𝟲𝟬
Suna...
Suna...
Suna...
Não consigo parar de olhar para ele, que ri de uma história que Greg está contando, com as mãos para o alto. Os dois estão sem camisa, a praia ao fundo. A brisa do mar joga meu cabelo para trás; estou sentada em um tronco, aproveitando a vista.
O sol começa a se pôr, não sei como o dia inteiro passou tão rápido quando a praia estava só a duas horas de distância. Bom, na verdade eu sei: em cada parada, ficávamos brincando e jogando conversa fora por um tempão.
Atsumu, Antony e Oikawa brincam com uma bola que compramos em uma das paradas e correm pela areia como crianças. Sophia caminha pela orla, aproveitando um momento de reflexão e tranquilidade, suponho.
Samy se senta ao meu lado no tronco.
⎯ Vista bonita, não?
⎯ Aham, a viagem valeu a pena.
Ela me oferece um copo de metal.
⎯ Quer um pouco?
Aceito e tomo um gole, e o gosto forte de uísque queima minha garganta.
⎯ Uísque? -devolvo o copo para ela e a vejo beber sem nem fazer careta.
⎯ Acho que andar com os meninos me mudou, peguei os gostos e as manias deles.
Passo as costas da mão na boca, como se isso fosse tirar aquele sabor.
⎯ Não tem amigas?
⎯ Não, sempre foram eles. -seus olhos viajam até greg, suna e então antony e atsumu. ⎯ Mas tudo bem, eles têm sido ótimos para mim.
⎯ Deve ter sido emocionante conhecê-los desde pequenos. -comento, curiosa.
Samy dá uma risadinha.
⎯ Ah, acredita em mim, conheço muitas histórias vergonhosas, apesar de a Alice me ganhar nessa; ela conhece muito mais do que eu.
Encaro-a com um olhar questionador, e ela parece ler minha mente, levantando a mão em sinal de paz.
⎯ Não, eu também não sei o que está acontecendo entre ela, Osamu e Atsumu.
Isso me faz franzir a testa.
⎯ Atsumu?
Ela arregala os olhos como se tivesse dito algo que não deveria.
⎯ É. -ela ajeita o cabelo atrás da orelha. ⎯ Quer dizer... Não que esteja acontecendo algo, só presumi que... Deixa pra lá.
Minha mente viaja para o dia do hospital, quando percebi que Osamu havia dado um soco em Atsumu, e para logo depois, no meu aniversário, quando Atsumu deu um soco em Osamu. Fito Sophia, e minha necessidade de protegê-la se intensifica.
⎯ O Atsumu tem alguma coisa com a Alice?
Samy não diz nada, então eu a pressiono.
⎯ Samy, não gosto de fazer isso, mas a Sophia é minha melhor amiga e eu faria qualquer coisa por ela. Preciso saber se devo dizer para ela esquecer Atsumu.
⎯ Se eu soubesse o que está acontecendo, diria, de verdade, [Nome], mas não faço a menor ideia. Osamu é um bloco de gelo indecifrável. Atsumu é tão respeitável que jamais falaria sobre uma garota. E Suna, bem, é sincero com tudo, menos no que diz respeito aos irmãos. Eles têm um senso de lealdade incrível.
Acredito nela.
Minhas tentativas de arrancar informações de Suna a respeito dessa situação foram um fracasso, incluindo uma em que tentei usar sexo como arma e só transei e acabei igualmente curiosa. Suna se junta aos demais garotos para jogar bola enquanto Greg caminha até nós.
⎯ Belezas tropicais!
Isso me arranca um sorriso. Greg é tão alegre e cheio de energia que me lembra Yin. Samy oferece um gole a ele.
⎯ Como você consegue estar sempre animado?
Greg bebe e expira visivelmente.
⎯ É a força da juventude. -ele se senta na areia em frente a nós. ⎯ Do que estão falando? Vocês estão sérias.
⎯ Besteira. -digo a ele.
O sol já vai se pôr.
⎯ A gente devia fazer uma fogueira antes de escurecer.
Por que sempre surjo com ideias como essa?
Oito caminhadas para buscar lenha depois...
Nos filmes, acender uma fogueira parece fácil e prático. Bom, bem-vindos à realidade, é difícil pra caramba. Estamos todos suados, a escuridão caindo sobre nós, mas finalmente conseguimos acender a fogueira. Nos sentamos ao redor dela, o reflexo do fogo em nossos rostos, brilhando devido ao suor.
