Me casar? Nem me fale sobre esse castigo, só de escutar sinto calafrios. Nunca pensei que teria tanto medo de uma união como agora, mas não irei deixar que ninguém me prenda.

Me chamo Catarina Rodrigues, tenho 20 anos e sou de uma família de pequenos agricultores do interior de Minas Gerais. Desde de muita pequena sempre amei lidar com bicho e roça, e todo final de semana vou até a cidade levar encomendas de legumes e frutas para à feira, e possuo uma melhor amiga leiteira chamada Rosilene, sim ela é uma vaca, porém à mais verdadeira que já conheci.

Tenho outras duas irmãs mais velhas, Carlota de 22 anos, Carmélia de 25 anos, e um irmão, Carlos Alberto de 27 anos. Esse daí se casou muito novo e teve uma filha chamada Anabel, mas foi abandonado logo em seguida, e voltou para casa novamente sendo um pai solteiro, e hoje criamos juntos à pequena de seis anos.

Como os nossos pais já estão na terceira idade, cabe a nós filhos ajudarmos à sustentar a casa, só que recentemente minha mãe disse que precisava nos contar algo importante.

⸺ Como assim casamento? Vai casar a gente para sair da lama? ⸺ Diz, Carmélia de braços cruzados e um olhar interessado.

⸺ Interprete como quiser, só sei que amanhã o Senhor Harry estará aqui para conhecê-las. E quero que o tratem bem, ouviram? ⸺ Falou, com um olhar ameaçador.

Começei à rir baixo e cada vez mais aumentava se tornando uma alta gargalhada que fez com que todos olhassem para mim.

Recupero o fôlego antes de falar. ⸺ Você quis dizer, conhecer às duas, né? Porque eu mesma estou saindo fora, não quero me casar, ainda mais com um playboy metido que veio lá do outro lado do mundo, pra chegar aqui e começar à falar em inglês.

Faço caras e bocas fazendo a minha sobrinha rir, e até o meu pai segurava o riso.

⸺ Catarina! Eu falei às três. Olha, não estou obrigando nenhuma de vocês à se casarem com ele, apenas quero que dêem uma chance para conhecê-lo melhor. Não vai cair o braço se cumprimentarem o moço ou conversarem por umas horinhas, uai.

Reprimo um revirar de olhos, e apenas saío da sala indo pra fora de casa e acho que já entenderam como o negócio vai ser brabo pro meu lado.

⸺ Aí Rosilene, tudo que eu mais temia está acontecendo, um casamento arranjado.

Digo para à minha vaquinha, enquanto lhe dava uma cenourinha.

⸺ O pior é que... casar com um cara rico ajudaria muito à gente na situação que nos encontramos, isso tenho que reconhecer.

Rosilene apenas mugiu e tenho certeza que me entendeu, e também concordou com os meus pensamentos, e decidi que pela minha família farei um pequeno esforço.

✄ Dia seguinte...

⸺ Ain, até coloquei o meu vestido novo. ⸺ Disse, Carmélia girando com o seu vestido roxo pelo quarto.

Minha irmã é alta de cabelos compridos, tão lisos como uma seda e pretos como um carvão, e seus olhos são de um azul marinho magnífico que contrastavam com o seu biótipo pálido como à neve, e ela sempre amava vestir os mais belos vestidos.

⸺ Vou de havaianas mesmo. ⸺ Comentou lotinha, jogada sobre o puff azul.

Carlota é loira como uma boneca e seus olhos eram do mais castanho da floresta e o seu corpo tinha curvas, mas não tão chamativas e estavam sempre cobertas por roupas largas que fazia mais o seu estilo.

⸺ Loti! Você nem se importa em parecer um machão, né?

Minha irmã falava de braços cruzados, enquanto à outra apenas dava de ombros despreocupada.

Apenas observava às duas discutindo, e para hoje tomei um banho caprichado e coloquei uma calça jardineira limpa, juntamente com uma camisa de cactos e fiz uma longa trança em meus cabelos ondulados e rebeldes, que possuíam uma cor mel puxado para o castanho, e meus olhos eram de um âmbar como o de um felino, no entanto, era a mais baixinha das meninas e mais cheinha, a vantagem é que na briga corporal eu sempre me dava melhor.

O meu coração se espremeu como uma uva e senti um nó na garganta, a ansiedade atacando e prevejo que infelizmente não poderei cumprir com o que prometi à mim.

