Catarina

Durante o jantar, à nossa mãe estava tentando ao máximo deixar o Harry confortável e Anabel olhava para ele de cima à baixo desde em que o mesmo havia adentrado à casa. ⸺ Eu gosto de boneca, principalmente à que vem com um fogão portátil.

A garota dizia em um tom de ameaça disfarçado para o rapaz que estava sentado ao seu lado na mesa.

⸺ Carlos, você colocou a Rosilene no estábulo? ⸺ Perguntei.

⸺ Sim, só o Reginaldo insistiu em ficar na área de fora.

⸺ Depois eu vou colocar ele para dentro. Deus me livre se às raposas pegarem ele.

Reginaldo era o nosso pato de estimação que vivia derrubando às calotas das telhas, nas suas miseráveis tentativas de voar para longe, quando eu era mais nova, brincava dizendo que ele queria ser o primeiro pato à atravessar o oceano. Espero que um dia se realize.

Eram tantos animais que viviam na fazenda que criamos uma lista com o nome de todos, os que ficavam dentro de casa eram esses:

1. Gasolina {Golden retriever}
2. Sincero {Gato branco}
3. Bertilayne {Tartaruga}
4. Antônio {Papagaio}

Falando no pássaro, ele estava pousado no ombro do vampirão que ficava imóvel no mesmo lugar. ⸺ Calma, ele não bica.

⸺ Tira, por favor. ⸺ Sussurrou, com uma feição apavorada.

Retirei o Antônio e o coloquei no meu ombro para comer uma alface, e vejo o suspiro aliviado do homem que observava tudo ao seu redor.

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Estávamos na sala tomando um café depois do jantar, enquanto assistiámos à novela das nove. ⸺ Sabia que Carmélia é formada em psicologia? ⸺ Comentou, a nossa mãe toda orgulhosa.

Pelas atitudes da minha irmã nem parecia ser uma psicóloga, pois agia feito uma louca de hospício, extremamente tóxica e possessiva.

⸺ Uau, dessa eu não sabia, cursou onde? ⸺ Perguntou, o Styles dando uma de interessado.

Fingi não escutar a conversa deles, e foquei na novela, enquanto Carlota me beliscava tentando arranjar uma briga apenas por tédio.

Meu irmão estava quase cochilando no braço da poltrona, onde o meu pai tirava um ronco. E Logo Anabel adormeceu no tapete da sala com a sua fantasia de joaninha e a peguei no colo com cuidado para levar à sua cama e pude sentir o olhar de Harry sobre mim.

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E Não demorou para todos irem para os seus quartos fazerem o mesmo.

Saí do banheiro após escovar os dentes e à minha mãe rompeu em minha frente como um fantasma exibindo um largo sorriso, muito suspeito.

⸺ Leve essas roupas limpas para o Harry no quarto de visitas. ⸺ Mandou, e depois correu para o quarto sem esperar à minha negação.

Respirei fundo e caminhei até o quarto, chegando lá bati na porta, mas sem resposta. Talvez tenha pego no sono.

Girei à maçaneta e adentrei o cômodo com cuidado e não o vi. Decidi deixar à muda de roupa em cima da cama, e antes de girar os calcanhares para ir embora, ele saiu do banheiro com uma toalha enrolada na cintura, e paralisei observando o seu peitoral definido e às tatuagens que iam das clavículas até o caminho da perdição.

⸺ Que bom que você está aí, o chuveiro não quer fechar. ⸺ Falou, me fazendo voltar à realidade.

⸺ Ele tem um segredo. ⸺ Corri para o banheiro e girei o registro quatro vezes para esquerda e duas para à direita. ⸺ Pronto!

E quando me virei, ele estava bem na porta e o impossível da miséria da desgraça aconteceu. Escorreguei no piso molhado e o agarrei tentando me segurar, mas acabei levando à toalha junto. ⸺ Meu Deus! ⸺ Exclamei, vendo à monstruosidade que ele possuía no meio das pernas.

