𝟎𝟎𝟎. 𝕻𝖗𝖔𝖑𝖔𝖌𝖚𝖊, Tʜᴇ Wɪɴᴛᴇʀ ɪs Cᴏᴍɪɴɢ ✧.*
Capítulo zero: o inverno
está chegando.
O FRIO CORTANTE DO NORTE parecia ter vida própria, uma entidade invisível que sussurrava segredos antigos ao vento. Jacaerys Velaryon sentia cada um desses sussurros na pele, mesmo sob as grossas peles que o protegiam. O gélido manto branco se estendia até onde os olhos podiam ver, uma paisagem que parecia tão imutável quanto as estrelas acima.
Mas Jace sabia que até mesmo o mais sólido dos terrenos poderia se quebrar sob a pressão de forças maiores, como a guerra que agora ameaçava engolir Westeros.
Aegon havia usurpado o trono de Rhaenyra e a traição pesava como chumbo em seu peito. As notícias chegaram a Dragonstone como uma lâmina afiada, cortando qualquer esperança de paz que pudesse ter restado.
No entanto, não havia tempo para o luto por Viserys ou para a raiva; havia apenas a urgência de agir.
Com o olhar determinado de sua mãe em mente, Jacaerys e Lucerys haviam montado seus dragões, transformando o céu em seu campo de batalha silencioso, ainda que fossem apenas mensageiros desta vez. Eles juraram diante do livro dos Sete que não buscavam sangue, mas alianças – uma promessa que parecia leve como o papel mas pesada como o dever que carregavam.
E agora, ali estava Jacaerys, diante do poderoso castelo de Winterfell, suas torres se erguendo como guardiãs severas contra o céu nublado. Vermax, seu dragão, repousava nas proximidades, uma sombra imponente contra a brancura da neve, o vapor quente de sua respiração dançando no ar gelado.
O silêncio do pátio era quase palpável, quebrado apenas pelo distante som de metal contra metal – os ecos dos guerreiros Stark treinando, mantendo suas lâminas afiadas para a inevitável batalha que se aproximava.
Jace não estava aqui para lutar, mas a tensão no ar era espessa o suficiente para ser cortada com uma faca. Ele sentiu o peso dos olhos do Norte sobre ele, avaliando, medindo, decidindo.
O jovem Velaryon ergueu a cabeça, a determinação brilhando em seus olhos escuros. Ele estava aqui para forjar uma aliança, mas sabia que, no fundo, o verdadeiro desafio era provar que ainda havia honra, mesmo na escuridão dos tempos. O frio do Norte não cedia, mas Jacaerys Velaryon também não.
O salão principal de Winterfell era imponente, suas paredes de pedra maciça guardavam o calor das grandes lareiras que ardiam mas ainda assim o frio persistia. Jacaerys Velaryon entrou, sentindo o ar pesado com o cheiro de lenha queimando e o murmúrio distante das conversas. Ele endireitou os ombros, ajustando o manto de peles que envolvia seu corpo, enquanto seus olhos procuravam por Cregan Stark, o Senhor de Winterfell em exercício.
Cregan Stark estava ao pé no meio do salão, uma figura alta e robusta, seus olhos cinzentos como o céu carregado de neve que dominava o Norte.
O lorde parecia uma extensão do próprio castelo, sua presença firme e inabalável como as montanhas que cercavam o domínio dos Stark. Ao ver Jacaerys, Cregan fez um leve aceno com a cabeça, convidando-o a se aproximar.
—Príncipe Jacaerys Velaryon. — a voz de Cregan era profunda, ressoando no salão como o rugido distante de uma tempestade — Bem-vindo a Winterfell.
— Lorde Cregan Stark. — Jacaerys respondeu, inclinando-se levemente em respeito. Seus olhos percorreram a sala antes de se fixarem no jovem Stark. — Agradeço pela recepção.
Os dois se estudaram por um momento, o silêncio entre eles sendo interrompido apenas pelo crepitar das chamas e o ocasional uivo do vento lá fora.
Jacaerys sabia que aquele encontro carregava um peso histórico; anos atrás, Rickon Stark, pai de Cregan, havia jurado lealdade a Rhaenyra, reconhecendo-a como herdeira legítima. Mas o tempo passara e agora o destino dos reinos estava em jogo mais uma vez.
