⠀⠀ 🩸┇𝘀𝗲𝘃𝗲𝗻; 𝘯𝘦𝘹𝘵 𝘴𝘵𝘦𝘱
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De volta em casa, você inspira profundamente, tentando se recompor e há apenas uma pessoa que pode te ajudar agora. Durante um quente e relaxante banho que levou consigo para o ralo não só a água, mas todas as suas frustações. Deslizou as mãos pelo comprimento dos fios, cerrando as pálpebras por um instante enquanto tombava a cabeça para trás e suspirava, lembrando-se do momento intenso que teve com Kokonoi. Havia cedido às tentações, havia ido contra todos os seus princípios, renegando o porquê se infiltrou na máfia assim que aceitou juntar suas bocas em uma dança apaixonante e agora o sabor e cheiro de Hajime não pareciam sair de sua mente, impregnados em suas entranhas. Tentou espantar, em vão, os cativantes olhos castanhos, hipnotizantes e marcados pela maquiagem vermelha na qual realçava seus traços finos do rosto. Seu cabelo branco como a neve, caindo sobre os ombros como cachoeiras, ou até como uma nevasca, o charme de sua tatuagem na cabeça, o brinco dourado e o terno de estampa vermelha feito sob medida, e suas palavras doces e promissoras.
Tudo, absolutamente tudo estava a obcecando. Estava fumegando não de raiva, nem pela água fervente do chuveiro, mas sim por todos os toques que recebera. E agora cá estava você, com somente uma toalha mal cobrindo o tronco, o cabelo encharcado pingando pelo carpete, porém não se importou. Sentia-se perdida e não pensou muito em teclar o número de Hanemiya em seu celular e telefoná-lo. Os toques ecoando em seus tímpanos como uma grande caixa de som em uma sala enorme e vazia, soavam como ecos.
— Katherine, como você está? Estive esperando por sua ligação! Está tudo correndo bem?
— Não... eu estraguei, Kaz. Pra valer.
— O quê aconteceu? É sobre ele? — Sua entonação de voz transpareceu preocupação enquanto apenas ao pronunciar uma maneira indireta de se referir ao cabeça da máfia japonesa, Kazutora emitia repudia.
— Por favor não me julgue asperamente. Mas nós, uh... trocamos cartas.
— O jogo? — Você pigarreia. Às vezes o seu amigo pode ser bastante incompreensivo e não entender o quê diz, embora um advogado como você e tenha o talento de brincar com as palavras, talvez estas não tenham sido tão ambíguas — Ah! Esse tipo de jogo! — Após algum tempo em silêncio, um que pareceu verdadeiramente longo, Hanemiya tossiu e então você confirmou se ele havia desligado na sua cara ou se apenas estava processando a informação — Bem! Isso inverte a situação. Sério, agora precisamos nos ver para discutir nossa nova estratégia.
— Me sinto horrível. Joguei tudo para os ares em um impulso.
— Não exagere... Está tudo ok, não se preocupe. Estou aqui pra te apoiar. Vamos nos encontrar no lugar de sempre em meia hora, tudo bem para você?
— Muito obrigada, Kazutora. Sinceramente. — Afirmou, amarga, encarando os próprios pés contorcidos. Estava envergonhada, mas começou a se mexer quando pareceu que Hanemiya pôs o celular no ouvido e saiu buscando algo, pareciam chaves. Ele sempre foi e é um amigo leal e muito prestativo. Sempre esteve lá por você, ajudando-a e consolando-a sem contestar. Nas últimas semanas esteve sugando tanto dele, toda a energia e disposição do bicolor indo por água abaixo enquanto você brincava de "rei e rainha" do xadrez com o cara que acabou com sua família — Eu não teria chegado tão longe nesse plano como chegamos sem você e o seu apoio.
— Sempre estarei aqui por você. Mas tenho certeza que você teria feito isso sozinha eventualmente, sem minha ajuda. Vou dizer de novo e de novo... Você é a pessoa mais obstinada e teimosa que eu já conheci. Além disso, faz tempo que não sente vontade de jooogar, né? Eu entendo.
Você dá risadinhas quando encerram a chamada. O rapaz sempre sabe o quê dizer para a fazer se sentir melhor. Então, em menos de uma hora depois, encontra Hanemiya no lounge que sempre vão. Dessa vez, ele chegou antes de você.
