𝐓𝐖𝐄𝐋𝐕𝐄; Almost Christmas
「 QUASE NATAL 」
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A noite de Hanna não havia sido a melhor de sua vida, bem longe disso na realidade, afinal, chorar até dormir definitivamente não se enquadra em sua lista de noites incríveis. De qualquer forma, a manhã chegou, e agora só lhe restava encarar o dia.
— Bom dia, Hanna — Hermione diz.
— Bom dia, Mione. — respondeu tentando soar animada.
Ela olhou em volta, com a súbita realização de que as férias de natal haviam começado. Um suspiro pesado saiu pelos lábios da acastanhada enquanto ela olhava a neve caindo ao lado de fora. Não estava em seus planos passar aquela épica brigada com Harry, ou qualquer outra época que fosse, o que foi apenas um lembrete doloroso de que as coisas não funcionavam como queria.
Se levantou da cama já se preparando para escrever uma carta para casa, gostava de desabafar seus problemas bobos por lá, até mesmo tinha listas de quem falar sobre qual assunto. Por exemplo, crises existenciais de responsabilidade e identidade geralmente passava para John, ele era bom em saber exatamente o que dizer para lhe dar confiança e ajudar a refletir consigo mesma, Annabel era a melhor escolha para problemas pessoais, sempre tinha alguma boa experiência para passar, já Eleonor, bem, ela sempre podia contar com ela para despejar ódio em alguma pessoa, ou para reclamar de personagens de seus livros.
Aquela carta iria para Annabel.
— Talvez devêssemos descer e jogar alguma coisa. — A voz de Hermione soava incerta. — Ou fazer os deveres de casa juntas…
Hanna apenas olhou pela janela do dormitório vendo a neve caindo ao lado de fora e pensou em como ficar no dormitório soava muito mais interessante. Principalmente mais interessante que as tarefas, mas não podia culpar Hermione.
— Não sei, Mione… — Ela diz relutante.
— Vamos lá! Harry não está na sala, eu já conferi!
Hanna encarou a amiga antes de suspirar, sabia que Hermione insistiria até descer.
— Tá bem, vamos descer e ver o que faremos. Mas primeiro vou terminar essa carta, certo?
Hermione sorriu e assentiu saindo pela porta animada dizendo que esperaria a amiga lá embaixo, deixando Hanna no dormitório com a única companhia de seus pensamentos e Pandora, deitada aos pés da cama. A menina pôs as vestimentas da escola sem ânimo, enquanto repetia para si mesma que iria agir o mais naturalmente que conseguisse.
Passou mais alguns minutos finalizando a carta para finalmente guardar a mesma no bolso de seu suéter, fazendo a nota mental de ir ao corujal mais tarde.
Então, a garota desceu, vendo Hermione e Rony sentados na sala, Ron segurava um pacote de chicletes que provavelmente havia comprado em Hogsmeade e Hermione tinha um livro em mãos.
— Devíamos ir visitar Hagrid, faz séculos que não vamos até lá. — Ronald se pronuncia encarando Hermione.
— Não podemos sair do castelo, Ron. — Hermione nem mesmo subiu o olhar para o ruivo.
— Ah, é só uma visitinha rápida, pra animar o clima por aqui. Até porque não acho que tenho alguma coisa que a deixe mais animada do que ver os bichos esquisitos que o Hagrid arruma, vai que ele pegou um outro dragão! Hanna iria pirar!
Hanna deu um sorrisinho, com certeza estavam falando dela antes de chegar ali. Uma onda de um sentimento morno lhe bateu, era bom ter amigos por perto. Ela finalmente fez barulho, dando sinal de que havia chegado e viu os dois se virarem para si e abrirem um sorriso.
— Vai um sapinho? — Ron oferece. — Bom dia!
Ela aceita e pega um, se sentando ao lado do amigo em seguida, o empurrando um pouquinho pro lado, Ronald não reclamou.
Às vezes tinha a impressão que Ronald era como um membro de sua família, talvez não exatamente um irmão, mas um primo próximo talvez, faria sentido.
— O que acha de uma visita ao Hagrid, Hanna? — Hermione pergunta ainda sem tirar os olhos das páginas.
— Me soa bem, faz tanto tempo que não vamos lá… — diz como se não tivesse escutado eles anteriormente.
— Ótimo, então vamos ver o Hagrid! — concluiu Ron.
