🩸── 𝐏𝐄𝐒𝐎 𝐃𝐎 𝐏𝐀𝐒𝐒𝐀𝐃𝐎 ── 🔦

❝ And I can't get e
nough of you, baby ❞

── i was made for lovin' you

A garota levanta de uma vez da cama com um movimento tão repentino, fazendo as molas da cama rangerem. Seus cabelos grudavam na testa meio úmida devido ao suor excessivo.

Sua respiração estava descompassada, ela mal consegui puxar o ar para dentro dos seus pulmãos.

Hailey leva sua mão a sua cabeça devido a forte dor que emanava naquela região. Ela pisca os olhos diversas vezes até recuperar a completa consciência.

Pesadelos, de novo.

Era o que passava na sua mente quando se deu conta de tudo que aconteceu enquanto dormia. Sua mente a traía. Misturando eventos traúmaticos de seu passado com falsa realidade, distorcendo suas memórias.

Não era a primeira vez que sonhava com aquele homem de terno. Na verdade ele se fazia presente frequentemente em seus sonhos desde o ano passado. Hailey achava que era apenas algo que sua mente criou para assustá-la quando resolvesse ter pesadelos.

Como as crianças que sonham com monstros durante a infância e juram que há algo de baixo de suas camas ou dentro do seu ármario.

De repente Hailey entrou em alerta. Olhou rapidamente para os dois lados tentando lembrar para qual dos estava a mesinha que ficava ao lado de sua cama.

Seu relógio marcava nove da manhã em ponto.

── Merda! ── ela retira as cobertas de cima de si o mais rápido que consegue ── Que grande merda!

A morena tropeça em seus lençóis ao tentar sair da cama apressadamente quando notou estar atrasada para o trabalho.

Seria seu primeiro dia e já iria cometer uma burrada dessas. Robin a mataria.

Correndo em direção ao seu armário, o abriu de uma vez e saiu procurando alguma roupa apropriada como um furacão. Como era seu primeiro dia ainda, iria receber seu uniforme só na hora que chegasse ao estabelecimento.

Pegou uma blusinha marrom sem manga e um short jeans surrado combinando com um cinto preto. Entrou rapidamente no banheiro para se trocar.

Hailey estava encarando seu reflexo no espelho enquanto pentiava seus cabelos castanhos rebeldes para que ficassem menos rebeldes, mas aí ela ouve o som da campainha tocando.

── Quem será a essa hora da manhã? ── a morena pensa alto.

Mas não resolveu mexer um músculo. Sabia que seu pai estava acordado já que teria que sair para o trabalho a qualquer momento, então imaginou que o mesmo abriria a porta.

Até que novamente a campainha toca.

── Mas será possível memso? ── mesmo trancada no banheiro ela consegue ainda ouvir seu pai resmungando ── Hailey, abre aqui a merda dessa porta!

── Eu tô meio que ocupada ── ela grita de volta enquanto fazia uma careta para o espelho por estar colocando força na escova tentando desembaraçar um nó terrível em seu cabelo.

A campainha tocava agora repetidamente dessa vez, a pessoa ali fora já estava perdendo a paciência. Juntamente de seu pai.

── Hailey Grace Hopper! ── o homem grita novamente.

Dessa vez, a garota não esperou nem um segundo para correr para fora de seu quarto. Se seu pai a gritasse apenas pelo nome e sobrenome era um sinal, agora se ele metesse seu nome do meio junto, era melhor obedecer e nem discutir.

Ao abrir a prota do quarto ela tem uma visão do mais velho de frente ao fogão fazendo o café da manhã. O homem já vestia o uniforme da policia.

── Já tô indo, não precisa disso ── Hailey bate a porta do quarto e atravessa a sala para chegar até a saída.

── Bom dia para você também ── Hopper apenas acena com uma espátula em sua mão.

Hailey revira os olhos, mas um mínimo sorriso aparece em seu rosto.

O som irritante da campainha ainda se fazia presente, o que estava sendo tortuoso para seus ouvidos. Ao abrir a porta ela se depeara com uma criaturinha que já estava quase da sua altura com um sorriso muito aberto para essa hora da manhã.

── Sério? ── ela se encosta no batente da porta encarando o garoto ── São nove da manhã.

Mike toca a campainha pela última vez apenas para irritar sua antiga babá.

Pela segunda vez naquele dia, Hailey revira os olhos e abre espaço para o garoto entrar.

Desde que Onze e Mike começaram a namorar, o garoto vivia mais em sua casa do que na própria. Nem quando Karen a pedia para cuidar do menor ou quando ajudava nas campanhas de D&D o garoto vinha tanto assim.

── Ela tá no quarto ── digo ao garoto que apressadamente se dirige ao quarto da namoarada.