— Conte-me tudo!
Mergulha nos eventos da noite passada. Certo... talvez nem todos os detalhes minuciosos, e mantém algum deles em privado. Como a forma que Hajime a fez se sentir... a forma que não consegue parar de ter seus pensamentos direcionados ao toque dele, além de que houvesse sido apenas sexo, ele não estaria alugando um triplex na sua cabeça.
— Bem, uhm, quando eu estava no escritório do Haji...
— Hajime?
— Sim, Hajime. Por quê?
— Hm. Talvez eu esteja confuso que de repente você o chame pelo primeiro nome?
— Eu acredito que depois de ontem, estamos em uma base de proximidade um com o outro.
Kazutora tenta esconder suas emoções, mas pode ver que ele está preocupado.
— Eu preciso perguntar. Ele não te ameaçou ou a forçou, ele fez?
— Não, tudo que fizemos foi consensual.
O de cabeleira bicolor penteia os cabelos com os dedos, um hábito nervoso. Então ele desvia o olhar, meio constrangido.
— Você não está... Você não está se apaixonando por ele, não é? Ou você dormiu com ele apenas para enganá-lo?
— Eu vi a oportunidade, e a peguei. Ele é um manipulador por natureza, então ele não vai pensar que pode ser manipulado com tanta facilidade.
— Hm, de certa forma, se ele pensar que está apaixonada por ele, não vai esperar nenhuma traição.
— Exatamente. Isso foi apenas um passo mais perto para conquistar sua confiança.
Kazutora engole em seco e você pode dizer que se esquivou da pergunta dele de uma maneira bem descarada, afinal, nada impede de estar — ligeiramente — apaixonada e ao mesmo tempo transar com intenções de atraiçoá-lo, e também... o fato de se sentir atraída por Hajime serviu como um fator para intensificar tudo o que sentiu durante o sexo, tornando-o não somente carnal, mas deliciosamente uma relação de amor tangível. Embora o Hanemiya não precise desses detalhes e que no momento você unicamente tenha esquecido sua missão, cedendo aos instintos primitivos, seu corpo reagindo muito mais rapidamente do que sua razão.
— Não posso dizer que concordo inteiramente com esse método... mas, infelizmente, eu compreendo seu raciocínio. — Seu amigo mantém o olhar baixo e por um breve instante se sente suja, tanto por permitir se entregar a Kokonoi quanto por ter traído Hanemiya. No entanto, no segundo seguinte não consegue sentir nada além de culpa por ter gostado e por não ter se arrependido, independente das consequências, prefere acreditar que foi um momento genuíno e verdadeiro. É quase como se você sentisse culpa por não senti-la, e é praticamente comicamente trágico. Então o de cabeleira colorida, quem estava tomando um gole de sua bebida parece se afogar quando em súbito ele quase a cospe ao que pode ver algo surgir em sua mente com uma ideia extraordinária: — Eu tenho que te perguntar mais uma coisa. — Ele limpa os lábios com um guardanapo e então arregala os olhos, de fato chocado — Por quê tirou seu colar? Você já ouviu falar de flerte casual, sem envolvimento físico?
— Ér... O quê você está dizendo?! Claro que sim! Só que acontece que assim foi mais eficiente.
— Se você optar por ser tão próxima assim dele, precisa garantir que tenha registrado no microfone. Você nunca vai saber quando precisar e quais detalhes minuciosos que passaram despercebidos. — Kazutora e você se entreolharam por um longo minuto sem que ambos dissessem nada, contudo sentia como se ele estivesse lendo seus pensamentos com um scanner, ou apenas a conhecesse com a palma da mão — E se você tirar a minha habilidade de ouvir o quê está acontecendo, serei incapaz de ajudá-la se... Você sabe.
— Eu sinto muito. Eu não pensei nisso.. Não vai acontecer de novo. Pelo menos através dos eventos da noite passada eu consegui uma pista.
Kazutora ajeita a postura em seu assento, ansioso para ouvir o que você tem a dizer, apoiando o queixo sobre os dedos cruzados.
— Koko me pediu para chamá-lo de "Haji". Suspeito do fato de ser seu verdadeiro nome, ao invés de Hajime, apenas servindo para manter algo encoberto das autoridades.
— Eu vou dar uma olhada. — O seu amigo sorri, satisfeito.
