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𝟶𝟹𝟽 ─ finalmente um lar?

SEGUNDO ATO - SEGUNDA PARTE
LOST

꒰ 🥀 ꒱ capítulo trinta e sete:
── finalmente um lar?

꒰ঌ 🗡 ໒꒱ hannah grimes:

DE MANHÃ, TODOS COMEÇARAM a se decidir, iríamos continuar nosso caminho para o Terminus ou ficaríamos mais uns dias aqui? Eu havia acordado há uns cinco minutos, ainda estava sentada sobre o chão e fitava o ferimento em minha perna. Estava vermelho, parecia um pouco inflamado, mas não estava infeccionado, apenas bem dolorido.


── Vamos continuar mesmo com a perna da Hannah ruim? ── Bob questionou, parecendo preocupado.

── Se queremos chegar logo, não podemos mais ficar parados. ── Maggie respondeu com um tom mais firme.

Eu sabia o quão ela queria chegar logo no Terminus para poder reencontrar Glenn. Eu também queria chegar logo lá e achar minha família, Daryl...

── Mas... ── Asher começou a contestar.

── Não quero ser motivo pra gente ficar aqui parado ou se separar. ── Interrompi, antes que Asher pudesse continuar a falar. ── A Maggie tá certa. E eles devem ter médicos no Terminus. Vai ser mais fácil tratar isso lá do que no meio do mato.

── Isso se o Terminus for tudo o que prometem. ── Blake murmurou, escondendo um pouco do seu olhar.

Olhei de imediato para ele e fiquei de pé. ── E se não for? Ficar aqui não vai mudar nada. Simples assim. Tanto lá quanto aqui eu posso morrer com uma infecção do mesmo jeito, então... ── Dei de ombros pegando a minha mochila do chão e sentindo o peso dela.

Da noite pro dia parecia ter chumbo nessa mochila, não me lembrava dela estar tão pesada.

Eu ignorei as pontadas de dor, pelo menos estava menos dolorido do que ontem. Joguei a mochila para minhas costas e depois ajudei os outros a arrumar as coisas para seguirmos nosso caminho.

Enquanto andávamos pelos trilhos, eu olhava sempre para frente e algumas vezes prestava atenção ao meu redor. Acho que todos estavam um pouco cansados, estamos caminhando há dias e apenas descansamos à noite quando vamos dormir.

── Deveríamos ter ficado mais um dia lá naquele local. ── Asher comentou, atraindo meu olhar. ── Eu... me preocupo com você.

── Agradeço pela preocupação, Asher, mas eu tô bem. ── Respondi. ── Eu só quero chegar logo no Terminus e descansar por um mês inteiro.

Reed deu uma risada curta e anasalada, o seu pequeno sorriso sumindo logo depois. Ele pegou o cantil de água, tomou um gole, e então estendeu para mim em silêncio.

Hesitei por um segundo, mas aceitei. Dois goles depois, devolvi o cantil com um aceno simples de cabeça.

── Ótimo... um túnel. ── Blake resmungou, a voz cheia de desdém enquanto soltava um suspiro cansado.

Quando olhei para frente, observei o túnel, ele era tão escuro que fez um frio percorrer a minha espinha. Nada naquele lugar parecia convidativo. Além da escuridão, também era possível ouvir os grunhidos de vários zumbis.

Maggie se aproximava de um zumbi que estava perto da entrada, o matando e abrindo sua barriga. Ela molhou sua mão no sangue e começou a escrever na estrutura de cimento:

"Glenn, vá para o Terminus. Maggie, Sasha, Bob, Hannah, Tayssa e Asher."

── Podemos dar a volta. ── Tayssa sugeriu enquanto observava um mapa que segurava.

── Não. ── Maggie contestou, limpando sua mão e se virando. ── Se dermos a volta, vamos perder mais um dia. Temos lanternas e munição o suficiente. Podemos atravessar.

Blake bufou e deu uma risada seca e anasalada. ── Claro. Esse túnel tá cheio daqueles podres. Você deve tá brincando, ou perdeu o juízo de vez.

── Ele tem um ponto. ── Me intrometi. ── A gente vai se matar se entrar lá dentro.

Sasha fez uma careta sem tirar os olhos do túnel. ── E se algo acontecer? Estaremos no escuro total e esse lugar é apertado. Como vamos atirar? Um erro, e acabamos mordidos ou matando uns aos outros.

Antes que qualquer um pudesse continuar a discussão, Maggie simplesmente deu um passo para frente e começou a caminhar pelo túnel, a lanterna da mulher iluminava o local.

── Você só pode estar de brincadeira. ── Blake resmungou, surpreso com a atitude da Rhee.

