𝑻𝒆𝒏
O som das batidas na porta despertaram Wendy de seus sonhos intranquilos, no qual a jovem estava sendo perseguida por diversas pessoas com tochas nas mãos. A Watanabe levantou devagar, já que sua mente ainda estava iniciando, então nem conseguia pensar direito. O rosto de Chishiya foi revelado assim que a acastanhada abriu a porta. Shuntaro tinha sua típica expressão calma e impassível, com suas mãos nos bolsos do casaco.
— O que você quer? — Ela perguntou bocejando, então ela arregalou os olhos de forma abrupta, puxando-o para dentro do quarto e fechando a porta novamente. — Está louco? Ninguém pode te ver aqui.
— Por que? — Ela arqueou as sobrancelhas como se fosse uma resposta óbvia. — Você é muito fissurada nisso.
— Enfim, o que você quer? Espero que seja muito importante para me acordar.
— Passei aqui de manhã justamente porque muitas pessoas estão dormindo ainda. Só queria confirmar que hoje é o grande dia, vamos realizar o plano quando o Chapeleiro estiver discursando hoje à noite. — A Watanabe assentiu com a cabeça e o olhar do homem foi dela para o suporte de faca, que guardava o objeto cortante, sobre o móvel ao lado da cama. — Onde você conseguiu isso?
— Eu pedi para o Chapeleiro e ele mandou alguém procurar na cidade. — Deu de ombros.
— Sempre me pergunto como você consegue fazer isso tudo com tanta facilidade.
— Primeira regra do inbound marketing: conheça seu público alvo para atrair seu cliente. Tudo é questão de estratégia e planejamento.
— Então você trabalha com marketing?
— Ainda não, na verdade, estou no penúltimo ano da faculdade. Mas pretendo trabalhar com marketing no futuro, se eu sobreviver, é claro. E você? — Chamou a atenção do homem de cabelo claro. — Fazia o que antes de vir para esse lugar? — Ele deu um pequeno sorriso, abaixando a cabeça. — Anda, fala logo! Ou eu vou pensar que você é um psicopata que assassinou várias pessoas.
— Até mais tarde, Wendy. — Ele a ignorou, girando nos calcanhares.
— Espera! Deixa eu te fazer uma pergunta. — Ela foi até Chishiya, o impedindo de deixar o quarto. — Você acha que as pessoas têm medo de mim?
— Esse não era o seu plano desde o início?
— Não exatamente. — Passou a mão no cabelo. — Então... Não vai mesmo me dizer o que você fazia antes? Por que está com vergonha? Era Influencer digital? Espera, gamer? — Ergueu uma das sobrancelhas, tentando o analisar.
— Vamos focar em conseguir as cartas hoje à noite.
Foi o que ele disse após revirar os olhos e girar nos calcanhares mais uma vez. A mão dele foi na direção da maçaneta da porta para sair do quarto. Assim que a porta foi aberta, foi revelada uma figura feminina do lado de fora. Shiori Yamazaki estava prestes a bater na madeira. Ela franziu o cenho, confusa, ao ver Chishiya.
— Não vou nem perguntar. — Então, ela revelou o filtro solar que segurava com sua outra mão, sorrindo animada — Você estava tão ocupada esses dias com o Chapeleiro, mas hoje vamos passar um tempinho juntas na piscina, nem que eu te arraste até lá.
Chishiya deixou as garotas sozinhas, despedindo-se de Wendy apenas com um olhar. Shiori esperou pacientemente sentada na cama da Watanabe, enquanto ela tomava banho para irem até a piscina juntas.
— Vamos passar na cozinha antes, preciso comer alguma coisa. — Wendy comentou saindo do banheiro, deparando-se com a cena de Shiori passando protetor solar no rosto. A Yamazaki confirmou com a cabeça terminando de espalhar o produto.
♡♢♤♧
O grande momento se aproximava com a chegada da noite. Wendy não havia encontrado o Chapeleiro naquele dia e quando um dos guardas do líder foi a chamar na piscina, a acastanhada pediu para avisar que passaria a tarde com sua amiga, porém depois do discurso do homem, de noite, passaria no quarto dele. O que era mentira, já que a partir do momento que ela, Chishiya e Kuina capturassem as cartas, iriam fugir daquele lugar às pressas. A jovem estava aproveitando seu último dia com estilo, à beira da piscina, com sua amiga e tudo sob controle.
