No dia seguinte, acordei por volta das dez horas. A claridade invadia o quarto, forçando meus olhos a se abrirem. Pequenos barulhos vinham do corredor, e ao virar a cabeça na direção da porta, avistei Jungkook, meu irmão Han e seu marido Lee. Os três conversavam em voz baixa com o médico, enquanto uma enfermeira retirava cuidadosamente o soro do meu braço.

Senti o toque leve dela e, ao abrir os olhos por completo, fui recebido com um sorriso gentil.

— Que bom que acordou! — disse ela com um tom calmo, quase maternal. — O doutor já lhe deu alta. Se sentir tontura ao se levantar, por favor, nos avise, está bem?

Assenti com a cabeça, ainda meio sonolento, e fiz um pequeno esforço para me sentar na cama. Mal comecei a me mexer, Jungkook notou e entrou apressado no quarto, o rosto carregado de preocupação.

— Ei, precisa de ajuda? — perguntou ele, a voz carregada de cuidado.

— Não se preocupe, tô pronto pra outra — respondi com um sorriso fraco, tentando aliviar o clima.

Jungkook, no entanto, não achou graça. Franziu a testa e cruzou os braços, ficando sério.

— Se atreva a aprontar de novo e quem te manda pro hospital sou eu!

Dei uma risada baixa enquanto colocava os pés no chão gelado. Antes que pudesse dizer algo, Han e Lee terminaram a conversa com o médico e entraram no quarto, os dois parecendo aliviados, mas claramente prontos para me dar um sermão.

— Moleque, eu juro que tenho vontade de te dar uns tapas pra ver se aprende a se comportar! — disse Lee, balançando a cabeça em desaprovação, mas com um brilho divertido nos olhos.

Levantei uma sobrancelha e sorri desafiador.

— Se tiver afim de levar uns de volta, tenta a sorte, cunhado.

Han soltou uma gargalhada e deu um leve tapa no ombro de Lee.

— Tá ótimo! Se a língua dele tá afiada assim, é porque já tá recuperado.

— Finalmente pode ir embora. — Jungkook suspirou, passando a mão pelos cabelos, claramente aliviado. — Juro, não aguento mais hospital.

Olhei para ele e deixei escapar um comentário com um tom levemente amargo:

— Você sabe que não precisava estar aqui, né? Tem sua família, seus filhos, sua esposa...

Jungkook me encarou, o olhar endurecendo por um instante antes de suavizar. Ele deu um passo à frente e respondeu com a voz firme, mas carregada de afeto.

— Meus filhos estão viajando com minha esposa. Eu estava na casa de mainha com meu irmão, seu bobão. Agora cala essa boca antes que eu te ponha pra dormir de novo.

Lee e Han explodiram em risadas, enquanto eu revirei os olhos, tentando não sorrir. Mesmo com as provocações, era bom tê-los ali.

Deixamos o quarto do hospital juntos, com Han na frente, conduzindo o grupo, e Lee ao seu lado, enquanto Jungkook e eu seguíamos logo atrás. O som dos nossos passos ecoava pelos corredores, misturado com a conversa descontraída que surgia entre nós.

— Finalmente livre desse lugar. — Lee comentou, esticando os braços como se estivesse se libertando de correntes invisíveis.

— É, mas só espero que Yoongi não arrume outra confusão pra voltar pra cá tão cedo. — Han olhou por cima do ombro, arqueando uma sobrancelha em minha direção.

— Ei, já deu, né? — respondi com um sorriso de canto. — Vocês falam como se eu fosse um caso perdido.

— E não é? — Jungkook provocou, batendo de leve no meu ombro.

Revirei os olhos, mas não consegui conter um sorriso. Por mais que as provocações fossem constantes, era bom tê-los ali comigo.

Chegamos ao estacionamento, e Han destravou o carro com um bip. Ele assumiu o banco do motorista, enquanto Lee ocupava o lugar do passageiro, ajustando o cinto com um gesto despreocupado. Jungkook e eu nos acomodamos no banco de trás. Assim que ele fechou a porta ao meu lado, senti meu coração acelerar, sem motivo aparente, apenas pela proximidade.

Han ligou o carro e, antes de sair, procurou algo no painel.

— Vou colocar uma música pra animar o clima. — disse ele, girando o botão do rádio até encontrar uma batida pop animada.