— Sei por que veio, Príncipe Jacaerys. — Cregan começou, sua expressão séria. — Mas o Norte não se curva facilmente. Nós lembramos das promessas, mas também sabemos que os ventos podem mudar.
Jacaerys assentiu, sentindo a verdade nas palavras do Stark. Ele estava preparado para uma batalha de palavras, para convencer Cregan de que a aliança com os negros era o caminho certo.
— Meu pai, Rickon Stark, já jurou lealdade à Princesa Rhaenyra. — continuou Cregan, suas palavras cortando o ar. — Mas o inverno está chegando e com ele, tempos difíceis.
Jacaerys não conseguiu esconder uma leve expressão de confusão antes de responder, quase sem pensar.
— Chegando? Então como chamam isso?
Cregan deu um sorriso curto, contendo uma risadinha com um brilho quase imperceptível em seus olhos.
— O que você sente agora é apenas o começo. — respondeu ele, sua voz baixa, mas cheia de um aviso subentendido — O verdadeiro inverno ainda está por vir.
Jacaerys sentiu um arrepio, mas não era apenas o frio. Havia algo mais, algo que fazia o peso de sua missão parecer ainda maior. Ele sabia que não estava ali apenas para garantir uma aliança mas para enfrentar uma ameaça que talvez fosse maior do que qualquer um deles poderia imaginar.
— Se o inverno está por vir... — Jace começou, seu tom firme, mas carregado de determinação. — Então precisaremos estar unidos para enfrentá-lo.
Cregan o observou por mais alguns segundos antes de assentir lentamente.
— Vamos ver do que você é feito, Príncipe. O Norte é uma terra dura, mas não sem honra. Se quiser nossa lealdade, terá que mostrá-la em igual medida.
— Estou disposto a provar minha lealdade ao Norte. — disse Jacaerys, sua voz firme e clara — E a fazer o que for necessário para garantir a aliança que precisamos. Minha mãe, a rainha Rhaenyra, é a rainha legítima e precisamos de todos os aliados que pudermos encontrar para restaurar a ordem nos Sete Reinos.
Cregan o observou atentamente, avaliando cada palavra, cada nuance de sua expressão. Havia um silêncio pesado na sala, como se o próprio castelo estivesse prendendo a respiração, aguardando o veredicto do jovem Stark.
— Honra e lealdade são palavras fáceis de serem ditas, Príncipe Jacaerys. — começou Cregan, sua voz soando como o trovão distante. — Mas provar essas virtudes é um desafio que poucos conseguem enfrentar.
Jacaerys manteve o olhar firme, sentindo a tensão no ar, mas também a força de sua própria determinação. Ele sabia que não poderia falhar.
— Estou preparado para enfrentar qualquer desafio que me imponham, Lorde Cregan. Quero mostrar que o sangue de minha mãe e o meu não são apenas palavras mas sim ações e sacrifícios.
Cregan continuou a estudá-lo por um momento antes de dar um leve aceno de cabeça.
— Diga-me, Príncipe Jacaerys, o que você tem a oferecer? — perguntou Cregan, sua voz grave. — Não me entenda mal, eu sei que você veio em nome da Rainha Rhaenyra, mas preciso pensar no que é melhor para o Norte. E se os Verdes vierem com propostas? Tenho que estar preparado para pesar as opções.
Jacaerys ficou em silêncio por um instante, ponderando as palavras de Cregan. Parte dele sabia que deveria consultar Rhaenyra antes de tomar qualquer decisão tão significativa mas outra parte estava determinada a não voltar para casa de mãos vazias.
Ele não podia se dar ao luxo de falhar; o destino de sua mãe e de Westeros estava em jogo. Além disso, ele queria provar que era mais do que apenas um mensageiro, que sabia negociar e que estava disposto a lutar por aquilo em que acreditava.
— Entendo sua posição, Lorde Cregan. — começou Jacaerys, escolhendo cuidadosamente as palavras — E respeito sua necessidade de considerar todas as opções. Os Verdes podem vir com promessas, mas o que ofereço é algo mais duradouro. Ofereço a lealdade de minha casa, a aliança com a rainha legítima e a promessa de que o Norte será honrado e respeitado como um dos pilares do reino.
Cregan inclinou a cabeça, o olhar afiado como o gelo.