── Não temos tempo pra ficarmos parados discutindo. ── Ela respondeu, sem olhar para trás.

Soltei um suspiro levemente frustrado. ── Que ótimo.

O grupo não podia se separar outra vez, então, sem escolhas, todos nós seguimos atrás dela. Meu corpo se arrepiou levemente quando entrei naquele local escuro, não hesitei em ligar a luz da minha lanterna e caminhar com uma mão próxima à minha arma. Além do escuro assustador, o cheiro do local era terrível, uma mistura de odor cadavérico com mofo.

Durante o trajeto, pudemos ver alguns corpos mortos pelo chão e com nossas facas, matamos alguns dos zumbis que tinham por ali. Estava tudo indo bem, até chegarmos na metade do túnel, onde começamos a ouvir o grunhido de vários zumbis e quando nos aproximamos mais, nos deparamos com uma horda.

── Que merda. ── Tayssa resmungou.

── Melhor a gente voltar. ── Disse em seguida, tirando o revólver do meu coldre.

Antes de qualquer um de nós virar para voltar, notamos Maggie começar a atirar nos mortos. Aquela mulher era forte, determinada em realmente encontrar Glenn.

── Maggie, não vamos ter munição o suficiente para matar todos eles! ── Sasha tentou chamar a atenção dela, mas não adiantou. ── Merda.

Fomos obrigados a nos juntar à Rhee para matar aqueles podres. Como eu tinha pouca munição, eu tentava fazer meus tiros serem os mais certeiros possível, atirando sempre na cabeça dos zumbis e finalizando outros mais próximos com golpes de faca na cabeça.

Quando percebemos que nossas munições já estavam no fim, começamos a atravessar por eles, um ajudava o outro a não ser mordido. Por fim, Maggie atirou no teto, onde já estava quebrado, fazendo os escombros que caíram esmagarem o restante dos zumbis que sobraram.

Tinham mais zumbis, mas finalizamos alguns e saímos correndo o mais rápido que podíamos, não tinha munição para tudo aquilo.

O túnel era extenso, eu diria com cerca de quase um quilômetro, o que fez com que levasse um tempo até que chegássemos ao fim. Quando finalmente saímos, olhei para cima e fitei o céu azul, respirei o ar fresco que não havia mais aquele cheiro podre.

── Nem acredito que todos nós saímos vivos. ── Comentei, olhando para o grupo.

── Talvez tenhamos morrido, só não nos demos conta ainda. ── Tayssa descontraiu.

── Credo. Vira essa boca pra lá. ── Maggie repreendeu, tirando uma risada da mais nova.

── Estamos bem é o que importa. ── Bob exprimiu.

Mais uma vez seguimos pelos trilhos. Maggie liderava o caminho, segurando uma bússola em suas mãos, com os olhos atentos à direção. Acreditamos que já estávamos perto, porém ainda não sabíamos.

Quando olhei para frente, pude encontrar três figuras dentro de um carro, eram dois homens e uma mulher que nos fitavam com um semblante quase surpreso. No momento em que desceram do carro, nossas mãos encontraram nossas armas, com medo de serem algum tipo de ameaça.

O ruivo segurava um rifle, enquanto aquela mulher andava ao seu lado e o outro cara um pouco mais atrás, ele aparentava ser mais indefeso.

Antes que pudéssemos mirar, aquela mulher do outro grupo fitou nossos rostos e lançou uma pergunta:

── Alguma de vocês se chama Maggie Rhee?

A ex-fazendeira ficou um tempo em silêncio, mas andou até a frente, raciocinando. ── Glenn? Cadê ele? ── Ela indagou com um pouco de medo da resposta.

Então também me dei conta. Aquele grupo conhecia o Glenn.

── O japa tá bem até onde sabemos. Entrou dentro daquele túnel para ir atrás de vocês. ── O ruivo respondeu, passando seu olhar por cada um de nós.

Nesse momento, todos ficamos em alerta. Se ele estava lá dentro, isso significava que estava em perigo, ainda mais se estivesse sozinho.

Maggie se virou no mesmo instante. ── Precisamos voltar e ajudá-lo! Ele não vai conseguir passar sozinho por todos aqueles mortos!

── Então vamos ajudá-lo. Mas com certeza seremos mais rápidos se formos de carro. ── O cabeça de cenoura exprimiu.

Todos nós concordamos e entramos dentro daquele carro em que o trio estava anteriormente. O ruivo dirigia com velocidade, atropelando alguns dos zumbis que estavam no caminho. O farol do veículo iluminava o breu do túnel.

Podíamos ouvir um som meio abafado de tiro, sabíamos que vinha de Glenn, o que fez com que Abraham pisasse ainda mais fundo no acelerador. Quando chegamos ao local onde Maggie derrubou aquele pedaço do teto, pudemos nos encontrar com vários zumbis, descemos com pressa do carro e começamos a atirar neles.

