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Dias se passam e o mesmo sol que foi testemunha da sua entrada triunfal na Black Dragons nascendo várias e várias vezes seguidas, mais tarde sendo substituído por uma grande lua redonda acompanhada de estrelas cintilantes, as quais são as donas da noite, daquela que não há luz, mas sombras, onde acontece a devassidão, onde um filho chora e a mãe não vê. Então suas obrigações na máfia se transformam em uma rotina com o passar do tempo.

   Fora designada como guarda-costas dos capangas de Kokonoi em muitas missões. No entanto, esta noite é diferente. Hajime a solicitou pessoalmente, com o propósito de participar de uma negociação entre a Black Dragons e o Cartel Mexicano. E você está o esperando no estacionamento do Cassino Bonten.

   O platinado se aproxima de você, com seu eterno sorriso sedutor plantado nos lábios avermelhados. Sempre bem vestido, como quando o conheceu, mas diferente daquele dia, o jovem agora vestia um terno branco, com gravata e luvas pretas contrastantes com o tecido de sua roupa social. Era irritante o fato de tudo ficar bonito em um homem tão cruel.

— Por favor, me acompanhe.

   Ele lhe cumprimenta e descansa a mão em suas costas, guiando-a para o seu carro, o qual suas janelas são à prova de balas e escuras como um buraco negro. Você não sabe dizer se seria oficialmente o carro dele ou não, talvez ele tivesse vários? Kokonoi é o epítome do cavalheirismo, assim que a porta do passageiro é aberta para você.

— Eu sou uma garota grande, você sabia?

— Minha educação incomoda você? — Hajime pende a cabeça para o lado, arqueando a sobrancelha, e seu brinco comprido de correntes douradas balança.

— Só estava me perguntando se todos os seus guarda-costas recebem o mesmo tratamento. — Pontuou com diversão e ousadia em seus cílios pintados mas não tão elegantes e charmosas como as dele, acidez transbordando em suas palavras com um toque de sarcasmo. Ele sorriu, estalando a língua no céu da boca em negação para sua petulância.

— Apenas os mais bonitos. Entre, por favor. — Adentrando no veículo, Kokonoi dá a volta no carro após fechar a porta para você e logo se põe atrás do volante, muito mais charmoso dirigindo do que sequer imaginou que ele seria e que poderia ser. No entanto, deve se lembrar constantemente: ele é um criminoso que apenas se importa consigo mesmo e com o dinheiro. Os sorrisos ardilosos escondem seu caráter lupino — Eu queria discutir essa missão com você, [Nome]. Essa negociação é crucial, nossas famílias têm lutado por muito tempo.

— Eu não fazia ideia. Achei que Las Vegas estivesse somente pelo sob o poder da Black Dragons.

— Nos o fazemos, mas o Cartel Mexicano é forte, e eu não quero começar uma chacina sangrenta.

— Eles sempre foram uma ameaça?

Preocupação distorce o rosto bonito de Kokonoi.

— Cada família em uma cidade maior possui guerras de território. E mesmo que Vegas seja uma cidade relativamente pequena, vem sendo uma disputa por quem tem a liderança. — Nesse ponto, pelo menos podem concordar: — Sangue foi derramado no passado. Se a máfia mexicana ganhar uma rua que seja, tomarão o quarteirão inteiro senão o bairro. Eu não gosto da presunção deles.

   Você se ajeita em seu assento, determinada a provar seu valor. Pode não admirar as atitudes de Kokonoi, mas também não aprova os cartéis mexicanos. Ambas as organizações são perigosas, mas está contundente em não espirrar sangue essa noite. Além disso, uma guerra entre duas máfias? Seria catastrófico para pessoas comuns no meio dessa luta, e tudo que implica ferir inocentes, implica guerra com você.

   Percebe que as írises jabuticaba, realçadas e alongadas pelos longos cílios escuros e maquiagem vermelha como sangue, não desgrudaram de você, pelo contrário, observam-na de perto, alimentando-se de cada reação e absorvendo cada gesto seu.