Estou ao lado de Suna. Apoio a cabeça em seu ombro e observo o fogo, que, por ter chamas azuis, me tranquiliza e me traz uma sensação de paz. O vento da praia, o barulho das ondas, o garoto ao meu lado, os amigos ao meu redor - é um momento perfeito, e fixo em cada detalhe para guardar este instante em um lugar especial no coração.
⎯ Vou sentir saudade de vocês. -greg rompe o silêncio, e acho que disse o que todos estávamos pensando.
Atsumu joga um pedaço de madeira no fogo.
⎯ Pelo menos você também vai para a faculdade, Greg. Só sobrou eu no ensino médio.
Sophia o encara, e então os sentimentos ficam claros em seus olhos.
Eu me pergunto se também fica óbvio o que eu sinto quando olho para Suna.
Tenho certeza de que sim, reclamo mentalmente para minha consciência respondona.
Antony volta de sua busca no carro, os sacos de marshmallows nas mãos.
⎯ Chegou a comida.
Samy o ajuda com os sacos.
⎯ Que ótimo! Estou com tanta vontade de comer alguma coisa doce.
Greg tosse.
⎯ Antony pode te dar algo doce, você sabe, para chupar.
Samy faz uma careta.
⎯ Você não presta.
Sophia tem a ideia maravilhosa de começar a falar.
⎯ Até porque aquilo não é doce.
⎯ Ahhhhhhh!
Só consigo cobrir o rosto. Sophia fica vermelha ao perceber que falou demais. É assim que eu gosto de chamar: sincericídio. Vão encher o saco dela para sempre por causa disso.
Enquanto zoam Sophia, Suna sussurra para mim:
⎯ Vamos andar pela beira do mar?
Meu Deus, eu amo a voz dele.
Endireito-me, tirando o rosto de seu ombro para olhá-lo.
⎯ Só se você prometer se comportar.
Ele me dá um grande sorriso.
⎯ Não posso fazer promessas que não consigo cumprir.
⎯ Suna...
Ele segura minha mão, um sorriso malandro dançando em seus lábios.
⎯ Bom, prometo não fazer nada que você não queira.
Estreito os olhos.
⎯ Boa tentativa, mas você já usou essa estratégia uma vez, não vou cair de novo.
Ele cerra os lábios com uma frustração fingida.
⎯ Não achei que você fosse lembrar.
Coloco o dedo na testa dele.
⎯ Eu me lembro de tudo.
Ele esfrega a testa.
⎯ Isso é óbvio. Quem esqueceria a transa maravilhosa que eu te dei ontem de manhã? Você gemeu tanto e... -cubro a boca dele.
⎯ Bom, vamos caminhar. -levanto-me em um pulo. ⎯ Já voltamos. -digo rapidamente.
Suna me segue em silêncio, e consigo sentir seu sorriso bobo mesmo sem olhar para ele. Chegamos à beira do mar, e tiro os chinelos para segurá-los nas mãos, deixando-as molharem meus pés toda vez que chegam à costa. Suna faz o mesmo.
Caminhamos, nossas mãos livres se entrelaçando; o silêncio me faz muito bem. Nós dois sabemos que temos apenas mais alguns dias juntos, mas não falamos sobre isso. Para que ter essa conversa agora? Suna vai embora de qualquer forma, prefiro aproveitar cada segundo com ele sem ter que falar sobre coisas que vão nos fazer sofrer antes da hora.
Como diria minha mãe: "Não sofra por antecipação. Quando chegar o momento, você vai encarar o problema de frente."
No entanto, pela expressão de Suna, posso ver que ele quer dizer algo a respeito, então decido puxar assunto antes de ele abrir a boca. Lembro-me de minha conversa com Samy.
⎯ Posso te fazer uma pergunta?
Ele levanta minha mão entrelaçada à dele e a beija.
⎯ Aham.
⎯ Tem alguma coisa rolando entre a Alice e o Atsumu?
⎯ Já te disse...
⎯ Já sei, já sei, só me diz uma coisa. -escolho as palavras. ⎯ A Sophia está muito apaixonada por ele, e não quero que ela sofra, Suna. Não precisa me dizer exatamente o que está acontecendo, só me diz se devo falar para minha melhor amiga esquecer o Atsumu ou manter as esperanças, por favor.