Quando todos os podre estavam mortos, pude ter a visão do coreano sobre o chão, ele se levantou, virando devagar o olhar para nós, atrás dele havia uma mulher, a qual o rosto não me era tão estranho. Maggie rapidamente foi até o marido, o abraçando com força e trocando um selinho com o mesmo, o que tirou um sorriso do meu rosto.

Quando ambos se separaram do abraço, acenei para Glenn, feliz por vê-lo bem e principalmente vivo.

Depois do reencontro, nos juntamos para afastar aqueles corpos dos zumbis para o outro lado do túnel, longe de onde fôssemos acampar. Em seguida acendemos uma fogueira e nos juntamos em frente a ela, onde todos nós nos apresentamos.

── Aquela Rosita... ── Blake murmurou, com um meio sorriso no rosto, enquanto lançava um olhar na direção dela, que estava ao lado de Abraham. ── Não dá pra negar. Ela é uma gatinha.

Eu segui o olhar dele, arqueando uma sobrancelha. ── Tenho a impressão de que o cabeça de cenoura ali não vai gostar de dividir espaço.

O Ashford soltou uma risada curta, quase anasalada e tomou um gole d'água. ── Relaxa. Eu não sou do tipo ciumento. Eu e ele podemos revezar.

Aquela fala dele me tirou uma risada espontânea e sincera. Eu balancei a cabeça, tentando não rir mais.

── Cara, você é impossível.

Ele deu de ombros. ── Num mundo assim, qualquer desperdício dá pra ser considerado um pecado.

De repente, Tayssa e Sasha se levantaram com um olhar surpreso enquanto Maggie e Glenn retornavam até nós. Ambas fitavam o casal com um olhar surpreso.

── Que foi? ── Glenn questionou.

Sasha apontou para Abraham. ── Ele falou... que ele sabe o que causou a epidemia. ── Em seguida, apontou para Eugene.

Olhamos para o cientista que estava em silêncio e em pé ao lado do ruivo. Eu também fiquei surpresa, mas por um lado, em dúvida.

Glenn assentiu. ── Sim. Ele sabe. Vou adivinhar. Eles pediram pra vocês irem pra capital junto dele?

── Tô muito feliz que vocês tenham se achado. Podem passar o resto da noite comemorando. ── Abraham finalmente se pronunciou. ── Porque amanhã, não existe motivo algum pra não entrar naquela vã e ir pra Washington.

── Ele tá certo. ── Tara também falou. ── Eu vou com eles.

── Não, ele tá errado. ── Eugene rebateu, atraindo o olhar imediato de todos. ── Estamos a 55% do caminho de Houston para Washington. Até agora tivemos um veículo militar pra transporte e perdemos oito pessoas. Não imagino que teremos mais sorte com aquele carro de família que pegamos. Estamos a um dia do Terminus. Vai saber o que têm lá.

── Olha, não vai fazer mal checar. ── Rosita foi a favor do amigo. ── Vamos pegar suprimentos, quem sabe até recrutar alguns deles pra vir conosco.

── E eu preciso ver se encontro minha família lá. ── Respondi, olhando o casal. ── Pode ser que depois meu pai e Daryl aceitem ir para Washington junto de vocês.

Sasha assentiu. ── Vou com vocês para Washington, mas antes também preciso ver se encontro meu irmão por lá. Eu preciso saber se ele está lá.

── Eu também. Pela mesma razão. ── Disse Bob, arrancando um pequeno sorriso da Williams.

Abraham deu um suspiro ainda de cabeça baixa sem olhar para nenhum de nós. ── Ele diz que eu tô errado, vou escutar. ── Se levantou, fitando Eugene. ── Amanhã vamos até o fim da linha. Depois, Washington.

....

Andamos metade de um dia, mas chegamos no fim dos trilhos e encontramos o Terminus. Quando meus olhos encontraram as grandes letras pintadas que mostram o nome da comunidade, meus olhos brilharam e finalmente eu senti uma pitada de esperança dentro de mim. Depois de vários dias de caminhada, aqui estávamos.

Nos aproximamos do portão, onde Glenn tirou uma corrente e abriu e quando entramos, ele e Blake miraram seus rifles, enquanto caminhávamos atrás de forma meio cautelosa. O local parecia tão amigável, enfeitado com flores, mas ao mesmo tempo, me passava uma vibe meio... estranha.

Chegamos a outro portão onde dizia: Abaixe as armas e será recebido. Você chegou ao Terminus.