— Posso afirmar pela sua reação que compreendeu o quão grave essas negociações são.

— Sim. Não tinha noção do que estava em jogo.

— O mínimo deslize, um passo em falso na reunião de hoje, até mesmo um olhar interpretado errado, pode levar a um conflito.

— Ou então... até nossas próprias mortes, certo?

— Exatamente. Eu irei falar, mas quero que esteja comigo para dar suporte caso seja necessário.

— Qual a sua estratégia?

— Impor as regras da família, como sempre. Eu sei como fazer isso.

— Tenho fé total em suas habilidades. — Apesar de originalmente apenas esperar aplacá-lo, está um pouco surpresa por descobrir que suas palavras são sinceras, mesmo que minimamente. Deixando tudo isso de lado, Hajime é de fato, bom no que faz, mesmo no que diz respeito a ilegalidade, ao crime e conduta que vai contra tudo que significa o lado bom, no sentido figurativo de bem ou mal, é um fato inegável — Pode contar comigo para apoiá-lo.

   Bem, evitar uma guerra sangrenta antes que aconteça vai beneficiar a todos. O automóvel freia em uma recuo na calçada diante de um hotel luxuoso e Kokonoi gesticula para a porta. Como sua guarda-costas, é seu encargo averiguar se os arredores são seguros. Embora isso signifique que será um alvo também, assumir riscos ao evidenciar ao cabeça da máfia que pode confiar em você, é crucial. O hotel é mais chique no lado de dentro comparado ao de fora e não há hóspedes, e pelo visto o edifício inteiro foi reservado para este encontro. Você inspeciona o térreo e não vê nada anormal ao que dá a Hajime um sinal de tudo limpo.

   Ele desfila pelo saguão com sua aura imponente, enquanto os mexicanos estão do outro lado. Dentre eles, há vários representantes, mas uma mulher parece se destacar, provavelmente a líder.

— Boa noite. — A mulher loira com olhos caídos como se não dormisse há muitas noites, cansados e repletos de olheiras, bateu o fumo no cinzeiro. Ela estava com as pernas cruzadas, o vestido branco colado ao corpo com mangas longas, decote em "V"e uma fenda na perna revelando uma coxa farta e bonita. Ela se levantou em um cumprimento — Acredito que podemos discutir nossos termos civilizadamente.

— Claro, Senhorita Kurokawa.

— Me chame de Karen.

   Não ousa abrir a boca, sabe o seu lugar atual, então recua um passo e permanece atrás de Hajime como uma sombra e continua com a boca fechada.

— Não há razões o suficiente para termos esse encontro, Karen.

— Oh, eu discordo profundamente. E acredito que consiga ver as coisas da minha perspectiva depois dele.

— Nós importamos da Filadélfia, não de Miami.

— Somente porque você não está totalmente ciente do que Miami tem a oferecer.

   Por um instante cogitou intervir, porém não pode arriscar que isso vá para a direção errada, mesmo que isso seja claramente uma discussão tanto de interesses quanto de egos. Muitas vidas estão na corda bamba, muito será perdido se um mísero detalhe correr mal.

— Nós certamente temos... coisas boas... que suas conexões na Filadélfia não podem fornecer. Tudo que pedimos é que você nos use para a aquisição.

— Você não tem conhecimento de todos os meus empreendimentos comerciais, Karen. Seu cartel não tem o monopólio. Não há nada que eu queira que eu não possa conseguir por mim mesmo. – A Kurokawa cruza os braços sobre os peitos, encarando o seu atual empregador de cima a baixo — O quê você quer trazer à minha cidade apresenta um problema para mim e para a minha família.

   Está desesperadamente curiosa para saber os termos desse acordo, mas ambos são inteligentes o suficiente para falar abertamente, deixando-os implícitos. Ainda que eles não saibam sobre seu colar "grampeado" especial, gravando tudo, sabe que eles estão acostumados a conversar de forma não incriminadora.