— Sempre o DJ da rodada. — Lee brincou, olhando de canto para o marido.

Enquanto a música preenchia o carro, Jungkook se inclinou levemente em minha direção, a voz baixa, quase um sussurro.

— Tá se sentindo bem mesmo? — perguntou, os olhos escuros fixos nos meus.

Olhei para ele, surpreso com a preocupação genuína. Um sorriso bobo escapou dos meus lábios antes que eu pudesse me controlar.

— Tô bem. Melhor agora, na verdade. — respondi, desviando o olhar rapidamente para a janela, tentando disfarçar o rubor que sentia subir pelo rosto.

Jungkook observou meu rosto por um instante, como se quisesse confirmar minha resposta, antes de sorrir de leve e recostar no banco. Lee, no banco da frente, espiava a cena pelo retrovisor, o sorriso divertido estampado no rosto.

— Eles são tão fofos, né? — comentou baixinho para Han, que apenas deu uma risadinha e balançou a cabeça.

— Ei, que tal passarmos no McDonald’s? — Lee sugeriu, mudando de assunto de repente.

— Boa ideia! — Jungkook concordou imediatamente, animado. — Tô morrendo de fome.

— Eu não quero nada. — murmurei, me inclinando um pouco para trás no banco, tentando não chamar atenção.

Lee soltou uma gargalhada alta e virou o rosto levemente para trás, sem deixar de olhar para a estrada.

— Claro que vai querer, Yoongi! Vou pedir batata pra você, nem adianta reclamar.

Todos no carro riram, inclusive eu, que acabei me rendendo à leveza do momento. Por mais que tentasse resistir, era impossível não me sentir confortável com eles ao meu redor.

Enquanto Han fazia o caminho até o McDonald’s, o carro estava preenchido por uma energia leve e descontraída. A música continuava tocando, e Lee batucava com os dedos no painel, acompanhando o ritmo. Jungkook, ao meu lado, parecia relaxado, mas ainda lançava olhares discretos na minha direção, como se quisesse ter certeza de que eu estava realmente bem.

No banco da frente, Lee virou-se levemente para Han, mantendo um sorriso travesso.

— A gente vai pedir o quê? — perguntou ele, já imaginando o pedido.

— Eu quero um combo grande, com bastante batata. — respondeu Han, mantendo os olhos na estrada. — E, claro, um milkshake de chocolate.

— Sempre o mesmo. — Lee provocou, rindo.

Jungkook se inclinou um pouco para frente, apoiando os braços no encosto do banco.

— E eu vou querer dois cheeseburgers e nuggets. Não esquece do molho barbecue, hein.

— Tá anotado, senhor exigente. — Lee brincou, olhando pelo retrovisor.

Quando foi minha vez de falar, balancei a cabeça e suspirei.

— Já falei que não quero nada.

Lee soltou uma risada alta, quase teatral, e apontou para mim sem nem olhar.

— Ah, claro, Yoongi. Você sempre diz isso e depois fica beliscando a comida dos outros. Vou pedir batata grande pra você, não adianta reclamar.

Jungkook riu ao meu lado e cutucou meu braço de leve.

— Ele tem razão, você sempre faz isso.

Fiz uma careta e cruzei os braços, mas não consegui conter um sorriso.

— Vocês não me deixam em paz, né?

— Nunca. — Jungkook respondeu, com um brilho divertido nos olhos.

Chegamos ao drive-thru, e Lee assumiu o papel de porta-voz, fazendo o pedido com um entusiasmo exagerado.

— Boa noite! Quero dois combos grandes, um com milkshake de chocolate e outro com refrigerante. Dois cheeseburgers, nuggets com molho barbecue... Ah, e uma batata grande extra pro Yoongi, que disse que não queria nada, mas vai comer de qualquer jeito.

O atendente riu do outro lado da linha, e Han deu um leve tapa no braço de Lee.

— Para de envergonhar a gente, Lee.

— Relaxa, amor. — respondeu ele, piscando. — A vida é curta, tem que aproveitar.

Enquanto esperávamos na fila para pegar os pedidos, Jungkook se inclinou novamente em minha direção, a voz baixa para não chamar atenção.

— Sério, Yoongi, você tá mesmo bem?

Olhei para ele, surpreso pela insistência. Meu coração acelerou de novo, mas dessa vez não tentei disfarçar.