— Lealdade e respeito são valiosos, sim, mas precisamos de garantias, Príncipe. O que mais pode nos oferecer?
Jacaerys respirou fundo, refletindo sobre o que poderia ser dito. Ele sabia que o Norte valorizava a força e a honra, mas também sabia que precisaria oferecer algo tangível.
— Posso oferecer a proteção dos dragões. — disse Jacaerys, sua voz firme. — Se o Norte se unir a nós, os Verdes não ousarão atacar estas terras. Protegeremos Winterfell e todas as terras ao norte do Neck. Além disso, posso prometer que as necessidades do Norte serão priorizadas quando minha mãe recuperar o trono. As terras do Norte terão liberdade para governar como acharem melhor, sem interferência do Trono de Ferro.
Cregan permaneceu em silêncio por um momento, considerando as palavras de Jacaerys. O príncipe sabia que não poderia voltar para Dragonstone sem um exército, sem o apoio do Norte. Ele estava disposto a negociar, a fazer sacrifícios se necessário, para garantir a vitória de sua mãe.
— Isso é algo a se considerar. — disse finalmente Cregan, seus olhos ainda fixos nos de Jacaerys. — Mas ainda preciso de mais. Preciso de uma aliança que mostre ao Norte que você está comprometido com nossa causa tanto quanto com a sua.
Jacaerys abriu a boca para responder, mas Cregan o interrompeu, erguendo uma mão levemente.
— Diga-me, Príncipe. — continuou Cregan, seu tom direto e inquisitivo. — Você já está noivo de alguém? Como herdeiro do Trono de Ferro, consideraria uma aliança de casamento?
O coração de Jacaerys deu um salto no peito. Ele não esperava que a conversa tomasse esse rumo, embora soubesse que alianças matrimoniais eram a base de muitas das políticas em Westeros. A ideia de se comprometer com alguém que ele mal conhecia, em um lugar tão distante e diferente de Dragonstone, o deixou momentaneamente sem palavras.
— Eu... — começou Jacaerys, mas as palavras ficaram presas na garganta. Ele sabia que, como príncipe, sua mão era uma ferramenta política, mas a proposta parecia ser algo que ele deveria discutir com sua mãe. Contudo, a necessidade de garantir o apoio do Norte o pressionava a considerar todas as opções.
Cregan continuou, observando cada reação de Jacaerys com atenção.
— O Norte é leal, Príncipe Jacaerys, mas somos também cautelosos. Se você realmente deseja garantir nosso apoio, uma aliança de sangue entre nossas casas seria uma demonstração sólida de confiança e compromisso. Tenho uma irmã, Maera. Ela é digna e forte. Um casamento entre vocês selaria essa aliança de forma indelével.
Jacaerys sentiu a responsabilidade da decisão pesar ainda mais sobre seus ombros. Ele sabia que um casamento poderia solidificar a aliança de que tanto precisava, mas também que essa decisão poderia mudar o curso de sua vida para sempre.
— Eu... agradeço sua franqueza, Lorde Cregan. — disse Jacaerys, tentando manter a compostura. — Esta é uma proposta que devo considerar com cuidado e preciso pensar no que é melhor para o reino.
Cregan assentiu, um leve sinal de respeito pelo príncipe que estava à sua frente.
— Não espero uma resposta imediata, Príncipe. — disse Cregan com firmeza. — Pense no que você deseja para o futuro. O que ofereço não é apenas uma aliança, mas sim uma família, um vínculo que perdurará além da guerra. Quando estiver pronto, discutiremos os termos. Por enquanto, aproveite a hospitalidade de Winterfell e descanse. O Norte tem paciência mas o inverno não espera por ninguém.
Jacaerys assentiu, sabendo que tinha muito a considerar. Ele se retirou para seus aposentos, o peso das expectativas e decisões futuras pesando sobre ele. O destino do Trono de Ferro e do reino estava em jogo e a cada passo, ele se aproximava de escolhas que moldariam seu futuro de maneiras que ele ainda não podia prever.
O salão de jantar de Winterfell parecia mais vasto e imponente do que qualquer outro que Jacaerys já havia visto. As paredes de pedra, que pareciam conter o frio do inverno, faziam com que o calor do fogo na lareira parecesse quase insignificante.