— Se você não aceitar minha proposta, teremos um problema. Las Vegas vai aceitar os importados de Miami, com ou sem a sua aprovação.

— Você vem até a minha cidade e me ameaça?

   O tom de Kokonoi é frio e cortante. Imponente à nível equiparado da mulher de cabelos loiros com olhos cansados e um cigarro em mãos, apesar de seu vestido bem extravagante, como se ela precisasse de uma peça de roupa para se estabelecer e chamar atenção.

   No entanto, esses dois têm tamanhos egos que eles serão capazes de virar a cidade de cabeça para baixo apenas para provarem a si mesmos e seus pontos argumentativos. Isso você pode garantir com suas habilidades intuitivas e obsevadoras, mesmo que não precise ser um expert para perceber que pessoas como Hajime Kokonoi e Karen Kurokawa se achem o centro do universo e acreditem em uma teoria onde eles são a totalidade. Você dá um passo adiante, recebendo atenção de ambos.

— Nós dois queremos o quê é melhor para nossas pessoas. — Ousou falar. Se seria seu erro fatal, não saberia dizer.

— Não há "nós" aqui. Seja cuidadosa com o que você está dizendo, querida.

   Hajime arqueia a sobrancelha pra você, porém não diz nada quando você e a mulher argumentam. Isso é, você suspeita, outro teste. E dá de ombros, não se inportando, vai intervir e assumirá as consequências, já que apesar da insistência de Kokonoi na recusa, Kurokawa já veio determinada com o seu ideal.

— A polícia sabe que Las Vegas tem uma concentração maior de hub, principalmente por conta dos cassinos. Você acha que eles não notariam um influxo de mercadorias vindas de Miami, coincidentemente ao mesmo tempo que o Cartel chega aqui? — Começou a dizer, não se importou em falar abertamente sobre a polícia pois isso era algo óbvio no qual ambas as organizações sabiam da existência e evitavam para a própria segurança, mas a líder do cartel não parecia se importar — Las Vegas tem uma grande documentação de regulamentos que nenhum de nós gostaria de tropeçar. Circuito de câmeras fechadas de vigilância em cada esquina, observações internacionais sobre embargos comerciais, o grande número de turistas gravando vídeos... Você também pode fazer isso em um palco, em plena luz do dia ou até em frente a casa branca!! Andar por aí como se fosse seu próprio espaço é um erro estratégico de principiante. Você nunca vai conseguir um acordo melhor em Vegas, e você sabe disso.

   Você disse com tanta facilidade, acidez, sarcasmo, e que delicioso falae sobre algo o qual tem conhecimento! Então mais alguns dias e sentiria no sangue o poder da família Black Dragons, interpretando com tamanha maestria o papel de associada, que aos poucos verdadeiramente se tornava uma. Sente Kokonoi a puxar para trás pelo cotovelo. Ele a deixou falar e agora é hora de Karen Kurokawa fazer seu jogo. Ambos a assistem, aguardando para ver se sua manobra de persuasão de fala funcionou.

— Desde quando criados têm a permissão para abrir a boca? — A loira debochou.

— Desde que meu chefe é inteligente o suficiente para me permitir fazê-lo. — Sua ressalva ácida abandona a barreira de seus lábios antes que possa pensar em consequências. Sua voz sai quase inaudível, mas todos a ouvem — Eu conheço um bom acordo quando o vejo, e espero que você também.

   Karen agora ergue a sobrancelha, intrigada com seu comportamento. Ela então se vira para Kokonoi, agindo como se você nem estivesse ali.

— Bem, essa é uma mudança dos seus antigos minions que nem resmungavam! — Ela ri alto, fechando os olhos por um instante — Sua soldadinha é cheia de surpresas.