E assim fizemos, continuamos andando até chegarmos ao que parecia um pátio. Tinha um pequeno canteiro de plantação ao lado e mais à frente, uma mulher que assava carne em uma churrasqueira. Quando ela notou nossa presença, se virou em nossa direção e deu um sorriso amigável.

── Oi. Eu sou a Mary. ── Ela se apresentou, ainda de jeito amigável. Saiu de trás da churrasqueira e se aproximou de nós. ── Parece que estão na estrada há muito tempo.

── Estamos, sim. ── Eu respondi, retribuindo o jeito amigável da mulher.

── Fiquem à vontade, vamos trazer comida pra vocês. Bem vindos ao Terminus.

A mulher retornou para trás daquela churrasqueira e voltou a assar a carne. Aquela carne tinha um jeito exótico, um cheiro diferente, mas parecia ser boa. Meu estômago roncou, aliás, já estava há dias sem comer algo direito.

── Vocês gostam de carne? ── Com um pegador, aquela mulher tirou algumas carnes da churrasqueira e colocou em um pratinho.

Asher se aproximou, pegando o pratinho e fitando o alimento. ── Muito obrigado.

── Não tem de que. ── Mary respondeu. ── Vocês devem estar famintos também, não é?

Eu assenti com a cabeça devagar. Apesar de tudo, eu ainda estava sendo meio cautelosa com tudo, mas quando vi Tayssa pegar um pedaço da carne e morder, não me contive e fiz o mesmo. Aquela carne tinha um gosto diferenciado, mas não era ruim.

O tempo foi se estendendo e fomos trocando mais conversas com aquela Mary, porém depois de alguns minutos, homens armados se aproximaram de nós com passos firmes e olhares duros. Quando pararam, os canos de seus rifles estavam apontados diretamente para nós.

── Soltem as suas armas! ── A ordem soou alta e firme, cheia de convicção e fúria. ── Agora! Ou vocês vão cair aqui mesmo.

Minha mão instintivamente deslizou para o cabo da minha faca, mas me contive e não puxei. Não era o melhor momento para agir impulsivamente e colocar todo mundo em risco.

Blake avançou dois passos, as suas mãos estavam erguidas em rendição. ── Relaxa, cara. Mal tivemos tempo de agradecer pela carne. Quem diria que a hospitalidade aqui era tão calorosa.

O clique da arma sendo destravada soou, e o líder com a rifle à frente encostou o cano no peito do Ashford, o obrigando recuar para trás.

── Cala a boca. ── O homem olhou novamente para todos nós. ── Se não largarem as armas, vamos ser obrigados a atirar!

Minha respiração começou a ficar pesada e meus olhos a se moverem rápido, observando todos os detalhes. Quando olhei para cima, vi atiradores posicionados com snipers. Não havia espaço para erros.

Devagar, encostei meu ombro no de Tayssa e fiz um gesto com a cabeça para cima quase imperceptível.

── Eles têm snipers. ── Tayssa exprimiu um pouco mais baixo, mas alto o suficiente para que Maggie e os outros a ouvissem.

A tensão entre nós somente aumentou, um erro e certeza que esses malucos atirariam em nós. Apertei meus lábios em uma linha reta, enquanto minha cabeça trabalhava em alguma possível escapatória que talvez não existisse.

Não tínhamos saída no momento, a não ser largar nossas armas e obedecê-los. Bob foi o primeiro a fazer isso e com seu olhar, "disse" para que nós fizéssemos o mesmo. Eu hesitei ao máximo, porém, obedeci e larguei todos os tipos de armas sobre o chão.

O som metálico de nossas armas caindo sobre o chão declarou nossa derrota para aqueles idiotas.

Enquanto um dos homens se aproximava de nós, os outros continuavam parados, suas posturas eram rígidas e seus dedos firmes nos gatilhos das rifles.

O cara começou a passar a mão revisando se não tínhamos mais nada e quando chegou em Abraham, o ruivo finalmente falou alguma coisa:

── Ei. Antes que vocês façam uma burrada, escutem. O homem ali, com o muller ridículo? ── Ele apontou para Eugene, que parecia assustado com tudo. ── Ele tem a cura. Ele pode acabar com essa merda de apocalipse. Se nos matarem, vão acabar com a última chance que temos de sobreviver!

O homem inclinou a cabeça e um sorrisinho debochado se curvou em seus lábios. Ele colocou o rifle próximo ao peito de Eugene, fazendo ele olhar para baixo, enquanto se tremia levemente.

Aquele cara era tão medroso que algumas vezes me perguntava como sobreviveu até agora. Nem matar um zumbi sabia.

── Esse idiota aqui de cabelo lambido? ── O líder riu debochadamente. ── Acha que vamos engolir a baboseira que esse saco de merda com mullet é a salvação da humanidade?

