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Durante os próximos dias Wendy, Kuina e Chishiya se dividiram para observarem a área do corredor da suíte do Chapeleiro, ora em duplas, ora sozinhos. Óbvio que a Watanabe tinha mais facilidade em ir sozinha, já que vez ou outra passava um tempo com o líder da praia. Na noite em que Wendy aceitou fazer parte do plano, o trio se ocupou em pensar nas melhores estratégias para o roubo perfeito. A maior parte das ideias vinham de Wendy e Chishiya.

Naquela tarde, a Watanabe se encontrou com o Shuntaro para caminharem juntos despretensiosamente até o corredor da suíte do Chapeleiro, sabendo que o homem estava em uma reunião com os outros líderes da praia e, consequentemente, seus seguranças também não estariam de guarda na porta.

— Faz muito tempo que você está aqui na praia? — Wendy perguntou, com o intuito de quebrar o silêncio. Chishiya deu de ombros. — Sua animação é contagiante.

— Semanas. — Respondeu, caminhando ao lado da acastanhada. — Fiquei chocado quando vi que em pouco tempo você já estava com o Chapeleiro na sua mão, vi isso como uma oportunidade.

— Então, você é observador.

— Aqui temos que ficar de olho em tudo e todos. Já que não posso confiar nos outros, confio no que meus olhos veem. E desde o dia que você foi levar aquela carta para o Chapeleiro, eu sabia que tinha algum motivo por trás. — Ela levantou as sobrancelhas. — Ninguém fica tão feliz em entregar as cartas. Quando eu abri a porta, parecia que você era uma criança que acabou de voltar de um parque de diversões.

A mulher relembrou o ocorrido. No dia ela havia acabado de zerar um jogo seis de espadas e quase foi morta. Mesmo assim ela seguiu com o plano que havia preparado, como uma atriz seguindo o roteiro.

— Mas no final das contas meu plano deu certo. Isso que importa. — Ela se vangloriou.

Eles deram a volta no extenso corredor, cientes que algumas pessoas, que tinham seus quartos naquele andar, surgiam raramente. Então, quando voltaram ao corredor do quarto de Wendy, se despediram sem muitas palavras. Apenas com um aceno de cabeça.

A permanência solitária em seu quarto não durou muito, já que ouviu batidas na porta. Ela correu para verificar quem era, esperando um dos guardas do Chapeleiro, entretanto ficou surpresa ao ver o líder da praia bem na sua frente, acompanhado de seus dois seguranças, como sempre. O mais velho tinha as mãos para trás de seu corpo, segurando alguma coisa.

— Terminei a reunião mais cedo e trouxe uma surpresa. — Ele se pronunciou, revelando o suporte para faca. — Posso entrar, querida?

— Claro. — A acastanhada deu passagem para ele, notando que os guardas ficariam do lado de fora e logo fechou a porta. Ao se virar para o Chapeleiro, ele estendeu o acessório de perna, que tinha a finalidade de carregar objetos cortantes de forma segura.

— Obrigada! — Ela pegou o objeto e logo depois deixou um selar rápido nos lábios do mais velho.

— Vai passar a noite hoje no quarto? — Ele passou as mãos pela cintura da acastanhada. — Pensei que poderia passar a noite aqui com você. O que acha? — Ele aproximou seu rosto do pescoço da Watanabe, deixando um beijo na pele clara da japonesa.

— Na verdade, eu estava quase dormindo. — Forçou uma risada fraca, coçando os olhos. — Que tal outro dia?

— Tudo bem... — Ele juntou os lábios dos dois mais uma vez e em seguida falou: — Você vai ficar me devendo essa, então. — Ele riu, caminhando até a saída do quarto. Wendy riu também, apenas para aliviar a tensão e assim que o homem fechou a porta a expressão séria voltou para o rosto da mulher, que revirou os olhos.

A Wendy não era ingênua, sabia que em algum momento o Chapeleiro iria querer dormir com ela, no entanto, isso não significa que era um desejo mútuo. Ela havia planejado enrolar o mais velho até onde conseguisse, mas isso, de certa forma, a preocupava. Já que em algum momento ela provavelmente teria que ceder, se quisesse continuar com ele em suas mãos.

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No dia seguinte, Wendy não fez muita coisa, na verdade, apenas saiu de seu quarto para comer e, quando anoiteceu, para ouvir o discurso do Chapeleiro. Enquanto a jovem escutava as palavras motivadoras do líder da praia, Chishiya e Kuina observavam a movimentação no corredor onde o quarto do homem estava localizado. Naquele horário, devido aos jogos, o discurso do líder e as festas, aquela área da mansão ficava vazia, diferente de outros momentos do dia.

Assim que o Chapeleiro terminou de falar, a multidão urrou e começou a se movimentar na direção do estacionamento. Wendy passava entre as pessoas com certa dificuldade devido a grande massa unida no saguão. A jovem esbarrou em alguém sem querer, um homem de boné. Ele se desculpou rapidamente, abaixando a cabeça, e se afastou da garota, sem perceber que havia deixado uma chave de carro cair no chão.

— Ei, você! — Wendy o chamou, andando atrás dele após pegar o objeto caído no chão.

— Me desculpa, por favor, eu juro que foi sem querer. — A voz transparecia quanto o homem estava nervoso. Ela franziu o cenho.

— Você deixou isso cair. — Estendeu a mão para lhe entregar a chave. Ele riu, constrangido, coçando a cabeça.

— Ah... Obrigado! — Pegou o objeto.

— Vamos, Tatta! — Uma mulher o chamou, encarando Wendy à distância sem dizer uma palavra. Tatta foi até a mesma, para que ambos caminhassem juntos até o estacionamento.

A Watanabe estava indo para mais uma prova naquele mundo. E se tudo ocorresse conforme o planejado, seria seu último jogo. Se, de fato, conseguisse roubar as cartas do Chapeleiro, não iria precisar nunca mais pisar naquele lugar, ou jogar aqueles jogos, podendo, finalmente, retornar a sua vida de antes.

Sua quinta prova naquela versão alternativa de Tóquio foi um sete de espadas, que se denominava como Corrida com obstáculos. Os participantes ficaram em uma espécie de campo e apenas sobreviveria quem passasse a linha de chegada a tempo. No entanto, o caminho estava repleto de obstáculos, que poderiam ser usados como escudo, já que a qualquer momento surgia um disparo, feito por um atirador mascarado. Mas o homem tinha que recarregar a arma constantemente, o que dava brecha para os jogadores se movimentarem. Logo, os participantes tinham que ficar de olho no tempo e no atirador.

Wendy zerou o jogo, sendo uma das cinco pessoas a passar da linha de chegada a tempo. Quando a jovem retornou à praia, havia um grupo de pessoas na entrada principal, que ao verem de quem se tratava prontamente abriram espaço para a mulher passar. A Watanabe notou a forma como o grupo encarou o chão no momento em que ela passou por eles. O fato das pessoas na praia sentirem medo dela não estava nos seus planos, não literalmente. De qualquer forma, não precisaria pensar nisso por muito tempo, já que se aproximava o dia que iria embora daquele lugar. 

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Olha só quem atualizou! Confesso que esse capítulo de longe foi um dos mais difíceis, eu tive um bloqueio criativo muito grande e até hoje ainda não estou 100% segura, mas precisamos seguir em frente porque tem muita coisa para rolar ainda. Inclusive... os próximos capítulos são uns dos meus favoritos. Aguardem! Beijos e até o próximo capítulo.