— Obrigada. Cada pequena prova nós leva mais perto de desmascarar o verdadeiro Hajime Kokonoi. — O Hanemiya acena com a cabeça e mexe seu café, porém parecendo um pouco distraído — Eu reconheço essa cara, Kaz. Você pode me contar tudo... Eu sei que algo está te incomodando.
— Certo... Você tem estado nessa missão por diversas semanas. Nós temos muito mais conhecimento sobre como é o funcionamento interno da máfia agora. Você acha que temos o suficiente para construir um novo caso contra ele? Ou pelo menos dar à polícia uma queixa anônima? Até mesmo enviar tudo para a imprensa e ela vai fazer o trabalho? Eu não gosto de você em uma posição perigosa como essa. Nós precisamos tirar você disso antes que seja tarde demais!
— De jeito nenhum! Eu preciso de mais tempo! Se formos a público agora, é como cortar as mãos. Koko continua fugindo de qualquer impunidade porquê as evidências nunca são sólidas o suficiente. Eu preciso de algo verdadeiramente condenável que irá garantir que ele esteja longe e preso em uma cela, pagando por seus crimes.
— Eu sei, [Nome]. E eu concordo, mas é que... estou preocupado com você. Quero que você acabe com isso o mais breve possível. Apenas garanta que os dons especiais de Kokonoi não estejam atrapalhando o seu julgamento.
— O que você está falando?!
— Ele tem a fala mansa e exala carisma. Acredite, ele não está onde está agora somente por causa da força violenta. É como você mesma disse, ele é um manipulador. Ele pode convencer a qualquer um a sair de qualquer situação ou até-
Mordendo seu lábio, você se recorda do gosto de Koko neles e em sua língua enquanto fecha as pálpebras por um segundo, e assim que as abre de volta o enxerga diante de si ao invés de Hanemiya e o lounge familiar que sempre frequenta. Quase como se estivesse lá de volta, em seu território, em seu cassino, em sua sala, e principalmente em seus braços. Nenhum homem sequer a fez se desmanchar da maneira que Hajime Kokonoi fez na noite passada. Foi mais que só emoção, mais que perigo, mas uma paixão que acendeu seu sangue. É isso, gostou do que fizeram juntos, e quer fazer novamente, só que... e se Kazutora estiver correto?
Você pisca mais uma vez e o encanto se foi.
— Eu duvido. Não seria um movimento honroso dele.
— Honroso?! — As sobrancelhas do advogado de cabelos descoloridos estão franzidas com um vinco entre elas agora — Desde quando Kokonoi tem honra?
— Mais do quê você pode imaginar. Na verdade, esse é o lema dele. E sem entrar em detalhes... Algumas coisas simplesmente não podem ser fingidas. Confie em mim.
— Você sabe o que vai fazer a partir daqui?
— Sim. Não importa o que tenha acontecido entre Koko e eu, eu não esqueci dos crimes que ele cometeu, além disso, se eu sei uma coisa que eu não irei fazer é pôr uma venda nos meus olhos.
Embora tenha que admitir ter sido o melhor sexo de sua vida.
— Como eu disse, eu só estou preocupado. — Dessa fez, Hanemiya franzia o cenho em consternação, então seu coração apertou quando ele alcançou suas mãos, acariciando-as, quase como se quisesse tatuar senti-la tão perto e engarrafar todos os momentos juntos ou emoldurá-los na parede, você o amava — Eu não posso perder minha melhor amiga! Isso é tão... louco e imprevisível. Especialmente após o incidente do restaurante...
— Falando sobre isso, você encontrou alguma informação sobre Karen?
— Ela sumiu do radar depois do ataque, mas nenhum relatório sobre o seu desaparecimento. De acordo com os arquivos, ela está morta há anos.
— Entendo. Nada mais discreto que uma mulher morta. É ideal para comandar um cartel... Bem, de qualquer forma, isso é prova o suficiente de que preciso para continuar minha investigação. — Você suspira, e embora exista a sensação de ansiar o alívio quando tudo isso acabar, assumindo que você vencerá essa guerra, algo lhe prende, como se não quisesse nunca que acabasse e como se... o seu coração já estivesse perdendo essa guerra — Se eu sair, será em vão. Não temos provas o suficiente. As coisas continuariam do mesmo jeito, e eu só estaria assinando minha sentença de morte.
