CAPÍTULO 14
❛ lua do mal. ❜

- Obrigada por vir, Ric. - Stefan diz assim que Alaric entra na pensão Salvatore.

- Quer whisky? Café? Os dois? - Damon pergunta se sentando ao meu lado. Me afasto com uma carranca no rosto.

- Alyssa disse que precisavam de ajuda. - Alaric diz.

- É. A gente estava precisando de ajuda para desvendar a família Lockwood. - Stefan diz.

- E por que eu saberia sobre os Lockwood? - Alaric pergunta.

- Não saberia. - Damon diz se levantando e indo se servir de bourbon. - Mas sua esposa vampira morta - viva sim.

- A pesquisa de Isobel. De quando vocês estavam juntos em Duke. - Elena começa.

- Você disse que ela passou anos pesquisando essa cidade. - Diz Stefan.

- A pesquisa de Isobel aqui em Mystic Falls era baseada em folclore e lendas. - Alaric diz. - Na época, eu achava que era mais ficção.

- Como a incrível história de vampiros. - Ironizo. - Além de vampiros, o que mais?

- Licantropia. - Ric responde.

- Espera, tipo, lobisomens? - Questiono trocando olhares confusos com Elena e Stefan.

- Não mesmo, impossível. - Damon diz voltando a se sentar ao meu lado. - É muito Lon Chaney.

- É mesmo? - Stefan questiona fuzilando Damon com o olhar.

- Tô nesse planeta a cento e sessenta e poucos anos. Nunca cruzei com um. - Afirma Damon. - Se os lobisomens existem, onde estão?

- Por que suspeitam dos Lockwood? - Ric pergunta.

- Verbena não afetou o prefeito no dia dos fundadores. Mas o dispositivo Gilbert, sim. - Digo.

- E afetou o filho dele, Tyler. - Pontua Damon.

- E na feira da escola o tio dele, Mason, exibiu um comportamento sobre - humano quando brigou com um dos trabalhadores. - Acrescenta Stefan. - Sugeria uma espécie de entidade sobrenatural.

- A gente achou que as pesquisas da Isobel poderiam nos ajudar a decifrar. - Digo.

- Bom, as coisas dela ainda estão em Duke. - Ric diz. - O escritório dela ainda está lá, tecnicamente, ainda está desaparecida.

- Então podemos ter acesso? - Damon pergunta. Vendo o receio do homem, Damon se ajusta no sofá. - Ric, precisamos saber o que estamos enfrentando. Se isso de homem lobo for real, eu já vi filmes demais pra saber que não é bom. Quer dizer que Mason Lockwood é um Lon Chaney da vida real. E aquele delinquente do Tyler pode ser o Lon Chaney Junior, o que quer dizer que Bela Lugosi, ou seja, eu, estou ferrado.

[...]

- Quer fazer isso mesmo? - Stefan pergunta para mim que arrumava minha bolsa.

- O que? Mexer nas coisas da Isobel ou ir pra Duke com Elena e Damon no mesmo carro? - Pergunto.

- Não sei, os dois. - Ele diz e Elena aparece na porta.

- Já tô pronta. - Diz se sentando em minha cama.

- A primeira parte eu quero, Ric é um bom companheiro. - Digo. - Posso me ligar numa solidariedade anti - Damon.

- Eu queria que você fosse. - Resmunga Elena para o namorado.

- Se forem começar de melação é melhor saírem. - Mando. Rindo os dois saem as pressas.

Reviro os olhos fechando minha bolsa. Desço as escadas encontrando Ric e Jenna conversando, eu odiava mentir pra ela, Elena desce logo em seguida com Stefan.

- Pena que não pode ir, Stef. - Damon diz sorrindo encostado no carro.

- Qualquer coisa liga. - Stefan pede a Elena enquanto entro no carro. Reviro os olhos quando os vejo se despedindo aos beijos.

- Vou cuidar bem delas. - Damon diz.

Elena e Damon entram no carro, Stefan dá um rápido adeus e Ric sai com o carro.

- Como que tá aí atrás? - Damon pergunta depois de um tempo, Elena dormia encostada na janela do carro.

- Deixa ela em paz, Damon. - Manda Alaric.

- Sabe, isso de fingir me odiar tá ficando meio chato. - O vampiro diz.

- Não acho que é fingimento, você matou o irmão dela. - Alaric me defende.

- Há um grande asterisco nessa declaração. Ele voltou a viver. - Damon diz.

- Graças a um anel que você não fazia ideia que ele estava usando. - Rebato.

- Por que tem tanta certeza disso?

- Você sabia? - Pergunto.

- Sabia. - Ele responde me olhando.

- Mentiroso. - Reviro os olhos.

- Alyssa, eu vi o anel. - Ele insiste. - É uma coisa grande e brega, difícil não ver.

Uma música agradável preeche o espaço quando ficamos em silêncio. Não demora e chegamos ao nosso destino.

- Então Isobel foi contratada oficialmente pelo Departamento de Antropologia dado que a maioria dos fenômenos sobrenaturais tem raízes no folclore. - Alaric diz enquanto entrávamos no cômodo. - Com licença. Oi. Sou Alaric Saltzman. Eu liguei mais cedo.

