
𝟎𝟏𝟖. 𝗅𝖾𝗍 𝗆𝖾 𝗂𝗇
𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐃𝐄𝐙𝐎𝐈𝐓𝐎
𝗆𝖾 𝖽𝖾𝗂𝗑𝖾 𝖾𝗇𝗍𝗋𝖺𝗋
- 𝐎𝐋𝐇𝐀, 𝐁𝐋𝐀𝐂𝐊, muitos me dizem que não tenho coração de verdade - Disse se olhando no espelho - Não isso não - Bufou.
- Sabe, tenho te ignorado a alguns dias atrás - Sorriu nervosa - Mas é porque estava com vergonha de você, bom, não de você, sua pessoa... - Se olhou decepcionada - Nossa, sou um desastre mesmo - Respirou fundo.
- Sabe - Disse Malia deitada na sua cama de barriga para baixo a olhando enquanto comia seu pacotinho de abóboras secas - Acho que você tem que saber no momento e ir no seu instinto mesmo, é só pensar positivo que você vai conseguir formular uma frase normal ao falar com ele - Sorriu.
- Hm, que seja - Revirou os olhos - Pareço patética fazendo isso - Riu.
- Mas ele é um menino que você gosta! Isso é algo incrível! Nunca participei disso com você antes - Sorriu balançando os pés.
- Eu não gosto dele! Já te falei isso! - Falou irritada vendo a amiga revirar os olhos - E to começando a achar que essa ideia sua é ridícula, prefiro continuar ignorando ele e fingindo que nada aconteceu - Deu de ombros.
- Isso faz semanas, June! Tá te afetando e eu consigo ver isso - Arqueou as sobrancelhas - E você sabe que eu tô certa - Sorriu convencida.
- Anh.. Não - Falou simples - Desisti disso, totalmente, ninguém vai fazer eu mudar minha opinião- A olhou cerrando os olhos enquanto a amiga a chamava de teimosa.
(...)
June estava a caminho de falar com Regulus, assim que o viu na escola, e seus olhos se encontram, tudo em sua mente pareceu parar de funcionar, como isso sempre acontecia.
E seu corpo inteiro praticamente estava implorando para ela ir e falar com ele, então era isso que estava fazendo.
Mesmo que tinha dito a Malia que não iria, e que nada mudaria sua opinião, sua opinião estava mudada, mesmo com medo e com receio de sua reação, ela precisava tentar.
Afinal, passou a vida toda presa atrás de paredes físicas e emocionais, e agora que estava livres delas, não queria ficar parada esperando outra parede se formar.
- Black - Falou June baixo, sem coragem de o chamar.
- June? - Franziu o cenho - O que faz aqui?
- É nosso lugar, não? - Olhou para cima, vendo as estrelas.
- Você tem me evitado a semanas - A olhou com cara de poucos amigos.
- Isso não é verdade - Encolheu os ombros.
- É sim - A olhou de lado.
- Bom, decidi que era hora de baixar minhas paredes para você - Continuou focada nas estrelas.
- Ah é?
- Sim, você quer calar a boca para ouvir? - Perguntou impaciente.
- Ah ok, tudo bem - Riu.
- A minha infância, não foi uma das melhores, não tive pais e nem amigos - Respirou fundo.
- Como assim?
- Bom, eu tive pais, mas eles não estavam lá, entende? - Piscou três vezes - Não deixavam eu sair de casa e nem fazer amizades, mas quando falava com eles.. - Sua voz falhou, mostrando que estava prestes a quebrar.
- O que? Você pode falar comigo - Disse vendo ela balançar a cabeça negativamente olhando para o céu - Hey - Puxou seu rosto com as mãos para ela olhar para ele - Me deixe entrar - Sorriu fraco.
- Quando falava com eles, não lidavam muito bem - Olhou para seu pescoço, evitando olhar em seus olhos - Ou me ignoravam, ou brigavam, ou me machucavam - Subiu um pouco a saia, mostrando sua cicatriz.
- Eu tenho uma igual - Sorriu fraco - Mas nas costas - Se virou, subindo a camisa.
- Seus pais? - Perguntou ela contornando a cicatriz com os dedos.
- Minha mãe - Piscou.
- Bom, se isso te faz sentir melhor, eu tenho mais algumas também - Riu.
- Não vamos mudar de assunto - Falou sério e ela resmungou.
- Bom, pais que não dão atenção aos filhos, consequentemente, eles crescem achando que não precisam de atenção, principalmente deles mesmos - Olhou para as estrelas novamente - Eu me fechei do mundo e de mim mesma - Fechou os olhos respirando fundo - O mais próximo de uma amizade que conheço é a Malia, e olha que mesmo assim, estraguei muita coisa com ela, sabe, não quero falar isso pra você, nem pra ninguém, é como se meu cérebro estivesse constantemente gritando para eu me fechar de novo, porque lá eu era segura, eu podia não ter ninguém mas pelo menos não sentia, e não sentir era não me machucar. Mas, com o tempo, comecei a me sentir vazia, porque nem ao menos ligava quando alguém fazia bullying comigo, o que acontece constantemente - Revirou os olhos.
Regulus fez um pequeno carinho em sua bochecha.
- Isso foi um dos principais motivos de eu simplesmente não querer nada com você, porque já fui torturada por meninos como você - Respirou fundo.
- Torturada? - Ele engoliu em seco, tentando esquecer os acontecimentos de umas semanas atrás.
- Sim Regulus, e eu era só uma criança! Por isso não suporto olhar para todos aqueles meninos supremacistas da sonserina sorrindo, olhando eles comendo suas comidas, sabendo que fazem essas coisas para mim e muitos outros nascidos trouxas, tudo por algo que não tive escolhe e eles sim! Eles têm escolha em qual lado escolher, e mesmo assim, ninguém, absolutamente ninguém quer punir eles, nem uma suspensão, nada! - Bufou frustrada.
- Eu sinto muito que se sinta assim, você sabe disso, mas não sou assim - Sorriu pequeno.
- Não sei, não sei se devo te dar um voto de confiança ou simplesmente sair correndo daqui, mesmo que todo meu corpo diga para eu ficar próxima a você - Revirou os olhos.
- Talvez devesse ouvir seu corpo - Brincou.
- Mas e se você acabar comigo? E se você me trair de um jeito que nunca esperaria?
- Não vou.
- Como que sei que você está falando a verdade? Eu mal te conheço, não sei nem seu nome do meio - O olhou nos olhos.
- É Arcturus - Sorriu - É estranho, eu sei, e o seu? - Colocou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.
- Delilah - Suspirou - Era o nome da minha avó - Sorriu triste.
- Então Lilah, agora que nós sabemos nossos nomes...
- Pera aí! Quem te deu permissão de me chamar assim? - O olhou indignada.
- Somos amigos agora, então posso escolher meu apelido para você - Sorriu abertamente.
- Ainda não concordei com isso, não sei se você vai acabar virando contra mim - Deu de ombros.
- Prometo que não - A olhou intensamente.
- Mesmo? - Perguntou insegura.
- Mesmo - Afirmou - Eu prometo nunca trair sua confiança.
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