𝟶𝟹𝟹 ─ atrás da cura
꒰ 🥀 ꒱ capítulo trinta e três:
── atrás da cura
꒰ঌ 🗡 ໒꒱ hannah grimes:
NO MOMENTO EM QUE adentramos a floresta, corremos o máximo que nossas pernas podiam aguentar e despistamos aqueles zumbis que nos caçavam. Cansados e suados, paramos um momento para descansarmos e verificar o mapa para saber qual caminho seguiremos.
Enquanto Tyreese limpava sua camiseta que estava suja de sangue de zumbis, Michonne e Daryl olhavam o mapa e eu falava no walkie-talkie com a Maggie. A ex-fazendeira havia acabado de me avisar sobre Glenn, ela disse que ele havia pego a doença que está se espalhando pela prisão. Ao menos minha família estava bem e Beth parecia estar cuidando de Judith em um local isolado.
Quando me aproximei de novo dos outros, prendi o walkie-talkie nos cós da minha calça e os observei.
── Como estão? ── Perguntou Dixon, enquanto enrolava o mapa novamente para guardar na mochila.
── Glenn pegou a doença. ── Falei com um semblante um pouco triste. ── Só espero que ele fique bem.
── Ele vai ficar. O Doutor. S vai cuidar dele. ── Daryl tentou me confortar, mas não sei se funcionou tanto.
── Logo estaremos de volta com os antibióticos. ── Michonne falou, também na tentativa de me confortar.
Soltei um suspiro pesado, mas balancei a cabeça positivamente. Eles não estavam errados. Só podia que fôssemos rápidos o suficiente – antes que mais alguém morresse na prisão.
── Bem, é melhor seguirmos. Vocês estão bem? ── Indaguei, preocupada com cada um.
Quando os três confirmaram, peguei minha mochila e ajeitei em minhas costas, pronta novamente para partir.
── Ei, Ty. ── Daryl gritou, fazendo o homem nos olhar. ── Anda, vamos nessa. ── Dito isso, o mesmo guardou o mapa na minha mochila.
Voltamos a andar, seguíamos a trilha do mapa em direção à uma cidade próxima, onde Daryl disse que poderíamos encontrar outros carros.
Eu caminhava com o olhar fixo no chão e a cabeça cheia. Eu estava preocupada, principalmente com a minha família. E não só eles, tinha Glenn também e os outros sobreviventes. Mesmo dando meu melhor, sei que é impossível salvar todos.
Por isso, eu tentava ter calma e levar os antibióticos mais rápido que eu puder.
── Tá bem? ── A voz do Dixon soou e eu notei que ele andava ao meu lado.
Olhei para seus olhos e concordei com a cabeça. ── Tô indo… “bem” é uma palavra forte.
Dixon deu dois tapinhas amigáveis no meu ombro e continuamos a andar.
Andamos por alguns quilômetros por dentro daquela mata, e depois de algum tempo nós finalmente chegamos até a cidade mais próxima que tinha. Começamos a ir em direção a um posto de gasolina onde poderíamos achar algum carro.
Vimos um amontoado de plantas cobrindo algo, então Bob disse: ── Vê alguma coisa?
── Não sei, pode ser. ── Daryl respondeu para o homem.
Nós tiramos a folhagem e ter o vislumbre de um carro meio velho, porém parecia funcionar. O caçador entrou dentro e tentou fazer uma ligação direta. Me aproximei da porta, atenta e ansiosa, porém, ele não havia tido êxito.
── Precisa de bateria. ── Ele exprimiu, se aproximando da janela da loja de conveniência do posto. ── Tem uns amiguinhos lá dentro. Vamos lá. Vamos tirar o mato, ver quantos têm.
Me aproximei da folhagem e comecei a puxar devagar junto aos outros. Íamos calmamente, menos Tyreese. Ele batia violentamente nas folhas, com pressa. Nós tentamos impedir, mas ele simplesmente não nos ouvia.
Um zumbi agarrou Daryl, então rapidamente esfaqueei a mão do caminhante, mas não demorou muito para outros zumbis aparecerem também. Agarraram Bob, que foi salvo por Michonne. Daryl matou outro. Tentamos repreender Ty, porém ele continuou surdo, nos ignorando. Um morto caiu em cima dele, Dixon puxou e Bob deu um tiro na cabeça daquele zumbi.
