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•007 - Nova vida.

• Nova vida.

SUA AMANHÃ TINHA SIDO UM BORRÃO, nada de fato lhe chamava atenção, não quando sabia que estava caminhando para a morte súbita.

Seu all-star azul combinava com o cardigan de lã da mesma tonalidade, usava uma tiara separando a franja do resto do cabelo, e como sempre, uma máscara branca.

Ela caminhava apressada, em suas mãos, uma carta.

Não sabia como contar para Han Seo-jun que não estava com seu capacete, ou pior, que ele havia sido vendido por um garoto intrometido.

Então, escolheu a versão mais plausível. Uma carta.

━━ Desse jeito vou ter alguns minutos a mais de vida.— Suspirou, encarando o pedaço de papel quando um grupo de garotos chamou a sua atenção.

Ela observou entre eles, tentando encontrar qualquer etiqueta com nome, logo notando que nenhum deles usava, decidiu então observar características, quando o segundo grupo passou.

Nada.

Mas então observou outro grupo passar, e entre eles notou brincos e um cabelo bagunçado, de imediato a garota se aproximou torcendo para que fosse ele de fato.

━━ Com licença.— O grupo de, mais ou menos, sete garotos lhe encararam.— Han Seo-jun?

━━ Não tem como ter dobrado meu capacete e colocado em seu bolso.— Um suspiro aliviado deixou seus lábios, mas logo se sentiu tensa novamente.— Tem algo para me dizer, garota mascarada?

━━ Eu não tenho coragem de dizer em voz alta.— Suas palavras vinham cobertas de insegurança, e seu olhar tentava ser firme, encarando os olhos do mais alto.— Então, leia quando eu sair.

Ela se aproximou em passos largos parando em frente a Seo-jun, que a encarava surpreso. Ficou ali por um tempo, mas rapidamente tomou coragem colocando a carta no bolso de seu casaco, e saindo correndo logo em seguida.

━━ O que é isso?!— Conseguiu ouvir antes de se afastar, junto com gritos de seus amigos.

Chegou na sala ofegante, parando na porta para recuperar o ar.

Sua mente estava uma confusão, já que parecia para ela, que sua vida estava indo de mal a pior. Sua única intenção era manter-se invisível durante esses últimos anos do ensino médio, mas a única coisa que havia conseguido tinha sido se meter no caminho de pessoas que claramente lhe trariam problemas.━━ Eu estou morta.— Murmurou, dando espaço para algum colega de classe passar.

━━ Ga-ram!— A garota sentiu um corpo colidir com o seu animadamente, logo estava sendo envolta por um abraço.— Você estava certa!

━━ Bom dia também, Limju.— Sorriu assim reconheceu sua voz, a assistindo se afastar alguns centímetros.— Certa em que?

Ela observou a colega, que vestia um cardigã rosado e um sapatos da mesma cor. Ju-kyung carregava um sorriso gigantesco em seu rosto, e a felicidade exalava a cada pulinho que seu corpo dava.

━━ Você tinha dito que Lee Su-ho logo iria desistir de me ameaçar.— Comentou a mais alta de forma radiante. A dupla logo tratou de seguir em direção a suas carteiras, Lim apenas deixando sua mochila no lugar e voltando-se para ficar próximo de Ga-ram que havia se sentado na carteira.

A de franja notou que o lugar denominado ao tal garoto estava vazio de qualquer pessoa, por um momento se perguntou onde ele estaria. Provavelmente sendo rude com alguma pessoa.━━ Ele me disse hoje que se cansou, e falou que se eu manter distância e não fazer besteira ele não vai contar para ninguém o meu segredo.

━━ Ele o quê?— A Shin analisou cada palavra proferida, sem de fato acreditar nelas. Não era de se estranhar, afinal, quem acreditaria que Su-ho repentinamente decidiria parar de atormentar sua amiga?

"Não se aproveite do sofrimento de outro alguém, é cruel."

A frase ecoou em sua mente, mas logo foi jogada para o ar.

Lee Su-ho era frio demais para se importar com a opinião de alguém que nem ao menos o conhecia.

Mas e se?....

━━ Não, sem chance.— Murmurou para si enquanto arrumava suas coisas.

