Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

𝟶𝟷𝟿 ─ cinzas


꒰ 🥀 ꒱ capítulo dezenove:
── cinzas

꒰ঌ 🗡 ໒꒱ hannah grimes:


COM O QUE HOUVE, Rick mandou todos nós entrarmos para dentro da casa. Meu pai, Shane, Glenn e Daryl começaram a se afastar e eu fiquei parada apenas observando suas costas. Nesse segundo, minha garganta fechou e eu senti um pressentimento ruim que não sabia explicar. Meu peito ficou apertado, minhas mãos começaram a formigar, mas apenas continuei ali parada os vendo sumir entre as árvores e arbustos que cercavam a vasta floresta.

Maggie tocou gentilmente em meu ombro me tirando daquele breve transe e eu a segui para dentro da casa, onde todos nós nos reunimos. Eu fiquei sentada em uma poltrona próxima à uma janela onde, às vezes, observava o lado de fora, no aguardo de vê-los voltando.

Quando passou cerca de meia hora, um som de tiro ecoou pelas redondezas, deixando todos nós que estávamos na casa aflitos.

── Talvez tenham encontrado Randall. ── Andrea tentou amenizar a tensão que se formou.

Olhei para a loira e fiquei pensativa. As coisas estavam estranhas.

── Eu vou atrás deles. ── Andrea quebrou o silêncio mais uma vez.

── Não. Eles podem estar em qualquer lugar. E se o Randall voltar, vamos precisar de você. ── Lori tentou impedir.

Quando a porta foi aberta, Glenn e Daryl passaram por ela, eles estavam de volta e aparentemente estavam bem, o que fez meu coração ficar mais calmo. Porém, onde estavam Shane e meu pai?

── Rick e o Shane voltaram? ── Dixon indagou, procurando pelos dois com o olhar.

── Não. ── Fui direta, evitando contato visual com o caçador.

Daryl deu um suspiro e continuou: ── Ouvimos um tiro.

── Devem ter achado o Randall.

O mesmo negou com a cabeça. ── Nós o achamos.

Como eu disse, as coisas estavam estranhas e isso não é só de hoje. Desde que chegamos a essa fazenda, muitas coisa vem acontecendo. Com a negação de Daryl, cruzei os braços e fiquei pensativa.

── Vocês o puseram no galpão? ── Maggie indagou, parando ao meu lado.

── Não, ele virou zumbi. ── Daryl revelou, deixando todos nós apreensivos.

Hershel fitou a dupla e perguntou: ── Você achou o zumbi que o mordeu?

── Não. O estranho é que ele não foi mordido. ── Glenn respondeu para o anfitrião.

── O pescoço tava quebrado. ── Daryl completou.

── Então ele lutou? ── Patrícia ficou confusa.

── O lance é que, os rastros do Shane e do Randall, estavam um em cima do outro. E o Shane não sabe rastrear, então ele não veio atrás dele. Eles estavam juntos. ── Dixon explicou deixando tudo ainda mais confuso.

Apreensiva, minha madrasta se levantou. ── Você pode, por favor, voltar pra lá e achar o Rick e o Shane e descobrir o que tá acontecendo?

Daryl assentiu. ── Pode deixar.

Mesmo depois da briga com meu pai, eu não conseguia deixar de me preocupar com ele. Aquela sensação estranha que senti mais cedo ainda persistia, como se algo ali não se encaixasse, como se algo estivesse errado.

Quando Daryl saiu, eu peguei minha jaqueta e fui para fora. ── Espera!

O mesmo se virou para mim. ── Volte lá pra dentro e fique com sua família. ── Disse ele, num tom quase autoritário.

── Ele é meu pai. ── Insisti.

Caminhei até a varanda e parei ao lado dele. Daryl estava prestes a falar alguma coisa, porém se calou assim que olhou para o celeiro. Meu olhar seguiu o dele e quando avistei a horda gigantesca de zumbis, meu coração errou as batidas.

Era tão maior quanto aquela que nos deparamos umas semanas atrás na estrada.

Daryl me puxou para dentro da casa, onde nós alertamos a Hershel, que saiu conosco e observou a situação com seus próprios olhos. Assim como nós, ele também ficou um tempo paralisado, em choque. Acho que o velho nunca tinha visto tantos podres juntos antes.

O grisalho se virou para Patrícia e disse: ── Patrícia, apague as luzes. ── Sem questionar, a loira se afastou e foi fazer o que Hershel pediu.