— Eu não emprego funcionários como você faz. — A entonação dele é gélida e crua. Com a carranca séria em seu rosto, o platinado mantém uma feição de sarcasmo, com toda a sua soberanidade tatuada na testa, embora a líder mexicana parecesse genuinamente divertida com a sua atitude — Provavelmente é por isso que está condenada a falhar em Las Vegas. Você não parece ver o lado humano das coisas. — Então o rosto dele se neutraliza — [Nome] é família. Ela está onde ela pertence. — O Hajime vira o rosto para você, parecendo desinteressado na loira latina extremamente atraente e bela a sua frente, e em suas orbes jabuticaba você vê uma aprovação gritante na maneira a qual ele lhe olha — [Nome], há algo que você queira acrescentar?

   Você sabe que tanto Kokonoi quanto Kurokawa respeitam pessoas que são fortes, bem, ela talvez nem tanto.

— Estou aqui como membra da família de Koko, mas eu também quero ter certeza que esse acordo seja justo. Você veio aqui fazendo exigências e esperando recebê-las de bandeja. Que tipo de negociação você esperava conseguir quando você não está disposta a se curvar diante da sabedoria? Pode achar que estou abaixo de você, mas ainda estou certa. Se agir precipitadamente vai arruinar isso para ambos os lados.

— Karen, você permitiu que essa conversa ficasse tão fora de senso que até minha associada pode ver a tolice de suas demandas. — O platinado lhe dá um sorriso discreto, mas de novo, você é muito observadora para não o notar. Fez bem e trouxe o foco de volta para ele — Eu tenho acordos com a Filadélfia e pretendo mantê-los. Não estou negando seus importados, estou apenas insistindo que eles venham daquela cidade em vez desta.

   Kurokawa deixa escapar um longo suspiro. Ela não está feliz, mas ela não tem a palavra final de escolha no assunto de qualquer forma e isso está claro até para você.

— Acordo. Por enquanto. Até que nos encontremos novamente, Hajime Kokonoi.

   A loira amassa o cigarro contra o cinzeiro, deixando-o ali antes de gesticular com a mão para que o seu pessoal que antes estava mais atrás, sigam-na ao que ela sai do hotel. Kokonoi e você estão sozinhos no saguão agora.

— Isso foi de acordo com o que você esperava?

— Melhor ainda, para ser honesto. — O platinado sorriu — Você fez uma boa jogada na negociação dessa noite. — Toda a atenção de Hajime está em você e se sente incendiada. O jovem ergue uma mão e desliza o indicador por sua bochecha, para então escorregar até seu queixo, segurando-o por entre os dedos, levantando o seu rosto — Há um fogo em seus olhos que eu nunca vi antes. O seu amor pela minha cidade resplandece em em você.

   O rapaz de olhos escuros se aproxima ainda mais. Seu olfato se aguçando quando sente a fragrância dele, uma colônia amadeirada e masculina que é todo ele.

— Esse ardor que te incendeia... me incendeia também. — Você não pode se segurar e morde seu lábio inferior, as írises escuras realçadas pelo delineado comum, – quero dizer isso é uma marca registrada dele, não é? – esfomeados e intensos. Ele pressiona o dedo em seus lábios como um beijo — Não é trivial... poder me fazer vibrar com tamanha intensidade. — Pânico borbulha dentro de você, mas se acalma e não demonstra nenhuma emoção — Eu quero te levar pra jantar.

— Eu... Eu não acho que isso seria apropriado. — Sente-se banal, como se não quisesse dizer o que disse, lá no fundo.

— O que há de inapropriado em assegurar que minha guarda-costas pessoal está bem alimentada e em forma? Eu cuido da minha família e você sabe disso.

   Kokonoi não é o tipo de homem que aceita um "não" como resposta, não sem uma desculpa legítima. E além disso, talvez ele deixe algo escapar se puder ficar com ele a sós. Instantaneamente muda de ideia.

— Claro! Eu adoraria, de verdade. — O platinado ri do seu entusiasmo.

— Ótimo, isso torna as coisas mais fáceis. — O Hajime sorri — Eu te levaria pra jantar independentemente da sua resposta. — Seu estômago revira com o ato dele. Inconscientemente, deve ter exposto muita emoção em seu rosto pois Kokonoi franze a testa levemente quando percebe — Quis dizer que apenas um bom trabalho deve ser recompensado.