Imaginar o garoto sendo um tanto empático era tão difícil quanto achar uma agulha no palheiro, beirando o impossível. Mas qual fosse o motivo, ela o aproveitaria, não é como se estivessem em desvantagem.

━━ Enfim, estou livre dele agora.— A mais alta suspirou contente, logo alcançando algo que escondia atrás de si, rapidamente estendendo em sua direção um pacote de salgadinho.— Coma quando estiver com fome, eu te cubro.

Ju-kyung havia surtado quando descobriu sobre o mal estar de Ga-ram. Não demorou mais que alguns minutos para que ela estivesse em frente ao seu portão com uma sacola cheia de diferentes tipos de guloseimas e salgadinhos. Foi uma noite bacana, quando puderam conversar e assistir um filme de terror bizarro que Limju tanto insistiu.

E claro, sua mãe ficou mais do que contente com sua aquisição: Uma amiga.

━━ Obrigada.— As amigas compartilharam um sorriso, em um aceno leve ambas concordaram. Iriam aproveitar a calmaria por enquanto.

A calmaria se foi poucos dias depois, tão rápida quanto o tempo, e quase não aproveitada.

Quando Ga-ram recebeu uma mensagem no celular poucas pessoas passaram por sua cabeça. Talvez fosse sua mãe, mas ela logo descartou essa opção ao se lembrar que a Shin mais velha estava na cozinha preparando o café da manhã.

Talvez fosse Soo-jin ou Soo-ah, pensou, elas constantemente estavam a convidando para algum passeio depois da aula. Mas não iriam mandar mensagem sem avisar que estavam trocando de número antes. A última opção era Ju-kyung lhe contando que Su-ho havia voltado com a chantagem, mas Ga-ram impedia qualquer pensamento que trouxesse de volta a mínima chance daquela situação voltar a acontecer.

Bom, a lista era curta já que havia trocado de número a pouco tempo, e não tinha nenhuma vontade de passá-lo para mais pessoas.

Cansada de imaginar inúmeras possibilidades, ela decidiu ler a mensagem de uma vez, arregalando os olhos assim que o fez.

"Escolha entre você ou ela." Era o escrito.

A Shin leu e releu a mensagem, mas o entendimento não passou pelos seus olhos, apenas confusão e mais confusão.

Afinal, como ele havia conseguido o seu número? Ela se perguntou olhando fixamente para o nome abaixo do número, o entitulado "Lee Su-ho" estava ali, sem qualquer emoji para decorar, apenado nome seco e sem graça.

Bom, combinava com seu dono.

━━ O que ele quer dizer com "escolha"?— Sua voz soou baixa enquanto colocava uma grande quantidade de comida na boca.— Deve ter enlouquecido de vez.

"O que?"

Foi a mensagem que enviou, recebendo a resposta poucos segundos depois.

"Prefere que eu chantageie você ou ela?"

Sentiu um ardor nas narinas quando se engasgou com a água que tomava.

Qual era o problema desse garoto afinal?

Su-ho era como um quebra cabeça óbvio demais para a Shin. Sabia exatamente o que esperar quando se tratava dele, mas se surpreendia toda vez que recebia tamanho desdém e antipatia. Não é como se ela e Limju tivessem dado uma razão para tamanho desprezo, e achava um absurdo que o fato de ter dinheiro lhe desse o direito de tratar pessoas como brinquedos.

Ga-ram se sentiu tola por ter pensado que suas palavras fizeram Lee Su-ho se arrepender de algo. Claro que ele não mudaria, ele era cruel no fim.

Sua mente tentava entender os motivos, buscava dentro de suas memórias qualquer razão que fizesse sentido ter o rapaz a tratando daquela forma, mas nada lhe dava uma luz.

Ga-ram por um momento desejou ser egoísta. Desejou não se importar, simplesmente ignorar Lee Su-ho, mas logo se lembrou de Ju-kyung, a garota que em poucas semanas havia feito sua vida mudar.

Apesar de sempre ser rodeada por pessoas no passado, não sentia que podia confiar em ninguém além de sua mãe. Mas com a Lim estava sendo diferente, sentia preocupação, felicidade e leveza quando estava com ela. Sentia que podia contar seus segredos, podia chorar, podia ficar sem sua máscara sem medo, e que não seria julgada.