── Vou pegar as armas. ── Andrea avisou.

── Talvez estejam apenas passando como o bando na estrada. ── Supus ainda fitando a situação que só parecia piorar.

── Não é melhor entrar então? ── Glenn exprimiu olhando para mim.

Daryl fitou o coreano e respondeu: ── Não a menos que haja um túnel lá embaixo que eu não saiba. Um bando desse vai pôr a casa abaixo.

── O Carl sumiu. ── Lori deu a notícia, o que me fez a olhá-la de imediato.

A notícia bateu como um soco. Meus olhos arregalaram e, por um segundo, tudo ao meu redor pareceu ficar em silêncio, como se o mundo tivesse parado. Minhas mãos começaram a ficar trêmulas, e eu dei um passo em direção à Lori, sentindo meu coração acelerar de preocupação.

── Como assim ele sumiu? Ele estava lá em cima agora há pouco! ── A preocupação e a urgência ficou transparente em minha voz.

── Ele estava. ── Minha madrasta respondeu com a mesma voz desesperada. ── Mas não consigo mais achar ele.

── Talvez esteja se escondendo. ── Carol supos.

── Ele devia estar lá em cima. Eu não vou sair sem meu filho. ── Lori disse firmemente, segurando as lágrimas.

── Não mesmo. ── Carol se aproximou da Grimes e a confortou. ── Vamos procurá-lo e vamos achá-lo ── Elas saíram andando juntas para dentro novamente.

Fiquei imóvel por um instante, observando a tensão crescer ao meu redor enquanto o desespero me consumia. Eu esperava que, a qualquer momento, Carl fosse aparecer, cada segundo sem sinal dele parecia tornar a situação mais sombria.

Ao meu redor, o caos tomava conta, os mortos se aproximavam, e a única opção parecia ser fugir ou enfrentar nosso fim ali. Meu pai e Shane ainda não haviam voltado.

Quando Andrea se aproximou com a bolsa de armas, agachei-me sem hesitar, pegando uma pistola e algumas munições. Carreguei a arma rapidamente e a prendi no coldre da minha calça, sentindo o peso frio do objeto.

Percebi Maggie carregando uma pistola também, deixando Rhee surpreso. ── Quando você cresce no campo, você aprende umas coisas também. ── Disse ela após notar o olhar dele.

Daryl intercalou seu olhar até nós. ── São muitos, não vai adiantar.

── Você pode ir se quiser. ── Hershel respondeu.

── Acha que vai matar todos?

── Nós temos armas. Nós temos carros. ── O grisalho engatinhou sua arma.

── Vamos matar quantos pudermos. Usamos os carros pra levar o resto pra fora da fazenda. ── Disse Andrea.

Dixon fitou os dois e fez um olhar cético. ── Fala sério?

── É minha fazenda. Eu vou morrer aqui. ── Greene foi direto.

Eu continuei observando o celeiro e por fim dei um suspiro longo de desânimo. ── A gente não dá conta daquilo tudo nem ferrando.

── É uma noite boa como qualquer outra. ── Foi a última coisa que o Dixon disse antes de pular o cercado da varanda.

Observei os movimentos ágeis dele. ── Onde você vai?

── Dar uma volta. ── O caçador respondeu para mim.

Por um momento, eu quis ir junto, porém não disse nada, apenas observei os olhos dele em silêncio. Sua íris escura era tão atraente que não pude evitar de molhar meus lábios com a ponta da língua.

Assenti devagar com a cabeça e me afastei do cercado. ── Só… tome cuidado. ── As palavras saíram meio baixas.

Um sorriso invisível se formou no rosto dele. ── Achei que ia encher o meu saco pra ir junto, eu não iria recusar.

── Não tô afim de virar jantar de zumbi, e meu irmão ainda está desaparecido. ── Apenas disse isso.

Observei as costas do Daryl enquanto ele desaparecia na escuridão, o ronco da moto se perdia ao longe. Uma sensação amarga tomou conta de mim nesse momento. Não suportava a ideia de estar brigada com ele, mas as palavras que ele falou ontem ainda estavam marcadas em mim, como uma ferida que não cicatriza.

E quanto ao meu pai... Ele tentou se desculpar, mas, sinceramente, ainda me sinto magoada com tudo o que ele disse. A cada dia que passa, parece que ele se afasta mais, e às vezes eu sinto que o Shane faz mais o papel de pai do que o próprio Rick. Só que agora até o Shane anda distante, e ele também anda agindo como um babaca.