— Tô bem, de verdade. — respondi, sorrindo de leve. — E... obrigado por se preocupar.

Jungkook desviou o olhar por um instante, parecendo um pouco sem jeito, antes de sorrir de volta.

— Claro que me preocupo, seu idiota.

No banco da frente, Lee olhou pelo retrovisor novamente e deu um sorriso cheio de significados, como se soubesse de algo que nós dois ainda não havíamos percebido.

— Tá todo mundo muito fofo hoje, né? — comentou ele, com um tom provocativo.

— Cala a boca, Lee. — respondi, mas minha voz saiu mais suave do que eu esperava, denunciando meu constrangimento.

Pegamos os pedidos e seguimos caminho, com o carro agora preenchido pelo cheiro de batatas fritas e risadas leves. Por mais caótico que fosse o momento, era exatamente o tipo de caos que me fazia sentir em casa.

O carro estacionou na garagem da casa de Han e Lee. Jungkook e eu descemos juntos, enquanto Han e Lee carregavam os sacos com o que restou do pedido do McDonald’s. Lee parecia exausto, mas ainda mantinha o mesmo sorriso animado.

— Bom, vou deixar vocês aqui. — disse Lee, colocando a mão no ombro de Han. — Preciso de um banho e um pouco de descanso.

— Vai lá, amor. — Han respondeu, dando um leve beijo no rosto de Lee antes que ele subisse as escadas.

Jungkook e eu nos jogamos no sofá maior da sala, lado a lado. Ele parecia à vontade, esticando os braços no encosto, enquanto eu me mantinha mais reservado, com as mãos no colo. Han aproveitou para ir até a cozinha, murmurando algo sobre pegar um copo d’água.

A sala ficou silenciosa por um instante, apenas o som baixo da televisão preenchendo o ambiente. Jungkook parecia relaxado, mas eu sentia minha mente vagando, presa em pensamentos que não conseguia controlar.

Quando Han voltou da cozinha, trazendo um copo d’água, ele se apoiou no batente da porta, começando a falar sobre algo aleatório que havia acontecido no trabalho. Jungkook riu, achando graça na forma como Han exagerava os detalhes, mas eu continuei calado, apenas observando.

— Yoongi, tá tudo bem? — Jungkook perguntou de repente, notando minha quietude.

— Tô, só cansado. — respondi rapidamente, tentando afastar qualquer atenção de mim.

Han terminou de beber sua água e se aproximou do sofá, parando ao lado de Jungkook com uma expressão que chamou minha atenção imediatamente.

— Jungkook, tem uma coisa importante que eu preciso conversar com você. — disse Han, o tom de voz repentinamente sério.

Minha coluna se enrijeceu, e olhei para Han com desconfiança, os olhos estreitados. Ele percebeu meu olhar e lançou um breve sorriso, mas havia algo ali que me deixou ainda mais alerta.

— O que foi? — Jungkook perguntou, confuso, enquanto olhava de mim para Han.

— Calma, vou explicar. — Han começou, mas fez uma pausa dramática, como se estivesse criando suspense de propósito.

— Han, para com isso. — murmurei, minha voz saindo mais tensa do que eu queria.

Han ignorou minha interrupção, mas o brilho divertido nos olhos dele mostrou que ele percebeu minha inquietação.

— Jungkook, eu e o Lee conversamos muito sobre isso e decidimos que... — Ele fez outra pausa, lançando um olhar rápido para mim, como se estivesse se divertindo com meu desconforto.

— Han, cala a boca. — falei, quase em um sussurro, mas com firmeza.

Jungkook olhou para mim, claramente confuso.

— Por que ele tá tão nervoso? — perguntou, rindo de leve.

Han sorriu, aproveitando o momento.

— Enfim, Jungkook, queremos que você seja padrinho do nosso filho.

O alívio percorreu meu corpo tão rápido que me senti quase tonto. Jungkook, por outro lado, abriu um sorriso enorme, claramente emocionado.

— Sério? Eu? — perguntou ele, apontando para si mesmo.

— Claro! Quem mais seria? — Han respondeu, rindo.

— Han, você é insuportável. — murmurei, cruzando os braços e olhando para o outro lado, tentando esconder o quanto meu coração estava disparado minutos antes.

— Yoongi, você tá muito estranho hoje. — Jungkook comentou, ainda rindo. — Tá com ciúmes de eu ser o padrinho ou o quê?

