
𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐔𝐌
Já fazia mais de cinco meses.
Realmente um tempo bem longo sem ver meu irmão, ainda mais considerando que éramos extremamente grudados quando crianças. Ele é um cara chato e parece estar sempre de péssimo humor, mas isso não faz dele uma pessoa ruim.
Nós somos somente muito diferentes em relação à personalidade, é só isso. Enquanto eu sou a irmã linda, delicada e gentil, ele é o irmão burro, feio e ogro. Enfim, são detalhes. Apesar disso tudo, eu o amo muito.
Certamente minha intenção não era estar nessa ilha no fim do mundo, mas de longe ouvi os rumores sobre o grande Zoro, o caçador de piratas, ter sido pego pela marinha, então como uma boa samaritana me vi obrigada a vir salvá-lo.
O sol está bem quente hoje, tão quente que parece determinado a torrar os últimos neurônios que me restam, e que por sinal não são tantos assim. Sentada na sombra, eu observava com atenção a tensão na cidade. Ninguém fala nada sobre o assunto, parece até mesmo ser um tabu por aqui o acontecimento que levou meu irmão a ser preso.
Isso é um verdadeiro saco para ser sincera, não estou realmente decidida a invadir sozinha uma base da marinha, principalmente sem nenhum tipo de informação. Ainda não estou ficando maluca e suicida para fazer esse tipo de coisa.
Cansada de ficar só com a bunda colada na cadeira, saí para explorar a cidade. Não era grande coisa, mas tinha um povo bem animado e feiras lotadas de frutas deliciosas da estação. Entretanto, para mim ainda parecia estranhamente entediante.
Talvez seja essa sensação incômoda no meu estômago, a maldita preocupação. Dependendo do crime que Zoro tenha cometido, ele pode ser executado e não sei se aguentaria ver meu irmão ser morto. A pessoa mais importante da minha vida.
Suspirando fundo, continuo minha jornada pelas ruas com minhas orelhas de fofoqueira bem atentas, até que graças aos Deuses ouço algumas pessoas falando coisas do meu interesse.
Era uma garotinha de cabelos castanhos, um garotinho de cabelo rosa com aparência de nerd e um moço com chapéu de palha e um sorriso bem grande no rosto. Eles falavam algo sobre Zoro e como preciso de informações me aproximo deles.
E sim, eu sei que não é nada confiável abordar estranhos para obter informações, mas o que mais posso fazer?
— Olá pessoas — falei me aproximando de forma amigável e gentil — não pude deixar de ouvir que vocês estavam falando sobre Roronoa Zoro…
A atenção deles foi voltada para mim, pareciam curiosos pela minha aproximação repentina. Bem, não é para menos se considerar que apareci do nada aqui.
— Ah sim, a gente estava falando mesmo dele. Você conhece ele, moça? — o moço do chapéu de palha disse.
— Sim… eu conheço ele. — assim que falei o menino de cabelos rosas me olhou um pouco desconfiado mas resolvi ignorar ele por enquanto — enfim você sabe como ele está?
— Está amarrado lá na base da Marinha, queimando no sol e com fome. Daqui a dez dias, ele vai para o beleléu.
O garoto me explicou que, para defender a garotinha, Zoro acabou entrando em encrenca. Ele ficaria trinta dias preso sem água e comida.
Apertei minha mão em punhos, descontando minha vontade de quebrar aqueles marinheiros na porrada. Antes que eu respondesse novamente ao garoto do chapéu de palha, ouvimos um barulho alto de coisas se quebrando dentro do restaurante da mãe da garotinha.
Adentrei o local junto aos outros para ver o que tinha acontecido e vi um cara folgado com o cabelo lambido sentado com os pés na mesa e uma postura relaxada. Ele é filho do Capitão Morgan. Já tinha ouvido falar dele, mas não imaginava que era tão insuportável.
Se tem algo que odeio no mundo são pessoas folgadas que pensam que são superiores a outras. Principalmente se for um filhinho de papai irritante desses.
Meu sangue gelou totalmente quando ele disse que havia decidido executar meu irmão no dia seguinte. Como se a vida dele não fosse nada, como se fosse só mais um evento corriqueiro em sua vida. Meu coração parecia prestes a explodir pela explosão de sentimentos.
Uma raiva começou a borbulhar em meu corpo a cada segundo e não consegui me controlar. Com as mãos trêmulas, comecei a levantá-las, decidida a matar aquele sujeito. Mas então ele foi jogado longe com um soco dado pelo desconhecido do chapéu.
Olhei para ele surpresa. Ele não parecia ser amigo de Zoro, nem mesmo um conhecido. Então por que ele defendia ele tanto assim?