Antes de reagir, o Reginaldo, meu pato entrou correndo no quarto e se escondeu embaixo da cama e foi à minha deixa para levantar e tentar sair correndo, mas parei no meio ao ouvir uns esturros.

⸺ O que é isso? ⸺ Sussurrou, e lentamente fui dando alguns passos para trás.

⸺ É onça, ela deve ter entrado atrás do Reginaldo.

Quando a malvadona apareceu na porta do quarto, eu trombei no peitoral firme de Harry, mas no momento nem me importei, e senti o mesmo me segurando pela cintura contra o seu corpo como uma forma de proteção.

Fiz um sinal para que ficasse em silêncio e a felina apenas se aproximou um pouco observando à nós dois que estávamos quase morrendo de medo.

Quando ela foi embora, pudemos respirar novamente e agora percebi que estava sentada no colo dele sendo impedida de sentir o seu membro apenas pela toalha. ⸺ Agora pode me soltar.

Me obedeceu, e senti às minhas bochechas queimando. E quando vi o seu sorrisinho, lhe dei um tapa na cara para ficar esperto e saí correndo para o meu quarto.

[...]

Entrei no quarto, e Carlota me olhou de cima à baixo tentando entender à minha eufória, e nem uma palavra eu conseguia pronunciar naquele instante.

⸺ Tinha onça lá embaixo? Eu ouvi os esturros. ⸺ Perguntou, com uma leve careta.

⸺ Na verdade, eu vi à onça e o ganso. ⸺ Falei, gesticulando com às mãos fazendo a mesma se engasgar com o ar.

⸺ Ganso?

Começei à contar detalhadamente e à mesma riu feito uma hiena de mim. ⸺ Eu nem deveria nem ter falado nada, sua insideceta, indisceta, indiscreta! Ai que droga!

⸺ Calma, o vampirão te desconfigurou inteira mesmo, hein.

Lhe acertei um travesseiro no rosto e começamos a brigar antes de cairmos no sono.

✽

✄Dia seguinte...

Naquela manhã, às lembranças me faziam querer ficar na cama até o Styles ir embora, porquê não sabia mais como iria olhar na cara dele sem rir ou ficar vermelha feito um tomate.

⸺ Catarina, vem tomar café. ⸺ Chamou-me a minha mãe e gemi manhosa sentindo o meu mundo desabando.

Vesti uma roupa e desci para à cozinha encontrando todo mundo na mesa do café, e evitei o máximo de contato visual com o metido, mas à minha irmã me encarava com uma feição serelepe, e eu já estava prestes à lhe arremessar o café quente.

⸺ Filha, hoje é o dia de resolver aquela papelada na escola da Anabel, lembra? ⸺ Disse, minha mãe me fazendo relembrar.

Como eu tinha me oferecido para cuidar disso, não poderia dar pra trás agora.

⸺ Eu dou uma carona se quiser, já troquei os pneus com à ajuda do Carlos. ⸺ Ofereceu, com um sorriso de canto e travei a expressão sem saber o que fazer.

⸺ Perfeito! ⸺ Respondeu, à Dona Madalena que sorria como se tivesse visto um passarinho verde como o Antônio.

✽

Joguei à bolsinha de lado e peguei à pasta de documentos e adentrei o carro luxuoso que por dentro era ainda mais confortável com bancos de couro legítimo e um design sofisticado, e logo ele ocupou o banco do motorista todo despojado como sempre.

Por alguns minutos, apenas o silêncio predominava entre nós e aquele clima estranho insuportável me fazia querer sair correndo. ⸺ Se você pensa que eu vou deixar aquilo barato, está muito enganada, Catarina...

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Estou perplexa, acho que já estaria morta naquela situação.

Essa senhora Madalena é a principal fanfiqueira.

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Bebam água! Beijos!❤