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v. Pressure and pride

Capítulo cinco; pressão e orgulho.

Dois dias se desfiaram lentamente sob o céu encoberto de Dragonstone. Um manto pesado de silêncio envolvia a corte, denso e indizível, como a névoa espessa que se deita sobre o mar ao amanhecer.

Cada som parecia abafado, como se até o próprio ar respeitasse o luto que permeava cada corredor. Maera sentia o peso desse silêncio em cada fibra de seu ser, tentando absorver a dor que ressoava na pedra fria e nas faces soturnas ao seu redor.

Apesar disso, ela fora bem recebida. Os nobres e servos da corte lhe dispensavam gestos de cortesia e acenos respeitosos e por vezes, ela percebia olhares de admiração contida. 

Contudo, havia algo mais profundo e inquietante que a fazia hesitar a cada passo. Embora compreendesse o luto de Jacaerys, a ausência de qualquer menção a ela diante de Rhaenyra lhe trazia uma ansiedade crescente. 

Em seu íntimo, questionava-se se aquela união com o herdeiro do Trono de Ferro seria anunciada um dia ou se permaneceria enterrada, como um segredo não contado ao vento de Dragonstone, guardado nas sombras de uma dor maior que a sua.

Maera aproximou-se de Jacaerys com passos suaves, as pedras frias da biblioteca parecendo amplificar o silêncio ao seu redor.

Ele estava absorto, os olhos fixos nas linhas intricadas de um tomo em alto valiriano, as sobrancelhas levemente franzidas em concentração. 

A Stark respirou fundo antes de se anunciar, a voz baixa e educada, respeitando a serenidade daquele espaço.

— Príncipe Jacaerys. — saudou, com uma reverência discreta.

Ele ergueu o olhar lentamente, como quem desperta de um sonho antigo e distante. A expressão antes fechada suavizou-se ao vê-la e um brilho discreto cintilou em seus olhos, embora a sombra do luto permanecesse em seu semblante.

— Lady Maera. — respondeu ele, com um aceno respeitoso e um quase sorriso, que mal alcançava os olhos. — Não esperava vê-la aqui.

— Eu imaginei que o encontraria em algum outro canto do castelo, mas parece que a biblioteca o acolhe em tempos difíceis. — comentou ela, com gentileza, observando o livro que ele segurava com uma curiosidade que não ousava expressar em palavras.

O príncipe assentiu, fechando o livro com um cuidado reverente. Ela percebeu que ele hesitava, como se suas palavras tivessem sido esgotadas pela dor que o envolvia. Maera respirou fundo e sem saber ao certo como prosseguir, arriscou romper o silêncio.

— Espero... — ela começou, escolhendo as palavras com cautela. — Que de alguma forma, minha presença aqui traga conforto.

Jacaerys, que não desviava os olhos dela, deixou um sorriso sincero florescer em seus lábios, tão breve quanto raro nos últimos dias.

— Sua presença aqui é sempre bem-vinda, Maera. — Ele falou com uma sinceridade que fez ela quase sorrir e mesmo que houvesse luto no olhar dele, havia também um traço de gratidão.

Mesmo assim, uma ansiedade latente persistia dentro dela. A falta de menção ao noivado, a postura reservada de Jacaerys e a sensação de ser uma estranha em Dragonstone a deixavam desconfortável.

Sentia saudades de casa, do frio familiar do Norte e da segurança de suas raízes. E embora Dragonstone fosse imponente e grandiosa, ela ainda não conseguia sentir-se parte daquele lugar.

No entanto, Maera sabia que precisava se estabelecer ali, firmar-se em meio às incertezas da corte e da família de Jacaerys. E vendo-o tão abalado, algo dentro dela falou mais alto. Ela se sentou ao lado dele, decidida a mostrar que estava presente, a deixar claro que sua lealdade não era só uma promessa distante.

— O que estava lendo? — perguntou, em um tom baixo, inclinando-se ligeiramente para observar o livro entre as mãos dele.

Jacaerys ergueu o olhar, ligeiramente surpreso com a proximidade dela mas logo relaxou, acolhendo sua presença como um consolo silencioso.