Os três foram se levantando e Ron enfiou uns três sapinhos de uma vez na boca antes de saírem da sala rumo ao exterior do castelo. Caminharam pela neve deixando marcas dos passos enquanto planejavam uma bela xícara de chá junto do amigo.
Hanna olhou em volta suspirando, amava Hogwarts, mas de longe sua parte favorita era o lado de fora, sentia falta de poder passar a tarde estirada na grama enquanto conversava com algum bicho.
Ron bateu na porta calmamente, mas demorou a obter uma resposta.
— Será que ele saiu? — Hermione questiona tremendo pelo frio.
— Escuta só… isso é o canino? — Ron pergunta prestando atenção nos barulhos.
De dentro da cabana vinham sons de pequenos soluços esquisitos e os três se olharam confusos.
— Será que deveríamos chamar alguém? — Rony diz.
Hanna deu um passo à frente e bateu mais forte na porta.
— Hagrid?! Está aí?! — Chamou mais alto. — Abra a porta para nós!
Em alguns segundos a porta foi aberta por um Hagrid com uma feição triste e rosto molhado. Os três logo se olharam preocupados e entraram na cabana.
— Hagrid, o que aconteceu? — Hanna lhe encarou de cima a baixo, levando a mão ao braço do amigo.
Ele desmanchou em soluços e lágrimas antes de sequer responder e se sentou num canto da cabana.
— Não souberam?! — diz enrolado pelo choro.
— Do quê? — Hermione perguntou receosa, os três se entreolharam.
O maior puxou uma carta que se encontrava sobre a mesa e arrastou até Hermione.
Prezado Sr. Hagrid,
Dando prosseguimento ao nosso inquérito sobre o ataque do hipogrifo a um aluno seu, aceitamos as ponderações do Prof. Dumbledore de que o senhor não é responsável pelo lamentável incidente.
Hermione leu em voz alta.
— Ah, então está tudo certo, Hagrid! — Rony não esperou o fim da carta e bateu nas costas do outro.
Hagrid continuou chorando e fez sinal para que terminassem de ler, parecia a beira de um colapso.
No entanto, devemos registrar a nossa preocupação quanto ao hipogrifo em pauta. Decidimos acolher a reclamação oficial do Sr. Lúcio Malfoy, e o caso será encaminhado à Comissão para Eliminação de Criaturas Perigosas. A audiência terá lugar em 20 de abril, e solicitamos que o senhor se apresente com o seu hipogrifo nos escritórios da Comissão, em Londres, nessa data. Entrementes, o animal deverá ser mantido preso e isolado.
Atenciosamente…
O rosto de Hanna se contorceu em preocupação.
— Você disse que Bicuço não é um Hipogrifo agressivo, ele vai se safar, Hagrid! — Rony tentava o animar.
– Você não conhece as gárgulas da Comissão para Eliminação de Criaturas Perigosas! – respondeu Hagrid com a voz engasgada, enxugando os olhos na manga. – Eles têm má vontade com as criaturas interessantes!
Um barulho alto veio de um outro canto da cabana e quando olharam, lá estava Bicuço, mastigando alguma coisa que fazia escorrer sangue por todo o lado.
— Não podia deixar ele amarrado na neve! — Hagrid respondeu secando as lágrimas com as mangas. — Sozinho, e no Natal!
– Você terá que preparar uma boa defesa, Hagrid – falou Hermione – Tenho certeza de que você pode provar que Bicuço é seguro.
– Não vai fazer nenhuma diferença! – soluçou Hagrid. – Aqueles demônios da Eliminação, eles são controlados por Lúcio Malfoy! Têm medo dele! E se eu perder o caso, Bicuço…
– E Dumbledore, Hagrid? – perguntou Rony.
– Ele já fez mais do que o suficiente por mim – gemeu Hagrid. – Já tem muito com que se ocupar só para segurar os dementadores fora do castelo e o Sirius Black rondando...
Hanna passou para trás do meio gigante e pôs as mãos em seus ombros ouvindo ele voltar a soluçar.
— Não fique assim, Hagrid. Vamos dar um jeito de ajudar o Bicuço. Temos testemunhas, todos vimos que foi culpa de Draco, não do Bicuço! — Disse ela.
— É, se você quiser nós podemos testemunhar.