── Valeu, Hailey ── Mike abre a porta do quarto, mas antes de entrar ele se vira para a mais velha ── Aliás, adorei o penteado.

Hailey estranha a fala do Wheeler até quando ela leva a mão em direção ao lugar que ele estava apontando. O mesmo apenas ri antes de sumir de vez pela porta.

Sua escova estava presa no seu cabelo ainda embaraçado.

── Esse pirralho tá aqui de novo?

A atenção de Hailey volta ao seu pai que estava parado no mesmo lugar só que virado de frente agora. Ele estava com os braços cruzados encarando a porta do quarto de On furiosamente, o que deixava um contraste pelo avental rosa que usava.

A mesma ri da postura do mais velho e vai ao seu alcançe enquanto tenta tirar a escova presa, ela já havia desistido de ajeitar seu cabelo.

── Já não é a quarta vez que ele invade essa casa? ── o homem questiona indignado ── E hoje ainda é terça.

── Deixa eles, você sabe como é, adolescentes ── ela se senta na mesa composta de quatro lugares e põe a escova ao lado do seu prato ── Tem que deixar eles viver se não se revoltam comntra você.

── Ela tá igualzinha a você quando tinha a idade dela ── Hopper revira os olhos e se concentra em finalizar os ovos com bacon.

── Eu? ── a garota se vira ao pai indgnada ── Eu nunca nem trouxe nenhum garoto para cá.

── Não? Lembro muito bem daquele metaleiro esquisito que vivia grudado a você ── o mais velho a reprendia enquanto apontava a espátula em sua direção.

── Só para deixar claro, Eddie Munson era meu amigo, você que implicava com ele ── Hailey retruca ── O pobre coitado vivia tendo medo do senhor.

Hailey se lembrava da epóca em que ela possuia um tipo de amizade meio estranha com o Eddie ''The Freak'' Munson, como ele era chamado na escola. As vezes eles sentavam na parte da floresta que fica atrás do prédio ou na sua casa, enquanto discutiam sobre bandas e filmes.

Seu pai acha que ela não percebe, mas enquanto o metaleiro estava em sua casa, ele ficava horas na sua poltrona de sempre que dá uma breve visão da porta do quarto da sua filha mais velha. Sempre monitorando pela fresta.

── Eu mesmo nunca fiz nada.

── O senhor já o ameaçou correr atrás dele com sua arma ── Hailey retruca, mas ao se encararem, ela e seu pai apenas riem se divertindo com as memórias.

Hopper trazia uma frigideira em uma de suas mãos e na outra um prato com dois walfles feitos especialmente para Onze. Bancon e ovos era o café da manhã favorito de Hailey. O mais velho serviu a mesa e colocou o prato junto aos de mais.

Ao se sentar ao lado da filha mais velha, depositou um beijo singelo na cabeça da mesma. Ela sorriu com o ato que começou a se servir.

── Café tá na mesa ── Hopper grita afim de chamar atenção de Onze.

Mike e On saem do quarto de mãos dadas, parecendo que não conseguiam parar de olhar um para o outro e sorri feito dois idiotas. É assim que pessoas apaixonadas agem? Hailey se perguntava enquanto encarava os dois que agora sentavam na mesa em sua frente.

── E aí? O que tem para comer? ── Mike questiona.

Hailey deixa escapar um barulho engraçado ao tentar segurar a risade depois de olhar para a cara nada satisfeita do seu pai, que encarava o menino Wheeler como se fosse voar no pescoço dele.

A Hopper mais nova decide interver a situação antes que seu pai arrumasse um barraco com o namorado de sua irmã, ao olhar para o relógio no pulso do homem ao seu lado, ela lembra novamente que estava atrasada.

── Puta merda! ── Hailey coloca as últimas fatias de bacon em sua boca e se levanta da mesa rapidamente.

── Olha a boca, caralho! ── seu pai a repreende enquanto a mesma corria em direção ao seu quarto.

── Também te amo pai, o senhor é foda ── a morena volta do quarto com sua mochila nas costas e um fone do seu walkman pendurado no pescoço.

Hailey vai até a mesa para se despedir ali dos presentes.

── Tchau pai ── ela deposita um beijo em sua cabeça, assim como o mesmo fez antes ── Tchau Onze ── faz o mesmo com sua irmã que lhe oferece um sorriso ── E tchau...

Ela para na vez de Mike que a encarava sorrindo esperando o mesmo ato.

── Ok né ── a mais velha apenas dá de ombros quando beija a cabeça do outro ── Tchau Mike.

── Tchau Hailey! ── todos na mesa se despedem ao mesmo tempo da garota.

Hailey pega seu casaco azul que estava jogado no sofá e abre a porta de casa e sai pela mesma, desce a pequena escadinha rapidamente que havia entre sua casa e o caminho de terra.