A mesa era longa, feita de madeira robusta e marcada pelo tempo, mas o que mais o incomodava era o vazio que a cercava. Apenas Cregan Stark estava presente, ocupando o lugar de honra no topo da mesa. Rickon Stark, o pai de Cregan, ainda estava ausente, acamado pela doença que o havia mantido longe das responsabilidades de lorde.
Jacaerys se aproximou, sentindo o peso da grandeza e da solidão daquele salão. Ele se sentou ao lado de Cregan mas a distância entre eles era suficiente para que suas vozes ecoassem nas pedras frias.
— Espero que o frio do Norte não seja muito rigoroso para você, Príncipe. — disse Cregan, um leve sorriso curvando seus lábios enquanto observava o jovem tentando aquecer as mãos.
— O frio é... um pouco mais severo do que estou acostumado. — respondeu Jacaerys com um sorriso hesitante. Apesar de tudo, ele não queria demonstrar fraqueza.
Cregan assentiu, compreensivo, mas antes que pudesse dizer mais alguma coisa, o som de passos suaves ecoou pelo salão. Jacaerys virou a cabeça na direção do som e viu uma jovem se aproximando.
Sua pele era pálida como a neve recém-caída, o contraste com seus cabelos negros como o ébano acentuando ainda mais seus traços delicados. Seus olhos, de um cinza claro, eram penetrantes e suaves ao mesmo tempo.
Ela avançou com uma graça contida, sua postura ereta e elegante. Jacaerys não pôde evitar um sorriso ao vê-la, a figura dela tão etérea e ao mesmo tempo tão real, uma presença que aquecia o ambiente gelado.
— Príncipe Jacaerys. — disse Cregan, levantando-se ligeiramente em sinal de respeito. — Permita-me apresentar minha irmã, Maera Stark.
Jacaerys se levantou de imediato, sentindo o calor subir ao rosto. Maera se aproximou com um sorriso suave, uma gentileza inata em seus modos. Ela parecia tão doce, tão diferente do ambiente ao seu redor, que Jacaerys se pegou encantado pela leveza dela em meio ao peso daquela fortaleza.
— Lady Maera. — disse Jacaerys, inclinando a cabeça em respeito, ainda sorrindo. — É uma honra conhecê-la.
Maera fez uma pequena reverência, seus olhos avaliando o príncipe com curiosidade e cortesia.
— A honra é minha, Príncipe Jacaerys. — respondeu ela, sua voz suave como uma brisa fresca. — Bem-vindo ao Norte. Espero que Winterfell lhe seja acolhedora, apesar do frio.
— Com sua presença, Lady Maera, já parece mais calorosa. — disse Jacaerys, percebendo que as palavras saíram mais naturalmente do que ele esperava.
Cregan observou a interação com atenção, um brilho de satisfação velada em seu olhar. Ele sabia que este jantar não era apenas uma refeição, mas um primeiro passo em direção a uma possível aliança que poderia mudar o destino de todos eles.
Maera sentou-se ao lado de Jacaerys, com a mesma leveza que ele notara desde o primeiro momento. Ela não parecia afetada pelo frio do salão ou pela formalidade da situação.
Ao contrário, havia algo tranquilizador na forma como se movia, como se ela fosse um sopro suave em meio ao peso das paredes de pedra.
Cregan retomou seu lugar, mas o olhar de Jacaerys estava preso à jovem Stark, sua mente vagando por pensamentos que ele ainda não conseguia organizar.
— Espero que esteja gostando da hospitalidade do Norte, Príncipe. — disse Maera, com um sorriso gentil que aqueceu mais que o fogo da lareira.
Jacaerys, encantado com a suavidade de sua voz, tentou responder com a mesma leveza.
— Até agora, tem sido... diferente, mas de uma forma boa.
Ele se sentiu um pouco nervoso ao ver os olhos de Maera sobre ele, atentos, mas sem qualquer traço de julgamento. Havia algo quase desarmante na sua presença. Enquanto ela servia um pouco de vinho em sua taça, a luz das chamas refletia em seus cabelos negros, e Jacaerys não pôde evitar admirá-la.
Quando percebeu que estava encarando por tempo demais, desviou o olhar rapidamente, sentindo o calor subir ao rosto novamente.
— E o que está achando da comida? — Maera perguntou, quebrando o silêncio que se formara. Seu tom era gentil, como se soubesse que ele estava se sentindo deslocado.