Lim Ju-kyung passou toda sua vida sendo julgada por sua aparência, ouvindo ofensas cruéis disfarçadas de conselhos ou piadas.

Ela estava vivendo agora, sorrindo livremente e fazendo coisas que sempre sonhou em fazer. E ela merecia continuar a se sentir assim.

"Eu."

A mensagem foi enviada, e o celular desligado logo depois, na intenção de ter um curto período livre, um onde não estava sendo ameaçada por um colega de classe egoista.

━━ Estou indo para a escola.—Foi tudo que Ga-ram disse ao deixar a casa.

Às aulas já estavam na metade, era hora do almoço quando a Shin avisou as amigas que iria continuar na sala, e que não as acompanharia para o refeitório naquele dia.

Se sentia exausta, muitos pensamentos.

Lee Su-ho não estava brincando quando disse que iria lhe intimidar, e também não era exagero dizer o quão estupido eram seus pedidos.

Ga-ram se viu correndo pelos corredores da escolas mais vezes do que podia contar, seja para pegar uma bebida ou entregar uma lição de casa que o garoto havia esquecido.

O Lee era cruel em cada simples detalhe, no dia anterior havia perdido toda sua tarde quando foi obrigada a guardar um lugar para o colega de Su-ho que estudaria com ele. A Shin achou ótimo quando esse amigo cancelou.

Detestou também ter que acordar uma hora mais cedo para que pudesse carregar a mochila do rapaz até a escola. E no fim, de tanto ir de lá para cá, ela estava esgotada.

Logo voltou a deitar a cabeça na mesa, seu plano era dormir por alguns minutos, ou pelo menos até que os alunos voltassem para a sala. Seu plano durou pouco, já que seu celular apitou quando estava quase entrando em um sono profundo.

Ga-ram rapidamente agarrou o celular encarando a tela.

"Terraço, agora."

━━ Ai, que cara mais..— Tentava escolher dentre todos os insultos que vinha em sua mente, eram muitos.

Sua mente amaldiçoava todo e qualquer ser que achou que seria uma ótima ideia colocar Su-ho na terra. Um ser tão cruel e desprezível.

Em passos apressados ela caminhou pelo corredor cheio, desviando de uma pessoa ou outra. Subindo as escadas com uma rapidez absurda, quase caindo diversas vezes. Ao chegar no topo ela se viu tomando ar, uma parte pelo esforço repentino mas em outra para que não socasse o colega de classe.

A porta estava semi-aberta, e uma figura masculina — Que a Shin imaginou ser Su-ho.— estava diante de uma mesa com uma grande quantidade de alimento.

━━ O que esse mané quer dessa vez?— Murmurou, caminhando até ele.—Estou aqui.

O olhar de Lee, que antes encarava o céu, agora estava em Ga-ram.

Por um momento a garota desejou poder saber como seu rosto era, já que seu olhar parecia tão marcante. Ela tinha o conhecimento da beleza assustadora dele, mas não tinha certeza de nada por conta própria.

A Shin se perguntava como seria ter a capacidade de guardar rosto novamente, de mantê-los em sua mente para que pudesse reconhecer sua mãe outra vez, ou quem sabe sua nova melhor amiga. Gostaria de ver-se ao se olhar no espelho como costumava fazer.

Mas agora, borrões era tudo que via quando tentava se lembrar.

Assim como a jovem, o rapaz também a avaliava alheio ao olhar recíproco da parte da garota.

Lee Su-ho reparou em sua roupa, que apesar de bagunçada pela correria, continuava impecável. Observou sua jaqueta jeans que carregava alguns adesivos próprios para o tecido. E também notou que seu cabelo que normalmente era repartido no meio estava de lado devido a correria de mais cedo.

━━ Senta ali.— Indicou com a cabeça, evitando o contato visual.

━━ O que quer que eu faça?— Perguntou se sentando, ela observou com mais afinco a quantidade de comida na mesa, todas parecendo intocadas.— Quer que eu limpe isso?

━━ É para você comer.— O garoto a encarou de forma despretensiosa, logo vendo o rosto da mais baixa se tornar confuso.