⸺ Vou dar uma volta. ⸺ Aviso.

Saí de casa sem que ninguém percebesse e montei na minha bicicleta. E durante todo o caminho, pensei incessantemente sobre essa tal promessa, e sentia um nervoso me corroer, talvez estivesse fugindo do meu destino, mas...

Ouço uma buzina forte e solto um grito antes de cair sobre o capô de um veículo batendo às costas no parabrisa.

⸺ ESTÁ LOUCA GAROTA?!

Escutei uma voz masculina e me levantei com cuidado, assim podendo ver melhor o homem que andava de um lado para o outro, puxando os cabelos para trás.

⸺ PELO MENOS NÃO ESTÁ MORTA! ⸺ Gritou, com desprezo.

Pelo que posso sentir, não fraturei nada grave, mas ouvir ele me culpando sendo que quem estava em alta velocidade era o mesmo, me fez ferver o sangue como uma labareda.

⸺ SEU LOUCO! Bem feito, quem mandou dirigir feito uma mula! ⸺ Retruquei, ficando de pé em sua frente.

O mesmo mirou à atenção em mim com os cachinhos sobre à testa e pude visualizar as suas íris verdes dilatadas que me fitavam de cima a baixo, e os seus lábios rosados entreabertos ofegantes pelo nervosismo.

Em outra situação eu o acharia o oitavo pecado capital.

⸺ Agora a culpa é minha? Eu buzinei várias vezes, mas parecia que você estava pensando na morte da bezerra.

⸺ Talvez. Mas, você deveria ter desviado se estivesse mesmo preocupado em não amassar o seu lindo carrinho.

⸺ Olha...sua. ⸺ Murmurou, e rosnou como um tigre velho.

Bufou e saiu batendo o pé, entrou no seu carro e começou a buzinar para que eu saísse da frente, mas é claro que antes de sair pedalando, chutei o farol e fugi dando uma alta risada, e me divertir ainda mais ao vê-lo espernear e tentar correr atrás de mim.

✽

Após passar uma meia hora na cidade tomando um sorvete, decidi voltar para casa e logo quando me aproximei da pequena fazenda, avistei o mesmo carro que me atropelou e um frio subiu pelas minhas veias, joguei a bicicleta em um canto qualquer e corri para à janela e não conseguia ver nada, além da Carlota jogada no sofá com uma feição tediosa.

Me abaixei e me arrastei pelas laterais da casa, sempre à baixo das janelas, e finalmente consegui ver o demônio que me atropelou bebendo um suco de laranja despreocupado na sala.

"Eu devo ter jogado pedra na cruz e ainda sambado um forró do Washington Brasileiro em cima da nossa senhora."

Enquanto eu me xingava das piores formas possíveis, senti um líquido laranja descendo entre os meus cabelos me fazendo levar um susto e ao olhar para cima, vi de relance o cretino sorrindo cinicamente, mas isso não ficaria impune para ele.

Me levantei, o agarrei pelo colarinho e o puxei para fora da janela, e apenas ouvi os gritos da minha família que tentava me impedir de matar o homem. Ignorei-os, e arremessei o metidão numa poça de lama e sentei em seu peitoral, e começei estapear o seu rosto.

⸺ AAA! LOUCA! ⸺ Gritava, enquanto tentava desviar dos tapas. ⸺ NOJENTA! PORCA!

⸺ Ae?! Você vai ver a porca! ⸺ Gritei, e agarrei o seu rosto lhe dando um beijo em meio à lama, mas depois saímos cuspindo para os lados.

Minha família chegou para apartar, e minha mãe tirou o chinelo do pé e meteu na minha bunda me fazendo gritar e às risadas de Carlota ficavam ainda mais altas.

⸺ Que vergonha meu deus! Que vergonha. Senhor styles. ⸺ Dizia, enquanto o meu irmão levantava o vampirão do chão.

O tal do Styles não conseguia nem falar direito, pois tinha lama em seu rosto inteiro, e começei a rir, sem perceber que eu estava do mesmo jeito. ⸺ Bem feito... ⸺ Murmurei, e olhei para a minha mãe que parecia estar prestes à explodir de tão vermelha.

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Meu deus! Às boas vindas não foram tão agradáveis.

A música da mídia diz muito sobre a Catarina, prestem atenção na letra

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Bebam água, beijos!🐷