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iii. Winds of change

Capítulo três: Ventos da Mudança

   MAERA ESTAVA SOZINHA EM SEU QUARTO, sentada na beira da cama de peles, as velas ao redor lançando sombras suaves nas paredes de pedra de Winterfell.

Ela, que sempre fora durona, sagaz, e rápida em dar respostas afiadas, agora parecia uma criança perdida, algo que nunca deixaria os outros verem.

Seu rosto, normalmente altivo, agora estava marcado por um franzir de sobrancelhas, uma linha tênue de incerteza que apenas a solidão da noite lhe permitia expressar.

A notícia de seu casamento havia chegado como uma brisa fria. Não era surpresa, afinal, ela sabia que seu destino estava atado a alianças e a decisões que transcendiam seus desejos pessoais. Mas ela queria aquilo, ela precisava, na verdade.

Mas agora que estava confirmado, que o compromisso estava selado, o medo se instalava em seu peito, como uma corrente invisível apertando cada vez mais.

Não era Jacaerys que a assustava, ele parecia ser um bom homem, com um coração nobre. O que a assustava era a distância. Deixar o Norte. Deixar Cregan. Deixar tudo que ela conhecia e ir em direção a uma guerra.

A Stark respirou fundo, os dedos inconscientemente apertando o tecido macio de sua capa de inverno. Partir para Dragonstone, para o meio de uma guerra, poxa vida, era assustador. Até mesmo para ela.

O som da porta se abrindo suavemente a tirou de seus pensamentos. Cregan entrou, seus passos firmes ecoando levemente no chão de pedra. 

Ela se recompôs rapidamente, limpando a garganta e erguendo o queixo com a postura que sempre usava quando estava sendo observada.

— O que faz aqui tão tarde? — perguntou ela, sua voz controlada, ainda que um pouco mais baixa do que de costume.

Cregan a observou por um momento antes de falar, seus olhos duros suavizados pela luz das velas. Ele não respondeu de imediato e o silêncio entre eles se estendeu, quase como se ele estivesse esperando que ela fosse a primeira a ceder e expressar algo que ambos sabiam que estava ali.

 Ele se sentou ao lado dela na cama, o colchão de peles afundando sob o peso de seu corpo robusto. Maera manteve-se firme, a postura impecável, mas por dentro seu coração batia descompassado.

— Jacaerys aceitou a proposta de casamento. — disse ele, como se fosse uma grande novidade, sua voz grave quebrando o silêncio que os envolvia.

Maera virou-se lentamente para encará-lo, seus olhos encontrando os de Cregan por um breve instante. Ela já sabia, é claro — havia ouvido cada palavra através da porta entreaberta. Mas manteve o sorriso que se formou em seus lábios, suave e controlado, como se estivesse ouvindo pela primeira vez. Ela não permitiria que Cregan soubesse que havia escutado a conversa. 

— Fico feliz por isso, irmão. — respondeu ela, a voz firme, mas com uma doçura que poucos além de Cregan conheciam. — Sabia que isso acabaria acontecendo. É o melhor para todos nós.

Seu sorriso parecia genuíno, como uma máscara bem colocada e Cregan, aliviado, não notou a hesitação em suas palavras. Para ele, Maera estava aceitando seu destino com a mesma força que sempre demonstrou, sem deixar transparecer qualquer receio.

— Você está agindo com muita coragem, Maera — disse ele, com uma sombra de orgulho na voz. — Sei que o Norte será difícil de deixar, mas quando a guerra acabar, quando Jacaerys for rei, você será rainha. Seu nome estará gravado nos livros de história e Winterfell terá uma posição de destaque ao lado do Trono de Ferro.

Maera apenas assentiu, mantendo o sorriso, embora o peso de suas palavras se acumulasse em seus ombros. A ideia de deixar o Norte, deixar Winterfell e tudo o que conhecia para trás, era mais difícil do que Cregan poderia imaginar.

— Eu sei, Cregan. — ela respondeu suavemente. — E vou cumprir meu dever. Você sempre esteve ao meu lado, e eu não vou decepcioná-lo.

O irmão colocou a mão no ombro dela, apertando levemente, um gesto de carinho raro vindo de alguém tão severo como ele.