Talvez seja isso que o apocalipse faz com a gente, tira quem a gente é, empurra para uma realidade onde confiar e se apegar são os maiores riscos.

O som de tiro no lado de fora estava ecoando por todos os lados. Quando entrei para dentro da casa, fiquei próxima a uma janela, perto de onde Beth estava. A loira me cutucou levemente e apontou para fora, onde pudemos ter visão do celeiro em chamas.

Patrícia parou entre nós duas e fitou o exterior entre as frestas. ── Os mortos estão indo pra lá. Talvez o Rick tenha posto o fogo para atraí-los.

── Não acho o Carl em nenhum lugar. ── Lori disse com desespero em sua voz, descendo das escadas e sendo seguida por Carol.

── Talvez ele tenha ido lá pra fora. ── A grisalha supôs.

A tensão com o sumiço do meu irmão só aumentava. Eu observava as duas discutindo enquanto meu pé batia incessantemente no assoalho de madeira da casa. Eu me perguntava a cada segundo onde Carl havia se metido.

── O que eu faço? ── Lori aumentou o tom de voz.

── Ele estava aqui. Ou quem sabe ele fugiu.

── Ou talvez tenha ido atrás do nosso pai. ── Completei as palavras de Carol, ficando cada vez mais tensa.

Patrícia fitou nós três e disse: ── Vai ver foi ele que colocou o fogo.

Patrícia e Beth ainda estavam observando pela fresta da janela. Os zumbis estavam cada vez mais próximos da casa. Hershel estava lá fora tentando matar os que conseguia, mas eram muitos e logo sua munição provavelmente acabaria.

Lori e Carol continuaram procurando pelo meu irmão, enquanto eu continuei com um binóculo no andar de cima da casa vendo se o encontrava, mas até agora nenhum resquício dele. Meus cabelos já estavam começando a ficar brancos de preocupação e a ansiedade me deixava cada vez mais sem fôlego.

── Beth, Hannah, Patrícia, vamos lá. ── Carol gritou pelos nossos nomes, me fazendo descer as escadas. ── Temos que ir agora.

Desci com uma certa pressa e tirei meu revólver do coldre. Do jeito que estava ao redor, iríamos precisar de sorte para que não acabasse a minha munição. Lori estava do lado de fora ajudando Hershel a eliminar os zumbis que quase mordiam o homem, então eu me juntei.

── Hershel! ── Gritei pelo grisalho, enquanto pegava a bolsa de armas. ── Anda logo, Hershel! Hershel!

Eu e Lori gritamos pelo velho, mas ele parecia surdo, apenas nos ignorava e continuava atirando naqueles podres. Minha madrasta puxou a minha mão e juntas nós duas saímos correndo pela varanda mais ao fundo.

Com os mortos se aproximando, tratei de dar cobertura enquanto corríamos. Acontecia tudo tão rápido e era tanta adrenalina que eu estava cada vez mais tensa.

De repente, ouvi um grito e quando olhei para trás me deparei com um zumbi agarrando e mordendo o pescoço de Patrícia, o que fez Beth entrar em desespero e começar a chorar. Mais mortos começaram a aparecer e já não tinha mais o que fazer, não tinha como salvar a mulher, mas mesmo assim a Greene relutava e não queria soltá-la.

Peguei na mão da garota e após muito esforço consegui fazê-la soltar a mão de Patrícia, puxando-a para correr para longe dali, porém, dessa vez, havíamos nos perdido de Lori e Carol, que provavelmente continuaram em frente sem perceber o que houve.

Quando olhei para frente, uma picape azul estacionou bruscamente bem em nossa frente, T-Dog e Andrea estavam dentro. Em seguida, ouvi os gritos de Carol, a grisalha e Lori estavam cercada por zumbis. A loira desceu com pressa do veículo azul e correu com uma arma até as mulheres, enquanto eu e a Greene entramos dentro do carro.

── Temos que ir! ── Apressei T-Dog, vendo os mortos cercando cada vez mais a picape. ── Anda!

T pisou no acelerador e finalmente começamos a nos afastar da fazenda, deixando todos aqueles mortos para trás.

Quando amanheceu, já estávamos longe. Beth estava com a cabeça deitada sobre o meu colo, enquanto não parava de choramingar baixinho. Eu a acolhia e tentava acalmá-la, mas eu estava quase na mesma situação.

