𝟶𝟹𝟸 ─ sombras
꒰ 🥀 ꒱ capítulo trinta e dois:
── sombras
꒰ঌ 🗡 ໒꒱ hannah grimes:
NO DIA SEGUINTE, TYREESE me encontrou com uma expressão em seu rosto que oscilava entre desespero e fúria. Mesmo antes que ele abrisse a boca, dava para ver que algo terrível tinha acontecido. Foi então que fiquei sabendo que alguém havia botado fogo em Karen e David, o que me deixou claramente assustada.
Quando eu e o homem chegamos ao local, o cheiro de queimado, morte e sangue tomava conta do ar. Dois corpos estavam carbonizados sobre o chão, quase irreconhecíveis. Dei um passo para trás, tentando processar a situação. Minha respiração pesou, e uma onda de enjoo subiu pela minha garganta.
Assustada com aquilo e sem perder mais tempo, corri até meu pai e Daryl que vieram correndo, Carol também se juntou a nós. Eu, papai e Dixon olhávamos os cadáveres com uma expressão de incredulidade. O silêncio pairava com um peso adicional, ninguém sabia o que falar.
Já tínhamos que lidar com os mortos, a doença, e agora isso. Cada vez mais as coisas ficam bizarras por aqui.
── Eu fui ver a Karen, e aí eu vi o sangue no chão. ── Tyreese quebrou o silêncio, apontando para o rastro de sangue. ── Depois, senti o cheiro. Alguém arrastou eles pra cá e colocou fogo neles! Mataram e botaram fogo neles! Policial. Ache quem fez isso e traga pra mim. Entendeu? Traga pra mim!
── A gente vai achar quem… ── Daryl tentou acalmar o homem, porém Tyreese apenas o empurrou.
── Tenho que falar de novo? ── Questionou, furioso.
Papai negou com a cabeça. ── Não. Eu sei como você se sente. Eu passei por isso. Você viu. É perigoso.
── A Karen não merecia isso, nem o David. Ninguém merece! ── Exasperou.
── Tudo bem, olha aqui…
Mais uma vez Tyreese impediu Dixon o dando um empurrão e o prendendo contra a parede. ── Eu não vou a lugar nenhum enquanto eu não descobrir quem fez isso!
── A gente tá do mesmo lado, cara. ── Daryl tentou acalmá-lo, mas parecia impossível.
── Ei, olha. Eu sei o que tá passando. ── Meu pai se aproximou devagar, também tentando acalmar ele. ── Todo mundo já perdeu alguém. Eu sei o que tá passando agora, mas você tem que ter calma.
Tyreese soltou Daryl e empurrou meu pai. ── É melhor você ficar bem longe de mim!
Me aproximei tentando separar espaços antes que aquilo desse em briga, mas eu não tinha tanta força para segurá-los.
O ex-xerife se reergueu e respondeu: ── Ela não ia querer te ver assim. ── Ty apenas deu um soco no rosto do meu pai, fazendo com que ele caísse.
── Parem! ── Exclamei, tentando fazer alguma coisa. Me aproximei do meu pai e tentei dividir espaços novamente. ── Para!
Tyreese me ignorou e desferiu outro soco em meu pai. Ambos ignoravam os meus gritos e de Carol pedindo para pararem com aquilo, era em vão. Daryl tentou agarrar Ty e o impedir. O ex-xerife se levantou e socou de volta o homem e logo aquilo se tornou uma briga.
Rick deu chutes nele, o fazendo cair e logo em seguida desferiu mais socos no rosto do mesmo. Ele estava completamente fora de si. Me aproximei tentando puxar, porém ele apenas me empurrou para trás e me fez cair sobre o chão.
Daryl e Carol me ajudaram a ficar de pé e depois eu apenas vi o caçador se aproximando e tentando segurar meu pai, o fazendo finalmente parar com aquela briga.
De repente, Tyreese começou a choramingar deitado no chão, seu rosto estava todo machucado e a mão de meu pai também.
Olhei para os olhos de Daryl e disse: ── Leva o Ty pro Hershel, eu cuido do meu pai.
Quando Daryl concordou, me aproximei de meu pai e o ajudei a ficar de pé. Nós fomos até a enfermaria, onde eu peguei o kit de primeiros socorros e comecei a limpar sua mão.
