✽ CAPÍTULO 008 | Quebraram meu ovo •
Catarina
Me aproximei da cama dele e à todo momento tentava evitar o contato visual, e após alguns minutos o mesmo quebrou o silêncio. ⸺ Por quê fez aquilo? Não cansa de me pirraçar? Por acaso você tem quantos anos? 10?
⸺ Epa! Aquilo foi apenas uma brincadeirinha e esse acidente…um erro de cálculo.
⸺ Um erro de cálculo que me custou uma torção no tornozelo, e agora terei que ficar de repouso por duas semanas!
⸺ Como se isso fosse horrível pro ocê, nem trabalha…
Dei de ombros e cruzei os braços em frente ao corpo, enquanto o vampirão me encarava sem expressão alguma.
⸺ Catarina. Você acha mesmo que eu queria estar aqui? Acha mesmo que eu iria me submeter à tudo isso se não estivesse disposto à cumprir esse maldito contrato!? ⸺ Disse, secamente.
⸺ VOCÊ FALA COMO SE EU TIVESSE CULPA!
Alterei o tom de voz me afastando da cama em defensiva.
⸺ MAS VOCÊ ESTÁ DIFICULTANDO TUDO!
⸺ PORQUE VOCÊ É UM BABACA!
⸺ Eu não tive culpa de você ser uma lerda no trânsito, pois tudo começou naquela maldita estrada, e naquele acidente e me arrependo tanto de ter saído daquele carro, se não fosse por aquilo, nunca teria te conhecido antes.
⸺ Ainda admite que queria ter me deixado machucada na estrada? Ocê não presta mesmo, e por um momento até pensei que estivesse errada sobre você e que deveria lhe dar uma chance.
⸺ … ⸺ O seu olhar se dilatava e a raiva em sua face começa à desaparecer dando lugar à uma confusa.
⸺ Esquece! Eu peço desculpas pelo seu tornozelo, mas me esqueça nessa promessa, não serei mais um objeto de escolha para você.
Me virei saindo do quarto às pressas enquanto escutava o meu nome sendo gritado diversas vezes por ele, mas à adrenalina que percorria o meu coração estava à mil, e desconhecia tal sentimento que estava me fazendo ficar tão afoita ao ponto de ter lágrimas querendo escorrer pelo meu rosto.
Passei direto pela sala de espera, deixando para trás alguns olhares curiosos direcionados à mim. Ouvi sons de botas, mas mesmo assim continuei seguindo para fora do hospital, até sentir o meu braço sendo agarrado por alguém.
Encontrei dois pares de olhos castanhos e senti à minha tensão diminuir. ⸺ Carlos… ⸺ Falei com à voz embargada ao revê-lo e o abraçei sem me importar de chorar em sua frente.
Às vezes à onça tem seus momentos de filhote.
Ele retribuiu, tentou me acalmar e me levou para uma lanchonete em frente ao hospital, e pediu uma água. ⸺ Sabe que eu odeio te ver assim, na verdade estou odiando tudo dessa tal promessa. Ela só está nos causando dor de cabeça e até agora não entendo o porquê à nossa mãe permitiu isso…
⸺ Dinheiro, com certeza. Mas agora eu não quero mais participar.
⸺ E ocê não vai. Do que adianta casar com uma e destruir às outras? Seria muito constrangedor conviver sabendo que o marido da sua irmã te fez tanto mal.
⸺ Tem razão, e também acho que deveríamos investigar. ⸺ Sugiro, mudando à expressão.
⸺ Investigar? Mas como? Não creio que exista alguém vivo ou lúcido que tenha estado naquela época ao lado do Barão para saber sobre toda à história.
⸺ Às vezes tenha, lembra da época em que fingíamos ser da mistérios S.A? Scooby-doo?
Rimos tendo lembranças da nossa infância.
⸺ E o papai? ⸺ Indaguei.
Nós nos entreolhamos e decidimos que iríamos perguntar à ele quando voltássemos para casa. E sem entrar novamente no hospital, subi na picape e esperei o meu irmão ir buscar à mamãe e às meninas.
Do lado de fora, em um canteiro avistei o Afonso discutindo com um homem estranho e senti o meu sangue gelar. Não iria sair daquele veículo por nada e nem podia permitir que ele me visse.
Mas do nada, outra coisa chamou à minha atenção.
O Reginaldo.
O nosso pato deve ter vindo na picape escondido e agora caminhava no meio da rua, sofrendo o risco de virar purê atropelado pelos carros que passavam à todo vapor no centro da cidade. Oh deus!