Abraham apertou os punhos, mas se manteve firme quando recebeu o olhar repreendedor de Rosita.

── Não estou mentindo. Ele como-

── Cala a boca! ── O líder rosnou, cortando a fala do ruivo. ── Vamos lá! Levem eles para o vagão.

Nós fomos arrastados em fila para longe do pátio e para dentro de um vagão enferrujado que nos fizeram entrar um por um. Eles fecharam a porta e nos trancaram lá dentro, deixando quase tudo escuro, pouca claridade do lado de fora ainda entrava aqui.

── Que porra de lugar é esse? ── Questionei, indo até uma pequena brecha e observando um pouco do lado de fora.

Asher também observava. ── Não faço ideia, mas acho que deveríamos achar um jeito de sair daqui logo.

── Eu avisei. ── Blake disse, recebendo um olhar repreendedor meu.

── Não tem como sair daqui. A não ser que alguém tenha força sobre-humana pra arrombar essa porta de metal. ── Respondeu Rosita, observando a porta de metal que era relativamente pesada.

Tayssa que estava encostada em um dos cantos, suspirou alto. ── Tem que ter outra saída, alguma falha que ainda não vimos.

── Ela tem razão. ── Eu concordei, apontando para o teto ── Pode ter uma escotilha.

── Se tiver, eles não seriam burros ao ponto de deixarem destrancado. ── Asher retrucou. ── Temos que achar outra maneira.

── Qual sugere? ── Indaguei, vendo o loiro dar os ombros, o que me arrancou um suspiro pesado.

Eu comecei a observar o vagão procurando por qualquer detalhe que pudesse nos ajudar, mas a luminosidade atual do ambiente não ajudava tanto.

Passamos o dia e quase a noite inteira tentando pensar em algo, mas não conseguimos escapar do mesmo jeito. Depois de tanto tempo, a maioria já estava cansada, alguns sem esperança e outros dormindo.

Eu estava deitada sobre o chão de metal desconfortável, meu olhar estava fixo em um pequeno buraco, o qual era possível ter um pequeno vislumbre do céu lá fora. Eu dei um suspiro longo. Eu estava cansada e esgotada. Talvez eu morreria aqui e nunca mais veria minha família, nem Daryl, e isso era um pensamento que me assustava um pouco.

Quando o cansaço finalmente me venceu, eu mergulhei em um sonho tão vívido que, por um momento, pensei ter voltado no tempo. Estava na fazenda de Hershel, aquele lugar que sempre me transmitiu uma sensação de paz, mesmo em meio ao caos. O sol brilhava suavemente sobre os campos, e o som do vento balançando as folhas parecia tão real que quase podia senti-lo no rosto. Parecia que nada que existia no apocalipse tinha ali, era tudo perfeitamente sereno.

Hershel estava sentado na varanda, calmo como sempre. Ele olhava para o horizonte, mas parecia saber que eu estava ali. Tudo ao redor era tão tranquilo que meu coração se encheu de uma saudade dolorosa do Greene. Depois de todo esse tempo juntos, eu o considerava um segundo pai.

Eu me sentei no degrau da varanda, observando o campo ao redor, como fazia tantas vezes quando ainda acreditávamos que aquele lugar seria nosso refúgio. Não havia necessidade de palavras. A presença de Hershel já bastava, como se ele estivesse me passando algo que eu precisava lembrar.

De repente, senti um peso. Não era apenas nostalgia, mas uma responsabilidade que ele parecia estar me deixando. A visão da fazenda começou a se desfazer, os campos perdendo cor, e o som do vento dando lugar a um silêncio opressivo.

Então, o silêncio foi rasgado. Tiros. Vários tiros, ecoando com violência.

Hershel olhou em minha direção e deu um pequeno sorriso repleto de leveza. De repente, tudo ao redor sumiu e eu acordei em um sobressalto, meu coração estava disparado com os sons que disparavam pelo ar. Quando olhei ao redor, vi os outros também acordados, olhando pelas brechas e tentando descobrir o que acontecia.

Quando o fogo cessou, ouvimos a voz daquele líder idiota. Parece que um grupo novo havia chegado e tentou escapar.

── Chefe do bando, vá pra esquerda! Pra o vagão. Se fizer o que dissermos, o garoto vai com você. Se não for assim, ele morre, e você vai pra lá de qualquer jeito. Agora o arqueiro. E agora a samurai.

Arqueiro? Samurai? Isso me parecia familiar. Assim que ouvi o líder dizer isso, me levantei rapidamente e tentei enxergar algo além da brecha disponível, mas a visão era limitada e tudo o que eu via era o vulto das pessoas passando.