── O que caralhos deu em você? ── Perguntei, enquanto passava o algodão molhado com álcool no ferimento da mão.
── Eu não sei. Eu perdi a cabeça. ── Respondeu sem olhar para mim. ── Eu te empurrei, você tá bem?
Olhei brevemente para meu pai. ── Tô. Só estou preocupada com isso que aconteceu. ── Finalmente terminei de limpar o ferimento. ── Vai ficar inchado por pelo menos uma semana. Ainda bem que você não vai precisar de pontos. Quer me explicar por que você tá assim? A gente acabou de passar por algo horrível, sei como deve estar, também estou comovida com isso. Fizemos de tudo e mesmo assim a praga entrou.
Finalmente papai ergueu o olhar para mim. Peguei a gaze e comecei a enrolar na mão dele. ── Ela sempre esteve aqui.
Dei um suspiro fundo, papai tinha razão. ── Marquei para reunir o conselho ainda hoje. Achei que deveria saber. Acabamos de perder 12 dos nossos. Karen e David foram mortos por sabe se lá quem. Sem dúvida alguma isso é um surto. ── Peguei o esparadrapo e finalizei o curativo.
── Eu acho que já causei danos demais por hoje. Te empurrei, espanquei o Tyreese…
Olhei para seu rosto e larguei a mão dele. ── Não se culpe por isso, às vezes é normal sairmos dos trilhos.
Papai olhou para meu rosto e levantou a mão com o curativo. ── Acha que isso é normal?
Dei de ombros e um pequeno sorriso. ── Eu disse às vezes. Lembra do dia que eu briguei na escola? Eu espanquei aquela garota da minha sala e quase fui expulsa. Você me deixou de castigo por uma semana e depois eu nunca mais fiz isso. A gente vai passar por isso, pai. Vamos ficar bem. Somos fortes. Eu tô aqui pra te ajudar. ── Sorri minimamente, me aproximei e dei um beijo em sua bochecha. ── Eu te amo.
── Eu também te amo. Me desculpa por ter feito você ver isso. ── Papai respondeu olhando para meu rosto
Concordei com a cabeça e me levantei. ── Tá desculpado. ── Me virei e saí andando para o lado de fora da enfermaria.
Quando chegou o horário, o conselho se reuniu na biblioteca. Todos estavam lá, menos Sasha, pois ela ficou doente. Sentada entre Tayssa e Daryl, eu ouvia o que os outros tinham a dizer.
── Se espalhou. Todos que sobreviveram ao ataque no bloco D. Sasha, Caleb, e agora os outros. ── O Greene contou, com um pouco de desânimo em sua voz.
── O que vamos fazer? ── Carol perguntou.
Hershel olhou para a mulher e respondeu: ── Em primeiro lugar, o bloco A, será isolado. Vamos manter as pessoas doentes lá, assim como tentamos com Karen e David.
── Mas mesmo assim tem chances da doença continuar se espalhando. ── Disse Tayssa, preocupada.
── Quem entrar no bloco A, não poderá sair. Não até acharmos uma vacina ou antibiótico. ── Expliquei, olhando para ela.
Carol assentiu, levando seu olhar até mim. ── Vou pedir pro Rick fazer uma linha do tempo de quem, quando e onde. Mas o que faremos pra parar com isso?
── Não tem como parar. ── Disse o Greene. ── Se pegar, vai ter que enfrentar.
── Mas acaba matando. ── Tayssa exprimiu, atraindo nossos olhares.
── A doença não mata, os sintomas sim. Precisamos de antibióticos. ── Disse o ex-fazendeiro.
── Já fomos a todas as farmácias da região, e muitas outras. ── Daryl falou para o ele, o deixando em silêncio.
Nesse momento, acendeu uma luz na minha cabeça, então falei: ── A faculdade de veterinária da West Peachtree Tech. Lá deve ter os antibióticos que vamos precisar.
── É uma boa ideia. Lá é um lugar onde não devem ter ido atrás de medicação. Sem falar que os remédios de animais lá são os mesmos que precisamos.
Concordei com a cabeça. ── São 80km. Era muito arriscado antes. ── Falei e ajeitei minha postura. ── Não deve ser mais. Eu vou levar um grupo comigo.
Daryl olhou em meus olhos, querendo me repreender, mas apenas se levantou da cadeira e pegou sua besta. ── Eu vou junto. Não vamos perder mais tempo.