Jacaerys sorriu, tentando demonstrar tranquilidade, mas a verdade era que seus pensamentos estavam em tumulto.
— Está... excelente. Eu... — Ele se atrapalhou por um momento ao pegar uma fatia de pão e antes que percebesse, sua mão escorregou.
O pedaço de carne que segurava caiu do prato, resvalando na borda e aterrissando com um som abafado sobre a mesa.
Por um instante, o silêncio no salão pareceu mais alto do que nunca.
Jacaerys sentiu o sangue fugir de seu rosto. Não sabia se olhava para o pedaço de carne fora do prato ou para Maera, e optou pela segunda opção, esperando que ela não percebesse o quanto estava embaraçado.
Mas, para sua surpresa, Maera apenas soltou uma risada suave, uma melodia doce e leve.
— O Norte pode ser traiçoeiro até para os mais valentes, Príncipe. — disse ela com uma piscadela, como se o incidente fosse uma piada secreta entre eles.
Jacaerys, surpreso e aliviado por sua reação, riu junto, sentindo a tensão se dissipar.
Cregan, que havia observado a cena em silêncio, ergueu uma sobrancelha, visivelmente entretido.
Jacaerys, ainda com um leve rubor nas faces, lançou um olhar furtivo a Maera. A suavidade dela o atraía como o fogo em um dia de inverno — um calor gentil e inesperado, em meio a tanto gelo e pedra.
Enquanto o riso suave de Maera ainda pairava no ar, Cregan, com um brilho quase imperceptível nos olhos, quebrou o silêncio que seguia.
— No final das contas, talvez o frio do Norte não seja tão severo, se o aquecermos com uma boa aliança, não é mesmo, Príncipe? — comentou, voltando no tópico de mais cedo, sua voz grave ecoando pelo salão vazio, mas o tom era casual, como se estivesse comentando sobre o clima.
Jacaerys sentiu seu estômago afundar por um instante. Uma aliança de casamento. Ele ainda não sabia o que achava daquilo, não tivera tempo o suficiente para considerar, para pensar o que a mãe dele acharia daquilo.
Maera, por mais indescritível que fosse — uma mescla de neve e sombra, de suavidade e força — ainda era uma estranha. Seus olhos cinzentos, embora acolhedores, escondiam mistérios que ele sequer começara a desvendar. Poderia ele, em meio à guerra que assolava sua família, considerar uma promessa tão permanente? Ele havia jurado lealdade à sua mãe, mas casar-se com uma Stark era um passo maior do que apenas selar alianças.
Antes que pudesse articular uma resposta, sentindo o peso das expectativas de Cregan sobre si, Maera falou. E sua reação o pegou desprevenido.
— Uma boa aliança, de fato, irmão. — disse Maera com um leve sorriso, a voz como um sussurro de vento entre as montanhas nevadas. — Uma união que traria força tanto ao Norte quanto aos Targaryen. — Ela o olhou diretamente nos olhos, sua expressão serena, mas havia algo mais. Havia uma espécie de aceitação em seu semblante, quase uma... vontade?
O coração de Jacaerys saltou por um momento. Ela parecia receptiva, talvez até interessada.
Como ela podia reagir de forma tão natural, como se a ideia de casar-se com um estranho fosse simplesmente uma peça de um grande jogo que ela aceitava jogar? Era isso que ela desejava? Um casamento com o herdeiro do Trono de Ferro?
Por um momento, Jacaerys ficou perdido em seus próprios pensamentos. Será que ela via nele apenas um caminho para o poder? Era isso o que a movia? O sorriso doce que ele começara a achar encantador agora parecia esconder intenções que ele não conseguia decifrar.
Era isso que ela queria? Uma coroa? Ele não sabia. O que sabia era que, enquanto ele estava dividido entre a honra e a obrigação, Maera parecia estar em paz com a ideia de uma união tão repentina e cheia de incertezas.
Jacaerys engoliu seco, seus pensamentos ainda nublados pela confusão.
Mas naquele momento, sob o olhar intenso e ao mesmo tempo, sereno de Maera, ele não sabia. Estava perdido, confuso. Como uma chama solitária no vento gelado do Norte, vacilando, tentando entender se o que queimava entre eles era genuíno ou apenas uma ilusão criada pelas circunstâncias.
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