Ela começa a correr em direção ao ponto de ônibus mais próximo desejando conseguir chegar no shooping antes das dez horas ou Robin a despediria antes mesmo de completar seu primeiro dia no novo emprego.

Seu All Star de cano alto vermelho fazia barulho enquanto pisava nas folhas das árvores caidas no chão.

A garota põe seus fones e caça alguma fita em sua mochila e coloca para tocar a primeira que conseguiu pegar nessa correria. A melodia da música "I was made for lovin' you" da banda KISS começa a ser ouvida.

"I was made for loving you, baby
You were made for loving me
And I can't get enough of you, baby"

Sua atenção estava extremamente focada na música e devido ao barulho levemente alto dos fones, a garota não notou quando começaram a ter certos barulhos estranhos em sua volta para o fundo da floresta.

── Hailey...── de repente a garota parou no meio do caminho.

Hailey não tinha se dado conta dos barulhos, mas ouviu uma voz muito fraca a chamando de algum lugar. Quando olhou para todos os lados e não viu ninguém ali perto, pensou que estivesse ficando maluca. Ela já estava longe da cabana para ouvir alguém a chamando de lá.

Apenas continuou seu caminho como se nada tivesse acontecido.

Hailey tinha uma facilidade em se perder nos seus pensamentos, principalmente quando estava sozinha. Frequentemente a garota começava a encarar algum ponto fixo e voar para uma outra dimensão. A garota estava se lembrando de quando Onze chegou na cabana.

── Hailey, eu quero que presta muita atenção agora ── seu pai chama a sua atenção ── Descobrimos recentemente que o laboratório de Hawkins está fazendo muito mais do que experimentos normais, estão usando pessoas de verdade. Crianças

A morena lembra de ter ficado horrorizada quando descobriu uma atrocidade dessas. Se perguntando como podem fazer isso com pessoas, apenas crianças. E ela se tocou que realmente o ser humano poderia ser o mais podre por dentro do que muitos imaginavam.

── E conseguimos ajudar uma delas. Agora precisamos protegê-lá o máximo que conseguirmos, pelo menos por um tempo, ninguém pode saber que ela está aqui.

Quando Hopper trouxe a garotinha de cabelos encaracolados para a sala, Hailey se viu encatanda pela menina. Depois da morte de Sarah, é como se houvesse um vazio dentro de si por muitos anos, um vazio que foi preenchido assim que a mais nova sorriu meio acanhada para ela.

Desde então Hailey e Onze se tratavam como irmãs.

Mas ela sabia que ainda algo de estranho naquela história. Seu pai lhe disse para sempre buscar a verdade nos olhos, e quando olhou para os dele, sabia que algo havia de errado e que ele não estava a contando tudo.

Ainda mais depois do desaparecimento repentino de Onze enquanto Hailey tinha ido dormir na casa de Robin por conta que ficaram até tarde fazendo um trabalho. Quando a mesma ligou para a cabana e ninguém atendeu, algo estava errado.

Seu pai e Onze sumiram por alguns dias e quando voltaram On tinha virado uma espécie de emo e ningúem naquela casa lhe deu explicações, mesmo ela perguntando.

── Hailey, só estamos te protegendo.

Era isso que seu pai dizia.

Mas Hailey não estava conformada com as mentiras.

Principalmente com os segredos que havia naquela casa.

A música muda assim que ela enxerga a placa do ponto de ônibus e caminha mais depressa até lá.

── Desculpa mesmo ── Hailey atravessa o saguão vazio da sorveteria ── Tô super atrasada.

── Hopper, você se supera a cada dia ── Robin lhe oferece um sorriso sarcástico ── Primeiro dia e já faz merda.

── Ah cala a boca, Buckley ── as duas se encararam sérias por um momento até que ambas caíram na gargalhada.

Robin e Hailey dividiam a mesma aula de caúculo na epóca da escola e a Hopper chegou a fazer parte da mesma banda que a loira, mas saiu há alguns anos. Não chegavam a ser melhores amigas, mas possuiam uma relação amigável.

O Shopping só abriria às dez e meia da manhã, mas todos os funcionários deveriam estar em seus postos pelo menos uma hora antes. E Hailey ainda deu sorte de chegar nove e cinquenta.

Robin deixa suas tarefas de lado por um momento, a mesma estava repondo os sabores de sorvete na vitrine.

── Espera aí que vou pegar seu uniforme.

Hailey apenas concordou com a cabeça e viu a loira desaparecer pela porta dos funcionários que dava aos fundos. A garota ficou olhando para o lugar entediada enquanto batia suas unhas sob o balcão, esperando a outra voltar.

Até que a porta é aberta novamente. Mas não é Robin que saí dela.

── Robin, você viu meu chapéu?