– Tenho certeza de que já li um caso de alguém que provocou um hipogrifo – disse Hermione, pensativa – e o bicho foi inocentado. Vou procurar para você, Hagrid, e verificar exatamente o que aconteceu.
Os outros dois assentiram enquanto Hagrid fungava. O meio gigante voltou a chorar forte e Hanna e Hermione encararam Ronald, esperando que ele fizesse algo.
— Que tal uma xícara de chá? — o ruivo diz.
Hanna e Hermione o olham espantadas, quase que o batendo com os olhos.
— É o que minha mãe sempre faz quando alguém está triste…. — explicou.
Finalmente, eles se sentaram com calma para tomar chá e agora Hagrid parecia mais calmo.
— Vocês têm razão. Não posso me entregar assim. — Ele finalmente parava de chorar.
Hanna finalizou sua xícara e se levantou abruptamente, indo devagar até Bicuço e o fazendo uma reverência breve. Assim que seguro, ela se sentou perto do Hipogrifo e passou a acaricia-lo com devoção, era uma criatura simplesmente encantadora. Hagrid lhe deu um sorrindo cheio de ternura enquanto assistia a cena, sabia que Hanna o entendia plenamente quando o assunto eram criaturas mágicas.
– Não tenho andado muito bem ultimamente – disse Hagrid, acariciando Canino com uma das mãos e enxugando o rosto com a outra. – Preocupado com o Bicuço e com a turma que não está gostando das minhas aulas…
— Nós adoramos suas aulas! — Hanna diz sabendo que ultimamente velas vinham sendo bem entediantes.
— É claro! Como vão os vermes? — Ron perguntou fingindo interesse.
— Mortos. — respondeu ele. — Alface demais.
— Puxa, que pena! — Rony respondeu escondendo um riso.
– E esses dementadores fazendo eu me sentir péssimo e tudo o mais – disse Hagrid com um súbito estremecimento. – Tenho que passar por eles todas as vezes que quero beber alguma coisa no Três Vassouras. É como se eu estivesse de volta a Azkaban…
Os três ficaram em silêncio e trocaram breves olhares, como se decidissem quem perguntaria.
— Lá é muito ruim, Hagrid? — Hermione perguntou tímida.
– Vocês não fazem ideia – disse ele com a voz contida. – Nunca estive em nenhum lugar assim. Pensei que ia endoidar. Ficava lembrando de coisas horríveis... o dia em que fui expulso de Hogwarts... o dia em que meu pai morreu... o dia em que tive de mandar Norberto embora…
Hagrid pareceu querer chorar novamente, pelo que Hanna havia escutado, Norberto era um bebê dragão que Hagrid tentara tomar conta no primeiro ano deles após ganha-lo num jogo de cartas.
– A pessoa não consegue mais se lembrar de quem é depois de algum tempo. E começa a achar que não vale a pena viver. Eu tinha esperança de morrer durante o sono... Quando me soltaram, foi como se eu estivesse renascendo, tudo voltou como uma avalanche, foi a melhor sensação do mundo. E vejam bem, os dementadores não gostaram nada de me deixar sair.
Hanna se encheu de dó pelo amigo, pobre Hagrid, mesmo sendo inocente havia ido até aquele lugar horrendo.
— Mas você era inocente! — Hanna diz.
— Eles não ligam, Hanna. Desde que tenham umas centenas de seres humanos trancafiados com eles, para poder sugar toda a felicidade deles, não estão nem aí se alguém é ou não é culpado.
O silêncio se instalou novamente antes dele continuar. A mente da Potter não pôde deixar de devagar até Sirius Black, no quão insano o homem seria após viver doze anos naquelas condições, o pensamento lhe fez arrepiar dolorosamente.
– Pensei em deixar Bicuço ir embora... tentar fazê-lo fugir... mas como é que a gente explica para um hipogrifo que ele tem que se esconder? E... e tenho medo de desrespeitar a lei... – Ele ergueu os olhos para os garotos, as lágrimas outra vez escorrendo pelo rosto. – Não quero nunca mais na vida voltar para Azkaban.
Hanna encarou Bicuço, que parecia estar adorando os afagos e sorriu triste.
— Bicuço é tão bonzinho, vamos conseguir ajudá-lo com isso. — disse certeira.
Hagrid pareceu agradecido e logo após curioso.
— Por que Harry não veio?
Um silêncio desconfortável rolou pelo local, e Hagrid parecia mais confuso.