— Cala a boca, Jungkook. — resmunguei, mas minha voz saiu mais suave do que eu pretendia, o que só fez Han rir ainda mais.

Han se afastou, satisfeito com o caos que havia causado, enquanto eu tentava controlar meus pensamentos e evitar que Jungkook percebesse o que realmente se passava dentro de mim.

Han, agora sentado na poltrona à frente do sofá, cruzou as pernas com um sorriso travesso nos lábios, claramente satisfeito com a tensão que havia criado. Ele olhava para mim de canto de olho, enquanto Jungkook, ao meu lado, parecia mais curioso do que nunca.

— Yoongi, você tá muito estranho hoje. — Jungkook comentou, me observando com atenção. — Alguma coisa que eu não tô sabendo?

— Não é nada. — respondi rapidamente, tentando parecer indiferente, mas Han soltou uma risada curta, chamando ainda mais atenção para mim.

— Nada? — Han repetiu, arqueando uma sobrancelha. — Sei... Você tá agindo como se eu fosse te expor na frente de todo mundo.

Meu corpo inteiro enrijeceu, e eu lancei um olhar mortal para ele.

— Han, cala a boca.

— Ih, tá nervoso. — Han disse, agora com um sorriso ainda maior. Ele se virou para Jungkook, apontando para mim. — Olha só pra ele, tá quase suando.

— O que tá acontecendo aqui? — Jungkook perguntou, olhando de mim para Han, claramente intrigado.

— Nada, ele só tá... nervoso. — Han respondeu, dando de ombros, mas o tom de voz carregado de diversão entregava que ele estava se divertindo às minhas custas.

— Nervoso com o quê? — insistiu Jungkook, agora ainda mais desconfiado.

Eu soltei um suspiro longo, tentando me recompor, mas Han não parecia disposto a parar. Ele se inclinou um pouco para frente, olhando diretamente para Jungkook.

— Sabe, Jungkook, tem umas coisas que só quem é irmão mais velho percebe... — começou ele, com uma expressão de falso mistério.

— Han! — cortei, a voz mais alta do que pretendia.

— O quê? — Han perguntou, fingindo inocência, mas o sorriso nos lábios não mentia. Ele adorava me ver nesse estado.

Jungkook franziu o cenho, claramente confuso.

— Tá, agora eu tô curioso. Que coisas?

Han fez uma pausa dramática, aproveitando cada segundo do meu desespero.

— Bom... Algumas coisas que a gente percebe nas atitudes do Yoongi. — Ele lançou um olhar rápido para mim, quase como um desafio. — Como ele fica calado, pensativo... e às vezes até meio corado.

— Han, pelo amor de Deus, para com isso. — murmurei, apertando o punho contra o joelho, tentando manter a calma.

Jungkook me olhou de lado, os olhos estreitando como se tentasse desvendar algo.

— Corado? — repetiu ele, a voz carregada de curiosidade.

— Ah, sim. — Han continuou, ignorando completamente meus protestos. — Ele tenta disfarçar, mas é muito óbvio. Especialmente quando você tá por perto, Jungkook.

— Han! — exclamei, minha voz agora cheia de frustração.

Jungkook inclinou a cabeça, a confusão estampada no rosto.

— Pera aí... O que você tá querendo dizer com isso?

Han deu uma risada alta, se jogando contra o encosto da poltrona.

— Nada, nada. Só tô dizendo que o Yoongi é um livro aberto, mas ele acha que é misterioso.

Eu lancei um olhar mortal para Han, meu rosto queimando de vergonha.

— Você é insuportável.

— Eu sei. — respondeu ele, ainda rindo.

Jungkook olhou para mim, ainda desconfiado, mas não disse nada. Apenas inclinou-se um pouco para trás, cruzando os braços e me observando como se tentasse juntar as peças de um quebra-cabeça.

Han, satisfeito com o caos que havia causado, levantou-se da poltrona, esticando os braços como se estivesse encerrando uma grande apresentação.

— Bom, acho que já causei o suficiente por hoje. Vou tomar um banho. Divirtam-se, vocês dois. — disse ele, piscando para mim antes de sair da sala.

O silêncio que ele deixou para trás era quase ensurdecedor. Eu podia sentir o olhar de Jungkook em mim, mas não conseguia encará-lo. Meu coração batia tão rápido que parecia que ia sair do peito.

