Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

i. Northern battles

Capítulo um: batalhas
do norte


        A AURORA NO NORTE chegava lenta, como se o sol hesitasse em penetrar as densas nuvens de inverno. Jacaerys acordou antes da luz tocar a janela de vidro fosco, seus olhos pesados, mas a mente desperta.

O sono havia sido um visitante esquivo, afastado pelo frio persistente e pelas preocupações que o mantinham inquieto. 

A primeira sensação ao despertar foi o arrepio que o vento gelado trouxe, sussurrando pelas fendas da pedra antiga, invadindo seu corpo como a memória de um sonho ruim.

Ele se ergueu da cama de peles e por um instante o quarto de Winterfell parecia tão vasto quanto o vazio que sentia em seu peito. O silêncio ao redor era profundo, como o presságio de algo iminente. No entanto, o que lhe pesava mais não era o frio mordaz, mas o turbilhão de pensamentos que não o deixaram descansar. Sua mãe. Seus irmãos. A guerra. O Norte.

Rhaenyra, sua mãe, ainda reinava sobre suas preocupações. Ele podia sentir a responsabilidade, como uma mão invisível apertando-lhe o coração, o peso de suas expectativas, de seu destino. A guerra estava à espreita, como o inverno do Norte, inevitável e implacável, e cada passo que ele dava o trazia mais perto de sua sombra.

E havia Maera.

O nome dela agora era um eco persistente em seus pensamentos, tão frio e intrincado quanto as correntes de vento do Norte.

Ele revia a noite anterior, a proposta que Cregan Stark fizera, com a naturalidade de quem oferecia vinho durante um banquete: casamento. Maera, com seu sorriso leve e olhar atento, havia recebido a sugestão com uma facilidade que o perturbava.

Por que ela estaria tão disposta? Como ela poderia aceitar tão prontamente a ideia de se casar com alguém que mal conhecia? A desconfiança nasceu em seu peito como uma semente de gelo.

Ela era uma Stark, filha do Norte, forte e silenciosa como a terra em que foi criada, mas seria ela capaz de usar sua aliança com ele para chegar ao Trono de Ferro? Jacaerys temia ser apenas uma peça em um jogo maior. 

O Norte era uma terra de promessas antigas, de lealdade inabalável, mas também de segredos guardados nas profundezas da neve. Seria Maera uma dessas forças impenetráveis, ou apenas alguém ambiciosa o suficiente para enxergar o poder que ele representava?

Ele fechou os olhos, o rosto virado para o vento frio que se infiltrava pela janela. A lembrança de Maera se desenrolava em sua mente, sua voz suave como uma canção ao vento, suas palavras escolhidas com precisão, seu olhar tão direto.

Havia doçura nela, sim, mas também havia uma força que ele não podia ignorar. Um mistério. Ele podia sentir o perigo de se aproximar demais, como alguém que caminha sobre um lago congelado, sem saber se o gelo abaixo cederia.

E então, havia sua mãe. O que Rhaenyra pensaria? Aprovaria essa união? Ficaria satisfeita com uma aliança com os Starks, ou veria nisso uma traição, uma distração dos verdadeiros objetivos? 

Ele não sabia se ela ficaria satisfeita com essa escolha ou se veria a proposta como uma estratégia que lhe escapava das mãos. As palavras de Cregan pesavam sobre seus ombros, assim como o frio da manhã.

Ele passou uma mão pelo rosto, afastando a névoa de cansaço dos olhos, e se preparou para enfrentar mais um dia no Norte. A aurora, enfim, rompia pelas nuvens, mas era um sol pálido, sem calor, como uma promessa que ainda precisava ser cumprida. Jacaerys suspirou, sentindo o peso das escolhas que ainda precisaria fazer. 

Jace saiu da cama, o príncipe caminhou pelo grande salão de Winterfell, sentindo o peso da urgência no ar. O vento frio que soprava pelas fendas das muralhas parecia carregar consigo uma tensão invisível. 

Cregan Stark estava à frente, dando ordens com a voz firme e autoritária, cercado por seus homens, todos atentos e prontos para agir. A expressão do jovem lorde estava fechada, como se o Norte inteiro pesasse em suas palavras e decisões.

Do outro lado do salão, um pouco afastada, Maera observava a cena com um olhar de quem ainda lutava contra o sono. Os cabelos negros emolduravam seu rosto pálido e ela se escondia em um casaco de pele que a envolvia como uma nuvem de neve recém-caída. Ela estava linda — de uma forma quase desconcertante — e Jacaerys, ao vê-la assim, não conseguiu conter um sorriso.

Ela parecia tão fora de lugar ali, entre as sombras e as decisões graves, como uma flor nascendo em meio ao gelo. E isso apenas tornava tudo mais difícil para o príncipe Velaryon. Ela era tão bonita, tão encantadora, e isso complicava as dúvidas que já lhe atormentavam desde a noite anterior.

Ainda com o sorriso nos lábios, ele desviou o olhar e se aproximou de Cregan, tentando afastar os pensamentos dispersos.

— O que está acontecendo? — perguntou ele, vendo a seriedade no rosto do lorde Stark.

Cregan ergueu os olhos para ele, a sombra de preocupação ainda marcando sua expressão.

— Um clã do Norte atacou uma aldeia próxima. — Cregan suspirou, apertando os lábios. — Saquearam e destruíram tudo. Não podemos deixar isso passar impune.
   
Jacaerys franziu o cenho, sentindo a gravidade da situação pesar ainda mais sobre ele. A guerra não estava apenas no horizonte distante, mas também nas terras que ele agora buscava como aliadas. 

Ele sabia que suas palavras e promessas não seriam suficientes no Norte. Ali, em terras tão implacáveis quanto o inverno que as envolvia, ele precisaria demonstrar, com ações, a lealdade que buscava em troca. 

Observou Cregan por um instante, vendo o peso das decisões recaindo sobre os ombros do lorde.

— Eu posso ajudar. — disse Jacaerys, com firmeza, avançando um passo em direção a Cregan, os olhos queimando com determinação. — Se há algo que posso fazer para proteger suas terras, então farei. Posso levar Vermax. Meu dragão está à disposição.

Cregan o encarou com uma expressão séria, seus olhos avaliando o jovem príncipe por um longo momento. Era como se estivesse pesando não só a proposta, mas também a coragem por trás dela. No Norte, lealdade e honra eram conquistadas com sacrifícios e Jacaerys parecia disposto a fazer o que fosse necessário.

— Você tem certeza? — perguntou Cregan, sua voz grave e baixa. — O inimigo não é um exército de sulistas mas homens endurecidos pelo frio, desesperados. Sangue será derramado.

Jacaerys manteve o olhar firme, ignorando o leve tremor que o frio impunha ao seu corpo.

— Se sangue precisa ser derramado para proteger o Norte, que seja o deles, não o nosso. — Ele endireitou os ombros, ciente de que aquele era o momento de mostrar que estava à altura de suas responsabilidades. — Não sou apenas o herdeiro de minha mãe, sou um guerreiro. E estou pronto para lutar ao lado dos Stark.

O olhar de Cregan finalmente suavizou, um reconhecimento passando brevemente em seus olhos.

— Muito bem, Príncipe. — disse ele, assentindo com respeito. — Vamos dar a eles o inverno que merecem.

Jacaerys sabia que, ao aceitar o pedido de Cregan, estava se afastando das ordens de sua mãe. Rhaenyra havia sido clara: ele deveria ir ao Norte apenas como um mensageiro, um diplomata.

Mas as palavras de sua mãe, carregadas de cautela, pareciam distantes naquele momento, como um eco de um tempo onde o fogo da guerra ainda não queimava tão próximo. Ele respirou fundo, guardando essa preocupação dentro de si. Não havia espaço para hesitação agora. O Norte precisava de ação, não de promessas.

Enquanto Cregan começava a dar novas ordens aos homens ao seu redor, o som suave de passos chamou a atenção de Jacaerys. Ele virou a cabeça e viu Maera se aproximando. 

Ainda envolta em seu casaco de pele, os olhos cinzentos dela brilhavam com determinação e a expressão no rosto, embora calma, carregava algo de teimoso.

— Eu vou com vocês. — disse ela, com a voz baixa mas decidida.

Cregan, que estava ocupado dando instruções aos seus homens, parou por um momento, virando-se lentamente para a irmã. Sua expressão endureceu quase imediatamente, a autoridade do lorde estampada em cada traço de seu rosto.

— Não. — disse ele, firme, sem deixar espaço para discussão.

Maera, no entanto, não se deixou abalar. Sua postura se manteve ereta, os olhos fixos no irmão, uma faísca de desafio neles.

— Eu quero ir. Posso ajudar e você sabe disso. — A suavidade que ela exalava na presença de Jacaerys agora parecia uma miragem distante.

Cregan deu um passo à frente, os ombros largos criando uma barreira entre Maera e a realidade do que estava para acontecer.

— Maera, isso não está em discussão. — disse ele, com a voz firme como gelo. — Essa não é uma aventura e você não estará exposta a esse tipo de perigo.

Ela cruzou os braços, o olhar estreitando-se com irritação.

— Sempre o mesmo discurso. — retrucou, a teimosia evidente em seu tom. — Eu já enfrentei o frio e os perigos do Norte, sou tão capaz quanto qualquer um dos seus homens, se não mais.

Jacaerys observava em silêncio, sentindo uma pontada de admiração por ela. Maera parecia tão delicada, mas ali estava, desafiando o próprio irmão com uma ferocidade que ele não esperava. 

Mas, ao mesmo tempo, algo dentro dele o fazia hesitar. Seria esse mesmo espírito indomável que a impulsionava em direção ao trono de ferro? Ele ainda não sabia.

Cregan suspirou, a frustração evidente em seu rosto.

— Eu disse não, Maera. E essa é minha última palavra.

Cregan se afastou, já voltando sua atenção para os homens que aguardavam suas ordens, deixando Maera ali, bufando de irritação. Os braços dela ainda estavam cruzados, e ela olhava para o irmão com o rosto endurecido, como se estivesse prestes a contestar mais uma vez.

Jacaerys, porém, ao observar a expressão dela, não pôde deixar de sorrir. Havia algo na maneira como ela lidava com a frustração, uma certa intensidade que o cativava. 

O olhar feroz, combinado com aquela postura firme, só fazia com que ela parecesse ainda mais interessante. E de alguma forma, ele achava aquilo adorável.

Ele deu um passo em direção a ela, os olhos brilhando com uma pitada de provocação.

— Parece que não foi hoje que a loba saiu da caverna. — disse ele com um sorriso travesso, a voz carregada de leveza.

Maera virou-se para ele, estreitando os olhos. Uma sobrancelha arqueada, como se estivesse decidindo se deveria se ofender ou não.

— Não se preocupe, Príncipe. — respondeu ela, a voz doce, mas carregada de um desafio implícito. — Logo você verá o que acontece quando uma loba é mantida presa por muito tempo.

Jacaerys riu baixo, a provocação dela aquecendo o momento de maneira inesperada. Por um breve instante, o peso da guerra, as responsabilidades e as dúvidas sobre a lealdade de Maera pareceram menos intensos.

— Então, terei que tomar cuidado para não ser a presa. — disse ele, inclinando levemente a cabeça para ela, o sorriso ainda no rosto.

Ele se afastou, seguindo Cregan, mas ainda sentindo o olhar de Maera sobre ele, uma mistura de desagrado e algo mais. E enquanto ele se aproximava de Cregan, pronto para discutir os próximos passos, não pôde evitar que a presença dela continuasse em sua mente. Aquele frio do Norte, afinal, não era a única coisa que fazia seu coração acelerar.

Dizem no Norte que os lobos mais ousados são aqueles que desafiam o inverno. E Maera Stark era uma que não temia o frio, nem a ira de seu irmão.

Quando Cregan ordenou que ela ficasse para trás, podiam acreditar que seria o fim de sua participação naquela batalha. Mas Maera, com sua teimosia tomou outro caminho. Desobedecer não era um desafio para ela, mas sim um instinto. Vestiu a capa de inverno, pesada e espessa, e com a espada firmemente presa à cintura, foi para a escuridão.

E enquanto o vento gélido cortava sua pele como lâminas invisíveis, Maera movia-se com precisão pelas sombras, quase como se fosse parte do próprio cenário sombrio e caótico.

A aldeia estava em ruínas. Chamas dançavam entre as casas saqueadas e o som de aço contra aço ecoava como um lamento. 

Homens corriam de um lado para o outro, gritos de dor e fúria preenchendo o ar, enquanto a violência tomava conta de cada canto. Maera observava tudo de longe, escondida entre as árvores retorcidas e cobertas de neve.

De sua posição, ela conseguia ver o inimigo sendo implacável, destruindo tudo que encontrava pelo caminho. Seus dedos tocaram o cabo da espada em sua cintura, o peso da lâmina familiar contra o corpo e por um instante, pensou em avançar. Mas antes que pudesse tomar qualquer decisão, algo mudou no céu.

A sombra apareceu primeiro, uma silhueta negra contra o branco do inverno. E então, com um rugido que fez o chão estremecer, o dragão de Jacaerys Velaryon passou sobre a aldeia. Suas asas se estendiam vastas, como a noite em plena luz do dia.

Maera ergueu o rosto, os olhos cinzentos seguindo a figura imponente do dragão que voava baixo. O príncipe montava a criatura com uma autoridade natural, quase como se fosse a extensão de si mesmo. Ele parecia feito para aquilo.

Ela não pôde deixar de sorrir levemente, observando de longe enquanto o caos se reorganizava ao som do dragão.

Maera sabia que Cregan ficaria furioso quando a encontrasse ali, mas isso não a impedia. Não, o frio não era nada comparado ao calor da batalha, ao fervor de um dragão no céu e ao príncipe que, mesmo sem saber, mexia com algo profundo nela. Talvez fosse a sensação de que algo maior estava por vir, uma força incontrolável que os unia, mesmo em lados opostos das ordens.

O dragão pousou com um impacto que fez o chão tremer, a neve ao redor subindo em uma nuvem branca, contrastando com o calor que ainda irradiava da criatura. Vermax rugiu uma última vez antes de se aquietar, suas asas gigantes dobrando-se contra o corpo enquanto Jacaerys descia com agilidade. 

Os olhos de Maera seguiram cada um de seus movimentos, ocultando um sorriso atrás de seus lábios cerrados. Ela observava atentamente, com uma curiosidade crescente, uma admiração que ela não sabia explicar. Ela mordeu o lábio, sutil, enquanto seus olhos brilhavam com o reflexo das chamas que ainda queimavam ao longe.

Jacaerys avançou, suas botas afundando na neve macia, mas sua presença era firme, inabalável. Ele parou à frente dos homens que lutavam, dos saqueadores que agora olhavam para ele com uma mistura de medo e respeito e ergueu a voz com a autoridade que lhe cabia.

— Eu sou Jacaerys Velaryon, Príncipe herdeiro do Trono de Ferro. — começou, a voz ecoando pelo campo congelado, sua presença tão imponente quanto a do próprio dragão. — Vim aqui não como um invasor, mas como um aliado. O Norte sempre foi soberano, com autoridade para governar suas próprias terras, e isso jamais será desrespeitado. Mas hoje estou aqui ao lado de Cregan Stark, seu lorde, para trazer justiça e pôr fim a essa selvageria.

Seus olhos, escuros e intensos, percorreram os rostos à sua frente, observando o impacto de suas palavras. Ele sabia que muitos ali não o viam como alguém confiável, um príncipe vindo do sul, de terras de calor e intriga.

Maera, à distância, mordiscou o lábio novamente, agora um sorriso leve escapando. O discurso dele era tão forte quanto a figura imponente que montava o dragão. Ela sabia que Jacaerys falava com convicção, mas também havia algo mais — um toque de vulnerabilidade, uma necessidade de ser aceito pelo Norte, de provar seu valor. E isso a intrigava.

Antes que ela pudesse se perder em pensamentos, Cregan Stark, que estava ao lado de Jacaerys durante todo o discurso, deu um passo à frente. Seu rosto, marcado pelo frio e pela responsabilidade, se manteve sério, mas havia uma leve admiração em seus olhos.

— O príncipe Jacaerys fala com sabedoria. — começou Cregan, sua voz grave cortando o ar como um trovão. — O Norte se ergue pela honra e pela justiça. 

Jacaerys e Cregan estavam lado a lado agora, duas figuras tão distintas, mas naquele momento, unidos por uma causa. Maera, escondida na penumbra, observou tudo com um coração que batia rápido. 

A batalha foi breve, mas intensa. Jacaerys assistiu, montado em seu dragão e pronto para agir ao sinal do Stark, enquanto o caos se desdobrava abaixo. Os homens do Norte, tanto os de Cregan quanto os selvagens, eram brutais. Lâminas cintilavam no ar, e os gritos de guerra ecoavam como trovões ao longo do campo nevado.

Por mais que Cregan Stark tivesse um exército forte, disciplinado e implacável, a ferocidade dos homens que defendiam suas aldeias era surpreendente. Eles lutavam com a violência crua de quem não tem nada a perder.

No entanto, o peso de um dragão no campo de batalha não podia ser subestimado. Quando Vermax rugiu novamente, lançando labaredas que tingiram o céu com um brilho alaranjado, muitos dos selvagens recuaram, olhos arregalados de medo. 

Foi questão de tempo, o caos começou a se dissipar. O campo, antes um vórtice de aço e sangue, tornou-se um mar de rendição. O dragão havia inclinado a balança.

Jacaerys desceu de Vermax, o frio do solo o atingindo com força, contrastando com o calor sufocante da batalha. Ele observou o campo à sua frente, vendo os corpos espalhados, homens feridos de ambos os lados e percebeu que, embora o inimigo tivesse sido derrotado, o custo fora alto. 

O cheiro de sangue e de fumaça enchia o ar e o lamento dos feridos ressoava ao longe, se misturando ao vento gelado.

Ele respirou fundo, sentindo o peso da vitória e da responsabilidade. Essa luta, por mais breve que fosse, havia lhe dado um vislumbre amargo do que seria a guerra — e ele sabia, com um nó no peito, que muitos mais como aquele dia estavam por vir.

Cregan Stark estava no centro do caos, sua voz firme cortando o ar gelado enquanto dava ordens aos homens que restavam em pé. O campo, agora tomado por um silêncio inquieto, era o reflexo de uma batalha recém-terminada.

 Ele mandava que os rebeldes capturados fossem acorrentados e os feridos levados para o socorro imediato. O sangue manchava a neve sob seus pés, o contraste vívido do Norte sendo pintado com o custo da vitória.

— Leve os rebeldes para Winterfell. Quero que todos sejam interrogados antes do por do sol.— disse Cregan a um dos soldados, que assentiu imediatamente, seguindo suas instruções com rapidez.

Enquanto ele falava, um dos homens se aproximou, o rosto marcado por um misto de confusão e hesitação. Seus olhos desviavam para a figura que ele trazia consigo, envolta em uma capa pesada de inverno.

— Lorde Stark — o homem disse, mantendo um tom respeitoso, mas claramente desconfortável. — Eu... encontrei alguém que você vai querer ver.