── Se você continuar desse jeito, vai nos atrapalhar. ── Falei, um pouco impaciente. ── Meu melhor amigo tá na mesma situação da tua irmã, e eu tô aqui tentando ter calma. Deveria fazer o mesmo. ── Tyreese apenas me olhou em silêncio.
Bob e Daryl entraram dentro da conveniência para buscarem a bateria nova para colocarmos no carro e enquanto isso, eu fiquei apenas sentada ao lado de Michonne no lado de fora. Estávamos observando Tyreese que estava um pouco distante de nós, o homem tinha um semblante triste e furioso, ele estava preocupado com Sasha, porém triste com a perda de Karen, que era sua parceira.
Eu não julgava ele por estar fora de si, eu ficaria do mesmo jeito se algo acontecesse com o Carl ou com o Daryl.
── O fato da Sasha ter pego a doença mexeu com ele. ── Comentei para Michonne. A mulher me olhou e concordou com a cabeça. ── Sei bem como ele se sente. Uma pessoa que vejo como irmão tá na mesma situação.
── O Glenn?
Dei um sorriso lembrando dele. ── Ele mesmo. ── Olhei para baixo, dando um sorriso.
── Vocês são bem amigos. Vivo vendo vocês dois juntos, são inseparáveis. ── A mulher comentou. Então lembrei de quando o conheci.
── Eu não sei o que faria sem ele. ── Suspirei fundo. ── Meu mundo perderia a cor.
── Como conheceu o Glenn?
Olhei para Michonne novamente e respondi: ── Foi no começo, em uma pedreira. Foi um tempo depois que tudo começou. Fugi com minha madrasta, meu irmão e meu padrinho. Ele foi o primeiro amigo que eu fiz.
── E o Daryl? ── A mulher deu um pequeno sorrisinho.
── Também na pedreira. Mas a gente não se dava bem no começo. ── Dei uma risada lembrando do passado. ── O meu pai largou o irmão dele no telhado em Atlanta, então acho que Daryl tinha um pouco de raiva de mim por conta disso.
── Mas hoje em dia vocês se dão bem. E muito bem, pelo visto. ── Michonne falou novamente, com um pequeno sorriso.
── É. A primeira vez que nos beijamos foi no CCD, a gente tava bêbado. ── Dei um pequeno sorriso. ── E depois foi na fazenda do Hershel. ── A mulher ainda tinha um fantasma de sorriso nos lábios.
Daryl voltou com o Bob e arrumaram juntos os carros e então partimos para a faculdade. Quando chegamos, entramos com cautela. Todo o grupo estava com as lanternas acesas, olhávamos sala por sala, atentos e tomando cuidado em cada corredor em que entrávamos.
Chegamos a uma sala de aula, então Dixon disse: ── Peguem o que tiver que pegar depressa.
Caminhei até uma prateleira e comecei a procurar pelos antibióticos necessários. Prestava atenção nos nomes, sempre verificando se estavam certos, peguei as seringas e me virei para Bob, que estava ao meu lado.
── Qualquer coisa que termine com “cilina” ou “cina”, podem pegar. ── Bob informou e eu dei mais uma verificada nos remédios que peguei. ── Vamos dissolver os comprimidos no soro e pôr direto na corrente sanguínea. A dosagem vai ser complicada, mas com o tempo que perdemos…
Michonne, Daryl e Tyreese voltaram. Depois de guardar os medicamentos, coloquei a mochila de volta nas costas e perguntei:
── Como foi? Conseguiram achar o que precisamos?
Tyreese acenou positivamente, me deixando mais tranquila ── Sacos, provetas, pinças, conectores. Tudo da lista.
── E vocês? ── Daryl passou seu olhar entre eu e Bob.
── Pegamos tudo.
Assenti com a cabeça. Dei uma última olhada na prateleira. ── Estamos prontos pra ir.
Daryl pegou sua besta, deixando em punho. ── Beleza. Vamos embora.
Indo em direção à saída, fomos impedidos por uma pequena horda de mortos que apareceu de repente e nos fez correr e entrar em uma outra sala. O ambiente estava escuro, era quase impossível de ver a própria palma da mão. Apalpei meu coldre, retirando a arma e com cuidado destravando.