— Estou lendo um antigo tratado sobre as lendas de Valíria. — explicou ele, apontando para as páginas com símbolos complexos. — Fala sobre os laços entre dragões e cavaleiros e o quanto esses vínculos podem ser duradouros.

Maera sorriu, um brilho leve de malícia dançando em seus olhos e inclinou-se ainda mais para ele, fingindo observar os caracteres antigos.

— Laços duradouros são algo que deve ser cultivado com muito zelo, você não acha? — murmurou, sua voz suave, deixando implícito um interesse que ultrapassava o conteúdo do livro. — Algo que só funciona quando bem cuidado por ambos os lados.

Ele pareceu prender a respiração por um instante, seus olhos fixos nela, absorvendo o que as palavras dela sugeriam. Um sorriso sutil formou-se em seu rosto, e ele respondeu:

— Concordo. Laços assim exigem um cuidado especial.

A troca entre eles tinha algo de intrigante e de promissor, uma cumplicidade silenciosa que por um breve momento, dissipou o peso da perda e das responsabilidades.

A Lady observou o rosto de Jacaerys por um instante e a sombra de cansaço em seus olhos parecia ainda mais profunda sob a luz tênue da biblioteca.

— O quanto você dormiu nos últimos dias? — perguntou ela, com uma suavidade que carregava uma mistura de cuidado e preocupação.

Ele hesitou, um leve sorriso se formando, mas os olhos permaneciam sombrios.

— Não muito. — admitiu, a voz baixa. Seu olhar vagou, estudando o rosto delicado dela, percebendo as sombras discretas que contornavam seus próprios olhos. Ela também parecia exausta e ao notar isso, sentiu uma pontada de arrependimento. Ele mal havia estado presente para ajudá-la a se adaptar àquele lugar novo e desafiador. — Acho que você também deve estar cansada, Maera.

Ela soltou uma risadinha suave, disfarçando o desconforto com uma leve provocação.

— Ora, meu principe, que indiscrição da sua parte! — ela respondeu, fingindo um tom de ofensa. — É muito impróprio comentar sobre a aparência de uma dama, especialmente sobre as olheiras dela.

Ele riu, um som genuíno que parecia aliviá-lo por um momento, e ela retribuiu o sorriso. 

O Velaryon parecia mais leve, talvez mais próximo do jovem que Maera sentia falta de conhecer e ela viu ali uma faísca de normalidade em meio àquele período sombrio, como ambos compartilhassem uma intenção silenciosa de se fazerem companhia.

Jacaerys abaixou o olhar, uma leve cor tingindo-lhe as bochechas enquanto ele ponderava suas palavras. Por fim, ergueu os olhos e um sorriso tímido surgiu.

— Perdão pela ousadia, Lady Maera. — Sua voz se tornou quase um sussurro. — Mas o cansaço em nada rouba de sua beleza; você é como uma madrugada estrelada em Winterfell, silenciosa e intensa.

Maera ficou um instante sem resposta, surpreendida pela sinceridade e pela poesia inesperada nos lábios do príncipe. Ele a olhou novamente, ainda com aquele leve rubor no rosto, como se as palavras houvessem escapado sem que ele pudesse conter a admiração que lhe escapava.

A garota sorriu de forma travessa, decidida a quebrar a tensão que pairava no ar.

— Você sabe, meu príncipe... — disse ela, com um brilho malicioso nos olhos — Se você continuar assim, poderei achar que está apenas tentando me conquistar com palavras poéticas. Mas no fundo, quem precisa de um poeta quando se tem um príncipe tão encantador?

Jacaerys corou ainda mais, seu rosto um retrato de surpresa e embaraço, isso fez com que Maera risse suavemente.

— Por que não lê para mim? Adoraria ouvir sua pronúncia em alto valiriano.

— Você tem certeza? — Ele hesitou, olhando para o livro em suas mãos. — Minha pronúncia ainda não é tão boa.

— Absolutamente, meu noivo. — O jeito como ela pronunciou "meu noivo" fez com que uma tensão instantânea se instalasse entre eles mas para sua decepção, Jacaerys não respondeu como ela esperava. Em vez disso, Jace apenas assentiu e começou a ler, suas palavras flutuando no ar como um canto suave.