Steve Harrington para de falar assim que não encontra a Buckley e sim uma outra garota ao qual ele infelizmente conhecia bem.

── Nem fudendo ── Hailey tem que fazer o maior esforço para não rir agora mesmo ── Quer dizer que o grande Rei Steve tá trabalhando agora no Scoop's Ahoy? Que surepsa agradável.

── Hopper ── Steve revira os olhos com o comentário da garota ── O que você tá fazendo aqui? Tá tudo fechado ainda.

── Ah Harrington, não se preocupe, não vim para fazer vistita.

Robin resolve aparecer novamente e agora carrega em seus braços uma pilha de roupas de coloração azul e vermelho, com um chapeuzinho de marujo enfeitando o topo.

── Aqui está, Hailey ─ ela entrega o uniforme nas mãos de Hailey.

Steve entende o que estava acontecendo só agora e arregala os olhos ao perceber que a garota que ele menos suporta, seria sua nova colega de trabalho que Robin tanto falava há uns dois dias.

Hailey e Steve não tinham o relacionamento mais agradável de todos, na verdade os dois não podiam estar no mesmo lugar que começavam a se alfinetar e a se encarar mortalmente capaz de acabar atacando um se não forem separados.

A Hopper se lembra orgulhosamente de ter metido o soco no Harrington quando descobriu sobre o que ele falou do Will para Jonathan há alguns anos atrás.

Isso resultou numa ida na diretoria e um recado para seu pai, mas valeu muito a pena. Jim quando descobriu quase chorou de orgulho da filha.

── Não, nem pensar, não me diz que eu vou ser obrigado a trabalhar com essa coisa ── ele aponta na direção da garota.

── Você me chamou de quê, seu mauricinho de topete? ── Hailey questiona indgnada.

── Se vão se matar, façam isso pelo menos lá fora ── Robin intervê ── Agora sei porque te contratei.

── Desde quando me odiar virou requesito de currículo? ── Steve se dirige a Buckley.

── Desde que suportar você virou prova de resistência ── a loira diz ao mesmo tempo que troca um high-five com a outra garota.

── Nem sabia que você conhecia essa palavra, ''requesito'' ── Hailey diz afim de irritar ainda mais o Harrington.

── Trabalhar com vocês vai ser um inferno!

Steve finalmente acha seu chapéu que estava em cima do balcão e o coloca para completar o fardamento.

── Aliás ── o garoto volta a falar ── Você nao ia seguir a carreira igual seu pai, ou sei lá, tá fazendo o que trabalhando em uma sorveteria?

── E ainda vou, o problema é que eles só aceitam maiores de 21 anos no treinamento ── Hailey rola os olhos com essa regra ── Então até lá, é trabalhar.

O garoto apenas acena com a cabeça com a explicação da garota.

── Eu sei que vai sentir minha falta, Harrington, mas não se preocupe que ainda falta dois anos.

── Eu vou dar é Graças à Deus, isso sim.

Robin olhava para dinâmica dos dois se segurando para não rir. Pareciam dois velhos rabugentos brigando um com o outro, na visão da loira.

── Tem um banheiro ali perto da saída, Hailey, pode ir lá ── Robin interrompe e aponta para uma porta na direção contrária de onde estavam os três.

── Obrigada, Robin ── a morena sorri simpática para a outra, mas quando se vira para Steve seu sorriso saí de simpático para cínico ── Ah e Harrington, essa roupa de marujo ficou uma graça em você.

E Hailey sai andando enquanto solta uma gargalhada da cara que o outro fez devido a sua fala, era uma mistura engraçada de raiva e vergonha.

── Eu odeio essa garota ── Steve fala já a vendo um pouco longe de si.

── Eu ouvi isso!

Hailey apenas levanta o dedo do meio para o garoto antes de sumir pela porta do banheiro feminino do estabelecimento.

── Que sorriso idiota é esse? ── Robin encara o rosto de Steve confusa.

── Que sorriso? Tá maluca?

Harrington não espera uma resposta da outra e afim de tentar fugir do assunto ele volta para a parte dos fundos, de volta ao que estava fazendo antes de Hailey chegar. Mas sim, ele nunca admitiria isso, mas havia sim um mínimo sorriso em seu rosto antes.

🩸🔦

✍︎ Apenas par deixar bem explicado, as partes do diálogo que estiverem em itálico serão lembranças do passado da Hailey

✍︎ E aos poucos vamos entendendo como a vida da Hailey era em relação ao mundo invertido, como o Hopper fazia para manter a garota longe de tudo para protegê-la.

✍︎ Espero que tenham gostado desse primeiro capítulo.

votem, comentem e divulguem para me ajudar ;)

𝐁𝐎𝐀 𝐋𝐄𝐈𝐓𝐔𝐑𝐀!!

© liapzw9_