— Juro que tentei pensar em várias maneiras de você sair de toda essa merda como se nada tivesse acontecido, [Nome]. Mas... Todas elas levam a um mesmo cenário: tomando uma nova identidade, abandonando a sua vida aqui e indo morar em qualquer canto do mundo com uma vida miserável e com a constante sensação de medo e perseguição. Se Hajime põe sua "família" em primeiro lugar como realmente diz, julgo não ter exceção para traições. Além disso, seria apenas se acovardar da luta que temos diariamente, e isso não é como nós, não como você.
Dessa vez, é você quem suspira aflita, acariciando com ternura o seu melhor amigo e o observando empática, simpatizando com todas as suas angústias.
— Qual é o ponto de fazer tudo isso se eu não posso ajudar alguém em retorno? Eu não quero que mais testemunhas sofram com injustiça. E eu sou uma delas.
— Eu sei, sei que não fizemos isso à toa. Nós já colhemos informações muito mais sólidas do que sequer já conseguimos no passado, mas se você quiser continuar, será uma decisão sua.
— Eu preciso. E eu assumi esse risco... Mesmo assim está cada vez mais difícil compreender Kokonoi. Ele está convencido de que está fazendo a coisa certa.
— Bem... — Hanemiya pesca o seu copo, dando um longo e último gole em seu café ao que dá um levantar de sobrancelhas e ri ironicamente — Ele tem uma visão distorcida . — Então você pensa nas pessoas que conheceu trabalhando para Hajime, não é só... ele. Algumas das pessoas as quais o pagam ou trabalham com ele, observam-no como um salvador — Mas essa mentalidade é a qual põe bons advogados como você e bons policiais como Baji em perigo. — Isso envia um arrepio em sua coluna. O quão perigoso? Ou apenas não tem noção disso por estar dentro da coisa toda? Kazutora está certo. Keisuke tem um forte senso ético e Hajime não hesitaria em derrubá-lo para satisfazer suas necessidades — Se eu ao menos soubesse quando nos conhecemos lá atrás na faculdade de como teríamos mergulhado nessa investigação insana!
— Mas é isso que torna especial e... o porquê temos sido amigos por tanto tempo.
— Hm, não tenho tanta certeza disso... Achei que eu gostava de você por sua eloquência, não por sua imprudência.
— Haha, muito engraçado... Lembre-me, não é você quem sempre disse que justiça requer trabalho?
— Sim, mas eu não achei que seria trabalho de vigilância!
Hanemiya tem estado tão tenso, que você decide elevar o humor e fazê-lo rir. Baixando a cabeça, você evoca o espírito taciturno de Batman.
— Gotham precisa de mim! — Seu amigo reage de sua piada, rindo, mas não com o coração. Ele está realmente muito preocupado com o seu estado e o que implica a sua posição na máfia — Em todo caso, tudo vai encerrar logo. Eu vi o cofre na sala anexa ao escritório de Kokonoi. Tudo que precisamos fazer é quebrar.
— As dicas para quebrar os códigos que meu contato lhe deu não funcionaram?
— Eu não tive a chance de tentar. Há um bloqueio de impressão digital no cofre, mas tenho certeza que eu ainda consigo abri-lo. Nós só precisamos da senha e de sua digital.
O bicolor grunhe, o som saindo de sua boca sendo abafado quando seu rosto cai em suas mãos.
— Só isso?! Isso é um puta problema! Não é como se você pudesse conseguir uma senha e a cópia de uma impressão digital tão facilmente quanto pedir um expresso na cafeteria!
— Ou talvez eu possa apenas fazer Hajime mudar seus modos... Nós não temos que quebrar um cofre de aço e chumbo com cinco centímetros de espessura ou reunir provas se podemos convencê-lo a, de fato, operar nesse lado da lei.
Você esperava que Hanemiya risse na sua cara, porém ele está na realidade analisando suas palavras.
— Você o conhece melhor do que eu. Você realmente acha que vale um tiro no escuro para sua redenção? E o mais importante, ele escolheria mudar?
— É possível... Ele tem boas intenções, per se. Ele quer ajudar, mas apenas tem a metodologia errada.
— [Nome], você realmente vê isso como uma sincera possibilidade?
— Oh... Ele terá primeiro que ser informado de suas irregularidades. Ele é muito egoísta para chegar a essa conclusão sozinho. Sem contar com alguns... maus hábitos. Mas sim, acho que merece uma segunda chance.
Ambos se entreolham, a conversa é tensa e torna o clima pesado que chega a ser possível cortá-lo com uma faca, e não há respostas fáceis. E tudo que resta fazer agora é ir para o próximo passo. Seja lá qual for, para quando acontecer, você saber. No entanto, antes que possa dizer qualquer outra coisa o celular de Kazutora toca, interrompendo-os. Ele encara a tela brilhosa depois de alcançar o objeto no bolso do paletó e enruga o nariz para quem quer que esteja ligando.
— Eu preciso ir. Manjiro está tentando contato.
Você arqueia a sobrancelha. Manjiro Sano é o CEO da empresa onde o Hanemiya trabalha como advogado, e o mesmo dono do lugar onde o seu amigo confia suas conversas para serem gravadas, criptografadas e guardadas. Isso deve ser importante.
— De fato um viciado em trabalho! Você nunca tira um dia de folga...
— Eu quem o diga! — O de cabeleira bicolor sorri divertido — Se eu não fosse tão trabalhador, eu não poderia nunca ser capaz de te ajudar da maneira que eu estou ajudando. É graças a um colega na Toman Bank que eu consegui uma unidade flash USB com um software de keylogger e um cartão chave mestra.
— Certo, certo! Captei a mensagem. Na próxima vez, os drinks são por minha conta. — Vocês dividem um breve abraço antes de se soltar, mesmo que o Hanemiya a segure um pouco mais forte.
— Cuide-se, okay? Estarei ouvindo, mas se algo acontecer...
— Sim, sim. Eu prometo, Kaz. — Você diz em um tom monótono, brincando como se estivesse entediada e já soubesse todas as instruções do amigo — Blá blá. A conversa foi ótiiima. Agora saia, vamos, você precisa trabalhar e eu não te aguento mais.
Kazutora ri de sua piadinha e a segura perto uma última vez antes de plantar um beijo em sua testa como uma criança, de fato, eram como irmãos. Você apreciou o gesto, porém não gostou da sensação em seu estômago de que seria a última vez. Precisava avançar para a próxima casa neste tabuleiro, derrubar mais uma peça de xadrez do seu adversário e ir para o próximo passo em sua investigação. Antes que seu coração saísse ferido, ou parado, para que tudo se encerrasse logo e soubesse de uma vez por todas o rumo de tudo isso, recebendo resultados gratificantes e ficando em paz com seu irmão e seu amigo.
Antes que você possa sair do lounge, seu telefone apita, e observa a mensagem objetiva de seu chefe através da tela de notificações.
"Almoço. Você e eu. Domingo. Meio-dia."
Aí está. A confirmação para o próximo passo.
No entanto, os domingos são exclusivos para família, a sua verdadeira. Mal pode se lembrar da última vez em que falhou um almoço com Keisuke. Além disso, ele já está suspeitando do fato de você estar distante, e fugir do seu irmão vai chamar muita atenção. E ainda assim... a ideia de estar com Hajime novamente atiça todo o seu ser de uma forma que faz seu coração tamborilar frenético no peito. Não importando suas crenças e suas opiniões em relação ao homem, é impossível negar que seus beijos inebriantes nublam o seu julgamento sobre ele da melhor maneira existente.
Chacoalhando a cabeça, você tenta expulsar os pensamentos intrusivos e grita pela razão para que ela volte para si e faça a escolha certa entre o almoço com seu irmão ou esse encontro com Koko!
"Quero estar no meu melhor para você. Podemos nos encontrar na segunda ao invés disso?"
No fundo, sabe que realmente não pode dizer "não" para o todo poderoso, mas não está negando em todo caso, apenas sugerindo outra data.
"Não, no domingo."
Você grunhe em frustração, não que ele possa ouvi-la, porém é algo mais como uma criança que resmunga quando não consegue algo que quer e apenas o fato de ter que dar uma desculpa plausível ao seu irmão. No segundo seguinte, quando está prestes a digitar uma resposta, outra mensagem surge na tela.
"Não seja tão rápida em me decepcionar, tesoro mio."
Bem, acho que não tenho escolha...
Encarando o visor de seu smartphone por mais um longo minuto com o queixo apoiado sobre a palma da mão de forma desleixada ao que tenta processar o fato de que terá um encontro com o chefe do crime mais notório de Las Vegas. Então, você sente seu celular vibrar — dessa vez seu número pessoal — e como se ele soubesse que estava pensando nele, Baji a envia uma mensagem.
"Pronta para perder na escopa de novo? Falando nisso, o quê você quer para o almoço? É a sua vez de lavar a louça. ;P"
Inspira fundo e suga todas as forças internas que ainda lhe restam, pois precisa de toda a sua concentração para manobrar um atalho nessa história, ou então os instintos protetores de seu irmão ficarão muito intrometidos.
"Eu sinto muito, Kei. Mas eu acabei de descobrir que fui escalada para hora extra no domingo :("
"O que?! Você pode adiar, certo? É o nosso dia!"
"Não é como quando eu trabalhava no escritório de advocacia! Eu não tenho fins de semana livres, não mais. E eu não posso me dar o luxo de desperdiçar esse trabalho."
Baji manda uma série de emojis tristes e quase pode ver sua cara amuada e beicinho emburrado, além de uma pontada de desconfiança.
"Nós não nos falamos a semana inteira e agora isso?! Diga-me o que está acontecendo, sério. Você está correndo de mim? Eu fiz algo que te chateou?"
"Você não fez nada, eu prometo. Eu vou me redimir, Kei."
"OK. Eu acredito em você. Mas me compense na próxima semana. Você é quem cozinha >E< lava a louça."
Reagindo à mensagem de seu irmão com um emoji de joia, você bloqueia o seu celular e o guarda novamente. A próxima semana é daqui a um bom tempo. Por enquanto, precisa planejar algumas coisas para o seu fatídico encontro com Hajime e assim que fecha os olhos por um momento, há um flash do olhar gélido, frio e cortante dele que invade e preenche sua mente. Hajime Kokonoi é sua prioridade, e se sobreviver a ele...
Quando o domingo finalmente chega, você demora mais do que esperou para ficar pronta. Os itens essenciais para sua investigação requerem um pouco mais de sutileza e cuidado do que também achou... E a sua escolha de roupa deixa pouco espaço para imaginação... então teve de esconder o kit para coletar impressões digitais no forro de sua bolsa! Você confere seu reflexo no espelho, certificando-se de estar bem ajeitada, ereta e serena. Essencialmente, precisa confiar no seu raciocínio rápido e própria inteligência para concluir esse caso e então brevemente, considera todas as coisas que poderiam ter acontecido se tivesse escolhido um pouco de veneno.
Não.
Estava certa em não seguir por esse caminho. Você acredita na justiça, não na vingança, e principalmente não em assassinato.
Cerrando as pálpebras, você inspira fundo, porém sem nem pensar, como um reflexo levanta o seu celular quando ele apita e mais uma vez, lê o SMS pelas notificações no smartphone para trabalho, o que significa que pode ser somente uma pessoa.
"Estou impaciente para vê-la de novo, darin."
Você sorri quase de automático, de forma inconsciente, e apesar de sua determinação para desmantelar a organização criminosa dele, o único crime que ele está cometendo agora — sob uma perspectiva clichê — é deixá-la sabendo que a deseja tanto que faz a sua pele formigar e bochechas ruborizarem com uma objetividade calculada.
"Eu espero que não demore muito vindo no caminho para cá. Tirei todas as placas de "pare" para que possamos ter um bom momento juntos."
"Eu também tirei os "pare" para você."
Envia-o uma rápida captura de si mesma, cuidadosa em pegar o ângulo certo para mostrar seu conjunto floral e suas curvas.
"Embora eu não tenha certeza se eu quero um "bom" momento. Acredito que há algumas palavras a mais que possam detalhar bem o tipo de momento que estou esperando..."
"Que tortura! Pare de me provocar dessa maneira, ou logo estaremos na sobremesa. Vejo você em breve."
Antes que possa sair pela porta, há mais uma coisa a fazer. Precisa pôr seu colar e garantir que esteja gravando para o Kazutora. No entanto, você para no meio do caminho quando algo clareia em sua mente. Exceto... Você realmente quer que o Hanemiya ouça se as coisas entre você e Hajime esquentarem ou progredirem, como suspeita que vão? Merda, que se dane. Não importa, não quer ser flagrada por seu amigo mais uma vez como a porra de um tele sexo, porque se ele apenas ouvir será muito mais estranho do que assistir, pois a brecha permite que ele pense inúmeras coisas, entretanto isso não é sobre se entregar a Kokonoi ou não, é sobre sua segurança. E o seu colar é um dos seus melhores trunfos, além de ter prometido que não iria tirá-lo.
Ainda que queira curtir um momento a sós com Hajime, precisa manter o colar que não se reduz a somente um acessório, além de manter o foco. Por conseguinte, suspira profundamente e fecha o colar ao redor do pescoço de uma vez por todas antes que pense demais. A investigação vem primeiro. Sempre. E então o próximo passo.
Entretanto, no segundo em que coloca a mão sobre a maçaneta, bufa quando o som de seu telefone pessoal toca em sua bolsa e imediatamente seu coração afunda no peito, outra ligação perdida de Keisuke seguida por uma mensagem.
"Katherine, algo está errado. Eu posso sentir. Você sabe que a nonna sempre nos instruiu para seguirmos nossos instintos. Estarei no seu apartamento em cinco minutos. Quero ouvir a verdade sobre o quê está acontecendo da sua boca."
Putamerda! Isso é a pior coisa que poderia acontecer agora!
Uma batida na porta te tira o fôlego e você segura um soluço ao colocar a mão na boca. Ele já está aqui? Você abre a porta, um sorriso no rosto com uma desculpa na ponta da língua para o seu irmão.
— Ke-
Você para de falar no instante em que percebe a pessoa que acabou de entrar em seu apartamento, não Keisuke, mas Inupi! Enquanto isso, seus nervos torcem em seu interior, não somente por causa da súbita mudança de acontecimentos em um curto intervalo de tempo, mas... Ele é o reparador de Hajime. A lâmina da noite, o aplicador implacável das leis da máfia. Aquele que cuida da manutenção da escória dentro de sua família, que tira a sujeira e acaba com ela. A sua versão mas do lado oposto da tropa. Seu segredo caiu por terra? Será se Inupi veio para lhe eliminar?
Então o loiro se apoia no batente da porta com o cotovelo, sorrindo divertido com sua surpresa enquanto seu cérebro está trabalhando freneticamente e formula inúmeras perguntas, possibilidades e cenários. Até que engula em seco diante dele, que em súbito suaviza a expressão para algo mais singelo, não se importando em a analisar de cima a baixo, dos pés a cabeça e você pôde notar o vislumbre de curiosidade no instante em que suas sobrancelhas se franziram por um milissegundo.
— O que você está fazendo aqui?
— Nós precisamos ir. Agora.
Com a possibilidade de sua vida estar em jogo, não baixa a guarda. Felizmente, com a chegada de Inupi a permite evitar Baji, e assim mantê-lo em segurança. Para amenizar o clima e obter a resposta de que precisa para saber se ele não veio tirá-la de jogo, resolve fazer uma piada. Se rir, bem, há chance das coisas estarem no conforme e se não, talvez esteja diante da morte. Ou ele só não ache graça.
— Meu próprio motorista. Se eu não estiver satisfeita com o seu serviço, posso reclamar para Kokonoi?
— Você pode. — Ele arqueia a sobrancelha, sério. Merda — Mas não tenho certeza se ele vai ligar para a sua reclamação. — Com o loiro rabugento próximo, não pode se dar ao luxo de observar os arredores caso não queira parecer suspeita. Inconscientemente, afunda suas unhas na palma da mão para controlar a ansiedade, mas então o rosto dele mergulha em mansidão — Serei seu único motorista de agora em diante. Koko não permite ninguém em sua propriedade de maneira alguma.
Você assente, porém por dentro sua mente está a mil. A cada dia fica mais próxima de Hajime, e com a ideia, a sua conversa nos fundos do Jazz Bar com o loiro volta à tona, e de imediato o observa silenciosamente, examinando-o. Ambos se conheceram mais desde aquele dia, todavia é muito grata por ele não se intrometer nessa situação, já que não faz ideia do que faria ou diria se ele lhe desse uma palestra ou fizesse um comentário sobre sua relação com Koko!
E ainda... existem algumas coisas que gostaria de perguntar que apenas o misterioso Inupi poderia responder. Por exemplo, caso soubesse mais sobre Hajime e o seu passado, poderia com certeza entender um pouco mais do tipo de homem que ele é, além de complexo e selvagem. Na outra mão, o loiro tem informações preciosas e interessantes sobre a Black Dragons como um conselheiro.
— Kokonoi realmente confia em você, e isso tem a ver com experiência. Há quanto tempo vocês se conhecem?
— Nós somos amigos desde que somos crianças. — Ele sorri, meio melancólico e meio arrogante.
— Posso imaginar um mini Inupi e um mini Koko causando confusão! Que terrores vocês devem ter causado! — Dessa vez, o loiro ri com vontade à alusão e ele de repente parece nostálgico...
— Para ser honesto, nós não éramos de fato próximos até o exército.
— Qual exército? O americano? Ou alguma força militar do Japão?
De repente, ele parece hesitante, e está claro que ele se arrependeu de ter falado muito. Então o Inupi não se importa em ignorar e não diz mais nada, além disso, já tem informação melhor para pressioná-lo e arriscar irritá-lo. No segundo seguinte ele está saindo de seu apartamento em uma ordem silenciosa para segui-lo, você tranca a porta antes de segurar o pingente do colar entre a ponta dos dedos como se sua vida dependesse dele, e de fato depende, mesmo que minimamente.
Segue-se um completo e ensurdecedor silêncio entre vocês até que cheguem no carro, um Audi RS7 completamente preto e com películas escuras, e o loiro educadamente abra a porta do veículo para você, mas antes que a deixe entrar, ele puxa uma faixa de seda escura. Sem que possa protestar ou sequer reagir, Inupi a venda! Com certeza não aprecia isso, porém não é idiota, sabe que não há lógica em debater. Precisamente, também tem conhecimento de que uma das razões para Hajime ser Don de uma máfia bem-sucedida é por conta de precauções como essa, proteger sua localização.
De toda forma, você bufa enquanto não pode ver um palmo a sua frente assim que junta os dedos sobre o colo sem poder fazer nada depois que Inupi lhe ajuda a sentar no banco e pode ouvir a porta ser fechada em um baque, alguns segundos mais tarde ele está lingando o motor e arrancando dali sem que possa ver se Baji sequer chegou em seu apartamento.
— É precaução. Sei que é desconfortável, e eu peço desculpas pela necessidade. Apenas seja paciente. — Argh, que raiva! Aceitou isso, porém não significa que adore estar cega temporariamente. Não apenas é incapaz de acompanhar o trajeto e a localização de seu endereço privativo, mas está a deixando enjoada — E ei, apenas pense.. Pelo menos eu não estou te sequestrando! — Inupi solta uma risada como se fosse uma piada, mas pelo som cortado dela parece que ele olhou pelo retrovisor e viu sua careta, e que não está achando isso muito engraçado...
De acordo com seus outros sentidos, agora mais aguçados, vocês passam por uma espécie de porteiro e então estão em um elevador... Isso determina que Hajime reside em um prédio. E pode ser literalmente qualquer um. Saindo do espaço pequeno e metálico após um longo minuto, sente Inupi alcançar sua mão e você quase a arranca para longe, contudo assim que percebe um pequeno lance de escadas depois de sair diretamente do elevador, sem passar por nenhuma porta. Portanto, o conselheiro tira sua venda e pisca diversas vezes para descolar seus cílios e seus olhos se ajustarem com a luz lentamente.
— É aqui que eu te deixo. — Você ainda está meio atordoada quando o Inupi sorri divertido e debochado — Koko irá encontrá-la daqui alguns segundos. Desejo-lhe um almoço e tarde agradáveis.
Inupi se curva ligeiramente em um aceno e deixa a sala enorme de Hajime, e antes que possa examiná-la, vira o rosto por cima do ombro e encontra o olhar do conselheiro um breve segundo antes que ele sorria e as portas do elevador por onde entraram se fecham. Você inspira fundo e tira vantagem desse momento de solidão para tentar adivinhar onde estão. Primeiramente: Pode sentir cheiro de sal e maresia, embora a viagem até aqui não tenha sido longa... E a julgar pelo tempo que dirigiram, as curvas e a velocidade, pode dizer que acha estarem na praia de Sousse.
— Bom dia, darin.
Você continua onde está, de pé, somente virando o corpo para acompanhar de onde vem a voz de Koko, e quando finalmente o vê, lá está ele em toda sua glória, bem vestido em seu holoun, esperando por você.
Enquanto você espera para pôr em prática o seu próximo passo.
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