— Não estamos nos falando… — Hanna disse baixinho. — Discutimos ontem a noite.
Hagrid arregalou os olhos e se inclinou para a menina.
— O quê?! Não acredito! — Ele exclamou.
— Vocês não discutiram, Harry foi um idiota com você, é diferente. — Ron diz irritado.
Hanna fez uma expressão sem graça, por mais que fosse verdade, não gostava de falar assim do irmão e isso a fazia se sentir uma idiota. Hermione resolveu explicar a situação para Hagrid, que terminou de ouvir a história boquiaberto.
— Deveria ter dado uns cascudos nele, Hanna. — Hagrid disse tranquilo. — Você é irmã dele, tem todo direito!
Hanna não respondeu, apenas uma risada soprada e rezou para que o assunto morresse logo.
Ficaram mais algumas horas pela cabana, falando sobre o ocorrido com Hagrid, mas por fim precisaram retornar ao castelo. Enquanto iam saindo e se despedindo de Hagrid, o meio gigante faz um sinal com a mão, falando baixinho em seguida.
— Quero que saiba que o seu amigo pelúcio está bem, ele anda passando por aqui atrás de comida. — explicou ele sorridente.
Hanna sorriu e agradeceu ao outro logo indo junto dos amigos até o castelo. Os três retornaram ao interior da escola já mirando a torre de astronomia, Hermione queria os mostrar algo interessante que leu em um livro.
Os três caminhavam tranquilamente pelo corredor enquanto Hanna tenta apartar ofensas entre Rony e Hermione, totalmente motivados por seus animais de estimação. Então, passos apressados soaram pelo corredor atrás deles, assim como a voz estridente e ofegante de Celinne em sequência.
— Venham, rápido! Draco e Harry estão brigando no corredor! Vocês precisam ver! — Celinne gritou e Gina estava logo ao seu lado com uma expressão risonha.
Os três nem pensaram e já passaram a seguir as outras duas até dois corredores de distância, apressados e completamente confusos. Afinal, Harry não briga com ninguém pelos corredores, e Draco, bem, ele ofende muitas pessoas, mas brigar era um pouco demais até para ele.
Claro, talvez tivessem subestimado a palavra “brigar”, pois os três soltaram suspiros surpresos ao ver que Celinne quis dizer em todo sentido literal da palavra.
Alguns outros estudantes se amontoavam perto em uma gritaria generalizada que alternava entre torcidas e comentários.
Os dois estavam no chão, embolados e as mãos furiosas de ambas as partes se chocavam contra o outro sem intervalo. Harry estava parecendo em mais vantagem, por cima do corpo de Draco, que sorria parecendo até um pouco maníaco, mas as mãos tiveram um intervalo, aparentemente, Harry estava prestes a desistir da briga, uma faísca de racionalidade no mar de emoções.
Os dois se puseram de pé novamente, mas ninguém parecia satisfeito.
— Oh, ele quer ir embora, está tendo um dia ruim! Nem seus amiguinhos querem ficar com você, não é, Potter?Talvez devesse ir para a companhia dos dementadores, eles parecem gostar de você. — O loiro provocou. — Só sendo muito estúpido pra conseguir fazer até a única pessoa restante da família se afastar. Eu teria me jogado da Torre de Astronomia...
Aquilo provavelmente foi a gota d'água. Harry, que já tinha saído de cima do mesmo, se virou com raiva e num único movimento, avançou para ele novamente. Não foi preciso uma resposta, era provável que o pulso se chocando diretamente com o nariz dele quis dizer o suficiente.
Agora eles pareciam mil vezes mais raivosos, o nariz de Draco sangrava como uma cachoeira e Harry tinha um corte na sobrancelha que Hanna acreditava ter sido feito pelo anel em formato de obra que Malfoy tinha na mão esquerda.
— O que está acontecendo aqui?! — A voz de prof. McGonagall soou. — Parem com essa baderna imediatamente!
Todos fizeram silêncio e se afastaram dos dois. McGonagall vinha acompanhada de Percy Weasley, que provavelmente foi quem denunciou a briga.
Obviamente, a voz de McGonagall os fez parar imediatamente, os dois se levantaram cambaleando um pouco, mas estavam de pé. Harry tinha sangue escorrendo de um pouco acima de da sobrancelha esquerda por todo o seu rosto, já Malfoy tinha o uniforme como um mosaico verde e vermelho, fruto do nariz machucado.