Para evitar mais confusão pública, segurei o braço dele e arrastei-o para fora do estabelecimento. Eu também estava nervosa, estava com tanta raiva que meu corpo tremia.
Mas sinceramente, não queria que ele tivesse problemas.
— Você sabe que bateu no filho de um capitão da Marinha, né? Você vai ser perseguido por eles agora e pode ser preso.
— Isso não importa. Eu já decidi que quero Zoro no meu bando — disse determinado.
Olhei para ele com a sobrancelha arqueada, não tendo muita certeza se entendi bem. Quer dizer que esse sujeito magrelo é um pirata?
— Você sabe que meu irmão é um caçador de piratas, né? — falei cruzando os braços.
— Seu irmão? — o garoto dos cabelos rosas perguntou assustado.
Logo me toquei de que nem tinha me apresentado e que também não sabia o nome deles.
— Ah, eu nem me apresentei né? — cocei a nuca sem graça — Sou Roronoa Mai. É um prazer conhecer vocês dois.
— Eu sou Monkey D. Luffy, vou ser o rei dos piratas e quero Zoro na minha tripulação. E esse aqui é o Cobby.
Meu queixo caiu só de ouvi-lo dizer em alto e bom som aquele sonho. Era realmente algo bem astucioso, corajoso e ambicioso. Confesso que fiquei impressionada com tamanha determinação que exalava dele.
— Rei dos piratas? Uau, esse é um sonho e tanto — falei ainda chocada. Cocei a garganta voltando ao meu foco principal — Enfim, se você quer que o Zoro seja parte do seu bando, precisamos que ele esteja vivo primeiro. Luffy, você pode me ajudar a salvar meu irmão?
— Mas é claro, eu já ia fazer isso mesmo — disse sorrindo.
Fiquei um pouco aliviada. Apesar de ser estranho, esse rapaz me passou uma sensação de confiança muito grande. Sinto no fundo de minha alma que posso confiar nele.
Nós dois não tínhamos nenhum plano, somente a cara e a coragem. A chance de dar errado era enorme, mas resolvi confiar em minhas novas habilidades e também nas habilidades de Luffy, que por sinal não fazia a menor ideia de quais eram.
— Vai pular esse muro aí como? — falei com Luffy quando chegamos ao muro alto da base da marinha.
Eu tinha como passar nós dois para o outro lado, só estava descontraindo um pouco minha tensão - apesar de que também seria bem seguro simplesmente usar uma escada. Contrariando minhas expectativas, o garoto deu uma risada e simplesmente esticou a mão até a parte de cima da grande parede.
Ele é um usuário de Akuma no Mi! Isso sim me surpreendeu bastante.
— Akuma no Mi? — perguntei surpresa.
Não era todo dia que se via usuários das frutas do diabo em East Blue. Muitas pessoas até acreditavam que se tratavam de lendas.
— Isso, eu comi a Gomo Gomo no Mi. Sou um homem de borracha. Segura no meu braço e bora.
Balancei a cabeça negando sua proposta.
— Pode ir primeiro. Você disse que vai chamar meu irmão para seu bando, né? Então é melhor você fazer isso sozinho.
— Você que sabe. Como você vai pra lá depois?
— Só confia.
Ele parece ter acreditado em mim porque foi sozinho enquanto eu fiquei por alguns minutos ali, pensando na bronca que ganharia por estar naquele lugar, longe de casa e cometendo um crime. Uns dez minutos depois, já estava mais tranquila.
Usando o poder da minha Nōri Nōri no Mi levitei meu corpo e passei pro outro lado. Meu coração se apertou ao ver ele, meu amado irmão mais velho tão surrado ali.
Ele, com certeza, está se fazendo de durão, como se isso não o afetasse em nada, mas, conhecendo-o tão bem, já consigo ver através dessa máscara de força que ele carrega sempre em seu semblante.
Quando parei em sua frente, ele me olhou surpreso, talvez até chocado. Isso não me surpreende; a última vez que nos vimos foi na ilha onde crescemos, que não é perto daqui. Muita coisa mudou nesses últimos meses.
— Mai? Que diabos você está fazendo aqui?
— Ouvi notícias de que o grandioso Zoro, caçador de piratas, tinha sido preso pela marinha. Então vim aqui ser a boa irmã salvadora da pátria.
— Você está louca? Isso é perigoso, sua desmiolada.
Revirei os olhos pela preocupação dele. Desse jeito, até parece que sou uma garotinha fraca e indefesa.
— Não se preocupe com isso. O importante é que vim te libertar.
Levei minhas mãos até aquelas cordas amarradas extremamente fortes para tirá-lo dali, mas fui repreendida.