— Eu sei que não vai. — ele murmurou se levantando para deixar os aposentos dela.— Mas não se esqueça, Maera, você sempre terá um lar aqui, não importa o que aconteça.

Antes que ele pudesse dar mais um passo em direção à porta, Maera o chamou, a voz hesitante, carregada de uma dúvida rara.

— Cregan... — Ela o interrompeu, e ele se virou, surpreso com o tom incomum em sua voz. Ela o olhou por um instante, como se estivesse ponderando se deveria ou não dizer o que sentia. — Você... você acha que eu tenho a capacidade de ser rainha?

A pergunta pairou no ar, pesada, sincera. Não havia a habitual sagacidade em suas palavras, nenhuma das respostas rápidas e afiadas que sempre faziam parte de sua persona. 

Ali, diante de Cregan, ela não era a jovem teimosa e determinada que ele conhecia tão bem, mas uma irmã mais nova, cheia de incertezas, despida de suas defesas.

Cregan, com o cenho ligeiramente franzido, permaneceu em silêncio por um momento, refletindo sobre o que dizer. Ele nunca havia imaginado que ela duvidasse de si mesma, muito menos a ponto de expressar aquilo em voz alta. 

Ele voltou para perto da cama e sentou-se ao lado dela novamente, seus olhos cinzentos encontrando os dela, tão parecidos e ainda assim tão diferentes.

— Maera.— começou ele, a voz baixa e firme. — Você é a mulher mais forte que conheço. Sempre foi. Desde que você era criança, você se recusava a ser subestimada, sempre se provando, sempre mostrando que ninguém poderia te dizer o que fazer. E é essa força, essa determinação, que te fará uma grande rainha. 

Ela o escutava com atenção, seus olhos brilhando à luz suave que penetrava pelas janelas, mas ainda havia um traço de incerteza em seu rosto.

Cregan respirou fundo, seus olhos suavizando ao ver a vulnerabilidade de sua irmã, uma faceta que poucos conheciam. Ele colocou uma mão firme no ombro dela, um gesto de proteção e apoio.

— Todos nós temos medo de falhar, Maera. Até eu. — admitiu ele, o peso de suas próprias responsabilidades refletindo-se em suas palavras. — Mas a questão não é se você vai falhar. É o que você vai fazer quando isso acontecer. E, pelo que conheço de você, sei que vai se levantar.

Ela olhou para ele, o coração mais leve com aquelas palavras. Embora o medo ainda estivesse ali, a confiança de Cregan era como uma âncora, mantendo-a firme.

— Você acha mesmo? — perguntou ela, a voz suave, quase infantil. Era raro para Maera se permitir mostrar essa parte tão crua de si mesma.

— Eu tenho certeza. — ele respondeu, o rosto sério, mas carregado de uma ternura fraternal.

Então, um sorriso de canto surgiu em seus lábios, e ele estreitou os olhos de leve, em um gesto que Maera reconhecia bem. 

— Além do mais, não pude deixar de notar que o príncipe parece bastante interessado em você. Vi vocês perto da lareira, aquele olhar, aquela conversa... Vocês têm uma certa química, não acha?

Maera arregalou os olhos, surpresa com a provocação. Sentindo o rosto aquecer levemente, ela pegou uma almofada ao lado e sem hesitar, bateu nele com ela.

— Cregan! — exclamou, tentando parecer ofendida, mas uma risada escapou de seus lábios. — Você está delirando! Nós mal nos conhecemos.

Cregan riu, uma risada solta e verdadeira, longe da postura de Lorde de Winterfell, e muito mais próxima do irmão mais velho que ela conhecia desde pequena. Ele desviou facilmente do segundo golpe de almofada, as mãos erguidas em sinal de rendição.

Maera balançou a cabeça, sem saber se ria ou se revirava os olhos, mas o calor da provocação e o jeito leve de Cregan a fizeram relaxar um pouco mais. O peso da conversa anterior parecia, ao menos por alguns momentos, menos esmagador.

— De qualquer forma — continuou Cregan, seu tom se suavizando um pouco, mas ainda com um leve sorriso nos lábios. — O príncipe vai te fazer feliz. Ou, se não fizer, garanto que ele vai se arrepender. Eu pessoalmente farei questão disso.

