𝐢. Annie e Rin: combinação errada
❝ Garotas vão chorar e garotas vão mentir,
e garotas vão enlouquecer de vez por você ❞ - sabrina carpenter !
Annabeth Marie-Lynn Johnson tinha uma avó. O que por si só não é uma surpresa, já que qualquer ser humano possuí uma avó, afinal como diabos seus pais nasceriam, então?
No entanto, o detalhe fundamental é que Lily Christine não era uma avó comum, a qual recebia seus netos com bandejas de doces ou entregava moedas quando os pais não estavam olhando, ela preferia empurrá-los para a frente da televisão enquanto se servia de uma taça de vinho, tecendo os piores comentários possíveis sobre seu programa de namoro preferido naquela época, analisando cada candidato com olhos afiados e dando tapinhas nos ombros de Annie a cada etapa passada.
Como uma garota de origem multirracial que não atendia exatamente as expectativas estéticas dos Estados Unidos e tão pouco do Japão, a qual sonhava com um relacionamento igual aos contos de fadas e comédias românticas, uma afirmação como aquela fora tudo e um pouquinho mais do que ela precisava para navegar numa busca igual aquela, só que sem câmeras e velhinhas bêbadas comentando sobre sua vida num sofá velho.
Para Lily Christine, o programa e suas revistas são uma diversão de tardes para abafar o silêncio de sua grande casa, mas, para Annabeth, fora um estilo de vida a ser adquirido.
Pois, uma criança de nove anos acreditou que sua vigésima paixão seria aquele destinado a passar a vida inteira ao lado dela e, desde então, colecionou corações em prateleiras, anotando seus nomes em papelzinhos azuis para jamais esquecê-los.
No ensino médio, aos dezesseis anos, Annie conheceu Atsumu Miya - o décimo oitavo - e precisava admitir que não foi exatamente uma decisão feita com cada consequência considerada, não foi atoa que acabara com um coração quebrado, mas a verdade no final foi que Atsumu só era um garoto apaixonado por alguém que o odiava e decidiu que quebrar corações de garotas seria o bastante para suprir sua necessidade pelo amor de Emma Kimura. E Annabeth precisava confessar que não havia um casal mais apaixonado do que aqueles dois quando finalmente colocaram o ódio de lado.
( Sério, Atsumu e Emma iriam completar quatro anos de namoro com nenhuma briga ou ameaça de término no currículo, apesar de continuarem com as mesmas birras infantis.)
Annabeth estava com o tempo apertado, faltava apenas um único número para encontrar seu provável amor eterno, mas nada parecia importar quando Rintarou Suna a convidou para um encontro numa segunda-feira à tarde com uma centelha de nervosismo em cada letra e abrindo um sorriso ao vê-la dizer um sonoro "sim", cheia de animação.
E lá iniciaram-se um relacionamento que fora guiado pelas águas do tempo. Beijos debaixo de viscos no natal, mãos entrelaçadas em todas as ruas, abraços debaixo das cobertas, bom dias com um beijo doce, batendo palmas nas arquibancadas a cada ponto conquistado na quadra e toques indecentes demais após uma noite de bebedeira ou a todo momento quando a saudade tornava-se demais numa rotina corrida.
É, Rintarou Suna é seu décimo nono, mas Annabeth sentia que não importava. Ele sempre seria seu vigésimo, pois amá-lo é quase como respirar, tão natural que mal podia evitar e às vezes só podia sentir como aquele sentimento expandia seu peito, guiando-a para um futuro por detrás de seus olhos fechados, onde era fácil visualizar uma casa bonitinha, um par de filhos com talento para vôlei e aqueles olhos tão bonitos, um anel em seu dedo, um vestido branco e...
─ Acho que é melhor a gente terminar, Annie.
─ Você só pode estar brincando.─ Ela soltou, piscando os olhos em completo choque, ciente que suas palavras tenham saído emboladas e difíceis de entender.─ É isso, não é? Uma brincadeira? Cadê Atsumu? Pode dizer a ele que não funcionou!
Que seja registrado que Annabeth não chorou, na verdade ela é uma coisinha que a tristeza nunca larga a mão da raiva, então, derramar um suco de morango cheio de açúcar na cabeça do seu agora ex-namorado quando pediu uma explicação e recebeu um encolher de ombros junto de um "Nós não estamos mais dando certo" quando estava rouca após torcer tanto para ele num jogo na semana anterior que suas mãos estavam ainda doloridas.