── A gente tem que voltar. ── Falei para T-Dog que estava concentrado na estrada.

O homem me olhou de canto de olho. ── Voltar para aqueles zumbis?

── Voltar para a rodovia. ── Pontuei. ── Se eles estiverem em algum lugar, vão estar lá. Você tá indo pelo caminho contrário.

── Nós vamos pro leste pra chegar à costa. Já devíamos ter feito isso desde o começo. ── T retrucou. ── Só temos uma chance de sair daqui inteiros.

── Eu tenho que achar a minha família e a Beth também! ── Argumentei, mas T continuou em silêncio. ── Para o carro. Para o carro! ── Ordenei e abri a porta do carro com ele ainda em movimento. ── Vai pra rodovia ou deixe-nos sair. Agora! ── Mais uma vez minha voz saiu autoritária.

T-Dog olhou incrédulo para mim e deu um suspiro pesado. ── Vocês são duas malucas.

Assim que fechei a porta do carro T-Dog deu meia-volta e pegou a estrada em direção à rodovia, que ficava uns quinze quilômetros de onde estávamos. No caminho, nos deparamos com outros carros do grupo. Carol estava na garupa da moto de Daryl, enquanto Maggie, Glenn e Lori seguiam no carro que Glenn dirigia. Ainda faltavam alguns de nós, mas a esperança era de que eles estivessem vivos e também encontrassem o caminho para a estrada.

Ao chegarmos na rodovia, o alívio tomou conta de mim ao ver meu pai e Carl, Hershel também estava lá com eles. Sem pensar duas vezes, corri até eles e abracei Carl com força, segurando-o como se nunca fosse soltá-lo. Ele retribuiu o abraço do seu jeitinho e quando me levantei novamente mexi divertidamente em seu chapéu.

Depois, Carl foi para os braços de Lori, e meu pai me puxou para um abraço apertado. Dessa vez, eu retribuí na mesma intensidade, me sentindo segura em seu enlace e tentando ignorar um pouco os tumultos dos últimos dias. Por alguns instantes, tudo pareceu estar em paz.

Todos nós abraçamos nossos familiares, comemoramos por nos reencontrar.

Quando papai me soltou, olhou para Dixon que já nos observava em silêncio. ── Onde você encontrou todos?

── Vi as lanternas dos carros ziguezagueando pela estrada. Achei que era o japonês dirigindo. ── O Dixon brincou, tirando uma risada do coreano.

── Cadê o resto? ── Daryl perguntou ao meu pai.

Papai olhou para o homem e respondeu: ── Somos os únicos que conseguiram até agora.

── O Shane? ── Lori perguntou mas papai apenas negou com a cabeça, então entendemos o que aconteceu.

── E a Andrea? ── Glenn perguntou, atraindo nossos olhares.

Carol olhou para ele. ── Ela me salvou, depois a perdi.

── A gente viu ela cair. ── Digo. 

── E a Patricia? ── Hershel indagou.

── Pegaram ela. Pegaram ela bem na minha frente. Eu tava de mão dada com ela, papai. ── Beth respondeu com tom choroso e Hershel apenas a abraçou. ── Mas e o Jimmy? Vocês viram o Jimmy?

── Ele estava no trailer. Ele foi dominado. ── Papai respondeu, deixando a mesma ainda mais triste.

── Vocês viram mesmo a Andrea caindo?

── Havia zumbis pra todo lado. ── Disse, desviando o olhar e dando um suspiro. ── Talvez ela esteja vindo para a estrada também.

Dixon foi até a sua moto. ── Eu vou voltar.

── Não. ── Me aproximei da moto do mais velho e tentei impedir.

Dixon olhou para mim e respondeu: ── Não dá pra deixar ela.

── Nem sequer sabemos se ela tá lá. ── Respondi olhando para os olhos do mais velho.

── Ela não tá lá. ── Papai exprimiu. ── Ela tá em outro lugar. Ou está morta. Mas não há como achá-la.

── E nem vamos procurar por ela? ── Glenn nos questionou.

O ex-xerife lançou um olhar rápido para o amigo, avaliando a situação, e então começou a observar o entorno com um olhar atento e calculista. Ao seguir o olhar dele, percebi o que ele já tinha notado, havia mortos ao redor, mais do que o normal. O lugar não era seguro, não depois do que tinha acontecido ontem à noite.