Enquanto o sangue esfriava, ambos pareciam cair na real, Harry ignorava completamente o ferimento mas tinha uma expressão desconfortável, já Draco, levou uma das mãos até o nariz, vendo o sangue ali e automaticamente ficando alguns tons mais pálido.
Hanna não tinha ideia se Harry sabia ou não brigar, mas podia ter certeza mais que absoluta de que Draco não sabia, por isso, se sentia impressionada que o loiro tivesse saído apenas com um nariz sangrando e não desmaiado. Talvez Harry também não soubesse brigar tão bem.
— Enfermaria, vocês dois! E mais tarde uma bela conversa com Dumbledore, francamente! O que estavam pensando?! Se atracando aos punhos como dois animais selvagens! — Ela chama os meninos, vermelha de raiva. — E vocês, voltem a seus afazeres!
Os alunos foram se afastando comentando sobre o ocorrido enquanto McGonagall e Percy arrastavam os dois dali.
Hanna continuou observando as figuras se afastando pelo corredor, desacreditada do que havia acabado de acontecer.
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Obviamente a biblioteca havia sido uma experiência esquisita, apenas ficaram se encarando por longos minutos silenciosos, talvez uma hora, sem muito o que dizer. A cada pessoa que passava pela mesa em que se encontravam, mais um pedacinho sobre como a briga havia começado lhes era mostrado, mas nem todas as peças encaixavam.
Alguns diziam que Harry começou, outros que Draco quem empurrou primeiro, Neville comentou que Draco provocou o suficiente para que Harry começasse, e honestamente, essa parecia a versão mais perto da verdade.
Hanna não aguentava mais, principalmente pois todas as histórias vinham acompanhados sobre perguntas por ela e Harry não estarem se falando, ou comentários sobre como havia começado graças a briga entre ela e Harry. Ela estava de saco cheio, detestava que se intrometessem tanto em sua vida.
Cansada, a Potter se levantou, pronta para finalmente voltar à sala comunal e se esconder na capa da invisibilidade até que fosse tarde o suficiente para a deixarem em paz.
Ela murmurou uma breve despedida aos amigos antes de girar nos calcanhares e sair da sala, soltando um suspiro de alívio pelo silêncio no corredor a frente, ninguém para a perturbar, absolutamente ninguém.
Mas não durou muito, escutou uma voz, uma que parecia irritada, ou melhor, raivosa. Não conseguia compreender exatamente o que era dito, mas não estava tão distante. Ela mudou um pouco sua rota, o suficiente para que chegasse até o corredor de onde a voz vinha.
Quando reconheceu a voz, automaticamente sentiu um arrepio desconfortável subir pela espinha e automaticamente revirou os olhos em desgosto: se tratava de Lúcio Malfoy.
— Não me faça perder a paciência com você. — Ele disse entre os dentes, tentava soar baixo.
— Não fiz nada de absurdo! Achei que gostasse que eu perturbasse o Potter. — respondeu o garoto, não tão preocupado em soar discreto, mas olhava em volta como se buscasse alguém.
— O perturbe, Draco! Faça o que bem entender, acho mesmo hilário, é ótimo! Mas ao menos use boas desculpas! — ele se alterou um pouco.
— Por que importa o motivo?! — Ele parecia irritado.
— Não me responda! — Alterado, totalmente. A voz ecoou pelo corredor, tão cortante quanto o olhar.
Draco deu um passo para trás num susto leve e abaixou a cabeça, encarando o chão por um instante, parecia tão irritado quanto o pai, mas nenhuma autoridade para esbravejar alguma coisa. Dali, Hanna conseguia ver o amigo cerrando os pulso com força, claramente não teria uma reação, apenas ficaria em silêncio, mas precisava descontar.
— Não quero isso novamente, fui claro? Posso ter certeza de que não vai me envergonhar mais uma vez?! De que vai se lembrar dessa maldita conversa?! — abaixou o tom de voz, parecia arrastado, e na visão de Hanna, bem mais amedrontador.
Odiava adultos raivosos, lhe fazia ter arrepios, as memórias não eram bonitas.
Draco assentiu, os punhos se abrindo lentamente conforme parava de fazer força.
— Sim, pai. Não vai se repetir. — A voz soou sem nenhuma emoção, mas um suspiro pesado deixou claro a frustração.