— Espera! Eu vou aguentar ficar aqui. Quando completar um mês, vou ser libertado. Só faltam mais dez dias.
Me pergunto como ele pode ter acreditado na palavra do governo. Eles nunca cumprem o que prometem.
— Está enganado. Eu e o Luffy ouvimos em claro e bom tom o cabelo de tigela deformada falando que iria te executar amanhã.
Os olhos dele faltaram saltar para fora das órbitas pela surpresa.
— Aquele lixo desgraçado! Vou retalhá-lo todinho quando sair daqui — trincou os dentes.
Enquanto eu forçava as cordas, vi Cobby se aproximar de nós e começar a conversar com Zoro. Ele estava convencendo-o a trabalhar junto com o Luffy.
Não sei bem o que pensar sobre piratas. Acredito que existem pessoas e pessoas; ninguém é igual. Ou seja, nem todo pirata precisa ser um lixo desgraçado que mata pessoas ou as escraviza.
Logo o Morgan, vulgo boca de lata, apareceu ali e começou a vomitar um monte de merda pela boca. Lixo de homem.
Os soldados dele apontaram suas armas em nossa direção e quando atiraram, ergui minha mão direita.
— Nōri Nōri no: Shīrudo
Usando minha telecinese, parei as balas no ar usando uma espécie de escudo invisível e joguei-as de volta para eles.
— Senhorita Mai — ouvi Cobby dizer, surpreso.
Felizmente, Luffy logo também apareceu com as três katanas de Zoro, com o maior sorriso do mundo e uma entrada épica. Na cara e na coragem, se apresentando a todos como o homem que vai ser o rei dos piratas. Esse cara é um louco, isso é divertido.
— Qual o problema de vocês dois? Seus endemoniados — Zoro disse, sorrindo, lançando por alguns instantes para mim aquele típico olhar de "em casa a gente conversa". — Enfim, eu prefiro ser um pirata do que morrer aqui. Aceito sua proposta.
Ignorando as comemorações de Luffy por ter Zoro do seu lado, cocei a garganta.
— Sei que tá bom o papo, mas a gente pode comemorar depois que amassar esses caras no soco — apontei para os marinheiros.
— A gente coisa nenhuma, você pode sair daqui. Se lutar, vai ser uma criminosa.
— Aí me poupe, quem é um peido pra quem já tá toda cagada? — dei de ombros. Nem fodendo que eu perderia a oportunidade de amassar alguns caras no soco.
Afinal, eu não estudei anos de artes marciais à toa.
Com Zoro liberto, a luta não foi difícil. Aqueles caras eram fracos demais. Só alguns socos, chutes e uns golpes fodas de Luffy e a batalha estava ganha. Nem mesmo foi preciso usar a akuma no mi.
Quando Luffy já tinha amassado Morgan, o filho mimado dele apareceu botando uma arma na cabeça de Cobby. Revirei meus olhos com aquilo. Sem fazer nada, levitei a arma dele e trouxe até mim.
— Cara, você é patético — falei antes de dar um chute no queixo do cabelinho de tigela.
[...]
Pela exaustão, Zoro tinha praticamente desmaiado de fome. Então fomos até um restaurante na cidade encher a pança. Os dois conversavam como se fossem amigos há anos enquanto eu ficava caladinha andando mais atrás.
Estava aliviada em saber que meu cabelo de mato favorito estava bem, mas sinceramente não sei se estava afim de responder perguntas que nem mesmo eu sei da resposta. Quando reparei, já estávamos sentados na mesa do restaurante e os dois olhavam para mim.
— Anh? Estão falando comigo?
— Sim palerma, tá surda?
Ignorei o matagal ambulante e foquei minha visão em Luffy que se deliciava com um gigantesco pedaço de carne.
— Você também usa uma Akuma no Mi? Foi mó legal como parou aqueles tiros.
— Sim, eu comi a nōri nōri no mi, a fruta da telecinese. É muito legal né? — falei orgulhosa das minhas novas habilidades.
— Desde quando você tem isso? — meu irmão parecia prestes a soltar fogo pelo olho.
— Tem uns dois meses eu acho. Isso não vem ao caso.
— Como assim não vem ao caso? Eu quero tudo explicadinho, sim.
— Independente do que for não tem como descomer a fruta seu burro.
Luffy soltou uma gargalhada verdadeira vendo nossa pequena discussão. Foi um momento genuíno onde sequer imaginávamos o tamanho da aventura que viria pela frente.
— Olá gente, tudo bem com vocês?! Finalmente consegui postar essa fanfic. Sério, eu tava ansiosa por ela já! Espero que tenham gostado do primeiro capítulo.
— Deixe sua estrelinha ♥︎
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