━━ O que?

━━ É para você comer a comida.— Continuou Su-ho.

Sua resposta continuou a deixando confusa. Ela encarou uma segunda vez os pratos tentando encontrar algo de estranho neles.

Talvez estivessem estragados.

━━ Trouxe isso para eu comer?— Perguntou confusa.

Qual era a desse cara afinal, uma hora lhe tratava mal, e em outra trazia comida para ela. Ela não podia estar mais desconfiada.

━━ São sobras, iria jogar fora se ninguém comesse.

Bom, agora fazia um pouco mais de sentido. Su-ho não estava sendo gentil, era apenas consciente e não gostava de desperdício.

Ga-ram alcançou a colher estendida na mesa, logo pegando um dos acompanhamentos que estavam em sua frente.

━━ Uau, está muito bom.— Se surpreendeu assim que mastigou, logo comendo mais um pouco.

O rapaz que observava toda a cena logo zombou.━━ Duvido muito.

━━ Por que ia jogar fora ao invés de comer se está boa?– Repetiu, comendo um pouco mais do acompanhamento.— Eu deveria misturar tudo?— A pergunta da Shin foi feita para si mesma, mas quando estava prestes a fazer isso a mão do Lee a parou.

━━ Espera!– Pegando um dos pequenos potes de dentro do pote maior, ele logo afastou e soltou a mão da garota que tentava entender a sua atitude repentina.— É Kimchi, tem pimenta.

Ga-ram observou o recipiente que ele afastou, colocando no fim da mesa.

━━ Obrigada.– Disse, voltando a colocar os acompanhamentos restantes do arroz.

━━ Por que está fazendo isso?– Ele rapidamente voltou a sua atenção às mãos da garota que agarrava o pote com força e o balançava com agilidade.

━━ Esse é o melhor jeito de comer sobras.– Disse a garota abrindo o recipiente e mostrando agora a comida toda misturada.– Tcharam!

━━ Coma a vontade.– Su-ho encarava a comida estranhamente, aquela mistura era duvidosa.

Altamente duvidosa.

O rapaz costumava não comer comidas caseiras, era um cozinheiro terrível e detestava o que aqueles temperos o lembravam. Algo que já não tinha mais.

Por essa razão, sempre optava por uma opção mais prática e rápida. Comidas processadas.

━━ Por que, não vai querer?— A Shin abocanhou mais uma grande colher cheia da mistura, se deliciando com aquele tempero.— Isso está uma delícia!

Ela havia crescido com comidas saborosas, já que sua mãe era uma excelente cozinheira. Ela ainda a tinha, mas em casa, e não na escola. Aquilo a deixava um pouco alerta, já que a qualquer momento alguém poderia entrar por aquela porta e a ver sem máscara, contudo, a sensação do vento em seu rosto era libertadora.

Ga-ram rapidamente se virou em direção a Su-ho que a assistia comer em silêncio.━━ Nunca provou, não é?— Colocou um pouco de comida na colher e estendeu em direção ao rapaz, fazendo um pequeno cesto com a outra mão caso algo caísse.— Se experimentar uma vez, vai querer comer mais. Aqui, prova.

━━ Não, pode comer.— O moreno negou enquanto encarava a colher.

━━ Prova um pouco.— Tentou mais uma vez, vendo o garoto virar o rosto.— Não estou acostumada a comer no almoço, não vou conseguir comer tudo sozinha.

Sua mão continuou extendida, mas já estava se cansando. ━━ Ah, é por que eu usei a colher? Eu..— A mais nova ameaçou pegar uma nova colher, mas antes que terminasse a ação garoto tomou o talher de sua mão, direcionado até a boca e comendo em uma bocada só.—E então?

━━ É estranho.– Respondeu, ainda mastigando.

━━ Achou estranho?— Ga-ram levou seu olhar para o recipiente com a mistura, avaliando-o.—Eu achei gostoso.

━━ É estranho ser tão gostoso.— Disse pegando uma outra colherada caprichada da comida.

━━ Eu misturei bem, não é?— Perguntou pegando a outra colher, logo ambos estavam partilhando da comida no recipiente.— Viu só, não precisa da pimenta para ser bom.