- Ah, sim. - A mulher diz me olhando com o cenho franzido. - Claro. - Ela balança a cabeça e o comprimenta. - Sou Vanessa Monroe, assistente de pesquisa, Folclore Comparativo. - Ela me analisa de cima a baixo. - Eu vou pegar as chaves da Isobel.

- Desculpe, esses são meus amigos, Damon, Alyssa e Elena. Espero que não seja um incômodo. - Ric diz.

- Ah, por favor. A sala da Isobel fica pra lá. - Diz, troco olhares com Elena. Ela anda até uma escrivaninha. - Isobel foi uma das minhas primeiras professoras. Eu sou da graduação. Ela era brilhante e foi um dos motivos que me fizeram escolher o folclore. - Ela suspira. - É..eu tenho que perguntar, você teve mais alguma notícia?

- Não, não. Infelizmente não. - Mente Alaric.

- É por aqui. - Ela diz pegando uma chave e nos guiando até uma porta. - Vou lá ascender a luz, fiquem a vontade.

Ela sai nos deixando sozinhos no enorme escritório. Abraço meu próprio corpo sentindo uma sensação ruim.

- Pra onde ela foi? - Damon pergunta enquanto mexemos em algumas coisas.

Ela volta com uma besta apontada pra mim, rapidamente ela dispara, mas Damon é mais rápido e acaba levando a flechada por mim. Damon cai aos meus pés ao mesmo tempo em que Ric e Elena corriam para disarmar a mulher.

Rapidamente puxo a flecha das costas de Damon que geme de dor.

- A vaca vai morrer. - Ele diz se virando pra me encarar.

- Você não vai matar ela, Damon. - Digo com tédio.

- Espera pra ver. - Ele diz sorrindo passando por mim.

- Se ousar encostar nela, eu sumo de Mystic Falls e nunca mais volto. - Ameaço o fazendo se virar pra me encarar novamente.

- Por que acha que tem algum poder sobre mim? - Ele se aproxima. - Por quê levei uma flechada nas costas por você? Você tem um ego muito grande.

- Tem razão. - Digo tirando sua mão do meu ombro. - Eu esqueci que estava falando com uma mente psicótica que bebe e mata pessoas por impulso. Vá em frente, faz o que quiser.

- Você tá tentando me manipular.

- Se manipular é ser sincera, tá. Culpada. - Sorrio irônica. - Tchau.

Passo por ele voltando a sala inicial.

- Por favor! - Vanessa implora para Alaric enquanto ele a jogou em uma cadeira. - Você também faria o mesmo. Não é possível. Katherine Pierce não pode estar viva! E Damon Salvatore morreu em 1864. Eu li a pesquisa da Isobel.

- Então você deve saber que é possível. - Ric diz.

- Eu sou Elena Gilbert, e essa é minha gêmea Alyssa. - Elena diz se apoiando no sofá. - Somos filhas da Isobel, descendentes de Katherine Pierce.

- E esse que você acabou de acertar é o Damon Salvatore. - Reviro os olhos.

- Se eu fosse você seria muito legal comigo agora. - Damon diz sorrindo.

- Precisamos da sua ajuda. - Elena diz. - Precisamos ver toda a pesquisa da Isobel relacionada a Mystic Falls.

Ela suspira e se levanta indo até um armário tirando várias caixas.

- Essa caixa mostra a chegada da Katherine a Mystic Falls em 1864.- Vanessa diz pondo uma caixa na minha frente.

- É tudo que tem sobre ela? - Pergunta avaliando a caixa.

- Que eu saiba, é. - Vanessa diz.

- Aqui. - Digo entregando um pedaço de verbena para a mulher. - Toma isso.

- Verbena funciona mesmo? - Ela pergunta sorrindo de lado.

- Não, não mesmo. - A voz de Damon ecoa do outro lado da sala.

- Ele escuta a gente? - Ela sussura.

- Não, seria muito estranho. - Ele sussura também.

- Ele lê mentes também? - Pergunta me fazendo segurar a risada.

- Sabe, se quiser me ver pelado, só precisa pedir. - Ele diz se virando.

- Não, ele não consegue. - Elena diz.

- Mas é capaz de ser um imbecil de primeira linha. - Digo.

Suspiro voltando a mexer nas caixas.

- Alguma coisa? - A voz de Damon ecoa ao pé do meu ouvido, fazendo-me arrepiar levemente.

- Aqui não tem nada sobre a Katherine que a gente não saiba. - Digo.

- Ah, é uma pena que não sejamos mais amigos por que eu podia contar o que eu sei. - Ele diz suspirando.

- Quem tá manipulando quem? - Pergunto.

- Gente, olha isso. - Alaric nos Interrompe.

- Não há registros da mitologia do lobsomem em Mystic Falls, mas aqui tem algums registros de algumas lendas menos conhecidas. - Vanessa diz me entregando um livro. - De tudo, desde os metamorfos até o Marechal Retz. O que mal traduzido, seria a maldição do sol e da lua.

