"Conexões Inesperadas"
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Demorei um pouco para chegar à Dreams, mesmo tendo saído cedo. O trânsito estava terrível, e acabei pegando um congestionamento enorme. Cheguei por volta das oito horas, estacionei o carro em frente à empresa, entrei e apresentei o crachá na portaria. A viagem no elevador foi ótima, do jeito que eu queria: sem ninguém, o que era tudo de que eu precisava para não agravar ainda mais a dor de cabeça que me perseguia. Bom, durou pouco. Quando o elevador se abriu e eu finalmente coloquei os pés no andar certo, fui recebido por um fluxo incessante de pessoas indo e vindo. Parecia um formigueiro.
— Puta que pariu, onde foi que me meti... — murmurei para mim mesmo. Até pensei em dar meia-volta e fingir que nunca estive ali, mas, ao me virar em direção ao elevador novamente, alguém me chamou.
— Yoongi, que bom que chegou! — Era Hanna Palmer, a dona da empresa. Virei novamente em sua direção, forçando um sorriso. — Vem, vou te apresentar a todos.
— Ah... não precisa, né?
— Claro que precisa! Vamos lá.
Ok, de duas uma: ou eu seria social agora, ou odiaria as pessoas pelo resto da minha vida. Imediatamente, Hanna me apresentou a praticamente todos que estavam ali. Depois desse showzinho de apresentações, procurei um lugar bem longe de todo aquele barulho. Sentei em uma das cadeiras perto de uma enorme janela, de onde se tinha uma vista incrível. Tentei não focar no burburinho ao meu redor, coloquei os fones de ouvido, liguei uma música, abri o computador e comecei a escrever.
Passei horas ali, imerso no trabalho. Para mim, parecia que eu tinha acabado de começar, mas já havia passado tanto tempo que até esqueci de comer, embora isso não fosse algo que me fizesse falta. À medida que o dia avançava, a luz foi desaparecendo, e, por estar com os fones de ouvido, não ouvi quando Hanna me chamou. Só quando levantei o olhar percebi um pequeno tumulto à frente dela. Resolvi me levantar, tirei os fones e comecei a prestar atenção no que ela dizia, mesmo de longe.
Ela pediu educadamente para que todos fizessem silêncio e, em seguida, fez o anúncio:
— Atenção, pessoal. A maioria já sabe, mas para os que acabaram de chegar, quero lembrar que a empresa realiza eventos periodicamente. Daqui a duas semanas, teremos um grande evento, onde todos terão a oportunidade de apresentar seus trabalhos. Todos devem participar, então vou passar o cronograma com as informações de como tudo vai acontecer. Anotem tudo e se preparem.
Ótimo. Nunca me arrependi tanto de ter arrumado um emprego. Um dos meus maiores medos é falar em público e agora, para meu azar, terei que fazer um discurso e até cantar. Respirei fundo, voltei a me sentar e anotei tudo o que estava sendo dito. Permaneci afastado de todos. Era claro que contato físico não era algo de que eu gostava. Enquanto todos almoçavam, fiquei lendo e relendo as regras da empresa. Uma dúvida me surgiu, então resolvi perguntar a algumas pessoas próximas.
— Com licença, podem me explicar uma coisa?
— Sobre o que? — respondeu uma pessoa.
— Esse cronograma de foto com amigos... são pessoas daqui?
— Isso mesmo. Chama alguém para tirar uma selfie, posta nas redes sociais e marca a empresa e a pessoa que tirou a foto com você — explicou Gabriel, irmão da dona da empresa.
— Obrigado — agradeci e me afastei daquele grupo. — Onde vou arranjar alguém para tirar uma foto? Puta que pariu, que saco — resmunguei enquanto olhava os papéis em minhas mãos, até esbarrar em alguém. — Ah, desculpa — pedi e continuei andando.
— Procurando alguém para as fotos do cronograma? Se quiser, pode fazer comigo. Também não conheço quase ninguém aqui — se ofereceu um rapaz. Olhei para ele e aceitei a ajuda.
— Ah, muito obrigado. Vou te seguir quando postar — ele apenas confirmou. Estava prestes a sair, quando uma mulher, quase da minha altura, de cabelos negros e lisos, se aproximou de nós.
— Que isso, cunhado! Cuidado, ou sua mulher vai surtar — ela brincou. Franzi a testa, revirei os olhos e continuei meu caminho.
— Muito obrigado pela ajuda, mas agora me viro sozinho — falei, de costas para ambos, que continuaram conversando e rindo.
As horas passaram rapidamente na empresa. Me mantive no meu canto o tempo todo, concentrado nos pequenos versos que escrevia. Hanna, percebendo que eu estava afastado, se aproximou amigavelmente e ofereceu ajuda, organizando o cronograma que eu precisava cumprir naquele dia. Admito, nunca me senti tão confortável em um lugar assim antes. As pessoas eram amigáveis, gentis e respeitavam nosso tempo e diversidade.
Na hora da saída, deixei que todos fossem primeiro. Socializar ainda não estava na minha lista de prioridades. Quando percebi que restavam poucas pessoas, me dirigi até o elevador. Quando apertei o botão para descer, o mesmo rapaz que havia me oferecido ajuda entrou também. Um breve silêncio ecoou pelas paredes metálicas até que...
— Yoongi, né? — perguntou ele, puxando conversa. Eu apenas confirmei. — Então, gostaria de ser amigo do meu irmão?
— Eu? Por quê? — perguntei, um tanto desconfiado.
Era evidente que achei aquilo estranho. Mal conhecia aquele rapaz e ele já estava me convidando para ser amigo do irmão. Talvez fosse uma forma de me enturmar. De início, pensei que o irmão dele também trabalhasse na Dreams.
— Ele não tem muitos amigos e achei você legal, então vou te passar a rede social dele. Tudo bem?
— Ok.
Após isso, o rapaz adicionou o contato do irmão no meu celular. Olhei o perfil e percebi que eles eram gêmeos. O elevador logo se abriu e saímos juntos. Já em frente à empresa, seguimos caminhos diferentes. Entrei no meu carro e segui para o meu apartamento. Quando estava abrindo a porta para entrar, uma notificação chegou.
Sim, o rapaz, chamado Jungkook, havia aceitado o pedido de amizade nas redes sociais. Depois de confirmar que era a notificação do rapaz chamado "Jk", retirei os sapatos e me dirigi até o sofá onde me sentei e abri as mensagens.
Mensagem:
Suga: Oii, estou encarregado de ser seu novo amigo.
JK: Humm, que bom.
Suga: Espero estar à altura.
JK: Ótimo, podemos sair?
Yoongi: Por mim, está ótimo. Mas à noite eu passo na sua casa. Me passa sua localização, ok?
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