── Também vou. ── Michonne se aproximou.
Hershel olhou para a mulher. ── Você não foi exposta. Hannah e Daryl foram. Se entrar no carro com eles…
── Daryl já me passou pulga. ── Michonne respondeu, tirando uma risada sincera do meu rosto.
Greene também se levantou da cadeira. ── Posso mostrar o caminho. Sei onde guardavam tudo.
── Enquanto estivermos fora é a mesma coisa. ── Disse Daryl olhando para o mais velho. ── Uma hora temos que correr.
── Eu posso fazer um mapa. ── Hershel falou, então concordamos. ── Tem outras precauções que precisamos tomar.
── Quais?
Hershel olhou para Carol. ── Não temos como saber quanto tempo vai levar pro Daryl e o grupo voltar. Não seria melhor separar os mais vulneráveis? Podemos usar o prédio da administração, salas e quartos separados.
── Quem são os mais vulneráveis? ── Glenn perguntou.
── Os mais jovens.
── E quanto aos mais velhos? ── Perguntou o coreano.
Fiquei pensativa por um tempo. ── Separamos ambos. Lá tem bastante salas, devem caber todos. Jovens em uma sala e os velhos em outra. Você pode separar eles por mim, Hershel. ── Falei, vendo o mais velho apenas concordar, eu agradeci, então fui com Daryl.
Quando a reunião acabou, eu e Dixon fomos atrás das pessoas, precisávamos montar nosso grupo e arrumar tudo para irmos até a faculdade.
── Você deveria ficar.
Olhei para ele. ── Preocupado, Dixon? ── O mesmo me olhou em silêncio. No fundo eu sabia que sim. ── Esse é o fardo de ser uma líder. Você tem que se arriscar pelos outros e é isso o que eu vou fazer. Eu daria minha vida por cada um aqui.
Daryl ficou um tempo em silêncio. ── É. Talvez eu esteja preocupado. ── Confessou, me fazendo olhar ele surpresa. ── Não sabemos como está lá.
── Tenho confiança em mim. Sei que vou conseguir. ── Falei pegando as armas e colocando no porta-malas do carro que íamos.
Daryl pegou as ferramentas para arrumar o veículo e abriu o capô. ── Você vai.
Sorri e me aproximei dele, fitei seus lábios e depositei um beijo breve. Dixon prolongou o beijo abraçando e apertando minha cintura. Mordi seus lábios durante o beijo e logo senti algo duro entre minhas pernas.
Parei brevemente o beijo. ── Se controla. Aqui não é lugar. ── Daryl mostrou um fantasma de sorriso e voltou a me beijar intensamente.
Mas paramos quando ouvimos a voz de Michonne: ── Não sabia que vocês namoravam.
Confesso ter ficado tímida. ── E não namoramos. ── Disse Daryl, me fazendo ficar em silêncio.
Michonne deu uma risada anasalada. ── Não é o que parecia agora há pouco.
Eu dei um pequeno sorriso tímido e desviei o olhar.
Talvez eu tenha ficado um pouco chateada quando Daryl disse que nós não namorávamos, mas ele não mentiu. Mas neste momento a minha ficha caiu, o que eu e Daryl éramos? Nós tínhamos uma amizade colorida? Ou ele só gostava de se divertir comigo?
── Eu vou… vou… pegar as outras coisas. ── Disse, tentando me afastar de Michonne e Daryl.
No fundo tinha medo dele não me amar, dele somente estar comigo por sexo e me fazer de objeto.
Eu realmente tinha ido pegar as coisas que precisaríamos para ir. Agora, aquela coisa não saía da minha cabeça. Talvez eu seja tão boba que nunca notei que Daryl não me ama, e que infelizmente me iludi com tudo isso que rolou entre nós dois.
Depois de ter pego as coisas, no caminho de volta, ouvi a voz de Maggie: ── Ei. O que aconteceu? ── Ela parece ter notado minha cara de choro.
Isso fez com que eu forçasse um sorriso. ── Oi, Maggie. ── Olhei a mais velha.
Maggie tinha um semblante preocupado. ── Você tá bem?
Assenti com a cabeça. Não queria a incomodar com aquele sentimento bobo. ── Estou, e você? Não se aproxime muito, eu fui exposta. ── Greene parou alguns metros de mim.
── Você não parece bem. Tá com cara de choro.