── Vão pra porta, líder do bando, arqueiro e a samurai e o garoto, nessa ordem! Líder do bando, abra a porta e entre.

A porta de metal do vagão foi aberta, soltando um rangido característico, e a luz de fora invadiu o espaço escuro. Todos nós ficamos imóveis por um momento, enquanto aguardávamos ansiosos para ver quem entraria.

Primeiro, um homem apareceu. De imediato pude reconhecer aquela silhueta, e meu coração disparou ao reconhecer aquele rosto. Meu pai. Por um instante, fiquei paralisada, lutando para acreditar que realmente era ele.

Logo atrás dele, entrou outro homem, que também me fez ficar surpresa, era Daryl. Eu reconheceria aquela jaqueta em qualquer lugar. Michonne e meu irmão também estavam ali. A porta se fechou novamente com um estrondo, trancando-nos mais uma vez. Sem pensar, avancei para frente, sentindo os outros me seguirem de perto.

── Pai? Daryl? ── Murmurei, vendo que ele olhou de imediato para mim e também ficou surpreso.

Eu passei meu olhar entre ambos. Quando meu pai também se deu conta, andou rapidamente até mim e nos abraçamos, com força.

── Você tá viva! ── Ele disse com alívio em sua voz.

Dei um pequeno sorriso. ── Vocês também

Em seguida, puxei Carl para perto, dando um aperto nele e sentindo ele retribuir. Ficamos por alguns segundos no enlace até que nos soltamos.

Eu troquei um olhar com Daryl, o mesmo me fitou surpreso, quase como se visse um fantasma, o que me tirou uma pequena risada.

Papai observou em volta e reconheceu os outros rostos atrás de mim. ── Os outros também estão aqui. Todos estão.

Meu pai olhou para trás de mim, olhando de forma curiosa e desconfiada para o outro grupo. Segui seu olhar, vendo que eles também se aproximavam de mim.

── São nossos amigos. ── Disse Maggie. ── Salvaram a gente.

── Agora eles também são nossos amigos. ── Daryl respondeu, observando o grupo.

── Pelo tempo que isso durar. ── Respondeu Abraham.

── Não. ── Meu pai retrucou, atraindo nossos olhares. ── Vão se sentir muito idiotas quando descobrirem que mexeram com as pessoas erradas.

Eu não sabia como iríamos sair desse vagão e fugir dessa comunidade, mas meu pai parecia saber. Depois daquele reencontro, criamos um plano simples que consistia em pegarmos tudo o que conseguíssemos aqui dentro. Era tudo muito limitado, mas usando alguns dos pertences que ainda estavam conosco, conseguimos tirar o casco da madeira e poderíamos substituir a faca com isso.

Enquanto os outros faziam as coisas, meu pai pediu para que eu e Daryl ficássemos de vigia, nós dois tentamos olhar para o lado de fora através de pequenos vãos laterais na porta.

Quando começamos a ouvir vozes, Daryl se virou e disse: ── Aí, pessoal. Tem quatro deles vindo pra cá.

Papai arrancou de uma vez o casco da madeira e se levantou, ajeitando a postura. ── Vocês sabem o que fazer. Acertem os olhos primeiro. Depois o pescoço.

Eu me afastei da porta e fiquei em posição de ataque, até que ouvimos uma voz dizer:

── Coloquem as costas contra as paredes do vagão. Agora!

Estávamos prontos para agir, porém fomos pegos de surpresa quando uma escotilha em cima foi aberta e jogaram uma granada de fumaça. Quando a fumaça começou a se infestar, ficamos com a visão limitada e tossindo muito e quando abaixou, vimos que quatro dos nossos haviam sumido. Daryl, Bob, Glenn e meu pai.

Quando finalmente consegui recuperar o ar, me ajeitei novamente e olhei ao redor, assim como eu, todos estavam meio confusos.

Eu e Tayssa ficamos observando pelos vãos da porta, mas já havia passado uma meia hora e nada deles ainda. Nem mesmo os caras voltaram.

Dei um suspiro de desânimo e me virei para os outros. ── Talvez seja melhor seguirmos o plano do meu pai. Eles vão dar um jeito de fugir e nós precisamos estar prontos quando vierem

── Como você tem tanta certeza? ── Questionou Abraham, me lançando seu olhar. ── Uma hora dessas eles já podem estar mortos.

── Sabemos como eles agem agora. ── Tayssa retrucou. ── Vamos poder agir.

Maggie se aproximou de nós duas, parando ao meu lado. ── Elas estão certas. Temos que estar prontos para quando voltarem.

── Talvez eles não voltem tão cedo. ── Disse Tara, olhando para nós três. ── Como podemos ter certeza?

── Ou talvez voltem. ── Rosita completou.