Ele cruzou os braços, com uma expressão firme, mas os olhos ainda brilhando com uma mistura de seriedade e humor. Maera sorriu, desta vez de forma mais aberta, sentindo o alívio de saber que, apesar de tudo, Cregan sempre estaria ao seu lado.

— Bom saber que tenho um irmão tão dedicado ao meu bem-estar. — disse ela, lançando um olhar de cumplicidade. — Mas acho que Jacaerys vai ficar bem. Ele não parece do tipo que brinca com o que é importante.

— Ah, você está certa. Quem vai precisar de sorte aqui é o príncipe. — Ele inclinou-se ligeiramente, os olhos brilhando de provocação. — Ele não faz ideia do quão difícil você pode ser de lidar. Se ele souber o que é bom pra ele, vai estar pedindo a ajuda dos deuses antes mesmo de chegarem a Dragonstone.

— Talvez ele descubra isso mais rápido do que imagina — respondeu ela, ainda sorrindo.

Cregan levantou-se então, passando a mão nos ombros dela de forma reconfortante.

— Vá dormir, irmãzinha. Amanhã será um grande dia, e você vai precisar de todas as suas forças. — Ele deu uma piscadela. — Vamos preparar sua partida.

Maera assentiu, observando Cregan sair do quarto. O som da porta se fechando atrás dele ecoou de leve, deixando-a sozinha com seus pensamentos mais uma vez. 

Embora as palavras de Cregan tivessem trazido um pouco de alívio, o peso do que viria ainda repousava sobre seus ombros. Amanhã seria o começo de algo novo, algo desconhecido.

Na manhã seguinte, Maera não desceu para o café. O peso da decisão e da mudança iminente a fazia querer evitar as formalidades e os olhares curiosos dos servos e soldados. 

Andava pelos corredores de Winterfell, seus passos ecoando sobre o chão de pedra fria, sentindo o ar gelado que trazia consigo o cheiro da neve. Ela sabia que aquele seria um dos últimos dias em que vagaria livre por aqueles corredores.

Enquanto refletia, perdida em seus pensamentos, uma voz familiar a interrompeu:

— Lady Maera!

Ela parou e virou-se rapidamente, encontrando Jacaerys ao final do corredor. Ele caminhava em sua direção com um sorriso cansado no rosto, que, apesar de tudo, ainda carregava uma leveza inusitada. 

Os olhos dele tinham círculos escuros sob eles, evidenciando uma noite mal dormida, mas o brilho caloroso não se apagava.

— Lady Maera. — ele começou, com um tom educado, antes de se corrigir rapidamente com um sorriso travesso. — Ou melhor, minha noiva.

Maera ergueu uma sobrancelha, uma mistura de surpresa e divertimento passando por seu rosto.

— Minha noiva, é? Já se acostumando com os títulos, príncipe Jacaerys? — Ela cruzou os braços, adotando uma postura despretensiosa, mas o sorriso que brincava em seus lábios revelava que a provocação era leve.

— Acho que devo, não? — Ele deu de ombros, ainda sorrindo, mas havia uma sinceridade em seus olhos que a fez desviar o olhar por um breve momento. — Na verdade, eu queria te mostrar uma coisa. — Ele estendeu a mão em sua direção, mas hesitou um pouco antes de continuar. — Se você estiver disposta.

— Tudo bem. — ela disse suavemente, aceitando a oferta e pousando a mão na dele. — O que você quer me mostrar, meu príncipe?

Ele sorriu novamente, um sorriso que, dessa vez, parecia genuinamente satisfeito.

— Você vai ver. — E, com isso, ele a guiou pelos corredores de Winterfell, o frio da manhã pouco a pouco aquecido pela presença um do outro.

Enquanto caminhavam lado a lado pelos frios corredores de Winterfell, Jacaerys, sem querer, se pegou observando Maera de canto de olho. A maneira como sua pele pálida contrastava com os tons escuros de suas roupas e como o brilho suave de seus cabelos se destacava contra o cenário cinzento do castelo, o fazia notar o quanto ela era linda, de uma beleza distinta e quase indomada, como o próprio Norte.

Ele não sabia ao certo o que o incomodava mais — o fato de que ela parecia tão à vontade naquele ambiente gélido, ou o quanto ele estava ansioso para vê-la em Dragonstone. A ideia de Maera em Dragonstone o deixava estranhamente agitado.

Finalmente, eles chegaram ao pátio onde Vermax, seu dragão, repousava. A imponente criatura estava envolta em uma leve névoa que se formava em torno de seu corpo quente, o vapor se elevando no ar frio de Winterfell. 

Maera parou por um segundo, os olhos fixos no dragão. A surpresa era clara em seu rosto, mas não havia medo. Nenhum vestígio de hesitação, apenas admiração e fascínio contidos.

— O que acha? — perguntou ele, a voz carregada de curiosidade e um leve orgulho.

A Stark ergueu uma sobrancelha, os lábios curvando-se em um sorriso leve, antes de responder com sua habitual sagacidade.

— É... maior que um lobo, com certeza. — A resposta saiu com uma pitada de humor, mas o brilho em seus olhos indicava que ela estava profundamente impressionada.

Nesse momento, Vermax se agitou, as enormes asas se esticando levemente, como se sentisse o olhar atento da jovem. Jacaerys imediatamente murmurou em alto valiriano, palavras fluídas e antigas que acalmaram o dragão quase instantaneamente. Vermax obedeceu, inclinando a cabeça e soltando um leve grunhido.

Maera observou a cena, e algo inesperado tomou conta dela. Havia algo intrigante na maneira como Jacaerys controlava o dragão — não apenas a autoridade em sua voz, mas a fluidez natural com que ele falava o valiriano antigo. Havia um charme sutil ali, algo que ela não esperava encontrar, e por um breve momento, o som das palavras poderosas na boca dele pareceu quase sexy.

Ela desviou o olhar, disfarçando um sorriso.

— É preciso coragem para ficar tão perto de um dragão sem hesitar. — murmurou ele, a voz baixa e suave, quase como se fosse um segredo entre eles. — Não é qualquer um que faz isso, Lady Maera.

Ele estava perto o suficiente para que ela sentisse o calor de sua presença em contraste com o ar frio ao redor. A proximidade não a intimidou. Ao contrário, despertou algo desafiador nela.

— Você acha que isso é coragem, meu Príncipe? Talvez você ainda não tenha visto nada, você se impressiona fácil. 

Jacaerys soltou uma risada baixa, tentando disfarçar a surpresa. Maera parecia sempre estar um passo a frente dele, como se já soubesse o que ele ia dize. Ela virava o jogo com uma facilidade que o deixava desconcertado.

— Ah, então devo me preparar para algo mais? — Ele arqueou uma sobrancelha, o sorriso provocador ainda no rosto, mas seus olhos atentos analisavam cada detalhe do rosto dela, como se tentasse decifrá-la.

Maera deu um passo em direção a ele, encurtando a distância entre os dois e inclinou a cabeça levemente, como se compartilhasse um segredo.

— Talvez. — Sua voz foi quase um sussurro, os olhos dela brilhando com uma mistura de malícia e algo mais profundo. 

— Eu começaria a acreditar que você gosta de me deixar sem palavras, minha noiva. — ele disse, sua voz um pouco mais rouca do que pretendia, tentando manter o tom casual.

A Stark sorriu, vitoriosa, e deu um leve toque no braço dele, como se fosse apenas um gesto casual, mas a provocação em seus olhos deixava claro que ela sabia exatamente o que estava fazendo.

Jacaerys, no entanto, decidiu não recuar dessa vez. Ele se aproximou um pouco mais, a mão roçando de leve o braço dela, seu toque firme, mas insinuante.

— Então, imagino que não vai se importar em voar comigo até Dragonstone, não é? — A voz dele era baixa, a proximidade criando uma tensão palpável entre os dois.

O sorriso afiado de Maera vacilou por um breve momento. Ela piscou, como se tentasse digerir o que ele acabara de dizer, e o brilho travesso em seus olhos deu lugar a algo mais sério.

— Voar? — A palavra saiu de seus lábios com incredulidade, os olhos fixos nos de Jacaerys, como se ele estivesse brincando.

Ele, por sua vez, apenas manteve o sorriso provocador, parecendo saborear o momento.

— Claro, voar. — Ele deu de ombros, casual, como se estivesse propondo algo tão simples quanto um passeio pelo bosque. — No meu dragão, Vermax. Seria uma viagem rápida, e com certeza mais emocionante.