Suna olha para mim franzindo os lábios, e o vejo hesitar.
Finalmente, ele fala:
⎯ Diga para ela esquecer ele.
Ah.
Isso dói em mim, e eu nem sou a Sophia Walking. Acho que é assim com melhores amigas, uma sente a dor da outra; compartilham não apenas histórias, mas também sentimentos. Suna não diz mais nada, e sei que não vou conseguir arrancar outras informações dele, então deixo o assunto pra lá. Só o observo andar ao meu lado e me lembro de tantas coisas que meu coração aperta.
"Acha que não sei sobre sua ligeira obsessão infantil por mim?".
"Sim, eu quero".
"Estou sempre às ordens, meu bem".
"E você é linda".
"Fica comigo, por favor".
"Estou apaixonado, [Nome]".
Só consigo ver o perfil de seu lindo rosto enquanto minha mente me faz reviver tudo outra vez.
⎯ Ah, sou masoquista... -digo em um sussurro.
Suna olha para mim.
⎯ Sexualmente? Porque, se a resposta for sim, percebi que você gosta quando eu te dou um tapinha e...
⎯ Cala a boca! -ele fica quieto. ⎯ Não, estou falando emocionalmente, você foi um idiota comigo no começo.
⎯ Defina "idiota".
Solto a mão de Suna e mostro o dedo do meio para ele.
⎯ Já deu para entender.
⎯ Como você achou uma boa ideia me dar o celular logo depois de transarmos? Bom senso, Suna, bom senso.
A expressão dele se apaga.
⎯ Desculpa, não vou cansar de me desculpar por isso. -ele estende a mão para mim outra vez. ⎯ Obrigado por não desistir de mim, mudei para melhor por sua causa.
Não seguro a mão dele, dou uma de difícil.
Suna pula e aponta para o meu lado na areia.
⎯ Caranguejo!
⎯ Porra! Onde?! -corro para ele instintivamente.
Ele me abraça.
⎯ Vem cá, vou te proteger.
Empurro-o ao me dar conta da mentira.
⎯ Ah.
Suna me ultrapassa e se ajoelha, oferecendo-me as costas.
⎯ Vem, pode subir.
A lembrança dele fazendo a mesma coisa na noite em que fui assaltada surge na minha mente, o modo como ele fez com que me sentisse segura, como foi legal comigo naquela noite.
"Prometo. Eu não vou embora. Não desta vez".
O café da manhã no dia seguinte, como ele segurou minha mão com gentileza, me mostrando que estava a salvo, que não deixaria nada de ruim acontecer comigo. Foi a primeira vez que vi o lado gentil de Suna. Subo nas costas dele e Suna se levanta, deixando que eu passe as pernas em volta de seu quadril e envolva seu pescoço com as mãos, para me apoiar.
Ele me carrega, e me dou conta de que este dia está cheio de momentos perfeitos. Descanso a cabeça em seu ombro. O som das ondas invade meus ouvidos, o calor do corpo de Suna se misturando com o do meu. Como vou sobreviver sem você? Afasto essa pergunta da minha cabeça.
⎯ Suna.
⎯ Hum?
Tiro a cabeça de seu ombro.
⎯ Te amo.
Ele fica em silêncio por um momento, e isso me faz apertar os olhos. Então ele fala:
⎯ Eu vou ficar.
⎯ O quê?
⎯ Você sabe que, se você me pedir, eu fico. Certo?
⎯ Eu sei.
⎯ Mas você não vai pedir.
⎯ Não vou.
Ele suspira e não diz mais nada por um instante.
Nunca poderia pedir para ele ficar, para desistir de seu sonho. Não posso ser tão egoísta, não posso tirar isso dele. Não seria justo que, enquanto realizo meu sonho e estudo o que sempre quis, ele tenha que estudar algo que não quer só para ficar comigo.
Sempre pensei que quando as pessoas diziam que "o amor não é egoísta" estavam se iludindo, seguindo o princípio de que devemos nos colocar em primeiro lugar. No entanto, quando é pela felicidade de alguém que amamos, tudo bem deixar um pouco de lado o que sentimos. Acho que não há maior prova de amor do que essa.
Volto a descansar a cabeça em seu ombro e o ouço sussurrar baixinho, o suficiente apenas para eu ouvir:
⎯ Eu também te amo.
Com essas palavras, deixo que ele me carregue pela beira do mar, saboreando cada segundo.
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