[...]

   Kokonoi mantém a mão na sua lombar, guiando-a pelo bar de jazz, a única coisa que pode fazer é sentir que seu toque é possessivo. Embora tudo que saiba sobre ele, a sensação de sua mão sobre você é algo no qual nunca sentiu antes, provindo duma selvageria poderosa que só um criminoso como ele poderia proporcionar, ou seja, uma sensação de combustão onde quer que ele a toque, seja no rosto ou em suas costas. E é a mesma razão pela qual gosta tanto lá no fundo da guerrinha de contatos físicos: há um sussurro de perigo em tudo que ele faz, mesmo o toque mais simples.

   Ele a leva até uma mesa mais reservada, um canto privativo do lugar o qual ninguém pode os ver. A iluminação do ambiente é fraca, entretanto, pelo menos os sons do bar são mais amenos, o que significa que será mais fácil para seu colar captar o que Hajime fala.

— Você tem excelentes habilidades de debate, [Nome]. Se mostrou bem equilibrada e não perdeu a compostura diante de Karen, e você foi eficaz protegendo Giuseppe. Você tem uma língua de prata afiada e juntas sangrentas e isso, darin.

   Kokonoi não termina a frase, ao invés disso, ele ergue sua mão, levando-a até os lábios e beijando-a gentilmente.

— Se eu tenho qualquer habilidade, é somente porque você me desafia.

— E você gosta de enfrentar o desafio?

— Você exige de mim... destaque. Você.. inspira grandeza, Don.

— Há muito de você para apreciar. A maneira como você se porta, como se segura, mesmo agora. Num encontro casual, senta-se ereta e com o queixo erguido. Como uma leoa esperando o momento certo para atacar. — Isso a enerva, apenas porque ele está a observando de tão perto, com as mãos sob o queixo, como se estivesse curioso sobre você. Nada passa despercebido por ele, todavia, a única coisa que ele não percebeu até agora é que desta vez sua presa... é ele — Diga-me algo. Conte algo importante. Algo que você caçou para encontrar.

— Havia um garoto que eu era afim no colegial, mas ele já tinha uma namorada. Ele insistia que era melhor assim, às escondidas. — Não raciocinou muito no que dizer, apenas soltando uma história tola e simplista. Alguma coisa ressurgia em você na presença dele que a deixava-a inclinada a lhe contar todos os seus segredos. Uma vontade avassaladora de lhe confessar quem verdadeiramente é e porquê está junto com ele nesse momento. O jeito que as conversas com o Hajime são intrigantes e tentadoras é perigoso.

   Isso conquista a atenção do platinado, e ele se ajeita em seu assento, era como se conhecer mais sobre você fosse tão importante quanto receber ar em seus pulmões para sobreviver.

— E o que você fez?

   Está nervosa sobre entrar em detalhes, poderia revelar muito sobre si mesma. Ainda assim, as mentiras tem um pingo de verdade, não é? Porém, decide contar a verdade.

— Eu era um tanto direta. Tirei a verdade dele, uma que eu já sabia: ele não me amava de volta. Nem tudo vale a pena caçar.

   Hajime ergue a taça de vidro para você, apreciativo.

— Um caçador sábio, de fato, sabe quando parar.

   Vocês conversam por um bom tempo – e o fato da conversa ter fluido é um tanto quanto surpreendente para você – entre pratos de aperitivos e bebidas grandes. No entanto, você é cuidadosa em permanecer sóbria, e nota que ele também. Nem Kokonoi e nem você deveriam perder a compostura. Ao longo da conversa, Hajime é atencioso e sincero com você, ele realmente quer saber mais sobre você, conhecê-la em um nível pessoal.

— Conheço poucas mulheres que apreciam esportes de combate.

— É uma paixão minha. Só posso pensar claramente quando deixo meu corpo transpirar. É como extravasar tudo que me deixa tensa.

