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CHARLI D'AMELIO

— Aviso ⚠️

Neste capítulo, tem uma cena que retrata um episódio de bulimia,
e pode ser gatilho.

Chegamos a casa e eu levei a minha comida para o quarto.

Entro no quarto e sento na minha cama, retiro a comida e coloco sobre a cama.

Abro a caixa do hambúrguer e doeu uma mordida enquanto pego o meu celular do bolso.

Bebo um gole do refrigerante e vejo algumas publicações do instagram.

Algum tempo depois, dou a última mordida no meu hambúrguer e levanto-me da cama.

Eu sei que não deveria estar comendo fast-food e muito menos bebendo Coca, mas ontem, Hudson me obrigou a mastigar pão sírio com peito de peru, creme de ricota e alface, então acho que mereço uma folga. Digo, sem contar carboidratos em cada refeição, coisa e tal.

Deito fora os papéis das comidas e Chase entra no meu quarto, sem mais nem menos.

— Oxi, como você entrou aqui? — Olho para o garoto.

— Não interessa agora, Alison me mandou uma mensagem falando sobre o seu desfile em Londres — Ele senta na minha cama.

— E...

— E, aí que as roupas já foram todas definidas. Os tamanhos são os originais da marca, e ela disse que se houver alguma mudança no seu corpo ou nas suas medidas, você está fora do desfile.

— O que? Ela não pode fazer isso!

— Pode sim, e com a Dixie igual.

— Não, não pode! Eu e a Dixie somos as modelos mais importantes do desfile! — Suspiro.

— Sim, Charli, você e a Dixie são as modelos mais importantes, mas ajustes de última hora nas modelos principais, o fariam perder.

— Não... — Puxo meus cabelos para trás. — O que eu vou fazer se ficar fora do desfile?

— Não vai, Charli... — Seu tom é mais calmo. — Mas você precisa parar de comer tanta porcaria, sabe disso.

Estava demorando.

Certo. Chase, eu... eu vou dormir e...

— Ok, entendi. — Ele se levanta da cama. — Vai dar tudo certo no desfile, Char.

Hudson beija minha bochecha e sai do quarto, batendo a porta atrás de si.

Minhas mãos se fecham ao lado dos meus quadris, como palavras de Hudson retumbando como se estivessem num gravador que cospe como palavras duramente. 

O primeiro espasmo surge no fundo do meu estômago, aumento conforme eu também aumenta o ritmo da respiração.

Imploro mentalmente para que isso não volte a acontecer. 

Não, de novo não.

Não depois de 6 meses. Período em que meu cérebro e meu próprio corpo me deram uma folga, um descanso das incontáveis ​​madrugadas passadas ajoelhada em frente à privada vomitando até que não sobrasse mais nada no meu estômago a não ser a própria sensação dilacerante e amarga. 

Mas a ânsia vem. E lá no fundo, algo diz que eu devo vomitar para eliminar toda essa gordura no meu estômago.

Não posso ficar fora do desfile amanhã, não posso perder tudo o que lutei para conquistar até aqui. 

Quando o segundo espasmo faz uma dor inexplicável percorrer minha barriga, forço meus pés a correrem até o banheiro, e é só uma questão de instantes até que eu esteja de joelhos e vomitando.

Eu me odeio desde o primeiro segundo, passando por toda a agonia de estar expulsando tudo o que eu comi durante o dia, até o último, onde eu me sento no chão e fecho a tampa, inclinando-me para apertar a descarga. 

Limpo o suor acumulado no meu pescoço e subo a mão para meus cabelos, puxando-os para trás e tentando não acumular meus pensamentos bagunçados com as repreensões pelo que acabei de fazer. 

A pior coisa é saber que não posso controlar isso, não posso me obrigar a parar de vomitar, não posso dizer "chega, meu corpo não aguenta mais isso", embora minha parte consciente da gravidade da situação grite "Pare! Você está se destruindo".

Tudo o que eu posso fazer é diminuir a quantidade de comida e beber água como se estivesse acordando de ressaca após uma festa, já que é a única coisa que meu estômago aceita. 

Levanto me e me apoio na pia para escovar os dentes, encarando meu reflexo pálido no espelho. 

Tudo de novo...

Espero que gostem!
Deixem estrelinha e comentem :)

xoxo, joana

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