── Temos que continuar andando. Tem zumbis andando por todo lado aqui. ── Exprimiu.

── É melhor a gente ir pro leste. ── T-Dog sugeriu.

── Fora das vias principais. ── O Dixon completou indo até a moto mais uma vez. ── Quanto maior a estrada, mais zumbis. Como esse infeliz ai, deixa comigo. ── Finalizou o caminhante com uma flecha.

Todos nós entramos novamente para dentro dos carros. Dessa vez, fiquei com a minha família. Papai dirigia, enquanto T-Dog ia ao seu lado e eu, Carl e Lori íamos nos bancos de trás. O meu irmão estava o tempo inteiro com sua cabeça deitada sobre minhas pernas, seu rostinho era angelical enquanto descansava e eu só conseguia prestar atenção ao lado de fora.

O mundo estava literalmente um caos, mas a natureza ainda era bela e eu sentia saudade de contemplar a paisagem enquanto ouço uma música, mas infelizmente perdi meu mp3 na fazenda.

….

Depois de horas na estrada, o céu já estava pintando cores como se fosse anoitecer. De repente, meu pai bateu no volante e soltou um resmungo baixo, parando logo em seguida.

Parei de acariciar os fios de cabelo do meu irmão e olhei para frente tentando entender o que aconteceu.

── O que foi? ── Lori perguntou.

── A gente tá na reserva há uma hora. ── Papai disse olhando para a esposa.

── Então é melhor avisar pra não esquecerem da gente. ── T sugeriu.

Meu pai buzinou, fazendo o carro de Maggie e a moto de Daryl pararem. Todos nós descemos dos veículos e nos reunimos no meio da estrada. Fora do veículo, estava um gelo. Com a chegada do outono as noites estavam frias. Apertei com força a minha jaqueta contra o meu corpo e vi Daryl se aproximando de nós.

── Sem gasolina? ── Daryl indagou.

O mesmo assentiu. ── O tanque secou.

── A gente não pode ficar aqui. ── Maggie disse.

Me aproximei dos outros junto a Lori e meu irmão. ── Não mesmo. Tá muito frio. ── Continuei apertando minha jaqueta.

Glenn assentiu com a cabeça. ── E não vamos caber todos num carro. ── Completou.

Meu pai virou para nós e respondeu: ── Vamos ter que procurar gasolina de manhã.

── Passar a noite aqui? ── Carol questionou meio indignada.

── Eu tô congelando. ── O meu irmão exprimiu e eu vi Lori o abraçando para tentar esquentá-lo.

── Vamos fazer uma fogueira, né? ── Lori indagou para o marido.

Daryl olhou para nós. ── Se forem procurar lenha, fiquem perto. Só tenho algumas flechas. Como está a munição?

Meu pai verificou e lançou um olhar de desânimo, guardando novamente seu revólver. ── Não vai dar.

── Eu acho que só tenho mais três balas. ── Respondi, mexendo no bolso da minha jaqueta para verificar se havia mais, porém não achei nada.

── A gente vai se ferrar se ficar aqui dando bandeira. ── Maggie falou.

A Greene tinha razão. Além do frio, estávamos próximos a um bosque, a chance de zumbis aparecerem era enorme.

── Olha como fala. ── Hershel olhou para a filha mais velha. ── Ninguém entra em pânico e escutem o Rick.

── Vamos estabelecer um perímetro. ── Papai começou a dar suas ordens. ── De manhã, vamos achar gasolina e alguns suprimentos. Vamos continuar.

── O Glenn e eu podemos voltar e tentar pegar gasolina. ── Maggie sugeriu.

── Não, a gente vai ficar junto. Deus me livre se acontecer alguma coisa e as pessoas acabarem presas ou sem um carro. ── Disse Rick.

── Rick, estamos presos agora. ── Glenn rebateu.

Mais uma vez Rick se virou para nós. ── Eu sei que parece ruim. Todos nós já passamos por esse inferno, mas pelo menos um achou o outro. Eu não tinha certeza. Não tinha mesmo… mas conseguimos. Estamos juntos. ── Olhou para cada um de nós. ── Vamos continuar assim. Tem que ter um abrigo. Tem que existir um lugar.

── Pai, olha a nossa volta. Só tem zumbis, pra todo lado. ── Falei, tendo o olhar do meu pai. ── Acho que estão migrando ou algo assim. É perigoso!