Su-ho a observou levar uma colher cheia até a boca enquanto mastigava.━━ Não faça cara feia para mim hoje.

━━ Só come!— Reclamou a garota fazendo bico.— Aqui.

Lee assistiu a colega lhe oferecer um pedaço de omelete, ele logo estendeu a colher para recebê-lo.

━━ A propósito, como esta seu humor hoje?

━━ Que tipo de pergunta é essa?— O garoto retrucou ainda mastigando.

Ga-ram respirou fundo pensando na melhor forma de começar aquela conversa.

━━ Uma simples. Está bom ou ruim?

Su-ho por sua vez não respondeu, apenas continuou encarando a mais baixa. A mesma se ajeitou na cadeira e suspirou uma segunda vez.━━ Podemos fazer um acordo?— Perguntou se aproximando um pouco mais.— Peça algo grande, e então ficamos quites.

━━ Do que está falando?

A dupla se encarou, tentando adivinhar os pensamentos um do outro, mas em vão. A Shin já não tinha para onde correr, então resolveu correr o risco.━━ Sabe, se continuar com isso vai ser desgastante para ambos.— Continuou.— Logo não vai mais querer me ver nem pintada de ouro.

Su-ho quis rir com a dramatização que a de franja fazia para falar algo simples, mas não deixou de manter a carranca, na intenção de parecer durão.

━━ Eu peço algo grande e estamos quites?— Constatou, cruzando os braços encarando-a.

━━ Isso!– A Shin se animou-se com a possibilidade de receber uma resposta positiva com tanta facilidade.— Posso fazer seu trabalho de inglês, ou levar seu cachorro para passear por uma semana.

Todas as opções eram viáveis para ela, e ela seu viu pedindo para todo o santo que escutasse para que fizessem o rapaz concordar com uma das opções.━━ Eu não tenho cachorro.— Su-ho informou após alguns segundos de silêncio.

━━ Ah!— A exclamação fez o mais alto dar um leve pulo da cadeira, fato que passou despercebido por Ga-ram.— Eu posso te comprar um cachorro.

━━ Eu poderia escolher algo, mas eu não quero.— O moreno relaxou os ombros, se encostando na cadeira.

A carranca da Shin foi perceptível, e Su-ho se impediu de rir daquela situação. Não era um bom momento para tal ação.

━━ Qual é! Pense sobre isso, por favor.

Ambos se encararam por alguns minutos, o silêncio pairando pelo lugar. Em seu olhar a garota carregava uma súplica silenciosa, coisa que foi fácil de ser notada pelo garoto, mas não conseguia evitar, azucrinar a colega de classe máscara havia lhe dado um certo ânimo.

━━ Certo, vamos ficar quites.— Lee disse por fim, se afastando da mesa abruptamente.

━━ Mesmo?! Vamos ficar quites.— A jovem se aproximou dele, carregando consigo sua máscara.— E o que eu tenho que fazer?

Su-ho.se aproximou ainda mais da garota e logo apontou para a mesa onde antes estavam a poucos segundos.

━━ Quer que eu limpe aquilo?— adivinhou, observando-a.

Os pratos e talheres permaneciam espalhados, e honestamente, organizá-los não seria um trabalho terrível.

━━ O cartaz.— Foi tudo que disse antes de observar a garota se aproximar da mesa para ler em voz alta.

━━ Audição para o show de talentos.— Sua voz era livre de qualquer emoção, mas foi banhada por incredulidade quando finalmente entendeu a proposta.— O que?!

━━ E então, estamos quites?— Lee Su-ho se aproximou da garota uma última vez antes de deixá-la sozinha, com a cabeça a mil e um plano idiota.

━━ Você o que?!— O grito estridente de Ju-kyung fez com que todos da fila olhassem para elas.

━━ Fala baixo.— Retirou o fone, o qual tocava pela centésima vez a mesma música.

Havia aceitado a proposta, a proposta mais injusta e desonesta a qual já havia ouvido, mas ainda assim, uma proposta.

A verdade era que parte de si sabia que Su-ho não as deixariam se safar de forma fácil, mesmo que seus segredos não fossem da conta dele. Ele era intrometido demais para sequer pensar em esquecer aquilo e viver sua vida.