Quando começou a entardecer, Wendy disse à Shiori que iria se arrumar para ver o discurso do Chapeleiro. Ela não mentiu totalmente, na verdade, ela estava se arrumando para deixar a praia com estilo. A acastanhada deixou seu cabelo solto, colocou um biquíni todo vermelho, com um um short por cima. A jovem se olhou no espelho uma última vez antes de deixar o quarto, dando um sorriso vitorioso para seu reflexo.
Ela deixou o seu suporte de faca no quarto, assim como seus outros pertences, já que seria estranho se a mulher andasse pelos corredores da praia com uma faca. Portanto, deixaria todos seus objetos para trás. Ao sair do quarto, Chishiya já estava a esperando no corredor vazio, com dois walkie-talkies em mãos, então entregou um para a acastanhada, antes de partirem para o destino.
O plano deles era dividido em três funções, Kuina mantinha os olhos no Chapeleiro, certificando-se que todos na praia tinham a atenção no discurso dele; Chishiya, por outro lado, iria ficar no corredor da suíte do líder, para avisar Wendy caso haja alguma movimentação naquela área; e, por último, Wendy iria entrar no quarto do Chapeleiro, para pegar as cartas. A princípio, apesar de arriscado, com a divisão de tarefas, poderia ser fácil. Entretanto, nem sempre se pode confiar em seus aliados.
— Kuina já está no saguão e disse que o discurso começou agora, então não podemos perder tempo. — Ele comentou, após receber o recado da mulher de tranças pelo rádio comunicador, parando seus passos no início do corredor onde a suíte do Chapeleiro ficava.
— Sobre isso... — A acastanhada começou, pressionou os lábios. — Eu mudei de ideia. Você vai comigo.
— O que? — Ele paralisou. — Nós organizamos o plano inteiro dessa forma. O que aconteceu com a sua obsessão por planejamento?
— Ou você entra comigo no quarto, ou desistimos do plano agora. — Respondeu sem tirar os olhos dele, vendo o homem parar para pensar por breves segundos.
— Vamos logo! — Ele apressou os passos para a suíte, sendo seguido por Wendy. — Kuina, mudança de planos. Eu vou pegar as cartas com a Wendy. — Avisou a parceira, com o rádio comunicador.
Os dois entraram na suíte vazia, varrendo o ambiente com o olhar, até chegarem no armário do Chapeleiro, que continha o cofre. Wendy foi até o guarda-roupa, enquanto Chishiya ficou parado a alguns passos de distância. Ao abrir o armário, o pequeno cofre de aço foi revelado. Tratava-se de um cofre mecânico preto com um sistema de abertura a partir de uma senha manual de quatro dígitos.
— Não entendi por quê você mudou de ideia sobre o plano no final.
— Você confiaria em mim se fosse o contrário, gamer?
— Eu não sou gamer... Abre logo o cofre.
— Qual é a combinação? — Wendy se abaixou, para ficar na altura da caixa de aço.
— Oito, zero, dois, dois. — Respondeu simplista.
— Você conseguiu ver a combinação do envelope do Chapeleiro?
— Não.
— E como você sabe, gênio? Pressentimento? — Ela o encarou.
— O lacre de cera. É gravado com o anel do chefe, que ele não larga por nada nesse mundo. Acredito que seja uma questão maior que apenas narcisismo. Além disso, quando ele é pressionado contra a cera, forma números... E essa é a combinação.
Wendy ficou surpresa pelo raciocínio do platinado, sorrindo com o sentimento de estar a passos de ter as cartas em mãos. No momento que ela ia começar a discar a sequência de números no cofre, um ruído vindo do walkie-talkie a interrompeu, chamando a atenção da Watanabe e de Shuntaro.
— Pessoal, vocês precisam sair daí agora! — A voz de Kuina foi transmitida pelo aparelho. — Rápido, eles estão indo para o quarto do Chapeleiro.
Wendy e Chishiya se encararam, trocando olhares que continham um misto de aflição e ansiedade. Entretanto, apesar de tentar pensar em algo às pressas, o homem ainda carregava uma expressão impassível no rosto, como sempre. E pela primeira vez naquele lugar, Wendy se sentiu desamparada, sem saber qual seria o seu próximo passo.
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