— Se lembre do que eu disse. Mais tarde te enviarei uma carta. — Disse ele antes de se virar e sair pelo corredor.
Exatamente onde Hanna estava.
Vendo a aproximação, a garota coçou a garganta, justamente para chamar a atenção. e cruzou na direção contrária como se não estivesse escutando a conversa nem por um segundo, até mesmo se permitiu fazer uma leve cara surpresa a ver Lúcio ali.
O homem a olhou de cima a baixo com desgosto pingando de seus olhos, e até mesmo repuxou os lábios num cumprimento desgostoso. Ela repetiu a expressão para ele.
Hanna não permaneceu ali, apenas o suficiente para ver Draco respirar fundo antes de trocarem olhares por um milésimo de segundo e o garoto desapareceu pelo outro lado do corredor nem falar uma única palavra, apenas a expressão pensativa e ao mesmo tempo estressada. Ela não quis questionar, ele claramente não estava num bom momento, então, continuou seu caminho até a sala comunal.
Assim que passou pelo quadro, já escutava as gargalhadas dos gêmeos Weasley, e automaticamente preparou seu coração para o que viesse a seguir.
— Hanninha, olá! Viu o que fizemos?! — George perguntou assim que sua figura s fez presente.
— Queríamos testar essas bolinhas de tinta e essa foi a oportunidade perfeita! — Fred explicou se virando para ela.
Ela fez uma expressão confusa, não havia visto absolutamente nada.
— O quê? Céus, o que vocês fizeram?
Os dois riram ainda mais, George se jogou no sofá segurando a própria barriga e Fred passou por trás de si, leh segurando os ombros.
— Infelizmente ainda não vou agraciada pelo humor que trouxemos a nossa querida escola… mas você vai ver, só precisa esperar um pouquinho. Foi nossa maior vigarice contra um amigo próximo! — Explicou como um pai orgulhoso de seu filho.
— Talvez não a maior, se lembra do que fizemos com Percy no primeiro ano? A mamãe ficou-
Antes que desse mais detalhes, passando pelo quadro vinha Harry, com uma careta cansada e um cabelo verde musgo que certamente não combinava nada com seu tom de pele, ou com suas roupas.
Hanna não conseguiu evitar a expressão se retorcer em surpresa por alguns instantes, o que ela disfarçou de imediato desviando o olhar. Fred atrás de si, jogou a cabeça em sem ombro esquerdo, rindo baixinho, tornando sua targa de permanecer neutro muito mais difícil.
Harry não tomou tempo ali, subiu para o dormitório dos meninos totalmente sério, claramente sabia quem havia dito aquilo, nem precisava questionar.
— Eu devia estar com medo? — ela disse entre risos quando o garoto sumiu.
— Certamente não! Não faríamos isso com você, pelo menos não sem motivos… — George apontou para ela abaixando a voz na última frase, uma ameaça brincalhona.
— Espero morrer amiga de vocês, porque inimiga… — ela cruzou os braços, sentindo o braço de Fred lhe pesar nos ombros.
— Ah, seremos amigos, tampinha. É claro que sim, não vejo um cenário bom o bastante para mudar isso, pode ficar tranquila!
— Até que a morte os separe!
George fez uma expressão dramática assim que finalizou a frase, arrancando um risinho de Hanna, que decidiu fazer hora com os dois até precisar dormir, gostava da companhia dos gêmeos, era impossível se entediar.
— Ficou romântico não acharam? — Ele perguntou.
Hanna e Fred se encararam por um segundo, uma ação automática a qual ela nem mesmo soube como fora tão certeira, mas arrancou umas risada dos dois, talvez um pouco tímida da parte dela.
Se bem que era relativamente costumeiro encontrar olhares com Fred acidentalmente, sempre o olhava, ele já estava mirando sua direção.
— Que lindos! vocês vão me fazer chorar… — o garoto continuou com a dramatização, o que fez Fred lhe atirar uma almofada.
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Na manhã seguinte, Hanna decidiu que ficaria sozinha. Bom, a decisão durou até Fred lhe fazer experimentar torradas com manteiga e geleia de Laranja no café da manhã — combinação esta que ela ainda debatia amar ou odiar — mas após a interação engraçada e um tanto peculiar, fizera questão de agarrar o livro sobre herbologia, uma recomendação direta de Neville, e desaparecer pelos corredores da escola.