Suspirei fundo. Confesso que precisava desabar, porém não sabia onde Glenn estava. ── Acho que Daryl não sente o mesmo por mim, acho que me iludi.
── Por que acha isso?
── Você riria de mim se eu te contasse. ── Maggie ficou aguardando eu falar, então confessei: ── Michonne nos flagrou se beijando, ela falou que éramos namorados e Daryl negou. Isso me chateou, mas ele não mentiu. ── Dei uma pequena risada nervosa.
A mais velha abriu um sorriso. ── Você tá toda boba por ele. Por que não se confessa?
── Não tenho coragem. ── Falei com desânimo. ── Na verdade, tenho medo do que ele vai responder. Medo de não ser recíproco.
Maggie ficou em silêncio alguns segundos. ── Eu tenho certeza que é recíproco. Já viu como o Daryl te encara? Ele nem esconde.
── Quem sabe? ── Sorri, tentando ter esperança.
── Se eu pudesse ia até aí e te dava um abraço. Vocês vão ficar bem. Você vai ver.
── Espero que sim. Vou levar essas coisas até lá. Até mais, Maggie.
A ex-fazendeira se despediu, e eu caminhei de volta até o carro que dessa vez estava consertado e pronto para partirmos. Quando cheguei, evitei contato visual com Daryl, o que fez com que ele notasse o meu jeito diferente, toda hora sentia seu olhar queimando minhas costas.
Depois desse tempo, Tyreese se voluntariou para ir conosco. O grupo então seria de cinco, eu, Daryl, Ty, Michonne e Bob. Só espero que tudo dê certo. Espero que a gente consiga os remédios e voltemos todos bem e vivos.
Entrei no carro, então partimos para a estrada que nos levaria até a faculdade. Eu estava no banco da frente ao lado de Daryl, algumas vezes nós dois trocamos olhares e até mesmo nos olhávamos por segundos, mas eu sempre ficava calada ou quebrava aqueles olhares. Não sei porque fiquei chateada, ele não mentiu para Michonne. Mas doía, porque eu o amo, eu o amo de verdade. A cada dia que passava eu notava ainda mais esse sentimento apertando meu coração. Uma hora eu iria explodir e apenas falar tudo para ele.
Daryl cansado daquele silêncio finalmente disse algo: ── Me passa um desses CDs aí.
Olhei brevemente para ele, então trocamos o olhar. Eu suspirei fundo, abri o porta-luvas e tirei os CDs.
── Tá tudo bem com você? ── Assenti com a cabeça mentindo. Eu claramente não estava bem.
Eu abri a caixinha com CD e no momento que fui colocar para tocar, ouvimos uma mensagem vinda da rádio. A mulher falava sobre sobreviver e achar abrigo. Daryl aumentou o volume da rádio e eu ouvi atentamente, ficando assustada com aquilo. A concentração na mensagem era tanta que alguns segundos depois, batemos o carro em zumbis e demos de cara com diversos outros. Era uma horda gigantesca.
── Que porcaria. ── Resmunguei observando os vários mortos que vinham para cima do carro.
Dixon apenas disse: ── Segurem aí. ── Deu ré no carro, porém o carro atolou nos zumbis que estavam no caminho.
── Vai pra esquerda. ── Apontei. O mesmo pisou, mas o veículo sequer se mexeu.
── Tá atolado. ── Respondeu. ── Corre pras brechas ali. ── Em seguida olhou para trás. ── E vocês três corram para a floresta e não param por nada. Agora!
Tirei minha faca do coldre e comecei a eliminar os podres que estavam perto, com a minha pistola eu atirava nos zumbis que estavam mais longe, na tentativa de abrir um caminho para eu passar. Daryl me dava cobertura com a besta e vinha logo atrás de mim.
Eu, Daryl, Michonne e Bob conseguimos chegar intactos na beira da floresta, então ficamos observando Tyreese lutar sozinho e massacrar os mortos. Ele estava surtado com a morte de Karen e David e tudo só piorou quando descobrimos que Sasha adoeceu. Ele também conseguiu chegar vivo até nós, então saímos correndo juntos. O local estava cheio de zumbis e para melhorar eles nos seguiam.
NOTAS DA AUTORA:
Sei que o capítulo está meio pequeno, porém estou meio ocupada esses dias. Amanhã ou segunda talvez postarei mais outro capítulo. ♡
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