Desci da caminhonete e corri em sua direção e senti que o demônio havia me visto, mas o ignorei pois o meu pato era mais importante. Às buzinas preenchiam minha audição, o cheiro da gasolina e a brisa da noite fazia com os meus pêlos se arrepiassem.
⸺ Catarina! ⸺ Chamou, com sua voz escrota.
Agarrei o Reginaldo e me virei encontrando o capeta parando ao meu lado. Não tive tempo de retrucar, pois o pato voo em sua cara dando várias bicadas, e aproveitei para chutar os seus ovos. Ouvi o seu gemido de dor e peguei o meu bichinho de volta e começei a correr para à picape.
Minhas vistas estavam embaçadas e aéreas pelas buzinas, mas pude ver todo mundo me esperando do outro lado e o olhar de fúria do meu irmão quando avistou o Afonso vindo em minha direção. Carlos já tinha deixado ele no hospital uma vez, não custaria nada para ele deixar de novo.
Foi tudo como um flash, o meu irmão jogando o Afonso contra à parede, à minha mãe querendo dar umas bofetadas nele e às minhas irmãs apoiando, o capeta era bem conhecido entre nós.
Mas ver o Harry de muletas entrando no meio da discussão foi algo novo para mim.
⸺ Eu não fiz nada pra ela, estávamos apenas conversando. ⸺ Disse, Afonso.
⸺ Conta outra vagabundo! Estava assediando minha irmã de novo.
⸺ Esse cretino estava fazendo o que? ⸺ Completou, Harry.
⸺ Esse deve ser o neto herdeiro do Barão da colina. Fiquei sabendo que está atrás da grana gorda e pra isso terá que casar com uma das biatas. ⸺ Falou, com a voz ofegante.
A expressão do rosto do Vampirão se endureceu e vi quando acertou uma das muletas nos ovos do homem. Pelo menos esse verme não vai poder se reproduzir mais.
Fiquei boquiaberta assim como às meninas, e tentei descobrir se à pancada que a Rosilene deu nele, pôs os seus parafusos no lugar.
⸺ Tá sentindo dor né? Pois vai sentir ainda mais se não sumir daqui. Porque dessa vez você vai direto pra cova. ⸺ Avisou, o Carlos.
Afonso sabia que ele não estava blefando e não esperou nada para correr dali, após ser solto.
⸺ Você está bem? ⸺ Perguntou, Harry.
Senti sua mão em meu ombro me fazendo voltar à realidade, mas como uma boa rancorosa, não o respondi e tratei de andar para longe dele.
⸺ Vocês ainda vão cair na estrada uma hora dessa? ⸺ Perguntou, a dona Paola.
⸺ É o jeito, mas a gente está acostumado, todos os dias o Carlos ia buscar a Carmélia na faculdade à essa hora. ⸺ Respondeu, à minha mãe.
⸺ Mas não precisa ser assim, a mansão é enorme e vocês podem dormir lá até o amanhecer, claro que se não tiver nenhum problema, o seu marido deve estar lhe esperando… ⸺ Disse, a mulher com receio.
⸺ O Manoel? Se duvidar ele sabe fazer mais tarefas diárias do que eu. Quando eles eram pirralhos, ele que trocava às fraldas. ⸺ Contou, e às duas riram.
Isso era verdade, o meu pai pode até ser bem calado, mas trabalhava bastante e nunca levantou à voz para nenhum de nós, sempre resolveu tudo na base da conversa, bem diferente da maioria dos homens da sua época que hoje são machistas e agressivos raíz que já tive o desprazer de conhecer.
Já a minha mãe, ela que corria atrás de nós no meio do mato, mas também nunca foi opressora.
Meu pai acha que é bom viver no silêncio, apenas ao lado dos bichinhos de estimação. A paz deve estar reinando neste momento na fazenda.
⸺ Então vamos. ⸺ Disse, a senhora animada.
Entramos na picape e seguimos o carro do Harry até a tal mansão que só pela entrada parecia macabra, os portões enormes de ferro estavam desgastados com alguns mofos e os morcegos estavam pousados no topo feito gárgulas.
Quando éramos crianças ouvíamos histórias sobre o castelo da colina, principalmente às lendas sobre vampiros, lobisomens e outros espíritos.
E pelo visto está noite também será longa outra vez, e como sempre digo, espero que não ocorra um assassinato, e se houver. Que seja do vilão, pois o coitado do Harry não consegue nem correr.
Oh sina!
Se bem que até de muleta ele ficou bonito.
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Será mesmo que a pancada resolveu?
Estou curiosa pra saber o que vai rolar.
O que acharam do capítulo?
Voteeemm e comentemm por favor!!!
Mim dê um biscoitinho.🥺
Beijos!! Bebam água!!🖤☕
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