Hanna gostava de ler ao ar livre. Em dias convencionais, se esgueirava entre aa árvores e se sentava numa pedra, vezes encostada, vezes no topo, cercada por todas as diversas criaturas mágicas que poderiam habitar por ali. Vez ou outra, uma pausa em sua leitura era necessária para observar o que a família de tronquilhos fazia na árvore ao lado, mas sempre era uma experiência relaxante. Bem, não estavam em dias convencionais, Hanna estava estritamente impedida de escapar pela floresta se não quisesse o risco de um dementador lhe sugar a alma, pavoroso. Por isso, foi o mais longe que podia em sua liberdade limitada: a ponte coberta.
Se sentou no meio da mesma, deixando as costas apoiadas na vida de madeira, vez ou outra sentia o frio na barriga ao olhar para baixo, mas preferia engolir o pânico pessoal e focar nas palavras interessantes a sua frente.
— Lendo sozinha no meio de uma ponte? Deprimente.
Hanna tremeu por inteiro, a voz repentina soou exatamente a sua frente, a fazendo se perguntar como diabos não havia escutado passos. Draco tinha uma irritante mania se chegar despercebido perto de si, e a Potter sentia vontade de arremessar a cada vez que fazia isso.
— Por Merlin, sonserina! Quando vai parar de fazer isso?! — respondeu irritada suspirando pesado por um segundo, se recuperando do susto.
Draco riu soprado e permaneceu de pé a sua frente.
— Não vou. Você sempre se assusta, é engraçado.
Ela revirou os olhos.
— Acho que você não sabe o quão deprimente essa visão é… — Ele tornou ao assunto. — Anda, levante!
A garota bufou o encarando mortalmente.
— Não me faça querer te atirar da ponte, Draco. São apenas nove da manhã, eu mereço paz.
— São dez. E você não vai me atirar da ponte, seria presa. — ele se debruçou na ponte, ao lado da garota. — E você não teria coragem, gosta demais de mim pra isso.
Hanna soltou uma risada debochada, apenas para o provocar.
— Você sonha alto.
— E você ainda parece depressiva, não combina com você.
— Não estou depressiva!
Draco a mirou com a expressão mais irônica que já havia o visto fazer. Era extremamente expressivo, chegava a ser irritante.
A maioria das coisas que Draco faz são irritantes para Hanna, poderia passar horas as contando.
— Melancólica. É diferente, Dray. — justificou abrindo o livro novamente.
Draco bufou e numa atitude bem fora de seu caráter regular, apanhou o livro da mão da garota de uma única vez.
— Ficou maluco?! Isso é da biblioteca, sabia?!
— Pouco me importa, você é quem vai levar esporro mesmo… eu poderia jogar daqui.
— Você não se atreveria.
— Se você acha… — esticou a mão, deixando o livro bem acima do abismo.
Hanna estava com tanta raiva que poderia mesmo o arremessar dali. Ela se levantou de supetão se atirando na direção do outro, invadindo completamente seu espaço pessoal enquanto esticava os braços para alcançar o objeto, mais alguns milímetros e teriam batido queixos de uma forma nada bonita. Draco não parecia bravo, estava na verdade segurando o riso, tinha conseguido o que queria.
— De pé! Que maravilha! — debochou encarando a menina perigosamente perto.
Ela sentiu o rosto arder um pouco, e com a sensação pinicante de estar perto o suficiente para conseguir contar os cílios alheios, se afastou, emburrada e agora sem graça.
— Devolve isso antes que derrube de verdade e me coloque em problemas. — o rosto ainda ardia. — Eu juro que mato você se o livro cair, Malfoy.
Ele recolheu o braço e estendeu o objeto para a garota, segundos a expressão arrogante no rosto.
— Chega da “melancolia” — fez aspas co os dedos. — Não combina com você. — Comentou no seu tom de voz comum. — Você é melhor que isso, eu garanto.
Hanna não tinha uma resposta para aquilo. Estava mesmo se sentindo deprimida, mas odiava admitir.
— Bom dia, crianças. — A voz tranquila e inconfundível de Lupin soou próxima a eles.
Sinceramente, Hanna começava a questionar algum possível problema de audição, como nunca escutava as pessoas na maldita ponte? A quanto tempo exatamente Lupin estava por ali?
Por algum motivo, se sentia como se tivesse sido descoberta num crime.
— Bom dia, professor Lupin! — sorriu na direção do homem.
— Dia, professor.