Foi por isso que se preparou para o pior, uma sugestão absurda e cruel. No entanto, por mais que sua mente trabalhasse como louca, ela jamais pensaria em uma proposta tão sem pé nem cabeça.

Lee Su-ho era, de fato, uma figura. E isso não era um elogio.

━━ Sei que não subiria naquele palco nem amarrada, Ga-ram!— Acusou a mais alta, se aproximando cada vez mais na intenção de encará-la nos olhos. — Quem te ameaçou?

Certo, era meio óbvio que a Lim não deixaria tal fato passar. As chances que sua amiga máscara desistisse do anonimato eram praticamente nulas, e algo havia lhe trago até aquela extensa fila, e a jovem Ju sabia que não era boa vontade.

Um suspiro alto saiu de seus lábios tampados pela máscara.━━ Escuta, se eu fizer isso vamos estar livres das ameaças do Lee Su-ho para todo o sempre.

Ga-ram sabia que sua doença não lhe permitia guardar em sua memória nenhum rosto se quer, mas sabia muito bem de suas habilidades para entender as emoções. E em todas essas semanas de amizade, nunca havia visto Ju-kyung tão furiosa.

Seu rosto rapidamente adquiriu um tom avermelhado, e seus punhos se fecharam com força.━━ Então é isso? Ele deixou de me chantagear para chantagear você?

A mais alta agarrou seu pulso, na intenção de tirá-la imediatamente de lá. Não tendo sucesso quando a de franja firmou seu pé no chão.━━ Eu só preciso cantar uma música, eu não vou passar de qualquer maneira.— Afirmou enquanto observava a fila gigantesca, tinha certeza que haviam muitas pessoas talentosas ali.

Ela seria apenas mais uma, e assim, viveriam suas vidas em paz.

Cantar havia sido um hobbie a bastante tempo, mas agora era apenas uma pedra em seu sapato.

━━ Tem certeza que quer fazer isso?— Suas mãos agarraram o rosto da amiga, a forçando a encará-la fixamente.— Eu não me importo de voltar a pegar bebidas para ele, não tem que fazer isso.

━━ Não, nenhuma de nós vai fazer isso novamente.— Repreendeu a Shin com autoridade.— Eu vou cantar, sair de lá e voltar a viver nossas vidas normalmente. E então vamos ser invisíveis para aquele mané.

Terminariam o ensino médio, a faculdade e viveriam suas vidas adultas entediantes, e no fim, Lee Su-ho se tornaria uma memória sem importância.

━━ Por que você tem que ser uma amiga tão incrível?— Ga-ram assistiu os olhos de Limju enxerem de lágrimas, se afastando rapidamente evitando qualquer contato íntimo.

━━ Não chora!– Disse quando sentiu seus olhos lacrimejando também, pondo-se a olhar para a parede.– Se chorar, eu vou chorar.

A Lim rapidamente limpou as lágrimas que insistiram em cair, fazendo um bico enquanto fingia não chorar.

━━ Eu não vou.– Beijou os dois dedos indicadores.– Prometo.

Seus pés acompanhavam minimamente o ritmo da melodia que ecoava por seus ouvidos. Havia escutado aquela canção tantas vezes que sentia que não conseguiria escutar mais nenhuma, o nervosismo havia a deixado enjoada.

Um leve toque em seu braço chamou sua atenção, apesar de reconhecer as roupas, seus olhos foram até o nome escrito no uniforme para ter certeza. Limju tinha uma expressão assustada, talvez apreensiva fosse a palavra certa.

━━ É minha vez?— Perguntou, sem de fato entender toda a situação. A amiga havia prometido lhe chamar quando sua vez chegasse, mas não havia possibilidade de ser ela considerando a quantidade de pessoas que estavam em sua frente à poucos minutos.

Mas foi só um olhar para a extensão ao notar que logo era sua vez, já que só restava uma pessoa em sua frente, pessoa essa que já caminhava em direção ao palco.

━━ Não é isso.— Confessou a Lim, sua expressão ainda apavorada. Algo estava errado.

Ela decidiu então esperar até que a amiga lhe contasse o que tanto lhe afligia, já que parecia algo sério. Mas foi só a primeira parte da frase ecoar pelo espaço para seu coração ameaçar sair pela boca.