— Tenho uma propensão similar que me levou mais adiante... — A voz dele vacila e os olhos se distanciam. Você se inclina sorrateiramente, isso parece importante!! — De qualquer forma, desejo por adrenalina comanda a família.

— Bem... eu estou curiosa para saber sobre as relações pessoais do todo poderoso Koko.

— Minha família no Japão é grande e acolhedora. Todos se amam, e sempre há algo para celebrar numa grande família. — A voz dele soa diferente de mais cedo, não como o tom que ele usou com Karen, mas suave e nostálgico. Esse é o verdadeiro Kokonoi, eu acho, acredita que ele está a dizendo a verdade, revelando uma parte de seu "eu" particular, sensível, quase frágil e propenso a abandonar toda a armadura que construiu ao longo dos anos para se tornar quem era hoje — Por isso família é tão importante para mim na Black Dragons. Eu tento replicar os relacionamentos aqui, já que alguns laços são de sangue e outros são construídos.

   Um garçom vem trazer um prato único contendo uma fatia solo de cheesecake e mais dois talheres pequenos banhados em ouro – real ou não, brilha chamativamente – depreendendo-se que compartilhariam uma única sobremesa. Sem pausas para questionamentos, você pesca um garfo e Hajime pega o outro.

— Eu gosto de uma mulher que sabe o quê quer. — Você dá uma risadinha, o platinado havia apenas brincado afinal.

— Eu sempre quero cheesecake.

— Então bon appetit, darin.

   O platinado gargalha e ambos mergulham no bolo cremoso, a doçura sendo compensada pela amargura das frutas vermelhas. E por alguns momentos ficam em silêncio, mas não soa desconfortável. É quase fácil ficar perto dele, já que por algum motivo você o compreende. Ele é direto e ao mesmo tempo resguardado, lembrando um pouco de você mesma.

   Um pouco da calda de fruta cítrica escorre da sua boca, então o Kokonoi se apoia sobre a mesa, inclinando-se apenas para limpar seu rosto. Ele lentamente leva o próprio dedo até a boca, sugando a sobremesa açucarada sem quebrar o contato visual um milissegundo sequer. Seu coração parece cair em seu estômago, batendo agitado no peito, e você poderia jurar ter ânsias de vômito quando lia isso em histórias ou o enorme constrangimento quando via a mesma cena em um filme, o quão clichê era isso?! E agora, aqui está você, derretendo pelo mínimo dos seus gestos, mesmo que para você eles sejam de natureza tola. Agora ele está lhe mostrando seus desejos instintivos, e você já chegou longe demais para esbarrar em seus lábios.

   Entretanto, há uma vulnerabilidade neles que você não acreditaria ser possível antes.

— Estar ao seu redor parece... natural. Você me faz sentir como se eu não tivesse que me esconder de você. Nós dois vemos o mundo de uma maneira tão semelhante. Você se sente igual? Ou eu estou simplesmente fantasiando essa conexão?

   Você não é idiota. Ele poderia estar brincando com você em um dos jogos de sedução dele, mas se está sendo honesta com ele e principalmente consigo mesma...

— Sinto o mesmo. Como se eu pudesse te contar qualquer coisa. — Bem, quase tudo. Ainda assim, sua voz suaviza, e não é falso, não pode negar o acúmulo de calor dentro de si ao toque dele, o seu corpo claramente não está em sintonia com sua razão — Algumas coisas não precisam de palavras. E essa coisa entre nós? Só existe, nomeando ela ou não.

   As írises escuras sondam o seu corpo, um olhar que te causa uma sinestesia, um olhar que parece uma carícia. Ele está quase... com as bochechas vermelhas?!

   Ao que a noite perdura, Kokonoi aproxima a cadeira mais e mais de você, até que os joelhos dele toquem os seus. A aproximação aquece sua mente e o desejo obscurece seus pensamentos. Estão a apenas centímetros de distância, por um lado é bastante conveniente, pois permite que seu microfone capte tudo que ele diz, e por outro, contudo, não pode mentir a si mesma o quanto está gostando. E o quanto está odiando por gostar.