— É um bom livro. — Ele apontou ao objeto na mão dela.
O homem não comentou mais nada, apenas sorriu amigável e seguiu seu caminho, deixando os dois em um silêncio que apenas era quebrado pelo vento ecoando as pedras do precipício.
— Como vai sua detenção?
— Terrível. Limpar é tedioso. — resmungou ele, debruçando o corpo novamente. — Mas não me arrependo, foi extremamente satisfatório. — se referiu a briga. — Tirando o nariz…
Hanna se debruçou ao lado dele, pensativa. Ela batucou a madeira algumas vezes, queria dizer milhares de coisas que rondavam sua cabeça, incluindo a cena que presenciou no corredor.
— Não precisavam ter brigado. Vocês dois são muito extremistas e acredito que nenhum saiba bater de verdade. — comentou com sinceridade, mas ocultou a parte em que tinha certeza que Draco sabia menos ainda. — Mas obrigada. Foi legal da sua parte, de certa forma. Sabe, me defender e tudo mais…
Draco não respondeu, mas sorriu um pouco, se Hanna tivesse olhado o suficiente, poderia julgar se fora convencido ou não, mas acreditava que sim.
— Eu vi que teve problemas com seu pai. Sinto muito. Não faz nada que vá arrumar discussão entre vocês, principalmente por minha causa.
Draco quis responder que o simples ato de estarem se falando naquela ponte já renderia uma briga caso ele soubesse, mas não disse, não queria a outra se culpando por aí, conhecia bem a amiga.
— Esquece isso. Não é nada demais.
Ela não quis questionar, claramente era um assunto desconfortável.
— Se formos contar já é a segunda vez que seu nariz sangra por minha culpa. — disse num tom mais brincalhão.
— Não me lembre do ano passado, ainda sinto latejar. — dramatizou.
Silêncio novamente. Confortável, ao menos.
— Não precisa agradecer. Você faria o mesmo, talvez pior.
Ela não duvidava, mas ficou calada.
— Aí estão vocês! — dessa vez, a presença for percebida de longe, Celinne.
Hanna acenou para a amiga e Draco a encarou até que chegasse perto o suficiente.
— Finalmente. Achei que tinha dito que ia nos encontrar rápido e não no ritmo de uma mula.
— Sempre um doce, Malfoy! Eu estava conversando com Cedric.
— Diggory pra cá, Diggory pra lá! Marquem logo o casamento…
Celinne faz um audível “argh!” E estapeou o loiro.
— Você é ridículo. Credo! — ela reclamou.
— Podemos jogar snaps explosivos? É uma atividade melhor do que ficar na ponte, não podemos arriscar que alguém se irrite e haja um homicídio.
Hanna sentiu que aquilo havia sido dito para si, mas ignorou pelo bem de sua ficha criminal limpa.
— Bom dia, pessoal! Uau, deve ser mais comum do que pensei visitar a ponte pela manhã… — Dessa vez era Everleigh, que vinha com toda sua confiança estonteante.
Hanna não se lembrava daquela ponte ser tão popular.
— Não é, só deu sorte de te presenças ilustres por hoje. Vim resgatar uma alma deprimida. — Draco respondeu apontando para si, e recebeu um tapa na mão em resposta da Potter.
— Uh, ótimo! Que bom que conseguiu encontrar ela, demorou muito desde que saiu da sala comunal?
— Uns minutos. A escola é grande.
— E você… eu tenho certeza que sei seu nome… Celinne! É isso, não é? Cedric fala bastante de você.
Celinne pareceu confusa, como se nem mesmo esperasse a atenção repentina.
— Ah, sim, exatamente. Celinne Marsh.
— Everleigh Berryan. É um prazer!
— Acho que todo mundo te conhece… mas é, prazer!
Hanna ficou em silêncio, estava ocupada demais admirando os bordados floridos na bola de Everleigh.
— Isso virou um grupo bem rápido. E dos esquisitos… — Draco comentou num resmungo. — Tanto faz. Snaps explosivos?
— Sim, snaps explosivos. — Celinne concordou.
E então, seguiram, os quatro, até onde pudessem jogar de maneira mais confortável.
Naquela manhã, Hanna não se sentiu mais melancólica.
Não revisado.
Draco apareceu TANTO nesses últimos dois capítulos que o nome dele começou a perder o sentido enquanto escrevia.
Enfim, até o próximo!
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