── A porta está presa. ── Bob avisou, nos deixando tensos.
Quando acendi minha lanterna, pudemos ver algumas gaiolas prendendo a porta de saída.
Daryl suspirou e se aproximou para ajudar o homem, enquanto eu, Tyreese e Michonne ficamos observando a entrada, notando que a horda estava cada vez mais próxima.
Fomos até uma porta de emergência que dava em uma escadaria, ela estava trancada com correntes, nisso, pudemos ver zumbis do outro lado, também impedindo nossa passagem. Parece que a cada segundo que passava nossa situação só piorava.
── Podemos dar conta. ── Tyreese falou.
── Não! Estão infectados. ── Exclamou Bob com sua arma apontada em direção aos caminhantes. ── Como na prisão. Se atirarmos, vai respingar sangue, vamos respirar e pegar a doença. Nós não viemos pra ficar doentes.
── Como vamos saber se os que estão na escadaria não estão infectados também? ── Tyreese questionou.
── Não vamos. ── Respondi para o mais velho.
── Isso tem que mudar alguma coisa. ── Daryl quebrou uma cadeira e Michonne pegou sua katana. ── Prontos? ── Olhou para nós. Eu peguei minha faca e assenti com a cabeça.
Dixon quebrou a corrente da porta e nós matamos todos os zumbis que estavam lá. Saímos correndo com pressa pela escadaria até o andar de cima. Paramos em outro corredor, onde tinha mais outros zumbis. Nossa única saída ali era uma janela de vidro, na qual Tyreese jogou um extintor e quebrou.
Michonne, Ty, Daryl e eu pulamos sobre o andaime, porém quando Bob pulou, tropeçou com a bolsa que foi agarrada pelos zumbis que estavam embaixo. Ele se recusava a soltar sua mochila, então nos aproximamos.
── Solta isso, Bob. ── Falei, sendo ignorada por ele. ── Solta logo!
Apressei, mas ele apenas me ignorava. Era claro que iríamos nos ferrar se ele continuasse a insistir.
Depois de alguns segundos lutando pela mochila, finalmente recuperou a bolsa que caiu e deixou amostra uma garrafa de vodka.
Daryl lançou um olhar desdenhoso, se aproximou e tirou a garrafa de bebida.
── Não tem remédio na sua bolsa. Só isso? ── Ele perguntou, indignado. ── Devia ter te abandonado naquele dia.
No momento que Daryl foi jogar a bebida fora, Bob impediu e colocou a mão sobre a arma no coldre. O caçador se aproximou de forma intimidadora e pegou a arma dele, agarrando a gola da camisa de Bob.
── Deixa pra lá, Daryl. O cara fez a escolha dele. ── Tyreese tentou impedir uma possível briga. ── Não pode fazer nada. Deixa pra lá.
── Não queria ferir ninguém. Era só pra quando ficasse calmo. ── Bob tentou se explicar.
Daryl devolveu a bebida e falou: ── Se tomar um gole depois que a gente levar esses remédios, eu vou fazer questão de arrebentar sua cara. Entendeu?
Me aproximei de ambos os homens, pegando a garrafa da mão de Daryl e jogando para longe, o som do vidro se quebrando atraiu alguns dos zumbis.
── Ninguém vai beber aqui ou na prisão. ── Digo, olhando para Bob. ── Você deveria ter vergonha disso.
── Vamos embora. Já perdemos tempo demais. ── Disse Michonne, chamando nossa atenção.
Quando descemos do andaime, andamos até o local em que nosso carro estava estacionado. Eu entrei do lado do motorista e olhei para Daryl que estava sentado de qualquer jeito no banco do passageiro. O mais velho deu um pequeno sorriso para mim e eu retribui de forma um pouco mais tímida.
── Mulher no volante, perigo constante. ── Dixon descontraiu.
Eu dei uma risada mínima e revirei levemente os olhos. ── Não fui eu quem bati em um monte de zumbi há algumas horas atrás. ── Retruquei. ── No fim você nem me ensinou a pilotar moto.
── Fica pra outro dia, morceguinha. ── Respondeu ele, enquanto olhava para meus olhos.
Assenti com a cabeça, sendo compreensível. ── Ou você vai me dizer que eu também vou ser um perigo pilotando sua moto?
── Provavelmente vai. ── Daryl brincou. ── Mas eu vou ter uma boa desculpa pra ficar perto de você, então tá valendo.
O homem olhou para os meus olhos e me deixou envergonhada, tirou um pequeno sorriso bobo dos meus lábios, mas logo me recompus quando ouvimos Tyreese, Bob e Michonne abrirem as portas e entrarem. Eu girei a chave na ignição e comecei a dirigir em direção à prisão.
O caminho de volta foi inteiramente em silêncio. Às vezes eu sentia que Daryl olhava discretamente para mim, porém fingia não perceber. Como pegamos um caminho de volta mais longo, acabamos apenas chegando na manhã seguinte.
Eu estacionei o carro e dei um sorriso ao ver meu pai e meu irmão, então eu corri para abraçar os dois, matando toda a saudade que eu sentia. Papai me abraçou forte de volta e Carl também.
── Filha. Onde tá o Daryl? Eu preciso falar com ele. ── Disse meu pai com um tom de voz mais sério.
Fitei papai com meu semblante preocupado. ── Aconteceu algo? Ele tá lá no carro.
── É sobre a Carol. Não é nada grave. Depois eu falo com você sobre isso. ── Mesmo com aquela afirmação do meu pai, continuei preocupada. ── Como foi lá?
── Fomos bem, pegamos os remédios. Aliás, tenho que ir lá entregar para Hershel. Vejo vocês mais tarde. ── Dei um sorriso para meu irmão mais novo. Mexi em seu chapéu e brinquei: ── Vai me emprestar mais tarde, pirralho.
Carl deu uma risada e assentiu com a cabeça. ── Pode deixar, chata. ── Dei outra risada.
Eu ajeitei minha mochila e fui correndo em direção ao bloco de celas onde os doentes estavam. Caminhei até o local e quando cheguei vi Hershel cuidando dos doentes. O Greene deu um sorriso ao me ver, então entreguei os antibióticos.
── Hannah, que bom que está bem. ── Dei um pequeno sorriso. ── Pode cuidar deles? Preciso ir falar com seu pai. Entregue esses antibióticos para o Caleb, ele vai te ajudar.
Concordei com a cabeça. ── Tudo bem.
Quando o grisalho passou por mim, ele disse: ── É bom te ver. Espero que tenha ocorrido tudo bem.
── Aconteceu várias coisas, mas nada que atrapalhasse. Onde está o Glenn?
Hershel apontou para uma cela e eu sorri. ── Depois que falar com o Caleb, vá vê-lo. ── Mais uma vez concordei com a cabeça.
Eu caminhei até Caleb e entreguei os antibióticos para ele. O doutor me ajudou a medicar todos os doentes, inclusive Glenn, depois dos doentes, eu também tomei a vacina para garantir.
Eu passei entregando o chá que Hershel havia feito. Ao chegar no local que Glenn estava, dei um sorriso e vi o mesmo contente em me ver.
── Hannah. ── O coreano murmurou com uma voz mais fraca. Eu coloquei a bandeja ao lado da cama e me sentei em um banquinho que tinha ali.
── Olá, japa. ── Respondi para o mesmo, tranquila em ver que ele estava melhorando. ── Como se sente?
── Me sinto péssimo.
Eu coloquei o chá sobre um copo e estendi. ── Você já tomou o antibiótico, logo vai estar bonzinho.
Eu ajudei Glenn a sentar-se sobre a cama e coloquei uma almofada atrás de suas costas.
── Obrigado.
── De nada! ── Espremi um sorrisinho.
Ouvi sons se arrastando até a nossa cela e quando olhei para trás, vi Maggie parada no limiar da porta com um sorriso largo em seus lábios, enquanto observava Glenn.
── Vou deixá-los a sós. ── Concordaram com a cabeça. ── Até mais tarde.
── Até. ── Disseram em uníssono. Eu apenas saí da cela e caminhei até meu bloco.
Tudo o que eu queria agora era tomar uma ducha gelada, deitar e descansar.
Porém, de repente, pude sentir um aperto no coração, não sabia explicar a sensação, mas eu sentia como se algo fosse acontecer. Andando para meu bloco, observei o céu azul por alguns segundos. Eu sentia que, de repente, tudo aquilo viraria cinzas.
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