── Tem que existir um lugar. ── Papai aumentou o tom de voz, me fazendo bufar com sua teimosia. ── Não apenas pra ficar, mas pra fortificar. Nos instalarmos, pra nos recompor… pra construir uma vida pra nós. Eu sei que tá lá fora. Só temos que achar.

── Por que os Grimes sempre tem que ser sempre tão teimosos? ── Perguntei retoricamente, revirando os olhos.

── Mesmo que a gente ache um lugar e pensemos que é seguro, nunca vamos saber por quanto tempo. ── Olhamos para a Greene mais velha. ── Olha o que aconteceu com a fazenda. A gente sempre pensou que lá era seguro.

Hershel olhou para a filha. ── Não vamos cometer esse erro de novo.

── Vamos acampar essa noite, bem ali. ── O ex-xerife apontou para um lugar em ruínas. ── E pegar a estrada logo de manhã.

── Parece certo pra você? ── Fitei Carol assim que a mesma se aproximou do Dixon.

── E se os zumbis vierem, ou outro grupo igual ao do Randall? ── Beth perguntou para meu pai.

── Sabe que eu achei o Randall, não é? ── Daryl falou de repente. ── Ele virou zumbi, mas não foi mordido.

── Mas como isso é possível? ── Indaguei, olhando para o mais velho.

── Rick, o que aconteceu? ── Lori questionou, também confusa.

── O Shane matou o Randall. Do jeito que ele sempre quis. ── Dixon exprimiu.

── Mas e aí? O bando o pegou? ── Supus, intercalando meu olhar entre meu pai e Daryl. ── Ele foi mordido antes?...

Papai me olhou de volta e ficou hesitante em uma resposta. ── Estamos todos infectados. ── Confessou, deixando todos nós atônitos.

── O quê?! ── Daryl exclamou.

── No CCD, Jenner me contou. Seja lá o que for, todos nós contraímos. ── Meu pai explicou, nos fazendo nos entreolharmos.

Uma coisa era certa, todos nós ficamos de cara com aquela confissão, mas também ficamos indignados por meu pai nunca ter nos contado.

── E você nunca disse nada? ── Carol foi a primeira a questionar ele.

── Teria feito diferença?

── Você sabia esse tempo todo? ── Glenn também se frustrou.

── Como eu poderia saber com certeza? Você viu como aquele louco…

O Rhee cortou o meu pai: ── Essa decisão não é sua. Olha, quando eu descobri sobre os zumbis no celeiro, eu contei, pro bem de todos.

── Bom, achei melhor que vocês não soubessem. ── Papai rebateu e saiu andando.

Fiquei parada, apenas observando meu pai em silêncio e notando o quanto ele parecia cada dia mais frio e distante. O olhar dele atualmente era tão vazio, não tinha mais aquele brilho, era como se ele estivesse em algum lugar muito longe dali, talvez até em uma parte dele que eu já não reconhecia mais. Papai estava mudado, cada vez mais endurecido por tudo o que estávamos vivendo, ele se tornava cada dia um desconhecido para mim.

E, ali, sentindo o peso de sua ausência, me dei conta do quanto eu sentia falta do pai que ele era antes. Aquele pai amoroso que chegava cansado do trabalho, mas ainda sim arranjava um tempo para jogar videogame comigo e com Carl, que sempre ria das nossas piadas sem graça e fazia questão de nos ouvir. Sentia falta da nossa antiga vida na pequena e monótona King County, daquele lar que era simples mas tão seguro e confortável.

Talvez um dia eu me torne fria como ele está agora e isso é um pensamento que me assusta. A ideia de perder a minha humanidade, de me transformar em alguém que mal reconheço, me deixa com um certo medo. Mas talvez seja exatamente isso que o apocalipse faz com a gente… ele nos força a endurecer e amadurecer cedo demais, deixar para trás parte de quem éramos, partes que nunca imaginamos que iríamos perder.

….

Com o cair da noite, todos nós nos reunimos rentes à uma fogueira que acendemos para nos esquentar. Sentada sobre aquele chão frio, eu tentava me aquecer com o fogo.

Estava tudo um tédio gigantesco…

── Tá tudo bem? ── Daryl perguntou para mim, sua voz claramente tinha um tom de preocupação.

Como resposta, eu apenas assenti devagar com a cabeça, mas continuei em silêncio, apertando ainda mais a jaqueta contra o meu corpo. Quando olhei para o lado, vi Carol se sentando e deixando o caçador entre nós duas.