Cregan virou-se com a testa franzida, já suspeitando do que estava por vir. E lá estava ela. Maera. Sua irmã. Com a espada presa à cintura e o casaco grosso de pele cobrindo-a do frio, parecia uma figura determinada, mesmo com o rosto levemente corado pelo esforço de se manter escondida.

— Maera! — A voz de Cregan ecoou firme e o olhar de desaprovação foi imediato. — Eu te disse para ficar em Winterfell!

Ela cruzou os braços e bufou, claramente irritada com a repreensão, mas manteve-se ereta, o olhar desafiador.

— Eu não ia ficar sentada esperando notícias enquanto vocês vinham. — A voz de Maera era determinada, sem arrependimento.

Cregan passou a mão pelos cabelos, visivelmente frustrado. Ele trocou um olhar com Jacaerys, que, observando a cena, não pôde evitar um sorriso. O príncipe achou irresistível o jeito como Maera enfrentava o irmão, a teimosia dela, algo tão típico dos Stark, mas que nele, em vez de aborrecê-lo, provocava um sentimento de admiração.

— Isso não é lugar para você, Maera — respondeu Cregan, a voz mais baixa, mas ainda severa. — Volte para o castelo. Agora.

— Não quero. — retrucou ela, sem hesitar, a teimosia estampada no olhar cinzento como a neblina de inverno.

Cregan a observou por um longo momento, o maxilar travado. Ele respirou fundo, o ar frio condensando em frente aos seus lábios.

— Não me faça pedir de novo, Maera.

Maera não se moveu, os braços ainda cruzados, uma expressão firme no rosto. Jacaerys, a poucos passos de distância, lutava contra o sorriso que ameaçava escapar. Havia algo quase cômico — e incrivelmente encantador — na forma como Maera enfrentava o irmão.

Ele desviou os olhos para Cregan, tentando manter a compostura. Era evidente que a fúria do Stark não era só pela desobediência; era preocupação. 

Um medo profundo que ele conhecia bem. O mesmo medo que sentia por seus próprios irmãos, espalhados pelo reino enquanto a guerra se aproximava.

Jacaerys, por um breve instante, perdeu-se nos pensamentos de casa. Lucerys, Joffrey e seus irmãos mais novos. Será que estavam seguros?

O peso de sua missão crescia a cada minuto. Ele estava ali como um mensageiro, mas sabia que a situação estava longe de ser simples. Ele precisava tomar uma decisão logo. A proposta de casamento com Maera, por mais tentadora que fosse, ainda o deixava em dúvida. Será que Rhaenyra ficaria satisfeita com essa união?

— Há pessoas feridas, Cregan. — Maera falou firme, embora sua voz estivesse carregada de compaixão. — Posso ajudar a socorrê-las. A batalha já está ganha.

Cregan bufou, passando a mão pelos cabelos com frustração. Seu olhar percorreu o campo de batalha, onde os corpos estavam espalhados e os gemidos dos feridos ecoavam no ar frio. Ele sabia que Maera não era o tipo de mulher a ser dissuadida facilmente, especialmente quando se tratava de ajudar os outros.

— Maera... — ele começou, a voz carregada de exasperação, mas logo parou, percebendo que discutir seria inútil. O olhar decidido da irmã era inquebrável. Ele soltou um longo suspiro e balançou a cabeça, derrotado. — Tudo bem, mas só desta vez.

Ela sorriu levemente, já se virando para se aproximar dos homens caídos.

— Mas fique por perto! — ordenou Cregan, mais severo. — Não se afaste de mim.

Maera assentiu, mas seu sorriso persistiu, um toque de vitória silenciosa em seu semblante. Jacaerys, observando a cena, sentiu o calor de um sorriso se formando em seus próprios lábios. 

Talvez houvesse outra maneira de convencer Cregan a apoiar Rhaenyra. Talvez não precisasse depender de um casamento. Mas, naquele momento, vendo o brilho desafiador nos olhos de Maera, ele não tinha tanta certeza se queria evitar esse caminho.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro