1.1 Capítulo ' 𝚃𝚑𝚎 𝚊𝚛𝚛𝚒𝚟𝚊𝚕
Conhecer pessoas tem seu lado bom, mas conhecer pessoas, dezenas delas, enquanto você está dentro de um tipo de elevador, e a maioria, pelo que vi, são homens, tem seu lado assustador.
Minha respiração começou a ficar ofegando, a dificuldade para respirar era nítida. Só piorava o fato do sol quente estar batendo contra meu rosto. Esta tudo agitado, eles não param de falar, palavras que aos poucos se tornarem sem sentido. Pude ver um dos garotos ser afastado, e a visão de uma garota loira se deu vida. Ela parecia confusa assim que me viu. O fato de ela ser a primeira garota que vejo assim que esse elevador parou me aliviou um pouco, mas não o suficiente para me acalmar.
Tive que fechar meus olhos os forçando pela dor de cabeça repentina que surgiu. Talvez eu não seja muito fã do sol. Talvez eu não seja fã de pessoas. Talvez eu não seja fã do mundo. Como poderei saber? Tudo que lembro é meu nome, e tudo que sei é que tem um colar no meu bolso com o nome James Russell escrito nele.
A garota pulou no elevador, me fazendo voltar a realidade. Tentaria me arrastar para trás pelo fato dela ser uma desconhecida, mas costas já estão coladas com a parede.
— Outra garota? Que estúpido. — mais palavras.
Eles não sabem calar a boca? Minha dor de cabeça só piora com essas vozes irritantes.
A dificuldade de respirar é agoniante. A dor de cabeça só piora. A adrenalina não ajuda em nada.
— Eai... Você está bem?! — a garota loira me perguntou preocupada.
Diria algo como "bela voz", se não tivesse certeza que vou desmaiar. Ou talvez só esteja morrendo mesmo, seria até que melhor.
— Sim! Não! Na verdade acho que vou desmaiar. — digo tentando me levantar.
A garota a minha frente assentiu ainda preocupada e me estendeu a mão, a peguei com entusiasmo. Assim que me levantei a tontura me atingiu e tive que me apoiar um pouco na garota ao meu lado.
Assim que me senti um pouco melhor ela se afastou e saiu da caixa com ajuda de um garoto loiro que estendeu a mão para ela. Ela fez um sinal para repetir o que ela fez, o mesmo garoto estendeu a mão para mim e um pouco relutante peguei sua mão. Prefiro confiar em mulheres do que em homens, mesmo eles sendo lindos.
Assim que sai da caixa, os outros garotos tamparam a visão que poderia ter do local. Todos juntos, tão pertos que é sufocante. Nesse lugar não existe isso de privacidade?
A garota loira estendeu a mão para mim, e a peguei sem pensar duas vezes. Ela começou a me puxar para sair da muvuca que tinha se tornado aquilo.
Quando senti uma mão de fechar em meu cotovelo me parando. Senti um ar de impotência e antes que pudesse raciocinar por mim própria, fechei minha mão em um punho e acertei o rosto da pessoa que estava atrás de mim.
Olhei para a pessoa que se curvou e se afastou com a mão no nariz, era um garoto também loiro. Quantos loiro existem aqui?
Logo após percebi a merda que tinha feito e coloquei a mão na boca. E se eles forem assassinos? Depois disso com certeza vão me querer morta. Balacei um pouco a mão em que avia o dado o soco, podia jurar que estava quebrada, mas a dor foi embora da mesma forma que veio, rápido.
— Ai meu Deus. Me desculpa. Não queria... Na verdade queria. Mas não pensei direito. Você está bem? Quer ajuda? Me desculpa... — entrei em desespero ainda mas pelo fato que ninguém respondia e me virei para a garota loira que estava rindo com uma das mão na boca. — Ele tá bem? Por que ninguém responde? Vocês vão me matar?
— Calma! Respira, tá bem?! Está bem ótimo. — Ela disse segurando meus ombros.
Tentei respirar mas tudo piorou. Minha respiração ficou mais ofegante e minha visão turva.
— Acho que vou desmaiar!
Fui tudo que disse antes de sentir meu corpo amolecer, e alguém me segurar para que não fosse parar no chão, de repente tudo ficou escuro.
[...]
Confusão. Essa seria a palavra que definiria para o que estou sentindo no momento.
Meus olhos estão pinicando, o que me faz coçalos. Tento os abrir mas a luz incomoda, faço isso mais algumas vezes até me acostumar com a claridade.
A dor de cabeça ainda está presente, mas não tão intensa como antes. Resumungo pela dor. Ouso algumas vozes um um pouco longe, mas ainda sim no mesmo cômodo, irritante. Os mandaria calar a boca, mas a conversa me interessou mais.
— E o Gally?
— Está bem, claro, com o nariz sangrando, mas está bem — ela diz, me fazendo associar Gally com o garoto que dei um soco. — Qual o sentido de uma garota vir para cá depois de cinco meses estando sozinha aqui?
— Bom, agora você tem uma companhia, agora não é mais a única garota da clareira.
— É.
Duas únicas garotas? O quão louco isso é? O quão loucos eles são? Pra mim estar aqui devo ser tão louca igual.
Assim que ambos percebem minha movimentação na cama improvisada, o garoto loiro e alto diz algo para a mesma garota que vi hoje mais cedo antes de desmaiar, e vai embora. Já a garota loira caminha até mim lentamente, me olhando e me analisando por completo.
O que me faz olhar em volta procurando uma arma improvisada sequer, mas não encontro nada que poderia usar para matar alguém. Pelo jeito eles devem ser bem pobres.
— Você está se sentindo melhor? — a garota pergunta assim que parou a minha frente, seus braços cruzados, e ela está seria.
— Onde estou? Fui sequestrada? Vocês são assassinos? — pergunto tão rápido que até eu estranhei.
— Aí, se acalma! Primeiramente, você está em uma enfermaria porque desmaiou, e não somos assassinos! — ela diz provavelmente assustada pela velocidade das palavras.
— Não custa perguntar, não é. — resmungo me sentando na cama. A observo melhor, seu cabelo loiro estava trançado e jogado sobre seu ombro direito, seus olhos são azuis vividos, e seu rosto é angelical. — Qual seu nome?
A pergunta saiu e mal percebi, talvez esteja hipnotizada pela sua beleza.
— Me chamo Lydia. Sou a segunda líder depois do Newt, o garoto que acabou de sair daqui. Você se lembra do seu nome? — pergunta de forma calma, mas mal prestei atenção.
Todas as pessoas aqui são tão lindas como ela?!
— Sou Quinn. Mas pode me chamar do que quiser, estou ao seus serviços. — digo tentando dar meu melhor sorriso, e a garota bonita da um passo a frente. — Será que pode me dizer onde estou, garota bonita?
Ela solta uma risada. Nossa como ela consegue ficar ainda mais linda sorrindo?
— Prazer em conhecê-la, Quinn, bem-vinda a clareira.
— Obrigada, não é como se essa frase não fosse nem um pouco assustadora. — forço um sorriso espantado.
— É, eu também fiquei assim quando cheguei, você se acostuma depois de um tempo.
— Tá aqui a quanto tempo?
— Cinco meses e meio.
— E isso e algo bom? Porque pelo que vi não deve ser muito bom ficar em um lugar cheio de homens, se é que me entende. — fiz uma cara de nojo quando disse a palavras "homens".
— Olha, no começo, foi bem horrível, mas agora é até que de boa, mais ainda sim não confio em certos garotos, se é que me entende
Solto um riso nervoso e me levanto da cama. Conversar com a garota bonita me fez parar de sentir aquela dor insuportável.
— Todas as pessoas aqui são lindas como você? Sabe, é bom preparar o coração.
— Lindas como eu? definitivamente não — digo rindo
— Garota, eu me apaixonei! — digo a olhando de cima a baixo, e a garota a minha frente solta um riso.
— Garota, você é incrível! Acho que iremos nos dar bem.
— Claro que sou incrível, sou a única que você conhece.
— É mesmo.
[...]
Muros grandes cercam um quadrado de terra. São altos e com vinhas que quase chegam ao topo. É como uma prisão, foram jogados aqui, para viverem por conta própria.
Tudo aqui é sufocante, um lugar escuro mesmo com o sol ao meio-dia. Algo como servir a algo que te obriga a servir, ser escravo de algo errado.
Tudo que passa pela minha cabeça é, quanto tempo eles estão aqui?
— Aí — Lydia chama minha atenção. — Eu sei que tudo aqui é confuso, mas com o tempo você se acostuma.
Forço um sorriso e assinto.
— Talvez... — digo olho para as grandes portas ao meio da grande parede de pedra. — A quanto tempo estão aqui? A quanto tempo vivem assim?
— Uns dois anos, pelo o que os meninos me falaram...
— Chegou a cinco meses, não é? — faço a pergunta óbvia e ela apenas confirma com a cabeça. — Já sabe o que tem lá trás?
Aponto com a cabeça para a grande porta, onde a apenas o escuro.
— Não. E aproveitando que perguntou, você precisa saber algumas regras sobre esse lugar. — Diz cruzando os braços.
— E quais são, Lyd? — digo cruzando os braços enquanto sorrio para a garota loira ao meu lado.
— Nós só temos três regras por aqui. Primeiro, faça sua parte nos trabalhos, aqui não é um lugar pra preguiçosos, se quiser viver aqui, tem que ajudar. Segundo, nunca machuque outro clareano, nada funciona sem confiança, mas se caso um garoto te importunar você chuta as pernas dele. Eu fiz isso quando um deles me importunou. — Diz e abro um sorriso. — E a terceira e mais importante, nunca passe além daqueles muros. Lá dentro há coisas que você não vai querer ver.
— Amo garotas mandonas... — resmungo alto o bastante para ela ouvir. — Disse "coisas que não vou querer ver", o que isso significa, garota bonita?!