O sorriso afiado dela se desfez completamente, transformando-se em uma expressão de descrença.

— Eu... não. — Maera sacudiu a cabeça, como se quisesse afastar a ideia. — Eu não vou voar com você. Vou de barco. — Ela fez uma pausa e o encarou com firmeza. — Eu não sou doida.

Jacaerys ergueu as sobrancelhas, surpreso com a reação. Um sorriso divertido surgiu em seus lábios, mas ele conteve a provocação, apenas rindo baixo.

— Não é medo, é? — Ele perguntou, ainda brincando, mas havia um toque de genuína curiosidade.

Ela estreitou os olhos para ele, cruzando os braços em uma postura defensiva.

— Não é medo. — ela disse, firme, mas o leve tremor em sua voz entregava mais do que ela gostaria. — É sensatez. Pessoas do norte não voam em dragões.

O Velaryon riu abertamente dessa vez, encantado com a resistência dela. O brilho de diversão ainda dançava em seus olhos, mas ele percebeu que não iria ganhar aquela discussão.

— Tudo bem, Lady Maera. — disse ele, erguendo as mãos em rendição. — Se prefere o mar, então o mar será. Mas só para você saber que  vai ficar alguns dias no navio e na estrada.

Ele a observou com um sorriso que sugeria que ainda estava achando graça da situação, mas havia um toque de seriedade em sua voz quando continuou.

— Enquanto isso, eu terei que ir ao Vale. — A expressão dele mudou levemente, seus pensamentos parecendo vagar por um momento. — Preciso garantir que a Casa Arryn ainda está disposta a apoiar minha mãe com tudo o que está acontecendo.

— Achou que eles poderiam mudar de ideia?

— É possível. — Jacaerys deu de ombros, o tom mais sério agora. — A guerra mexe com a lealdade de todos. Preciso garantir que eles não hesitem quando o momento chegar. — Ele parou por um instante, os olhos presos nos dela antes de continuar. — Com isso, é bem provável que cheguemos em Dragonstone ao mesmo tempo.

— Então que seja. — respondeu ela, com um leve aceno. — Nos encontraremos em Dragonstone.

Horas haviam se passado e o ar ao redor de Winterfell estava mais gelado, anunciando o início do inverno. No pátio, Maera e Cregan estavam lado a lado, observando Jacaerys preparar-se para partir rumo ao Vale.

Jacaerys olhou para Cregan com seriedade. O sol baixo da tarde tingia o horizonte de tons alaranjados e púrpura, uma última resistência ao avanço da noite.

— Eu asseguro, Lorde Stark. — disse Jacaerys, com a voz firme — Sua irmã estará segura. Não permitirei que nada a ameace enquanto estiver sob minha proteção. 

Cregan, sempre o protetor, manteve o rosto inabalável, mas seu olhar traía uma sombra de preocupação. Ele assentiu, apertando o punho da espada que pendia à sua cintura, um gesto que Maera conhecia bem — era seu irmão lutando para conter qualquer resquício de emoção.

— Confio em sua palavra, Príncipe Jacaerys. — respondeu Cregan, o tom grave. 

— E você também não se arrependerá dessa aliança. A rainha ficará honrada em contar com o apoio do Norte.

O Stark observou Jacaerys com um olhar calculado, como se estivesse avaliando cada palavra dita, mas ele assentiu com um leve movimento de cabeça, sinalizando que aceitava o compromisso.

Jacaerys então voltou sua atenção para Maera, e o rosto dele suavizou ao encontrá-la. Havia algo de diferente no olhar que ele lhe lançava agora — algo menos formal, mais pessoal. Ele deu um meio sorriso, aquele que ele parecia guardar para momentos como esse, íntimos e não ensaiados.

— Tenha uma boa viagem, minha noiva. — disse ele, as palavras saindo com uma leveza que contrastava com a intensidade da conversa anterior. 

Antes que ela pudesse responder, Jacaerys se inclinou e depositou um beijo suave em sua bochecha, um gesto que a surpreendeu, embora ela mantivesse a compostura.

Ele recuou um passo, com um brilho nos olhos, e se virou rapidamente em direção ao dragão que esperava mais à frente.