Enquanto sua voz ecoava, Maera se perdeu nas sonoridades do alto valiriano, a melodia da língua envolvendo-a como uma brisa morna. Ela prestou atenção em cada nuance, cada inflexão, mesmo que no fundo, ainda esperasse por uma reação do príncipe.

O salão de jantar estava envolto em um silêncio espesso e sufocante, como se as paredes de pedra de Dragonstone absorvessem qualquer som e devolvessem apenas uma sombra de quietude.

Maera sentava-se ao lado de Jacaerys, suas mãos repousando delicadamente sobre o colo enquanto mantinha uma postura impecável e o semblante sereno, com o olhar gentilmente lançado ao longo da mesa.

Daemon, Joffrey, Baela e Rhaena estavam presentes, e ao final da mesa, a rainha Rhaenyra. Mesmo sob a luz suave das tochas, Rhaenyra parecia pálida e absorta, o luto ainda evidente no brilho abatido de seus olhos. Era uma cena fria, desprovida de alegria, como se a tristeza pairasse sobre cada prato e taça, tornando o jantar em um ritual sombrio e solene. 

A Stark mantinha-se impecável, tentando se misturar aos modos formais e ao silêncio dos Targaryen e Velaryon ao seu redor. Ela sentia o peso da expectativa em seus ombros, a necessidade de se portar com graça e refinamento. 

Seus pensamentos, no entanto, estavam inquietos. Como seria sua aceitação naquela corte se nem ao menos o noivado fora anunciado?

Ela observou Jacaerys de soslaio, esperando algum sinal de cumplicidade, mas ele nem sequer levantou o olhar para ela. A frustração e a inquietação se entrelaçavam em seu peito, mas ela não deixava transparecer. Mantinha-se firme, como lhe foi ensinado.

Por um breve instante, Daemon a observou com uma expressão que beirava o interesse, mas ele também nada disse. Todos pareciam presos em seus próprios pensamentos.

Maera engoliu em seco e ajeitou o guardanapo em seu colo, deixando o silêncio preencher os espaços entre cada um deles, esperando que talvez, em algum momento, Jacaerys falasse alguma coisa.  Mas a noite se desenrolou sem uma palavra sobre o compromisso entre eles, sem o menor indício de que a união seria enfim oficializada.

A dama do norte não era tola; ela compreendia que o tempo era um ardiloso oponente e que quanto mais ele se alongasse, mais árduo e incômodo se tornaria revelar a Rhaenyra o compromisso que partilhava com Jacaerys. 

 A rainha, sem dúvida, veria tal segredo como um ultraje, uma quebra de confiança de quem deveria estar ao seu lado com sinceridade. Não, Maera sabia que não poderia continuar ocultando aquela verdade sem que houvesse repercussões inevitáveis, talvez até irreparáveis.

Além disso, Maera tampouco era ingênua. Em Winterfell, Jacaerys mostrara-se quase fascinado por ela, um rapaz encantado e repleto de promessas silenciosas, os olhos brilhando com um fervor juvenil que ela conhecia bem. 

Não era plausível que o retorno à familiaridade sombria de Dragonstone tivesse dissipado todo aquele interesse de forma tão súbita. Era uma mudança perturbadora, e ela não conseguia evitar a sensação de que havia algo mais profundo oculto sob o silêncio dele.

Após o jantar silencioso, Maera recolheu-se para seus aposentos, um refúgio solitário onde o peso das joias, antes delicadas, parecia agora incômodo, opressor. Com gestos lentos e precisos, ela retirou uma a uma, cada anel e bracelete, desfez o penteado simples que mantivera durante o dia e soltou os cabelos como se livrasse junto dos fios negros, parte da inquietude que lhe tomava o espírito.

O calor de Dragonstone, embora ainda estranho, começava a se tornar uma sensação familiar em sua pele. Ali, sob o feitiço dos ventos do mar e do fogo que parecia exalar das pedras da fortaleza, ela já não se assustava tanto com o ambiente abrasador. 

Mas naquele momento, enquanto se aproximava da janela e olhava para a lua prateada em seu esplendor solitário, a inquietação em seu peito era avassaladora.

Lá fora, os rugidos dos dragões cortavam o céu, bramindo em um tom quase sombrio, quase ancestral. Aquela terra era viva, repleta de presenças e vozes que não conhecera em Winterfell. Ainda assim, sua mente se recusava a se aquietar; ela estava acordada demais, ansiosa demais para sequer cogitar repousar.

Então, Maera fez algo que qualquer dama da corte consideraria impróprio, talvez até imprudente. Ela pegou seu roupão, um manto branco espesso e confortável, adornado com os símbolos da Casa Stark, delicadamente bordados em azul e envolveu-se nele, deixando que o tecido acolhedor, ainda perfumado com a essência distante de Winterfell, lhe conferisse alguma coragem.

Pegou uma vela, a chama bruxuleante lançando sombras suaves sobre suas feições resolutas e em um impulso que mal reconhecia em si mesma, saiu de seu quarto e seguiu pelo corredor silencioso em direção aos aposentos do príncipe Jacaerys.

A fortaleza de Dragonstone, com suas pedras escuras e corredores sinuosos, ressoava com o eco discreto de seus passos, enquanto Maera avançava, guiada pela luz suave da vela que segurava com firmeza. 

Ao chegar à porta do quarto do príncipe, ela hesitou por um breve instante, respirando fundo. Seria impróprio, talvez audacioso demais; mas seu coração, inquieto e pulsante, clamava por respostas, por um entendimento que só Jacaerys poderia lhe oferecer.

O príncipe, ainda confuso e sonolento, entreabriu a porta, os olhos semicerrados e piscou, surpreso, ao ver Maera ali, envolta em seu roupão bordado e com a vela tremulando em suas mãos. 

Por um instante, Jacaerys ficou parado, os cachos desfeitos e a expressão vaga, absorvendo a presença inesperada de sua noiva àquela hora da noite. Ele olhou para os lados rapidamente, quase por instinto, antes de abrir a porta o suficiente para que ela entrasse, e Maera deslizou para dentro, com passos firmes, mas ligeiramente hesitantes.

Assim que fechou a porta atrás dela, o príncipe se virou e a visão de Maera sob a luz suave da lua o atingiu em cheio. A claridade fria da noite misturava-se com o brilho quente das velas sobre a varanda, criando sombras delicadas que esculpiam seu rosto com uma suavidade quase etérea.

Ele parou, os lábios ligeiramente entreabertos, os olhos fixos nela como se a visse pela primeira vez.

Maera, percebendo o encanto breve nos olhos dele, corou levemente, mas manteve o tom de voz baixo e calmo ao desculpar-se.

— Perdão por vir sem ser chamada. — murmurou ela, com um leve toque de hesitação.

Jacaerys piscou, ainda parecendo meio perdido em seu estado entre o sono e a admiração que sentia. Ele inclinou a cabeça, como se tentasse se concentrar em suas palavras mas a mente dele parecia presa na presença dela tão próxima e inesperada.

— Me desculpe, o que você disse? — sussurrou ele, ainda confuso, como se precisasse reafirmar para si mesmo que ela realmente estava ali.

Maera sorriu de canto, divertida com a distração do príncipe. A vela em suas mãos lançou um brilho sutil em seus olhos enquanto ela o encarava com suavidade.

— Disse que me desculpo por vir sem ser chamada. — repetiu, seu tom agora levemente provocador.

O Velaryon ainda atordoado, estendeu a mão para o copo de água sobre a mesa, bebendo um gole rápido, como se o frescor o ajudasse a acordar de vez. Ao sentir a própria camisa meio aberta, ele a fechou apressadamente com o rosto corando de leve, como se quisesse se recompor e parecer mais digno diante de Maera.

Só então, percebendo o possível motivo da visita inesperada, seus olhos assumiram um tom preocupado. Ele a observou com atenção, examinando-a como se procurasse qualquer sinal de desconforto ou ferimento e deu um passo à frente, a voz suave, mas apreensiva.

— Maera, você está bem? — perguntou ele, um traço de ansiedade marcando o semblante. — Aconteceu alguma coisa? Você se machucou?

Maera sentiu uma mistura de surpresa e ternura pela preocupação genuína que ele demonstrava. Ela negou com a cabeça, um sorriso suave tocando seus lábios, enquanto o observava se recuperar do sono e da confusão iniciais.

A Stark suavizou o olhar, deixando transparecer uma intenção mais provocante e adotou um tom aveludado que flutuava entre a inocência e a sedução.

Ela deu um passo à frente, diminuindo a distância entre eles e seus dedos delicados repousaram no peito dele, sentindo o calor através do tecido fino da camisa.

— Estou bem, meu príncipe. Não estou ferida. — sussurrou ela, permitindo que cada palavra fosse envolta em doçura e intensidade. — Mas, eu quis vir para ver se você também está. Você tem andado tão distante, meu noivo. — O termo escapou de seus lábios quase como uma promessa e os olhos dela brilharam ao chamá-lo assim, como se quisesse que ele se lembrasse do compromisso entre eles.

Os olhos de Jacaerys a seguiam, fascinado e levemente confuso, sem saber ao certo se ela brincava ou se estava sendo sinceramente carinhosa. Ela sentiu que a tensão em seu corpo se suavizava, mas a mão dele hesitou no ar, indecisa sobre como responder à proximidade dela. Ainda assim, Maera continuou, usando sua voz suave e a leve pressão de sua mão contra o peito dele para envolvê-lo.

— Eu só queria ter certeza de que você estava bem, querido. Afinal, seu descanso e paz são tão importantes para mim.

Jacaerys piscou, um rubor surgindo em suas bochechas, e parecia quase incapaz de responder de imediato. Ele a observava com intensidade, como se naquele momento finalmente percebesse a mulher que ela era e o quanto ela já estava em seu coração, quase involuntariamente.

No entanto, algo dentro dele hesitou, uma parte sua estranhando a súbita aproximação dela, lembrando-o da natureza recatada e digna que sempre associara a Maera. 

Mas ali estava ela, os rostos tão próximos que ele podia sentir a respiração dela misturar-se à sua. Os olhos dele, ainda confusos, desceram lentamente para a boca dela, traçando o contorno delicado dos lábios e ele sentiu-se quase hipnotizado pela tentação.

Ele umedeceu os próprios lábios com a língua, a tensão crescendo entre eles, até que num esforço inesperado, afastou-se alguns centímetros e sussurrou com uma voz educada mas cheia de firmeza:

— Maera... — murmurou, a voz soando mais grave e baixa do que o usual. — Você sabe que eu... eu te respeito demais para fazer algo impróprio. — Ele respirou fundo, os olhos ainda fixos nela, como se cada palavra lhe custasse um esforço. — Mas por todos os deuses, você está tornando isso muito difícil para mim.

A de cabelos escuros sorriu de leve, quase satisfeita com o efeito que causava, mas não havia pressa ou provocação em sua expressão; apenas uma compreensão silenciosa do quanto ele lutava contra o impulso de atravessar aquele limite. 

Jacaerys respirou fundo, tentando se recompor, e um sorriso sutil e nervoso surgiu em seu rosto.

— Só... me dê um pouco mais de tempo. Eu não quero te desrespeitar, minha noiva.

O sorriso de Maera, antes suave e encantador, se tornou mais insistente enquanto ela se aproximava ainda mais, sem hesitar. Ela sentiu uma mistura de impaciência e uma necessidade inexplicável de fazer algo acontecer, de forçar a situação para que ele a reconhecesse de uma vez por todas como sua noiva. Afinal, se ele a tocasse, não teria volta.

Ela se inclinou mais, a respiração dele agora tão próxima, seu perfume suave envolvia o ar entre eles, mas Jacaerys, com um movimento abrupto, afastou-a bruscamente, suas mãos firmes em seus ombros, como se tentasse expulsar as próprias tentações.

— O que você acha que está fazendo? — ele perguntou com a voz dura, carregada de frustração e raiva. — Não é assim que as coisas funcionam, Maera. Não somos casados.

Ele a olhou com um olhar gélido, os olhos intensos, sem qualquer traço de ternura ou compreensão, apenas um toque de indignação pela audácia e insistência dela.

— Não venha aqui, tentando me manipular, esperando que eu ceda às suas provocações. Eu não sou tão fraco assim. Se quer que o noivado seja real, vai ter que esperar que as coisas aconteçam de forma certa, não dessa maneira.

A frieza nas palavras dele cortou o ar e Maera se viu congelada no lugar, o impacto do afastamento abrupto ainda reverberando em seu corpo, a sensação de que algo tinha mudado naquele momento e que as linhas entre eles haviam sido claramente desenhadas.