— Significa que tem bichos lá dentro, verdugos como chamamos, mas ninguém sobreviveu para contar como eles eram, só sabemos que eles existem.
— E eles não atravessam os muros? Um pouco estranho, não acha? Não me diga que em dois anos aqui dentro tudo que vêem são muros.
— Desculpa te decepcionar, Quinn, mas é exatamente isso.
Lydia desvia seus olhos de mim e acena em uma direção. Movo meus olhos para o local onde a loira está acenando, a dois garotos que provavelmente estavam saindo de trás dos muros.
Faria muitas perguntas mais não agora. Um dos garotos chamou minha atenção para si tão instantemente que até impressionaria qualquer um. Acho que nunca acreditei em amor a primeira vista como agora.
— Acho que me apaixonei...
— O que? — pergunta confusa.
— Nada. — respondo rapidamente.
— Tá bem. — Diz deixando uma risada escapar.
— Qual o nome dele? O moreno? Qual o trabalho dele aqui? Quantos anos ele tem? Se bem que idade não é um problema. — reflito comigo mesma ainda observando o garoto se afastar.
— Okay. — Solta mais uma risada. — muitas perguntas de uma vez, primeiro, aquele asiático ali é o Minho, ele é um corredor, somente ele e sua equipe podem entrar lá dentro dos muros. E respondendo a pergunta da idade, ele tem dezessete anos.
Sorrio só por saber o nome dele.
— Como me torno uma corredora? Sabe é totalmente interessante profissional.
— Ficou maluca? Ninguém quer se tornar um corredor, Minho foi o primeiro por conta que ele estava disposto a achar uma saída desse lugar, e também você acabou de chegar Quinn!
Me viro para Lydia sorrindo.
— Olha respondendo sua pergunta, eu não lembro nem minha cor favorita, então sim, acho que sou maluca. E amo desafios, gatinha. E se isso é um desafio, posso garantir a você que vou me tornar uma corredora. — pisco para ela de forma galanteadora.
Arqueia as sobrancelhas com minhas palavras, provavelmente está pensando no quanto sou maluca.
— Olha só, eu já percebi que adora um desafio, mas ainda tá muito cedo para se estabelecer em um trabalho como este, que tal esperar pelo um mês para ver o que faremos? Podemos marcar uma reunião com os corredores e aí assim podemos ver.
— Um mês?!
— É por seu próprio bem, Quinn. Acredite no que eu estou falando.
— Ótimo. Mas vou poder passar todos os dias desse mês com você? Sabe, pra ter uma sorte a mais.
Solta uma risada com minhas palavras.
— Já tá ficando tarde, vamos ver onde vai ficar, provavelmente vai ser perto de mim por ser uma garota.
— Espera aí, vocês dormem todos juntos?
— Sim, nas redes. — Diz apontando para o local.
— Você não tem privacidade por aqui? — pergunto irritada com a situação. — Machistas...
— Eu tenho privacidade, afinal, a minha parte da cabana é dívida da dos meninos. Ser uma líder mulher tem suas vantagens — Suspiro aliviada.
— Gosto disso em você. Parece forte.
— Eu não pareço, eu sou.
Sorrio com suas palavras, e desvio o olhar, vejo uns garotos juntarem madeiras em um centro formando o que provavelmente seria uma grande fogueira.
— O que eles estão fazendo?
— Estão montando a fogueira para hoje a noite.
— Fogueira?
— Para comemorar sua chegada, fazemos isso todos os meses
— É tipo uma comemoração por por outra pessoa ficar presa em um quadrado de terra cercados por muros?
— Olha só, para de pensar nisso um pouco, tá legal? Todo mundo aqui é como uma grande família, claro, nem todo mundo se suporta, mas é tudo o que temos. Vê se na festa você se enturma, se quiser posso ficar ao seu lado pra não se sentir sozinha.
Forço meu melhor sorriso, a última coisa que quero é que a garota mais bonita que já vi não gostei de mim.
— Beleza, mas tem que ficar muito perto de mim, muito mesmo!
Tudo o que faz é rir.
— Eu vou estar ganhando a luta com o gally, se quiser pode ver.
— Luta? Você luta? você é mais interessante do que eu imaginava.
— São só brigas bobas que o gally faz, toda fogueira é a mesma coisa.
— Gally é o garoto que dei um soco né? Tenho certeza que você vai ganhar no primeiro soco. — garanto.
— É... eu não sei não, Gally e eu somos amigos, mas ele não costuma pegar leve.
— Sinceramente, so olhando para você sei que é a melhor daqui. Gally não deve ser nada comparado a você. — afirmo cruzando os braços e levantando o queixo.
— Valeu. — Diz abrindo um sorriso. — Bom, vamos indo? tem que tomar um banho ainda
— Com certeza. Achei que aqui vocês não tomavam banho. Não me leve a mal, mas tem uns garotos que de longe senti um cheiro. — faço uma cara de nojo enquanto voltamos a caminhar para longe.
— Vai se acostumando, inclusive se eu fosse você, passaria longe dos construtores, eles fedem pra caramba quando estão trabalhando.
— Nojento...
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