Maera permaneceu imóvel, ainda sentindo o toque quente em sua pele, observando enquanto Jacaerys se afastava com uma confiança natural em cada movimento.

Cregan, ao seu lado, permaneceu calado, mas Maera sabia que ele tinha notado o breve gesto entre os dois. Ela desviou o olhar de Jacaerys e respirou fundo, preparando-se para o que viria a seguir.

Jacaerys subiu agilmente nas costas de Vermax, e com um comando em alto-valiriano, o dragão abriu suas enormes asas, levantando-se no ar com uma força que fez a neve dançar ao redor. Ele se foi em um instante, deixando Maera e Cregan olhando o horizonte, com o vento gélido do Norte os envolvendo.

— É hora de ir. — Cregan disse em um tom firme, mas com um leve tremor na voz que Maera, conhecendo-o tão bem, não deixou de perceber.

O Lorde gesticulou para a carruagem que esperava mais à frente, com seus cavalos prontos e os homens de confiança de Cregan já posicionados para escoltá-la até o porto. O caminho seria longo e solitário e a vastidão gelada de Winterfell parecia de alguma forma ainda mais imponente agora, como se se preparasse para despedir-se dela também.

Maera respirou fundo, tentando acalmar o coração que batia acelerado em seu peito. Cregan caminhou ao seu lado em direção à carruagem, o som de suas botas esmagando a neve era o único som no silêncio que se instalou entre eles.

Quando ela se virou para ele, já dentro da carruagem, os olhos de Cregan, normalmente tão duros e inabaláveis, refletiam um misto de orgulho e preocupação. Ele se inclinou levemente, ainda segurando a mão dela, e falou com a voz grave, mas gentil:

— Não se preocupe com a viagem. — Cregan murmurou, como se lesse seus pensamentos. Ele hesitou por um instante, a mão quente pousando em seu ombro. — Não importa o que aconteça, você sempre terá um lar aqui. No Norte. Em Winterfell. Comigo.

As palavras atingiram Maera com força. Ela piscou rapidamente, tentando afastar a umidade que começava a se acumular em seus olhos. 

Ela deu um passo à frente e o abraçou, apertado e forte, como fazia quando era mais nova. Cregan retribuiu o abraço com firmeza, o calor do irmão mais velho quebrando o gelo que parecia ter se formado dentro dela.

— Eu vou sentir sua falta, sabe? — Ela sussurrou, a voz finalmente falhando.

— Eu também vou sentir sua falta, lobinha. — Cregan murmurou, a voz cheia de ternura. Ele a puxou para mais perto e deu um beijo suave no topo da cabeça dela, algo que sempre fazia quando ela era pequena. 

Maera fechou os olhos por um momento, permitindo-se apenas sentir o conforto que aquele simples toque trazia. Quando ele a soltou, os olhos dele estavam firmes e cheios de confiança.

— Eu confio em você. — disse ele, com a voz baixa, mas forte. — Sei que vai fazer o que precisa ser feito. E onde quer que esteja, Maera, nunca se esqueça de quem você é. Uma Stark. 

Maera sorriu, engolindo a emoção que ameaçava transbordar, e assentiu. Cregan a ajudou a subir na carruagem com um gesto firme e protetor, como se aquele simples ato fosse uma última forma de demonstrar o quanto ele cuidaria dela, mesmo de longe.

Quando a porta da carruagem se fechou, Cregan deu um passo para trás e acenou, os olhos dela encontrando os dele pela última vez enquanto ela ainda estava no Norte. 

Maera se acomodou no banco, o coração acelerado enquanto a carruagem começava a se mover, afastando-a de tudo o que conhecia. O caminho à frente seria longo, frio e incerto e agora ela estava longe de sua única família.

Mas enquanto a neve caía suavemente lá fora, e o balanço da carruagem a embalava, os pensamentos de Maera vagavam para Dragonstone. Havia uma chance, por menor que fosse, de encontrar uma nova família ali, de criar laços em meio ao caos da guerra. 

Jacaerys parecia ser bom, e apesar do futuro incerto, talvez ela pudesse se adaptar, talvez pudesse, de alguma forma, encontrar seu lugar ao lado dele. E mesmo que as coisas não saíssem como ela planejou, teria que aguentar, a final, precisava proteger seu segredo.


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