━━ Os participantes não estão indo embora depois de fazer a audição.— Aproveitando a posição que estavam na fila, ambas caminharam com rapidez em direção a porta, logo dando uma espiada por ela. Não foi difícil de notar que todos, que antes estavam na fila gigantesca, agora estavam sentados na plateia.— Eles estão assistindo as apresentações.

━━ Eu estou ferrada.— Exclamou a garota de máscara, tentando de todas as formas controlar sua respiração, não podia dar para trás agora, não quando estava tão perto.

━━ Não! Respira, vai dar tudo certo!– Ju-kyung tentou acalmar a Shin, logo fazendo uma massagem leve em seus braços.— É só cantar e sair, você consegue.

━━ Eu consigo!– A voz de Ga-ram soou confiante, ou o máximo que ela conseguia parecer.

━━ Shin Ga-ram.

Uma voz alta ecoou por todo o corredor que restava poucas outras pessoas, agora de fato estava em apuros.

━━ Retiro o que eu disse, eu não consigo.– Murmurou para a morena apavorada.

Ju-kyung se sentiu mal, não queria vê-la passando por tal situação. No entanto, outra parte de si estava irada, sabia de quem era a culpa.

━━ Não precisa fazer se não quiser, podemos dar meia volta.— Limju tentou ajudar, a verdade é que ela estava nervosa pela amiga.

━━ Eu vou fazer isso, vou fazer isso.— Suspirou Ga-ram.— Vou fazer isso, e acho bom Lee Su-ho nunca mais nos enviar uma mensagem.

Seus passos foram calmos, mas o nervosismo inundava cada parte do seu corpo. O medo, ou melhor, pavor, nunca havia sido tão palpável. Por um minuto inteiro sua respiração pareceu presa nos confins de seus pulmões, e suas pernas se negaram a mover um único músculo.

Precisava fazer aquilo, ela sabia. Gostaria de viver em paz, e gostaria, de todo seu coração, que sua nova amiga também o fizesse.

Talvez por serem mais similares do que gostariam, escondendo seus rostos para evitar estar cara a cara com uma realidade cruel cheia de memórias. Tentando pouco a pouco recuperar o mínimo de dignidade que lhe foi tirada devido algo tão insignificante quanto a aparência.

No fim, Lim Ju-kyung e Shin Ga-ram eram iguais, idênticas até demais.

Seus olhos ficaram no centro do palco, determinação os inundavam, e uma pitada de raiva por ser obrigada a fazer tal ato para terem suas vidas e segredos em sigilo.━━ Viver em paz.

A plateia estava cheia, mais alunos do que ela já se lembrara ver. Haviam alunos de todas as idades, desde os mais novos aos mais velhos, todos aguardando o próximo show, e naquele momento, era ela.

Conseguia escutar a conversação, e se sentiu contente que o assunto não era ela, estavam eufóricos demais sobre suas próprias audições para notá-la ali, totalmente perdida. Mas alguém a notou, ela seguiu o olhar ao observar uma figura animada e saltitante dentre todas as cadeiras do auditório, e soube quem era logo de cara. Não precisava enxergar seu rosto para saber que era Limju, torcendo por ela, a encorajando a um ato maluco.

Tinha poucos minutos, talvez segundos antes que a melodia escolhida por ela começasse, e o arrependimento batia cada vez mais forte em seu peito.

A voz da amiga ecoou em sua mente.

"Você consegue, Ga-ram."

Uma única nota ecoou pelo espaço. Agora era tarde, todos focaram na figura miúda estatística no centro dos holofotes. ━━ Eu consigo.

Sua única alternativa foi fechar os olhos, para que pudesse acabar com aquilo de uma vez. Iria com medo, no entanto, se livraria das ameaças de Lee Su-ho.

Sua voz trêmula cantarolou as primeiras palavras, de forma que Ga-ram se perguntou se estava sendo ouvida. Parte de si torcia para que não.

Em um papel rasgado meus verdadeiros sentimentos ficam claros, é algo sobre você.

Seu corpo estava pesado, enquanto seus pés tentavam reconhecer qualquer que fosse aquele território, esforçando sua mente para longe dalí, longe de todas aquelas pessoas, longe de toda aquela confusão.

