Noite de Contrastes
Entrar em casa era como mergulhar em um vazio familiar, um silêncio que parecia me abraçar e me sufocar ao mesmo tempo. A solidão era quase palpável, uma presença constante que, de certa forma, já se tornara acolhedora. Não era algo que eu detestava, mas também não era algo que eu desejava. Era simplesmente... minha realidade.
Eu não tinha o direito de reclamar. Essa solidão era o resultado das escolhas que fiz, das coisas que deixei para trás e das pessoas que permiti se afastarem. Depois de um casamento fracassado, onde sempre me culpei pelo fim, aprendi a aceitar que talvez fosse eu o problema. Talvez destruir tudo o que ousasse tocar fosse a essência de quem eu era.
Suspirei ao girar a chave na fechadura e empurrar a porta do meu apartamento. O espaço parecia maior do que realmente era, vazio e frio, como se refletisse exatamente o que eu sentia por dentro. Meus pés me levaram automaticamente até o sofá, onde me joguei de qualquer jeito, sem sequer tirar os sapatos.
O peso do dia, da noite na cabana, e, principalmente, da revelação de Jungkook, me atingiu de uma vez. Ele sabia. Ele sabia dos meus sentimentos, aqueles que eu escondia tão cuidadosamente, como se fossem segredos sujos. Sempre odiei expor meus sentimentos. Eles me faziam sentir vulnerável, desarmado, como se cada emoção fosse uma brecha na armadura que eu tanto me esforçava para manter.
E agora, Jungkook sabia.
Fechei os olhos, tentando afastar o turbilhão de pensamentos. Mas era inútil. A lembrança do olhar confuso e dolorido de Jungkook na cabana não me deixava em paz. Eu me sentia nu, exposto, como se ele pudesse enxergar cada canto obscuro da minha alma.
A exaustão finalmente começou a pesar. A tensão da noite, a falta de sono e o cansaço emocional me venceram. Lentamente, o mundo ao meu redor foi se apagando, e, pela primeira vez em horas, minha mente encontrou um pouco de paz. No sono, eu não precisava pensar, não precisava sentir.
O sono me abraçou com uma força quase brutal, me arrastando para um vazio que, por mais inquietante que fosse, era preferível à realidade. Mas não durou muito. O barulho insistente de algo vibrando me arrancou do torpor. Era meu celular, jogado na mesinha de centro.
Estendi a mão, os dedos ainda trêmulos de cansaço, e o peguei sem sequer olhar o nome na tela.
— Alô? — minha voz saiu rouca, carregada de sono.
— Yoongi? Sou eu, Han.
O nome dele fez minha mente voltar a funcionar, como um motor engatando à força. Fechei os olhos, apertando a ponte do nariz enquanto tentava conter a irritação que subia.
— O que você quer, Han? — perguntei, sem esconder o cansaço e a mágoa na voz.
— Só queria saber como você está... depois de tudo.
Soltei uma risada curta, amarga. Ele sabia exatamente o que havia feito. Sabia o peso de suas palavras na cabana.
— Como eu estou? — repeti, quase zombando. — Você quer mesmo saber, Han? Porque, sinceramente, parece que você se divertiu jogando tudo no ventilador.
— Não foi minha intenção te prejudicar, Yoongi. Eu só... achei que Jungkook tinha o direito de saber.
— O direito de saber? — interrompi, a voz subindo sem que eu percebesse. — Você não tinha o direito de decidir isso por mim.
Do outro lado da linha, Han ficou em silêncio. Talvez estivesse tentando encontrar uma justificativa, ou talvez soubesse que não havia nada que pudesse dizer para consertar aquilo.
— Olha, Yoongi, eu só... espero que vocês consigam resolver isso. Jungkook te admira muito. Não quero que isso destrua o que vocês têm.
— Já destruiu, Han. — Minha voz saiu baixa, quase um sussurro. Eu não queria admitir aquilo, mas era verdade. O abismo entre mim e Jungkook parecia intransponível agora.
Desliguei antes que ele pudesse responder, jogando o celular de volta na mesa. A raiva e a tristeza se misturavam dentro de mim, formando um nó que parecia impossível de desatar.
Levantei-me do sofá, sentindo o peso de tudo no corpo. Fui até a cozinha e abri a geladeira, pegando uma garrafa de água. O líquido frio desceu pela garganta, mas não apagou o calor sufocante das emoções que me consumiam.
Olhei para a janela, a cidade lá fora brilhando com suas luzes artificiais. Era estranho como o mundo continuava girando, indiferente ao caos que eu sentia por dentro.
De repente, o som de uma notificação no celular quebrou o silêncio. Caminhei até a sala, com o coração pesado, imaginando que fosse Han de novo. Mas quando olhei para a tela, vi o nome de Jungkook.
"Yoongi, precisamos conversar."
As três palavras, tão simples, pareciam gritar na tela. Suspirei, sentindo o peito apertar. Não sabia se estava pronto para enfrentar aquilo, mas também sabia que fugir não era uma opção.
Peguei o celular, digitei uma resposta curta e direta:
"Me diz quando e onde."
A mensagem foi enviada, e o peso no meu peito parecia crescer. Tudo estava prestes a mudar novamente, e eu não sabia se estava preparado para o que viria a seguir.
Quando a notificação chegou, hesitei antes de olhar a resposta. Meu coração já estava acelerado, como se soubesse que as palavras dele carregariam um peso difícil de suportar.
"À noite, eu passo na sua casa."
Li e reli a mensagem, sentindo um misto de ansiedade e apreensão. A noite parecia distante, mas ao mesmo tempo, a ideia de enfrentá-lo tão cedo era esmagadora. Não respondi. Apenas deixei o celular de lado e voltei para o sofá, tentando me distrair com qualquer coisa, mas minha mente não me dava trégua.
As horas se arrastaram, cada minuto parecendo mais longo que o anterior. A luz do sol começou a desaparecer, e o céu se tingiu de tons alaranjados. Peguei o celular algumas vezes, pensando em mandar outra mensagem, talvez para desmarcar ou adiar, mas desisti todas as vezes. Jungkook era decidido, e fugir não resolveria nada.
Quando a campainha tocou, meu corpo inteiro se enrijeceu. Respirei fundo, tentando acalmar o coração que parecia querer sair do peito. Caminhei até a porta e a abri lentamente.
Lá estava ele. Jungkook parecia mais cansado do que de costume, mas seu olhar estava firme. Nos braços, ele segurava o pequeno gatinho que havíamos encontrado na cabana, como se aquele animal fosse um escudo para a tensão que pairava entre nós.
— Entra — disse, tentando manter a voz estável enquanto dava espaço para ele passar.
Ele entrou em silêncio, colocando o gatinho no chão, que imediatamente começou a explorar o ambiente. Jungkook ficou parado no meio da sala, os braços cruzados, olhando para qualquer lugar, menos para mim.
— Quer alguma coisa? Água? Café? — perguntei, mais por nervosismo do que por educação.
— Não, obrigado.
O silêncio que se seguiu era quase insuportável. Ele finalmente se virou para mim, os olhos carregados de algo que eu não conseguia decifrar completamente.
— Yoongi... — começou, a voz baixa. — Eu não sei como começar isso.
— Então só fala — respondi, tentando soar mais confiante do que realmente estava.
Ele respirou fundo, passando a mão pelos cabelos.
— Eu pensei muito sobre o que aconteceu. Sobre o que o Han disse... e sobre você.
Meu coração apertou. As palavras dele eram cautelosas, mas carregadas de algo que parecia prestes a explodir.
— E? — perguntei, tentando não demonstrar o nervosismo que tomava conta de mim.
— Eu não sei como lidar com isso. — Ele finalmente me encarou, os olhos brilhando com lágrimas que ele tentava conter. — Você sempre foi meu porto seguro, Yoongi. Sempre foi quem me protegia, quem cuidava de mim. E agora... saber que você sente algo diferente... mudou tudo.
Fiquei em silêncio, sentindo as palavras dele me atingirem como uma onda. Ele continuou:
— Eu gosto de você, Yoongi. Muito. Mas não desse jeito. Eu não sei como agir agora, porque não quero te perder. Não quero que isso estrague o que temos.
As lágrimas começaram a escorrer pelo rosto dele, e eu senti meu peito apertar ainda mais.
— Jungkook... — comecei, minha voz baixa e hesitante. — Eu nunca quis que você soubesse. Nunca quis que isso mudasse nada entre nós.
Ele balançou a cabeça, limpando as lágrimas com as costas da mão.
— Mas mudou, Yoongi. E eu não sei como voltar ao que era antes.
Respirei fundo, tentando encontrar as palavras certas.
— Então não tenta voltar. Vamos achar um jeito novo de ser. Se você quiser, eu posso mudar o jeito como te trato. Posso manter distância, se isso te fizer sentir melhor.
Ele me olhou, os olhos cheios de confusão e tristeza.
— Eu não quero distância. Eu só... preciso de tempo para entender tudo isso.
Assenti lentamente, tentando esconder o nó na garganta.
— Tudo bem. Você pode ter o tempo que precisar.
Ele deu um pequeno sorriso, fraco e triste, mas ainda assim um sorriso.
Por um momento, o silêncio voltou, mas desta vez parecia menos sufocante. O gatinho, alheio à tensão, pulou no sofá e começou a brincar com a almofada, arrancando de nós um riso baixo e breve.
Era um começo. Não o que eu queria, mas talvez o que precisávamos.
O silêncio entre nós ainda era denso, mas, de repente, Jungkook quebrou o peso do momento com um sorriso que parecia meio forçado, mas ainda assim carregava um resquício de sua antiga leveza.
— Eu preciso beber, sair... Vamos? — ele disse, como se aquilo fosse a solução para a tensão que pairava entre nós.
Por um momento, hesitei. Não sabia se aquilo era uma tentativa genuína de refazer nossa amizade ou apenas uma fuga do que estávamos sentindo. Mas, no fim, acabei confirmando com a cabeça.
— Tudo bem. Só espera um pouco, vou pegar minhas coisas.
Jungkook assentiu e se sentou no sofá, distraindo-se com o gatinho enquanto eu caminhava até o quarto. Lá dentro, respirei fundo, tentando me preparar mentalmente para a noite que viria. Peguei meu capacete e uma jaqueta de couro. Decidi que iríamos de moto. Talvez o vento no rosto e a sensação de liberdade ajudassem a aliviar o peso que carregávamos.
Quando voltei para a sala, Jungkook olhou para mim e, ao me ver segurando o capacete, abriu um sorriso mais sincero desta vez.
— Vamos de moto? — perguntou, animado.
— Sim. Achei que seria melhor...
Antes que eu pudesse continuar ou sugerir que ele fosse no próprio carro, ele se levantou rapidamente.
— Vou com você! — disse, decidido, sem me dar tempo de negar.
— Jungkook, eu...
— Sem discussão, hyung. — Ele pegou uma das jaquetas penduradas no cabideiro e a vestiu, já se dirigindo à porta.
Suspirei, mas não insisti. Talvez fosse melhor assim. Peguei as chaves e saímos do apartamento juntos.
No elevador, o silêncio voltou, mas desta vez era diferente, menos opressivo. Eu me mantive em um canto, enquanto Jungkook, no centro, olhava para o espelho, ajeitando o cabelo e a jaqueta. Sua expressão era neutra, mas havia algo nos olhos dele que denunciava o esforço para parecer despreocupado.
Quando as portas do elevador se abriram, caminhamos juntos até a moto. Jungkook parecia empolgado, como se a ideia de uma noite fora realmente o animasse. Ele subiu na garupa sem hesitar, segurando-se firme em mim.
— Pronto? — perguntei, virando levemente a cabeça.
— Pronto.
Liguei a moto e saímos em uma velocidade estável, o ronco do motor preenchendo o silêncio que antes parecia insuportável. O vento batia no rosto, e, por um momento, me permiti esquecer a tensão entre nós. Apenas a estrada, as luzes da cidade e o som da moto nos acompanhavam.
Jungkook se inclinou levemente para frente, sua voz rompendo o barulho do vento.
— Só vai, hyung. Qualquer boate que estiver aberta serve.
Assenti, mesmo que ele não pudesse ver, e continuei dirigindo, os pensamentos ainda embaralhados, mas, de alguma forma, sentindo que talvez aquilo fosse um passo — pequeno, mas um passo — para reconstruir o que tínhamos perdido.
O trajeto até a boate foi marcado pelo som do motor e pelas luzes que passavam rápidas ao nosso redor. Jungkook parecia relaxado, com os braços firmemente segurando minha cintura, enquanto eu tentava focar apenas na estrada. Após alguns minutos de busca, encontramos uma boate que parecia promissora: luzes neon piscavam na fachada, e uma fila considerável se formava na entrada.
Estacionamos a moto, e Jungkook desceu com um sorriso animado, ajeitando a jaqueta.
— Parece movimentado. — Ele comentou, olhando para a fila.
— Sim. Vamos ver se vale a pena. — Respondi, guardando os capacetes no compartimento da moto.
Caminhamos até a fila e esperamos nossa vez. O som abafado da música eletrônica já podia ser ouvido, e o cheiro de álcool e perfume caro preenchia o ar. Quando finalmente entramos, a boate revelou-se um caos organizado.
O lugar era amplo, com uma pista de dança central cercada por luzes que piscavam em tons de azul, roxo e vermelho. O teto era decorado com espelhos e globos de luz, refletindo o brilho em todas as direções. Havia um bar iluminado no canto esquerdo, onde bartenders faziam malabarismos com garrafas, e várias mesas espalhadas ao redor, muitas já ocupadas.
Jungkook puxou meu braço, apontando para uma mesa central que estava vazia.
— Vamos ali.
Assenti, e nos acomodamos. Logo, um garçom veio nos atender, e Jungkook foi direto ao ponto.
— Duas doses de tequila para começar. — Ele disse, sorrindo.
A bebida chegou rapidamente, e com um brinde silencioso, bebemos. A tequila queimou minha garganta, mas não reclamei. Com o passar das horas, as doses foram ficando mais fortes. Pedimos uísque, depois vodka pura. Jungkook parecia cada vez mais solto, rindo de coisas aleatórias e falando sem parar.
Foi então que, por coincidência, alguns conhecidos meus chegaram. Primeiro, vi Kai e Kin acenando de longe. Logo atrás, estavam Nathan, Jimin e, para minha surpresa, Han, meu irmão.
— Yoongi! — Kai exclamou, aproximando-se com um sorriso. — Não acredito que te encontrei aqui.
— Pois é... — respondi, tentando soar casual enquanto cumprimentava todos.
Eles notaram Jungkook e logo começaram a se apresentar. Kin, sempre expansivo, puxou Jungkook para a conversa.
— E quem é esse? — perguntou, apontando para ele com um sorriso curioso.
— Jungkook. — Ele respondeu, meio tímido.
— Ele é fofo, né? — SN comentou, rindo e olhando diretamente para Jungkook.
Senti meu peito apertar, o ciúme subindo de forma quase incontrolável. Meus dedos tamborilavam na mesa, e eu evitava olhar diretamente para ela. Não disse nada, mas minha expressão provavelmente denunciava meu desconforto.
As bebidas continuaram chegando, e a mesa ficou cada vez mais barulhenta. Jungkook, visivelmente bêbado, ria alto e gesticulava de forma exagerada. Quando tentei moderá-lo, colocando a mão em seu ombro, ele se afastou com um sorriso zombeteiro.
— Para de ser chato, Yoongi. Você não manda em mim.
— Jungkook, só estou tentando ajudar.
— Ajudar? — Ele riu, quase tropeçando na própria cadeira. — Você é sempre assim, sério demais. Relaxe, hyung.
A raiva e o ciúme se misturaram, criando um nó na minha garganta. Sem dizer mais nada, levantei e saí da boate, buscando o ar fresco da noite. Peguei um cigarro no bolso e o acendi, tentando acalmar os nervos enquanto o cheiro da fumaça preenchia o ar.
— Yoongi. — A voz de Han me tirou dos pensamentos. Ele se aproximou, os braços cruzados. — Dá para a gente conversar?
— Não agora, Han. — Respondi, sem sequer olhá-lo.
— Você está assim por causa do Jungkook, não está?
— Eu disse que não quero falar sobre isso.
Han suspirou, mas não insistiu. Ele voltou para dentro, e eu fiquei ali, fumando em silêncio.
Quando finalmente voltei, horas já haviam passado, e a cena que encontrei era quase cômica. Todos estavam visivelmente bêbados, rindo alto e dizendo coisas sem sentido. Exceto por Kai, que havia optado por bebidas mais leves, e eu, que sabia lidar bem com o álcool.
Jungkook, no entanto, era o centro do caos. Ele ria descontroladamente, segurando um copo vazio e tentando contar uma história que não fazia o menor sentido.
Suspirei, sentando-me novamente e observando a cena. Mesmo no meio de todo aquele barulho, não conseguia evitar a preocupação que sentia por ele — e, talvez, um pouco de frustração por não saber como resolver o que estava entre nós.
Jungkook levantou da mesa com dificuldade, anunciando que ia ao banheiro. No entanto, ao tentar contornar a cadeira, tropeçou nela, perdendo o equilíbrio e caindo no chão com um baque surdo. Um riso alto e despreocupado escapou de seus lábios enquanto ele se levantava desajeitadamente, acenando para todos ao redor.
— Tá tudo bem! — disse, ainda rindo, como se nada tivesse acontecido.
Eu o observei atentamente, meu coração apertado de preocupação. Ele cambaleava, mas conseguiu encontrar o caminho até o banheiro. Meu olhar o seguiu o tempo todo, e, mesmo enquanto os outros amigos conversavam ao meu redor, eu só conseguia pensar nele. Respondia no automático, sem realmente prestar atenção ao que estava sendo dito.
Quando Jungkook finalmente voltou, visivelmente mais desorientado do que antes, percebi que já era hora de irmos embora. Levantei-me e fui até ele, segurando seu braço com firmeza.
— Vamos. Já deu por hoje.
Mas Jungkook puxou o braço de volta, balançando a cabeça.
— Não, hyung. Quero ficar mais um pouco.
— Jungkook, você mal consegue ficar de pé. Vamos.
— Eu disse que quero ficar! — Ele exclamou, soltando-se novamente.
Minha paciência já estava no limite. Respirei fundo, tentando manter a calma, mas a irritação era evidente em minha voz.
— Se quer ficar, fique. Eu vou embora.
Virei-me para sair, sem olhar para trás. Mas, enquanto me afastava, ouvi Jungkook resmungar algo.
— Não... não me espera! Eu vou com você!
Parei imediatamente ao ouvir suas palavras. Virei a cabeça para olhar para ele, ainda cambaleando perto da mesa. Antes que eu pudesse reagir, Kai se aproximou, segurando Jungkook pelo braço para ajudá-lo a ficar de pé.
— Hyung, se quiser, posso deixá-lo na casa dele. Não tem problema.
A cena me fez ferver por dentro. Em passos rápidos, voltei até Jungkook e o puxei pelo braço, trazendo-o para perto de mim.
— Não preciso. Ele veio comigo, vai voltar comigo. — Respondi a Kai de forma mais agressiva do que pretendia, deixando claro que aquela era minha responsabilidade.
Kai ergueu as mãos em um gesto de rendição, dando um passo para trás. Sem dizer mais nada, praticamente arrastei Jungkook para fora da boate, segurando seu pulso com firmeza. Ele me acompanhava, mas cambaleava a cada passo, resmungando coisas que eu não conseguia entender.
Quando chegamos à moto, coloquei o capacete na cabeça dele com um movimento rápido, ajustando a alça para garantir que estivesse seguro. Depois, coloquei o meu e subi na moto.
— Sobe logo, Jungkook.
Mas ele balançou a cabeça, rindo como uma criança teimosa.
— Só subo se for na frente!
— Jungkook, para com isso. Anda logo.
— Não! Na frente ou nada.
Suspirei, frustrado, mas percebi que insistir só prolongaria a situação. Desci da moto e deixei que ele subisse na frente. Assim que se acomodou, subi atrás dele, segurando o guidão com dificuldade.
Jungkook, no entanto, parecia achar aquilo a coisa mais divertida do mundo. Ele começou a apertar a buzina repetidamente, rindo como se fosse uma brincadeira.
— Jungkook, para com isso! — Eu disse, tentando manter o controle da moto enquanto ele continuava com sua palhaçada.
— Bii-bii! — Ele imitou o som da buzina, rindo descontroladamente.
Apesar da irritação, comecei a dirigir, mantendo uma velocidade segura enquanto ele continuava na frente, apertando a buzina de tempos em tempos. O caminho até em casa parecia interminável, mas, ao mesmo tempo, não pude evitar um pequeno sorriso ao vê-lo tão despreocupado, mesmo que completamente bêbado.
Era caótico, mas, de alguma forma, ainda era Jungkook.
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