— Yoongi... — Jungkook começou, mas eu o interrompi antes que pudesse continuar.

— Não é nada, sério. Han só gosta de me irritar.

Ele permaneceu em silêncio por um momento, como se estivesse tentando decidir se acreditava ou não.

— Certo. Se você diz. — respondeu finalmente, mas o tom da voz dele deixava claro que ele não estava totalmente convencido.

Eu me afundei um pouco mais no sofá, desejando que a terra me engolisse.

Yoongi sentia o peso do olhar de Jungkook, mas não conseguia encará-lo diretamente. O silêncio pairava no ar, carregado com o constrangimento causado pelas provocações de Han. Eu precisava mudar de assunto, criar uma nova atmosfera.

— Quer dar um passeio? — perguntei de repente, a voz soando um pouco mais animada do que me sentia por dentro.

Jungkook arqueou uma sobrancelha, intrigado, mas um sorriso curioso logo surgiu em seus lábios.

— Passeio? Onde?

Respirei fundo, tentando parecer casual.

— É um lugar um pouco longe, mas acho que você vai gostar. Já que você me mostrou o seu lugar preferido outro dia, quero retribuir.

Jungkook pareceu surpreso, mas a animação tomou conta rapidamente.

— Tá falando sério? Claro que eu quero!

Sorri, sentindo o alívio de ter conseguido mudar o clima.

— Então vamos.

Nós dois nos levantamos do sofá, e peguei as chaves do carro. Avisamos Han rapidamente, que apenas gritou um “Se cuidem!” da escada, ainda rindo do que tinha causado.

No carro

A estrada era longa, e a cidade foi ficando para trás enquanto eu dirigia. Jungkook, sentado no banco do passageiro, estava completamente à vontade. Ele mexia na rádio, procurando músicas, e cantava alto qualquer melodia que reconhecia, mesmo que errasse a letra.

— Você é péssimo nisso. — comentei, rindo de leve enquanto olhava a estrada.

— Mas eu me divirto, e é isso que importa. — Jungkook respondeu, sorrindo.

O céu começou a mudar de cor enquanto o sol se aproximava do horizonte, tingindo tudo com tons alaranjados e rosados. A paisagem ao redor do carro também mudou, com as ruas movimentadas dando lugar a campos abertos e pequenas colinas.

— Tá longe ainda? — Jungkook perguntou, olhando para mim com expectativa.

— Um pouco. É fora da cidade, mas vale a pena. — respondi, com um pequeno sorriso.

Jungkook voltou a cantar, agora batucando os dedos no painel do carro. Ele parecia animado com qualquer coisa, e isso fazia com que eu sorrisse internamente. Era impossível não se contagiar com aquela energia.

Depois de quase uma hora de viagem, finalmente estacionei o carro em uma área isolada, cercada por árvores altas e uma mata densa. Jungkook olhou ao redor, intrigado, enquanto descia do carro.

— Onde a gente tá?

— Vem, vou te mostrar. — disse, caminhando à frente.

Seguimos por uma trilha estreita, cercada por árvores imponentes que pareciam tocar o céu. O som da natureza preenchia o ar: pássaros cantando, folhas balançando com o vento, e um leve som de água ao longe.

Quando chegamos ao destino, Jungkook parou abruptamente, os olhos se arregalando de surpresa.

— Uau... — ele murmurou, sem conseguir dizer mais nada.

Diante de nós, havia um lago de águas cristalinas que refletiam o céu alaranjado do fim de tarde. As árvores ao redor criavam uma moldura perfeita, e o sol poente completava a cena, tingindo tudo com uma luz dourada.

— Isso é incrível. — Jungkook disse, ainda olhando ao redor, encantado.

Me aproximei, parando ao lado dele.

— É aqui que eu gosto de vir quando quero pensar. Ninguém vem muito pra cá, então é tranquilo.

Jungkook virou-se para mim, um sorriso genuíno nos lábios.

— Obrigado por me trazer aqui. É lindo.

Desviei o olhar, sentindo o coração acelerar.

— Achei que você fosse gostar.

Ficamos ali, lado a lado, enquanto o sol se escondia lentamente no horizonte, deixando o céu cada vez mais estrelado. O silêncio era confortável, preenchido apenas pelo som da natureza ao redor.