   Você se ajeita na sua cadeira, e seu celular cai do seu bolso. Putamerda! Deve ter o pego por engano! Como pôde ser tão imprudente?! Seus dois aparelhos se parecem bastante, mas esse que caiu definitivamente é o seu pessoal, o único que dá link à sua vida real a qual não pode permitir em hipótese alguma que Hajime a veja.

   Esticou-se em seu assento e quase tocando o chão, embora tenha o alcançado a tempo, começa a vibrar e uma foto ilumina a tela! Ai, não.. Keisuke está te ligando. Agora. Justo nessa hora. Enquanto isso o platinado se aproxima, ele vai atender por você! Você finge que não é um grande problema ao que se inclina rapidamente e pesca o seu celular. Desliza o dedo no botão vermelho, encerrando a chamada e logo desliza o objeto de volta no bolso, depois se vira para Hajime.

— Desculpe por isso. Onde estávamos?

   Ele se aproxima. Ufa! Ele não percebeu nada.

— Alguém te ligando essa hora da noite... — Um sorriso ladino se desenha no rosto dele — Parece que eu não sou o único homem interessado numa mulher sublime e inteligente como você.

   Sorri encantadoramente, porém se questiona se o comentário fora de ciúmes ou de suspeitas. De qualquer forma, a conversa logo retorna e o garçom retira o prato vazio da sobremesa, sumindo no local.

— O que você achou do jantar? — O platinado perguntou com certa certeza na voz.

   Subitamente, percebe que estão a sós no restaurante. As luzes estão ainda mais baixas e até o garçom se foi. Não há ninguém além de vocês dois pelo menos no seu campo de visão. Você e Hajime Kokonoi. E antes que possa responder, o jovem manobra para ficar mais perto ainda de você, muito perto! Kokonoi agarra seu pulso, puxando-lhe para ele. Ele vai te beijar? E o pior... realmente quer que ele o faça?!

   Seu coração entra em frenesi com a ideia. Beijar ele de volta? Empurrar ele? Involuntariamente seus lábios se partem e sua respiração engata, então o aperto de Hajime envolta de seu pulso fica mais forte, e ao mesmo tempo sente algo gélido e pesado contra o seu joelho quando realização recai sobre você. Kokonoi não estava tentando te beijar, ele estava sentindo sua pulsação, e ele tem uma arma sob a mesa, apontada para sua perna. Seus rostos estão tão próximos que seus narizes tocam e a respiração dele se mistura com a sua.

   Contudo, não se deixa abater. Inclina-se para ele, como se seu corpo a chamasse, sedenta, seus lábios quase roçam nos dele e não desvia o olhar.

— Acho que eu já te conheço o suficiente para ter certeza que você não vai puxar o gatilho. Mas honestamente, estou desapontada. Um revólver sob a mesa? Que clichê. Se quer flertar comigo, apenas o faça de frente.

— Por que não flertar e ameaçar ao mesmo tempo?

— É isso que parece? Uma ameaça?

— Não. Eu não estou te ameaçando. Estou te testando.

— Bem? Eu passei no teste? — O polegar de Hajime desliza sobre as veias de seu pulso.

— Eu gosto de você. Você tem beleza e força. A coragem para lutar e a inteligência para evitar uma luta quando precisa. São qualidades raras.

   Você tenta mexer seu braço, mas o aperto de Kokonoi é como uma braçadeira de ferro. Não pode se mover. É inútil lutar contra, então relaxa o seu corpo, aparentemente perfeitamente à vontade. Se ele fosse atirar, já teria o feito. O platinado está tanto brincando com você quanto te testando.

— Preciso dizer, conforme esse encontro se desenrola, ele está no meu top dez. — Hajime não desmente a palavra "encontro" e deixa escapar um suspiro enfurecido — Okay, talvez top três.

— Você é única, tesoro mio.

— Você não puxa uma arma para uma mulher que você não gosta. Isso é lógica, eu acho? — Conclui e  isso lhe dá uma risada baixa de apreciação vinda dele.