Sim, você parece comigo, mas diferente.
Será que você se sente como eu? Agora tenho um pouco de esperança.

De repente, a Shin se viu com seus treze anos, quando sua mente não lhe auto-sabotava. Quando o medo não era constante em sua vida.

Sua mente viajou a grande plateia que costumava aclama-la.

Depois de um dia, um mês ou um ano, nós viveremos vidas diferentes?

Já não estava mais no auditório, e sim no antigo pátio da escola a qual passou toda sua pré adolescência. Era um lugar bonito, próximo ao litoral, era um bairro nobre, conhecido por sua segurança.

Shin Ga-ram lembrava de ser popular, e não sabia de fato o motivo. Alguns diziam ser por sua aparência, outros por sua personalidade amigável.

Eu não, não acho que será fácil para mim porque você ainda preenche os meus dias.

"Ainda não" eu repito como uma idiota. Não consigo segurar as palavras que insistem em sair.

E avaliando-se através dessa lembrança, ela parecia contente. Sua voz saia sem nenhuma falha, e a plateia exclamava em aprovação a cada nota mais alta.

Seus olhos fechados lacrimejavam com as lembranças de quando costumava brilhar ao simplesmente sorrir, quando seu rosto não era um pesadelo para si. Quando tinha coragem para sonhar sem medo de cair ou falhar.

Não está tudo bem.

Amarrando o meu cabelo eu limpo meu quarto bagunçado, estou procurando algo novo.

Às vezes eu apenas mudo sentindo que não consigo lidar com isso ou como se tivesse que fazer algo.

Naquele momento tudo que ainda existia em seu ser era medo, tudo lhe assustava. E a Ga-ram de antes riria de si mesma.

Sentia falta de quem costumava ser.

Piadas sem sentido, conversa fiada, eu pareço bem no meio da multidão.

Finjo estar bem com um sorriso no rosto e tento me afastar de sua sombra, mas...

Sua voz ecoou o último verso com pesar, presa em um passado que não voltaria. Sedenta por uma vida que não era mais sua, que fora arrancada de seus braços.

Continuo pensando em nossos últimos momentos, uma despedida calma onde tudo que eu tinha a dizer era: ."Fique bem"

"Ainda não" eu repito como uma idiota. Não consigo segurar as palavras que insistem em sair.

Não está tudo bem.

Os sons voltaram a ser captados, mas logo notou o silêncio fazendo o medo voltar com uma força estrondosa. Será que havia alucinado e na verdade o lugar estava vazio.

Bom, a falta de sons a fazia acreditar que sim. Mas o único jeito de descobrir era abrindo seus olhos, e naquele momento, aquilo era tudo o que ela menos queria.

No entanto, ignorando todos seus sentidos, ela os abriu.

Não estava errada, de fato o auditório estava cheio. Cheio até demais.

Conseguia ver dezenas de olhos lhe encarando, pessoas as quais ela não conseguia reconhecer e nem assimilar detalhes. Por um momento sentiu assombro, o silêncio lhe assustava. Mas ele logo foi substituído por aplausos, tantos que não conseguia contar. Tantos que ficou intimidada.

Mas em tal situação, o único que de fato lhe chamou atenção foi uma salva de palmas cheia de empolgação e orgulho. Tudo o que transmitia de Lim Ju-kyung era real, e talvez, não fosse tão ruim ter que recomeçar.

Não se a tivesse com sigo em sua nova vida.

01| Oi ☠️ voltei, tanta coisa aconteceu que meu deus, mas enfim, estou de volta com um cap de 5k de palavras😮‍💨

02| Somos 2k caracaaaa, muito feliz por isssoo

03| Eu dei uma reformulada na minha escrita, nem sei se vão notar, mas quem notou, me diz, cê curtiu?

04| Eu sempre estou postando edits e spoilers no tiktok, vão lá dar uma olhadaa! Inclusive, adoro os comentar de vocês 😅

05| Não seja um leitor fantasma! Comente, vote, interaja..mas lembre-se, todos aqui tem sentimentos. Seja legal com o coleguinha.

Até breve! 🩵

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