Catarina

Despertei inebriada por um perfume bom e diferente do qual estava acostumada, e ao levantar às pálpebras, descobri à procedência daquela essência. Os cabelos de Harry roçavam em minhas bochechas sutilmente e seus braços circulavam à minha cintura, como se eu fosse um travesseiro gigante para ele. Às lembranças dessa noite brotaram em minha mente. Os pesadelos, o choro desesperado, o abraço apertado. O rapaz estava variado e nem falou mais nada após o meu aconchego, voltando à dormir, mas dessa vez, serenamente ao meu lado.

Apesar de achar aquela cena estranhamente fofa, começei à pensar em uma forma de sair, sem ser percebida, pois não queria que ninguém me visse saindo junto com ele de um quarto. Se não, minha mãe iria direto no cartório marcar o casório depois daqui. Quero nem imaginar.

Me arrastei para fora da cama e iniciei uma pequena corrida na ponta dos pés até à porta, e olhei uma última vez para o rapaz dormindo e desejei que ficasse bem.

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Consegui voltar para o meu quarto, e me espreguiçei toda ao adentrar, e sentia como se um caminhão tivesse me atropelado, e no mesmo instante, lembrei-me do Harry sendo atacado pela Rosilene e abri um sorriso arteiro.

⸺ Dormiu aonde?

Ouvi um sussurro atrás de mim e me virei rapidamente dando um tapa na Carlota que bateu à cabeça na porta.

⸺ AÍ DESGRAÇA

Começei à rir, enquanto à ajudava se levantar.

⸺ Não ri não! ⸺ Diz, rindo também.

⸺ Me desculpa, mas também foi culpa sua, sabe que tenho o reflexo rápido e odeio surpresas.

⸺ Eu sei, mas eu esqueci. Então, vai me contar aonde dormiu? Pois vim te procurar ontem e você tinha sumido, até pensei em chamar à polícia, mas estava com muito sono.

Ela coça os olhos e ajeita o rabo de cavalo, enquanto tenta me convencer à contar.

⸺ Eu dormi no quarto do Harry.

⸺ Mentira!

⸺ Verdade! Mas não aconteceu nada, eu apenas errei o quarto no escuro achando ser o seu, aí encontrei o vampirão tendo um pesadelo e acordei ele, e...

Carlota arqueava uma sobrancelha esperando o resto da história.

⸺ E nada, ele estava variado de sono. Aí eu também acabei adormecendo ao lado dele, foi só isso... ⸺ Omiti à parte do choro, pois sabia como ele era, e com certeza não desejaria ter sua pose de marrento destruída dessa forma.

Apesar de eu já ter deixado ele em situações vulneráveis.

⸺ Hum, vou fingir que acredito, eu sei que não rolou acasalamento, mas algo aconteceu e você não quer me contar. Sabe como eu sei? Você olha por baixo igual um cachorro, quando está mentindo.

⸺ Que mentira! ⸺ Retruco, e começamos à discutir em plena sete da manhã.

Harry

Ao acordar, senti à falta de algo, e um cheiro e conhecido estava impregnado na fronha do meu travesseiro. Como eu poderia esquecer daquele perfume bom de cereja que os cabelos de Catarina possuíam, mas como ele poderia ter parado ali? Não me lembro de muita coisa, à não ser dos pesadelos rotineiros que me perseguiam desde à minha infância.

Após um banho gelado, tentava me virar com aquela bota ortopédica, meu tornozelo não doía como antes, mas ainda me incomodava para realizar tarefas simples.

Coloquei uma bermuda e uma camiseta, e usei às bengalas para poder descer e de longe pude avistar todos reunidos na mesa do café.

⸺ Meu filho, precisa de ajuda?

⸺ Não, obrigado. Eu consigo, preciso aprender à me virar sozinho.

Me sentei ao lado de Catarina, e a mesma continuou prestando atenção nas suas torradas, sem olhar para mim.

⸺ Você dormiu bem? ⸺ Sussurrei, audivelmente para ela.

Seu olhar receoso se encontrou com meu esperançoso, e senti naquele momento um frio anormal percorrendo o meu estômago e dissipando dentro de minhas fibras.

⸺ Acho que sim, e você? ⸺ Sussurrou de volta, e me senti como uma criança animada, ao perceber uma brecha para interagir.

Conversamos um pouco e logo todos estavam prontos para voltarem à fazenda, e consequentemente talvez demorasse um pouco para eu neste estado voltar à visitá-los.

"Mas o que é isso? Você está se apegando aos caipiras?" Meu subconsciente se intrometeu nos meus devaneios.

⸺ Muito obrigada pela acomodação, foi tudo perfeito. ⸺ Disse, a Dona Madalena.

Às senhoras conversavam como se fossem amigas há anos, e eu só queria me aproximar daquela onça, mas estava sem jeito, pois o seu irmão me encarava de soslaio feito um guarda costas.

⸺ A Catarina me ajudou em um trabalho que tive com o meu notebook, essas tecnologias me deixam louca, mas à sua filha parece entender muito disso. ⸺ Comentou, à minha mãe.

⸺ Eu cursei TI por um tempo. ⸺ Contou.

A Tarzan Girl cursou TI? É o fim da picada mesmo.

⸺ Olha que maravilha, Lena, porque não deixa ela aqui para me ajudar e mais tarde à levarei de volta? Claro, se a Catarina também quiser.

Propôs, a dona Paola.

A garota olhou para às duas e depois para mim e pude ver à sua bile subindo pela garganta, e tive à certeza que não aceitaria ficar aqui por mais tempo.

⸺ Pode ser. ⸺ Arregalei os olhos levemente, e senti o meu interior se retorcendo.

Sossega, Harry.

Nos despedimos da família, e ficamos parados no jardim em frente ao casarão, e pude ver que do lado esquerdo do terreno, alguns trabalhadores reconstruíam parte daquela mansão que mais se assemelhava à um castelo.

⸺ Vamos entrar, daqui à pouco o sol vai começar à esquentar.

Seguimos à minha mãe, e continuei encarando à onçinha que parecia arisca à novo ambiente. Preciso descobrir porquê o seu cheiro estava em minha cama.

Humm, estão sentindo isso? É o amor pairando no ar.

Mas não comigo, deus me free.

Enfim, o que acharam do capítulo?

Não se esqueçam de votaaar e comentaaar e mim dê um biscoitinho. 🍪

Bebam água! Beijos!