- Dos nativos americanos. - Alaric diz.

- Asteca. - Corrige. - Explica uma origem da maldição do lobsomem contada na Virgínia. Resumindo, há seiscentos anos os astecas foram artomentados por lobsomens e vampiros. Eles aterrorizaram os campos. Impossibilitaram plantações e caçadas. Até um xamã asteca os amaldiçoar tornando vampiros escravos do sol e lobsomens servos da lua. Como resultado, os vampiros só podiam caçar á noite e os lobsomens só poderiam se transformar na lua cheia. Quando a lua cheia surge no céu, quem tiver o azar de cair na maldição vira lobo.

- Eles controlam a transformação? - Damon pergunta.

- Se fosse uma opção não seria uma maldição. - Ela diz. - Os lobsomens atacam os humanos mas o instinto e os séculos de rivalidade fazem com que eles sejam mais atraídos pela presa favorita: vampiros.

Encaro Damon.

- Bom, se lobsomens caçassem vampiros, eu saberia. - Damon diz.

- Não se não houver mais tantos lobsomens vivos. - Vanessa diz. - Há centenas de anos, os vampiros quase os extinguiram.

- Por que fariam isso? - Pergunto.

- Para proteção. - Ela responde. - A lenda diz que uma mordida de lobsomem é fatal para um vampiro.

Olho para Damon preocupada.

- Oh, ou.. - Ele diz.

- É, Vanessa. Você fez alguma pesquisa sobre os Doppelgängers? - Pergunto.

- Bom, a palavra tem significados diferentes para culturaa diferentes. - A mulher diz. - Mas tipicamente um Doppelgänger é uma duplicata viva de outra pessoa.

- Isobel tem alguma coisa que pudesse explicar a ligação entre Alyssa, eu e Katherine? - Elena pergunta.

- Era tudo que ela tinha sobre a Katherine, infelizmente. - Lamenta a mulher. - Mas, posso dizer, que os Doppelgängers atormentam as pessoas com quem se parecem, tentam desfazer a vida delas. Não é exatamente animador.

- E mais coisas de que já sabemos. - Ironizo.

- Só queremos saber por que somos parecidas. - Elena diz.

- É um mistério, não é? - Damon diz suspirando.

- Você sabe de alguma coisa. - Me viro pra ele. - Ou, só está sendo você?

- Bom, eu sei de alguma coisa, não vou contar. - O vampiro diz. - Não com essa sua postura.

- Que bom, Damon. E isso vindo de alguém que quer ser meu amigo. - Digo vendo-o se aproximar. - Amigos não manipulando amigos. Eles se ajudam.

Saio de perto o deixando sozinho.

Voltamos para o carro conseguindo o mínimo de resposta que conseguimos. Bufo me encostando no carro enquanto tentava abrir a porta.

- Aqui. Me permita. - Damon diz destrancando o carro e abrindo a porta. Tento passar mas ele me barra. - Você não vai conseguir me odiar pra sempre.

- Podemos ir? - Questiono o ignorando.

- Você não olhou direito. - Ele diz me dando um livro, na lombar estava escrito Petrova.

- Petrova? - Questiono. - Eu vi isso na estante.

- Katherine vejo da Europa. - Damon diz. - Petrova era o nome dela de verdade. Katerina Petrova, pra ser exato.

- Como você sabia disso? - Franzo o cenho.

- Na época eu vi gravado numa relíquia antiga. - Ele diz. - Homens são bisbilhoteiros. Me conta o que descobrir, também estou curioso. - Tento entrar no carro novamente mas ele segura meu pulso. - Tem todo o direito de me odiar. Eu entendo. Mas você não me odiava antes, até viramos amigos. Seria bem ruim perder isso pra sempre. Então é assim? Perdi você pra sempre?

- Obrigada pelo livro, Damon. - Digo suspirando, vendo seu sorriso morrer aos poucos. Ele assente e sai da frente para eu passar, entro no carro deixando-o parado do lado de fora.

[...]

- Ah, qual é. - Damon diz me seguindo pela varanda de casa, Elena já havia entrado com Alaric. - Sabe que derrubei um pouco do seu muro do ódio.

- Preciso que me diga a verdade. - Suspiro me virando pra ele. - Quando você quebrou o pescoço do Jeremy você sabia que ele estava usando o anel?

- Não, eu não sabia. - Ele sussura me encarando. - Katherine tinha me tirado do sério e eu..eu perdi a cabeça. Tive a sorte do anel. Eu não sei o que teria feito se ele não estivesse com ele. Alyssa, me desculpa.

- Obrigada pela sinceridade. - Digo séria. - E a respeito da nossa amizade.. é sim. Você me perdeu pra sempre.

- Mas já sabia disso né? - Ele pergunta. - Você me usou hoje.

- Não, não usei. - Mordo o lábio. - Eu realmente cogitei te perdoar. Amigos não manipulam amigos, lembra?

Ele me olha com desdém.

- Você e a Katherine tem muito mais em comum do que a aparência.

Me viro e entro para dentro de casa, subo correndo para o meu quarto e me trancando dentro.

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