Annie não tinha sangue de barata, sabia?
E dedicar quatro anos inteiros à uma única pessoa não é uma porcaria feita facilmente. Não quando havia sido a típica namorada do esportista durante o ensino médio, abraçando-o e beijando-o no final de cada partida, acompanhando cada mísero treino, sendo seu par no baile improvisado por Alaina Mikan. Não quando fora quem revisou cada contrato ao seu lado e esforçou-se para nunca pedir um momento ao seu lado enquanto estava na faculdade, investindo numa carreira que muitos julgavam ridícula. Não quando esteve parabenizando-o por cada vitória.
Annabeth era dedicada de espírito e coração à Rintarou Suna e ele a diz que não estavam dando certo?
O que diabos aconteceu? Onde diabos errou para ele acreditar tanto nisso ao ponto de cogitar um término?
Ela não conseguia acreditar. Não conseguia aceitar.
E daí que deu as costas à ele com os olhos cheios de lágrimas e tomou a péssima decisão de se refugiar no restaurante recém-aberto de Osamu Miya - mais conhecido como melhor amigo de Rintarou -, pois encher a cara às nove da manhã soou muito atrativo?
Annabeth tinha todo o direito de ser uma bagunça. Seu namorado, a quem amava e acreditava profundamente que se tornaria noiva num futuro próximo, a olhou nos olhos e teve a coragem de dizer que eles não estavam dando mais certo quando havia a beijado como sempre naquela manhã, escorregando as mãos por seus cabelos e parecendo muito satisfeito em tê-la em seus braços.
O que diabos havia dado errado naquele relacionamento até sentarem-se em sua padaria preferida?
─ Às vezes, só acontece, Annie.─ Osamu comentou, os dedos moldando um onigiri, soando suave, apesar de haver uma tensão em seus ombros. Iria fazer pouco tempo que Osamu e Alaina terminaram.─ Não é sua culpa, nem a de Rintarou, é só...
─ Não me diga que isso só acontece.─ Annabeth soluçou e se odiou um pouco mais por isso. Ela bebeu mais shochu.─ Coisas assim não acontecem do nada, Osamu! Tem um histórico, tem pistas, sinais, eu...
─ Você só não viu...
A mulher encolheu os ombros, sentindo-se patética por estar usando a camisa favorita de Rintarou naquele momento, incapaz de fugir até mesmo de seu cheiro. Ela desejou desaparecer, só por um instante, apenas para poder desfazer-se em lágrimas, permitir sentir que Rintarou poderia estar certo.
Ele provavelmente enxergou o que Annie evitava. As rachaduras que surgiam nas paredes de seu relacionamento, as quais preferia disfarçar com quadros bonitos. As lacunas que surgiam naqueles momentos em que perdia-se na confirmação de que às vezes não sabia o que Rintarou pensava ao fitar a imagem de uma bailarina nos corredores de uma loja qualquer.
Ele havia sido verdadeiro com ela, no final, não é? Aquele relacionamento estava fardado ao fracasso, certo?
Annabeth bebeu mais shochu e pensou que seria bom ter algum sinal divino sobre se estava certa em seus questionamentos ou não.
E o sinal veio.
Só na forma de uma mulher cheia de sorrisos e gentilezas, a qual já havia roubado o coração de Rintarou uma vez e aparentamente recusou-se a devolver, seu nome era Ameiko Suzuki.
E Emma Kimura não precisou dizê-la.
O olhar de Rintarou Suna quando enxergou Ameiko Suzuki pela primeira vez em anos havia lhe contado o suficiente.
"Não estamos dando certo" é uma ova.
O bastardo só estava apaixonado por outra e, quando a oportunidade surgiu, é mais fácil deixar de lado a otária que dedicou anos à ele para trás e investir em quem ignorou seus sentimentos, mas que agora estava livre para seus avançou.
No final, Annabeth só pode agradecer que Rintarou fosse seu décimo nono, mesmo às vezes chorando debaixo dos lençóis pelos anos desperdiçados e o amor que apenas ela sentiu.
E como de seu costume, era de se esperar que Rintarou não fosse ser nem o primeiro e nem o último erro amoroso que cometeu.
Em breve, chegaria Wakatoshi Ushijima, Koutarou Bokuto e Tetsurou Kuroo na lista. Como sempre, Annabeth Johnson não estaria preparada.
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