— Eu gosto de você. — Ele repete — Mas... eu não sei ainda se posso confiar em você. Sou alérgico a mentiras. O problema de saber que você é esperta, [Nome], é significar que você pode se achar esperta o suficiente para mentir para mim.

— Se você realmente acha que sou inteligente, então está ciente que eu sei como jogar os seus joguinhos.

— Isso não é um jogo.

— Tem certeza? Há diferentes tipos de jogos. Alguns são mais perigosos que outros.

— Você sabe me seduzir, hein! — Dessa vez, o proprietário do submundo e donos dos olhos mais profundos existentes gargalha com vontade. Uma risada que, Deus, soa melodiosa. Uma harpa de anjos não seria tão satisfatória quanto esse som que acabara de escutar e no qual gostaria de guardar para sempre. Mas então, ele fica sério e o olhar dele busca o seu — Você nunca ousaria mentir para mim, darin?

   Deveria estar paralisada em terror. No entanto, um certo elemento de fascinação a domou antes que medo o fizesse. Nesse momento, é a sua vez de chegar mais perto, resultando com que uma parte de suas costas encostasse no tronco de Kokonoi, já que estava meio de lado, enquanto ele ainda segura firmemente seu pulso, além de fazer com que o revólver afundasse ainda mais contra a sua derme, mas você não se importa e fecha os olhos.

   E... Pelo contrário... Meio que me excita.

— Eu jurei lealdade à família, porém mais do que isso... Eu jurei obediência a você. — Fita o platinado dentro dos olhos, então ele pode ver o quão séria está — Eu sou sua. Incondicionalmente, Koko. E eu não sou burra, sei o quê aconteceria se fosse pega mentindo.

   O jovem sorri perversamente.

— É isso que me preocupa. Talvez me subestime achando que você não seria pega.

— Se precisa continuar me testando todos os dias, então que seja. Minha lealdade não oscila, mesmo com uma arma apontada para mim. Você gostaria de saber uma das coisas que me fazem te respeitar? Você realmente vê a Black Dragons como família. — Não há mentira. Realmente o respeita por isso — E se você ainda precisa de garantias, saiba que eu, também, valorizo família acima de tudo. — Não é mentira, novamente. Exatamente por isso está diante dele, incluindo seus pais que pereceram sob o domínio dele.

   A porta do restaurante abruptamente se abre, revelando a silhueta de Inupi. Hajime se arruma em seu assento e guarda a arma de volta no colete com coldre.

— Preciso falar com você em privado.

   O loiro sussurra na orelha de Hajime, mas está perto o suficiente para escutar. Você abaixa a cabeça e permanece em silêncio. Existe algo sobre esse rapaz que impõe respeito e você obedece os limites da hierarquia da máfia enquanto está nela, ainda mais na presença dele. Ademais, quieta, o colar será capaz de captar as ondas sonoras da conversa de sussurros de ambos. Ao que eles discutem em tons mais baixos, trabalha arduamente para manter sua voz interior em silêncio, preocupação tomando as rédeas diante das feições irritadas de Kokonoi. Tanto quanto acha o perigo nele excitante, não pode esquecer que ele é imprevisível e altamente selvagem, alguém egoísta o suficiente para pensar só em si mesmo.

   Isso não é um jogo, é sua vida.

   E pelos fatos inegáveis, sabe que Kokonoi poderia ter puxado o gatilho e a deixado para morrer... e ele nunca teria que encarar as acusações do seu assassinato. Nem todas as evidências no microfone seriam capazes de condenar esse mafioso astuto. Não ainda, de qualquer modo, precisa continuar trabalhando duro a menos que queira ser nada além de um corpo não identificado flutuando no rio.

   Do outro lado da mesa, as orbes jabuticaba pousam em você. Ele está focado em qualquer coisa que o seu conselheiro esteja lhe dizendo, mas ele a atira uma piscadela rápida.

   Sem dúvida, antes que isso acabe, um de vocês irá cair.

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