ahm… — Ela rapidamente sai daquele tópico, sem querer mais ficar revivendo aqueles momentos mentalmente. — Oh, fiz aquela lasanha que me ensinou.
Mais orgulho. Ela estava enchendo o peito dele de tantos sentimentos bons que nem ele mesmo conseguia mensurar. Mesmo que parecesse algo tão bobo.
— E ficou tão boa quanto eu disse que ficaria?
— Ouso dizer que ficou até melhor. — Ela provoca, percebendo como o homem cerra os olhos. — Tudo bem, mestre. Mas um dia irei lhe superar.
— E eu não duvido. Será uma grande chef, Tampinha. — Ele brinca também, leve, e gostando da liberdade boa que sentia.
Além de como o adorável apelido soa tão melhor agora.
— Eu pensei em te ligar esses dias. Em te chamar para conversar, espairecer um pouco. — Ela revela após o momento de silêncio dos dois, confortável o suficiente para isso. — Mas tive alguns compromissos do trabalho.
— Não precisa se desculpar. Sei como a vida de empresária e programadora é corrida para você. — Ele diz, erguendo as mãos brevemente e sorrindo. Falava tranquilo e compreensivo, realmente entendendo o lado dela.
Lembrava bem de como a comunicação era quase inexistente quando ela estava em processo de criação de projeto e ele em gravação, com fuso horário e tudo o que se tem direito. Era um dos momentos que ele mais odiava.
— Eu sei. Mas acho que eu devia algo a você, sabe? Você me acolheu, me aconselhou tão bem e não me deixou desistir.
— Jamais, querida.
Por mais que seu lado mais são as vezes batesse na porta, e seu lado mais paranoico quisesse dizer que aquilo era apenas a vontade dele de tê-la de novo. Ele sabia que não era nada daquilo.
— Sempre estivemos lá quando o outro precisou, não foi?! Não teria sido diferente jamais.
— É. E.. Henry, sobre a nossa noite.. Eu-
Henry suspira quando ela se curva, temendo o que diria, e aquilo a faz se calar brevemente, também temendo as palavras que sairiam. Os dois, com tanto medo, mas precisando ouvir algo tão simples…
— Não quero que se arrependa. E se foi isso, eu-
— Não foi isso. Não me arrependo por um segundo sequer, e prometo isso a você. Foi uma das noites mais perfeitas que já tive. Em questão de satisfação, de conversa, de liberdade. E só você é capaz de me proporcionar esse sentimento.
Isso está mesmo acontecendo?, ele pensou.
— É a proximidade de você que faz com que eu seja assim. — Ele diz, dando de ombros, passando uma mão na outra, como se aquele gesto fosse capaz de afastar o medo.
— E é disso que eu sinto falta. Eu não quero que pense que o que temos é só por isso. Só pela forma como me faz sentir. É por tudo, Henry. Por tudo o que fez e faz, pela forma como você me ama, e pela forma como eu te amo.
As palavras haviam saído rapidamente da boca de Melissa, mas seu olhar se mantinha tranquilo, sem qualquer temor. E o homem sorriu, assentindo e compreendendo, lhe dando toda a sua atenção possível. Não havia nada no mundo que o fizesse parar de encarar os olhos dela agora.
— Já dissemos tanto um para o outro que, honestamente, eu não sei mais o que eu preciso falar. — Ela diz, unindo as mãos.
A frase e o gesto fazem o moreno rir, lentamente se levantando e puxando as mãos dela para que se levante, e então a abraça, afagando suas costas e beijando sua cabeça, como havia pego o vício de fazer.
— Você não precisa falar nada, Mel. Eu sempre fui seu e você sempre foi minha, apenas precisávamos nos encontrar de novo. E você não tem culpa de que eu fiz isso primeiro. Mas eu esperei por você. Fui paciente, fui seu amigo e estive lá mesmo quando você não estava pronta ainda.
Ele diz, acariciando o queixo da amiga, a trazendo para mais perto e tomando coragem para lhe dar um longo selinho, e lentamente se afastar de novo. Aquele era o momento pelo qual os dois precisavam passar. Era onde precisavam estar. Juntos. Após tantas idas e vindas, tantos altos e baixos. O conforto de ambos agora era um abraço.
— Eu não quero te fazer esperar mais, Henry. Não é pressa. Sei que é o momento certo. Mas cada segundo que eu passo longe de você parece tão errado…
— Sei como se sente, perfeitamente. Mas a resposta é sua, Mel. Eu estou aqui e você sabe.
Ela suspira, sorrindo brevemente antes de morder o queixo dele, como uma singela provocação antes de lhe dar um selinho de volta, apertando mais o corpo dele com o seu, relativamente pequeno.
— A resposta é sim, Cavill. Para você, sempre será sim.
— Bom saber, Morceguinha.
— Henry!
— Ok, ok... Sim pra você também. Satisfeita?
— Muito.
✧
Oioi!
Dei uma atrasadinha, mas tô aqui.
Esse foi, em teoria, o último capítulo, mas vou lançar um bônus amanhã pra finalizar do jeito certo.
Espero que tenham gostado até aqui!
Beijoss 🤍
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