Eu passei meu olhar pelas duas. ── Se voltarem cedo ou não, já estaremos preparados.

Os outros também concordaram em continuar com o plano que meu pai havia criado. Fazíamos tudo como antes, usando o que tínhamos à disposição em nosso favor. Eu estava ao lado de Michonne, continuei a ficar de vigia junto da mulher.

Quando olhei para o meu lado, vi Eugene sentado. Ele era um bobão que não sabia se virar bem no mundo atual, mas até que era gente boa, porém eu não acreditava tanto assim em que ele realmente tinha a cura.

── Eugene, né? ── Indaguei, recebendo o olhar do cientista. ── Qual é a cura?

O homem me lançou um olhar meio hesitante e respondeu: ── Esse assunto é super confidencial. Eu não posso dizer, me desculpe.

Rosita, que estava do meu outro lado, olhou para mim e deu um suspiro. ── Nem adianta insistir. Eu já tentei. Ele nunca falou sobre o que é a cura.

Meu olhar silencioso passou entre a Espinosa e o cientista. ── Pode ser que a gente esteja morto em menos de 24h.

── Não importa. Se morrermos, a curá morrerá comigo.

── Que ótimo. ── Respondi.

De repente um estrondo forte e alto fez o chão e o vagão estremecer com a onda de choque e enquanto isso, tiros cortavam pelo ar, o que nos fez ficar em alerta e assustados. Eu me aproximei novamente da fresta e outra vez tentei ver algo, podia ser meu pai, Daryl e Glenn que fizeram alguma coisa.

O tempo foi passando e o tiroteio até agora não havia cessado. Nenhum de nós havia voltado até agora, o que nos deixava preocupados.

Meu corpo deu um pequeno sobressalto quando Abraham bateu com força na porta de metal. ── O que diabos tá acontecendo!?

── Alguém atacou eles. ── Michonne respondeu simples.

Tayssa olhou para ambos. ── Talvez nosso pessoal tenha escapado.

Eugene passou entre eu e Tara, andando até o portão e se agachando. Todos fitamos confusamente o homem que colocava a granada vazia próxima à porta.

── Mas o que você vai fazer? ── Questionei, cruzando os braços e erguendo uma das sobrancelhas.

O cientista continuou com o seu trabalho de posicionar a granada vazia de fumaça ao lado da porta.

── Eu vou usar isso pra poder enfraquecer a porta. ── Eugene se explicou. ── Pelo o que estamos ouvindo, pode não ter mais ninguém lá fora para abrir a porta.

Tara revirou os olhos. ── Eugene, desculpa, mas cala a boca. ── Exasperou.

── Ei! ── Carl exclamou, chamando nossa atenção. Olhamos para meu irmão que se aproximava com Maggie. ── O meu pai vai voltar. Todos vão.

Assenti com a cabeça. ── Eles vão. E quando voltarem, vamos ter que lutar pra sair com eles.

Quando olhei novamente para fora, vi que zumbis passavam por nós. Depois de alguns minutos, cada um estava concentrado novamente, enquanto Michonne olhava para fora.

Eu terminava de afiar um punhal de madeira e não demorou para que eu ouvisse a voz de Sasha, que estava ao meu lado.

── Qual é a cura, Eugene?

E mais uma vez o assunto sobre a cura...

── Nem adianta tentar fazer ele abrir a boca, eu já tentei. ── Me intrometi, erguendo o olhar para os dois e vendo Eugene de cabeça baixa.

Porter ficou alguns segundos em silêncio antes de responder, com aquele tom metódico de sempre.

── É confidencial.

── Eu avisei. ── Disse com desânimo, voltando a minha atenção para o punhal, como se aquele pedaço de madeira fosse mais interessante que qualquer coisa que ele tivesse a dizer.

Michonne me observou, o olhar dela desconfiado intercalou entre mim e Eugene. Pelo jeito, não era só eu que não acreditava nele.

── Não sabemos o que vai acontecer. ── A samurai disse, sem tirar os olhos dele.

── Deixem ele em paz. ── Abraham exprimiu com uma voz mais autoritária, tentando dar um ponto final na discussão.

Maggie caminhou até perto de nós e parou ao meu lado. ── Temos que continuar trabalhando.

── Sim, mas tá na hora de ouvir. Porque não sabemos o que vai acontecer. ── Sasha continuou insistindo, lançando seu olhar afiado para Eugene.

── Pra mim esse cara tá falando balela. ── Blake disse, recebendo meu olhar. ── Confidencial, né? A gente tá no fim do mundo, cara, estamos prestes a morrer. Você tá jogando conversa fora e sabe disso.

── Olha, na real, a gente vai sair dessa. ── Tara tentou amenizar a situação.

Eu olhei para os três. ── Talvez a cura não exista e ele esteja mentindo para obter alguma vantagem. Eu não te julgaria, na verdade é bem esperto da sua parte. ── Dei de ombros.

── Esperto, mas é covardia. ── Tayssa retrucou.

Eugene soltou um suspiro, passou o olhar entre nós todos e voltou a falar:

── Olha, mesmo que eu contasse tudo, desse instruções passo a passo com ilustrações e todas as explicações e eu batesse as botas, a cura ainda morreria comigo.

── Não vou deixar isso acontecer! ── Abraham respondeu.

── Na melhor das hipóteses, vamos sair numa chuva de fogo, balas e zumbis. ── Ele respondeu para o ruivo. ── Eu não corro rápido. Com certeza não consigo matar um zumbi com um botão afiado e muita confiança.

── Tá, mas nós podemos. ── Michonne foi direta. ── E vamos!

Sasha se levantou, ainda mantendo seu olhar no cientista. ── Você não deve nada pra gente. Ainda não. Mas nós queremos ouvir.

── Não tem que falar se não quiser. ── Disse Rosita.

── É não tem que dizer, mas se for mentira, uma hora ou outra vamos descobrir. ── Falei logo em seguida.

O Porter pareceu ficar hesitante, desviando aquele seu olhar mais uma vez, porém ao invés de ficar em silêncio outra vez, ele começou a contar:

── Eu fazia parte de uma equipe de dez pessoas no Projeto Genoma Humano, pra criar doenças como armas pra combater doenças como armas. Microrganismos patogênicos contra microrganismos patogênicos. Fogo com fogo. Houve cooperação entre os departamentos, relações foram feitas, informações trocadas. Conheço cada detalhe dos sistemas de distribuição do sistema de falha de segurança pra matar cada pessoa desse planeta. Acredito que com os ajustes nos terminais em Washington podemos virar o jogo. Terminar com todos que restam. Fogo com fogo. Se a gente igualar esse jogo, o bicho vai pegar.

Eu dei de ombros, deixando o silêncio cair por um instante e fiquei pensativa. Ou Eugene realmente falava a verdade ou esse cara era inteligente para caralho para criar uma mentira dessas e fazer todo mundo acreditar.

── Não me leve a mal. Eu quero acreditar em você. Sério. Mas se você quer que todo mundo aqui arrisque a cabeça pra te levar até Washington, vai ter que dar algo mais concreto do que só essa história de "fogo com fogo"

Mais uma vez, Eugene voltou a ficar em silêncio. Ninguém ousou dizer mais nada. Mas essa calmaria não durou muito. Um barulho metálico do lado de fora fez todos nós ficarmos em alerta. Em seguida, a porta de metal do vagão foi aberta, e, para o meu alívio, eu vi meu pai do lado de fora.

── Corram! Todo mundo pra cerca! ── Meu pai ordenou com urgência em sua voz. ── Vão junto com o Abraham.

Atrás dele, vi Glenn, Daryl e Bob, todos disparando contra os zumbis que surgiam de todos os lados. Sem hesitar, meu pai se juntou a eles, mantendo os monstros afastados para que nós pudéssemos correr.

Abraham não perdeu tempo e nos apressou, todos nós começamos a correr em desespero em direção à cerca. Eu me movia o mais rápido que podia com Carl ao meu lado, enquanto segurava o punhal de madeira firmemente. Minha perna apesar de estar melhorando, ainda estava dolorido e ainda dificultava minha corrida. Mesmo assim, eu me forçava a continuar, ignorando aquela dor que voltava a latejar pouco a pouco. Eu não tinha tempo para ser fraca agora.

Os podres se aproximavam rapidamente, e eu precisei parar por alguns segundos, para enfrentar dois que surgiram à minha frente. Um terceiro surgia, quase me pegando, mas logo um tiro atravessou sua cabeça e eu senti Daryl me puxando e colocando meu braço atrás de sua nuca.

── Anda logo! ── Ele rosnou, atirando em mais alguns zumbis.

Ele praticamente me arrastava, me ajudando a praticamente continuar em frente. Finalmente chegamos à cerca, Carl e Eugene já estavam praticamente escalando, enquanto Daryl me ajudava a alcançar as barras de metal.

Com esforço, consegui escalar e passar para o outro lado. Logo em seguida, Daryl subiu atrás de mim, sem perder tempo. Abraham e meu pai foram os últimos a passarem.

NOTAS DA AUTORA:

Demorei uns dias para postar o capítulo, mas queria entregad um capítulo maiorzinho pra vocês porque os últimos estavam sendo muito pequenos.

Eu espero que vocês gostem. <3

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