O silêncio que se seguiu ao afastamento abrupto de Jacaerys parecia pesar no ar, e Maera, por um momento, ficou paralisada. Algo dentro dela, no entanto, não permitiu que a humilhação tomasse conta. Ela era uma dama, mas uma dama orgulhosa e o 

desdém de Jacaerys a fez explodir de uma forma que ela não conseguia controlar.

— Como ousa falar comigo assim? — Ela rebateu com a voz baixa e cortante, cada palavra impregnada de uma raiva que ela mal conseguia conter. Seus olhos se encontraram com os dele, desafiadores e intensos, como se quisesse que ele sentisse o peso de sua indignação. — Não sou uma tola a ser empurrada para o canto com uma palavra grosseira.

A língua afiada de Maera, que ela raramente deixava escapar, estava agora completamente fora de controle. Ela não era alguém que aceitava ser diminuída, não importava quão delicada fosse a situação. A raiva transbordava em suas palavras, e o fato de ele tê-la afastado com tamanha frieza a feriu de uma maneira profunda.

Jacaerys a olhou, chocado pela audácia de Maera, pelo tom cortante que jamais imaginou que ela fosse usar. Seus olhos estavam arregalados e por um instante, ele ficou sem palavras. Ele não esperava isso dela, não depois da suavidade com que ela sempre o tratou. Mas agora, diante dele, estava uma mulher que não hesitava em defender sua dignidade com unhas e dentes.

O choque de suas palavras o atingiu com força, mas algo dentro dele, um ímpeto de respeito pela audácia dela, também surgiu. Ele a encarou, os olhos ainda duros, mas agora com uma pitada de surpresa.

— Você... — Ele começou, mas a incredulidade em sua voz parecia vacilar diante da força com que ela o havia desafiado. Ele engoliu em seco, tentando controlar a reação que se formava em seu peito. — Eu não queria te magoar, Maera, mas isso não é a forma de lidar com as coisas.

Maera virou-se de repente, sem olhar para trás, deixando os aposentos de Jacaerys em passos firmes, como se cada movimento fosse um eco de sua indignação. Ela o deixou ali, confuso, com as palavras ácidas ainda pairando no ar e Jacaerys permaneceu parado com a expressão dividida entre irritação e perplexidade.

No corredor escuro e silencioso, Maera sentia a raiva ainda ardendo em seu peito. A rejeição oprimia seus pensamentos  e o peso do orgulho ferido parecia acompanhá-la em cada passo. Mas conforme o caminho para seus aposentos se alongava e o silêncio de Dragonstone caía ao seu redor, algo nela começou a vacilar. A adrenalina dava lugar à reflexão e o calor da raiva aos poucos começou a se dissipar, revelando uma ponta de desconforto.

Ela sentia, como uma nuvem de arrependimento, que havia ultrapassado um limite. Jacaerys estava de luto, imerso em dor e ela em um impulso de orgulho, deixara sua paciência de lado.

A Stark sentia o frio súbito da dúvida ao seu redor, o peso das palavras mal escolhidas ainda vibrando no silêncio da noite. Em sua mente a cena se repetia e cada detalhe parecia ecoar, amplificado pelo vazio de Dragonstone. 

A chama da vela trêmula desenhava sombras alongadas nas paredes e ela se perguntava o que agora habitava os pensamentos de Jacaerys, que impressão teria deixado nele.

E se ele a visse, a partir daquela noite, não como a dama graciosa que desejava ser, mas como alguém impetuosa demais, ousada demais, imprudente? O medo sussurrava, suave e implacável, que talvez ela houvesse cruzado um limite irreversível.









Notas da autora:

Oi amores, tudo certo?
Primeiramente gostaria de agradecer por todo mundo que esta lendo essa história, eu espero que estejam gostando e que tenham gostado desse capitulo (se sim,  por favor não esqueçam de votar e comentar)

Segundo, queria dizer que novembro é final de semestre e eu fico um pouco louca com as coisas da faculdade, então se eu demorar para aparecer é por isso e não porque abandonei a história.

De qualquer forma, irei tentar não demorar muito, amo escrever a Maera e o Jace 😭

É isso, beijos!

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