── Nós não estamos seguros com ele. Esconder uma coisa assim de nós. ── Ela disse ainda frustrada com a confissão. ── Por que precisa dele? Ele só vai te levar pro buraco.

Dixon ajeitou a lenha na fogueira. ── Não. Rick fez muito por mim.

── Você é o capanga dele, e eu sou um fardo. Ele te bateu. Você merece mais.

Talvez eu tenha ficado indignada com as palavras de Carol, mas não tirava a razão de sua frustração. Meu pai tem feito muito por nós, mas tem agido de forma meio estúpida, principalmente escondendo algo tão grande de todos nós.

Daryl deu de ombros, mas ficou em silêncio. ── Talvez eu tenha merecido aquele soco.

O homem olhou para os meus olhos por alguns instantes e nesses breves segundos eu me senti um pouco mais leve. Eu não sei como será daqui em diante, eu e Daryl vamos ficar mais vezes ou tudo se acabou? Eu só sei que ainda sentia todas aquelas coisas por ele. Meu coração ainda pertencia a ele, mesmo que eu odiasse admitir.

── O que você quer?

── Um homem de honra. ── Carol foi direta.

── Rick tem honra. ── Daryl rebateu as palavras da mais velha.

Com o silêncio que se formou, tudo ficou mais audível. De repente, ouvimos um som vindo do bosque, parecia algo ou alguém pisando nas folhas secas das árvores.

── O que foi isso? ── Indaguei assustada, colocando a mão sobre a magnum que estava no coldre.

── Pode ser qualquer coisa. ── Daryl respondeu para mim, tentando amenizar. ── Pode ser um guaxinim.

Guaxinim ou não, eu tirei a minha magnum do coldre e deixei ela em mãos. Eu não fui a única, os outros também se assustaram e fizeram o mesmo.

── Ou um zumbi. ── Glenn completou e logo vimos meu pai se aproximando do grupo.

── Precisamos ir embora. ── Carol falou, ainda indignada. ── O que estamos esperando?

── Pra qual lado? ── Glenn perguntou.

Maggie apontou. ── O som veio de lá.

── De onde nós viemos. ── Beth pontuou.

Papai observou todos nós e falou: ── A última coisa que precisamos é todo mundo saindo correndo no escuro. Não temos os veículos. Ninguém vai embora a pé.

── Sem pânico. ── Hershel pediu para nós com calma na sua voz.

Maggie fitou o pai e respondeu: ── Não é isso. Eu não vou ficar aqui parada esperando outro bando passar por cima de nós. Temos que ir agora.

── Ninguém aqui vai a lugar nenhum. ── Meu pai levantou a voz com um tom mais impaciente.

── Faz alguma coisa. ── Carol pediu.

O ex-xerife se virou para ela. ── Eu tô fazendo! ── Exasperou. ── Eu tô mantendo esse grupo junto, vivo! Eu estive fazendo isso o tempo todo, a todo custo. Eu não pedi por isso! Eu matei meu melhor amigo por causa de vocês!

Aquela confissão me fez arregalar os olhos. Então meu pai havia dado um fim em Shane. Todos em volta estavam atônitos, ninguém esperava por algo assim.

── Vocês viram como ele era. Como me provocava, como ele nos comprometeu, como nos ameaçou. Ele encenou a coisa toda com o Randall, me levou pra meter uma bala nas minhas costas. Ele não me deu escolha. Ele era meu amigo, mas ele veio atrás de mim. Minhas mãos estão limpas. Talvez seja melhor ficarem sem mim. Podem ir. Eu acho que há um lugar pra nós, mas talvez, seja apenas uma ilusão. Talvez eu esteja me enganando de novo. Por que vocês não vão e descubram por vocês mesmos? Me mandem um cartão postal. Podem ir, a porta está ali. Vocês podem fazer melhor? Vamos ver até onde vão chegar. Ninguém vai? Ótimo. Mas eu só vou dizer uma coisa. Se ficarem, isso não é mais uma democracia.


NOTAS DA AUTORA:

Eu nem acredito que chegamos no fim da segunda parte do primeiro ato 🥲🥲 daqui pra frente muitas coisas vão acontecer... muitas e quem é fã dessa série sabe muito bem.

Só tenho a agradecer quem vem acompanhando até agora, comentando e votando 🫶 vocês cada dia me dão mais motivação para postar capítulos.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro