𝟱𝟳
Agridoce...
É a minha sensação quando Suna me conta o que houve com seu avô. Estou feliz por ele, mas meu lado egoísta fica um pouco triste porque agora é para valer.
Vamos nos afastar de verdade.
A ficha não tinha caído até agora, e o simples fato de me imaginar longe dele me dá um aperto no coração e me deixa sem ar. Mas sei que é o sonho dele, sei que é o que ele quer, e eu jamais faria nada para impedí-lo.
Mas como dói...
A voz de Sophia ecoa longe de mim, quando na realidade está ao meu lado.
⎯ [Nome]? Está me ouvindo?
⎯ Ah, desculpa, minha cabeça estava em outro lugar.
⎯ É nosso último dia no colégio. Tenta estar mais presente. -ela cutuca a própria testa para enfatizar que minha mente precisa parar de dar voltas e aproveitar o dia.
É o último dia de aula.
Eu ainda não consigo acreditar que meu último ano do ensino médio tenha chegado ao fim, que já é verão de novo. Já faz quase um ano que falei com Suna pela primeira vez.
⎯ Meu amor! -escuto atrás de mim e não preciso me virar para saber quem é.
Sophia, virada para mim, anuncia:
⎯ Aqui está seu príncipe.
Braços fortes me agarram por trás.
⎯ Minha gatinha, minha bela, meu tudo.
Depois de me soltar, me viro para ele.
⎯ Yin, o que te falei sobre ficar me abraçando o tempo todo?
Se Suna soubesse...
Yin faz beicinho.
⎯ Mas abraçar é uma coisa normal entre um futuro casal.
Sophia puxa sua orelha como de costume.
⎯ Futuro casal... Está cada dia mais louco.
⎯ Ai! -yin geme de dor, mas continua no flerte. ⎯ Mais louco de amor, isso sim! -sophia aperta de novo a orelha dele. ⎯ Ai! Ai!
⎯ Você é um nojo... -sophia o solta, simulando espasmos de vômito.
Yin massageia a própria orelha.
⎯ Como está sendo o último dia de aula?
Recosto-me no armário.
⎯ Como qualquer outro.
Sophia suspira e me lança um olhar triste.
Yin pega nossas mãos.
⎯ Não se preocupem, estaremos sempre juntos, mesmo que a distância nos separe.
Isso me faz sorrir.
Yin é uma pessoa muito doce e de uma alegria contagiante. Definitivamente, vou sentir saudades dele.
A nostalgia me atinge de repente: adeus aos corredores, adeus à minha turma da vida inteira, adeus às loucuras de Yin, às conversas doidas na sala de aula antes de o professor chegar.
Tudo isso acabou.
Não só vou embora deste lugar, mas também desta cidade. Vou morar no alojamento universitário. Deixarei tudo isto para trás, e parte de mim está apavorada. Por sorte, Sophia e Oikawa estudarão na mesma universidade que eu, não vou me separar deles dois, mas dele sim.
Meu amor...
Afasto esses pensamentos porque são muito dolorosos.
Yin pigarreia.
⎯ Sei que é uma pergunta boba, mas quer ir comigo à festa de formatura?
Dou-lhe um sorriso carinhoso.
⎯ Yin...
Sophia passa um braço por meu ombro, abraçando-me de lado.
⎯ Sinto muito, feioso, ela já vai comigo.
Sophia e eu tomamos essa decisão quando nos demos conta de que não tínhamos par. Suna terá que ir à festa de formatura da própria instituição, então não poderá ir à da nossa.
Yin faz uma cara de cão abandonado.
⎯ Ah, não me digam que vocês vão fazer essa coisa de ir com a melhor amiga. Que sem graça!
Sophia sorri com malícia.
⎯ Sim, não temos acompanhante, então vamos juntas.
Yin me olha com segundas intenções. Dou um beijo na bochecha de Sophia e o encaro.
⎯ Sinto muito, hoje eu pertenço a ela. Sou toda dela esta noite.
⎯ Eu sabia que vocês se pegavam.
Oikawa se junta a nós, com seu boné de sempre, ajeitando os óculos para nos ver melhor, imagino.
⎯ Toru. -yin o segura pelos ombros de forma dramática. ⎯ Elas estão pensando em ir juntas à festa de formatura. Fala para não fazerem isso, para [Nome] ir comigo.
Oikawa suspira, pondo suas mãos sobre as dele.
⎯ Yin, não sei se você lembra que ela tem namorado, um cara alto, capitão de um time de futebol que com certeza partiria para cima de você se te visse com ela.
⎯ Não tenho medo dele. -yin se solta de oikawa. ⎯ O amor me dá coragem.
Toru lhe dá um tapinha no ombro.
⎯ Você vai acabar levando umas porradas se for com ela.
Sophia desencosta da parede onde estava apoiada.
⎯ Precisamos ir, temos que nos preparar para hoje à noite.
Yin faz uma careta.
⎯ Para quê? Vocês não têm nenhum cara para impressionar.
Sophia se aproxima dele.
⎯ Não precisamos disso. -diz ela com determinação. ⎯ As garotas não têm que ficar bonitas só para impressionar um cara. Gostamos de nos olhar no espelho e admirar nossa própria beleza.
⎯ Uau, que profundo. -comenta yin, e oikawa concorda.
Nos despedimos dos garotos e vamos para a saída. Quando chego à porta, me viro para dar uma última olhada no longo corredor que cruzei durante todos esses anos.
Com um suspiro, saio do local.
⎯ Uhuuuu! -sophia e eu gritamos com vontade no meio da pista de dança da festa de formatura.
Esse coquetel de frutas vermelhas com certeza leva álcool. Não sei como fizeram isso, mas não estou reclamando.
Afinal, é nossa festa de formatura.
Sophia cantarola e me estende seu copo de plástico vermelho para brindarmos. Minha melhor amiga está maravilhosa, com um vestido branco decotado, que combina com seus cabelos dourados, e uma maquiagem incrível. Sempre gostei das maçãs de seu rosto, seus traços chamam bastante atenção. Não é atoa que ela já fez vários trabalhos de modelo para a agência da mãe. Sophia nasceu para isso.
Já eu escolhi um vestido vermelho acinturado que se ajusta muito bem a meus quadris, mas soltinho dali para baixo.
Seguramos a barra dos vestidos para andar melhor.
Somos loucas, mas loucas que estão se divertindo horrores.
Sophia ergue seu celular para fazer um vídeo e postar no Instagram: nós duas dançando e exibindo nossos copos, com um monte de hashtags.
Morro de rir quando ela baixa o celular e posta mesmo. Mas logo muda de expressão quando vê algo, contraindo as sobrancelhas.
Ela levanta o rosto para mim e não precisamos falar nada, apenas olho com cara de "o que está acontecendo?".
Sophia me passa o celular e clica no story do Instagram de alguém. A primeira coisa que vejo é o rosto de Suna, aquele sorriso torto e atrevido que tanto me encanta. Está lindo de terno, com uma gravata escura que não dá para ver direito na foto, porque o lugar também é escuro.
Em outras circunstâncias, eu teria gostado de ver essa foto, mas agora tem o efeito contrário: sinto meu bom humor evaporando.
Porque ele não está sozinho.
Ari está ao seu lado, e eles estão grudados demais para o meu gosto, quase com as bochechas encostadas para a selfie. As hashtags só pioram a situação: #ComIscariote, #FuturoDoutor, #OMaisGato, #OQueAconteceNaFormaturaFicaNaFormatura.
Sinto o calor invadindo meu rosto de tanta raiva, e meu estômago se contrai por uma razão inconfundível: ciúmes. Sophia se aproxima para gritar no meu ouvido, por cima da música:
⎯ Tenho certeza de que ela fez de propósito.
Ah, eu sei que ela fez, mas mesmo assim estou fervendo.
Sou invadida por um ciúme terrível que dá corda à minha imaginação. Já passaram pela minha mente os mais diferentes cenários de eles dois se beijando, se tocando, dançando juntos... Mas balanço a cabeça porque estou certa de que não vai acontecer nada, confio nele. De todo modo, não posso negar o incômodo que sinto, porque sei que eles têm uma história juntos.
Saímos da pista de dança e eu pego meu celular, tentando me acalmar.
Não seja imatura, [Nome].
Escrevo uma mensagem para meu namorado.
Como está por aí?
Ele demora a responder e isso me deixa ainda mais furiosa. Está se divertindo tanto que nem se dá ao trabalho de me responder. Ai, meu Deus, preciso parar de pensar assim!
Meu celular vibra com uma resposta.
Normal, falta você para ser perfeito.
Com quem você está?
Com toda a turma?
Não acho graça no sarcasmo, mas não sei como perguntar com quem exatamente ele está sem soar invasiva.
Não respondo e ele me escreve de novo:
Já estamos quase saindo daqui para o after.
O after será na casa do Suna, lógico; de novo, não respondo porque sei que devo confiar nele e que, se eu falar agora, ele vai perceber minha raiva. Então decido tirar essa foto da cabeça e me divertir com meus amigos. Dançamos, e cada hora um vai para o meio da rodinha mostrar suas habilidades, que não são lá muito grandes, mas sob as luzes da pista, nós arrasamos.
Devo admitir que quem está batizando o suposto coquetel de frutas da festa está exagerando um pouco, porque a bebida está cada vez mais forte. Fico com medo de que algum dos professores acabe provando a bebida e dê problema, mas essa preocupação desaparece com o quarto copo.
Depois de um tempo, meu celular vibra em minha mão.
CHAMADA RECEBIDA
Meu amor <3
Saio da pista e vou até o ginásio da escola, passando por um corredor vazio e silencioso. Ver seu apelido na tela me faz relembrar aquela foto com Ari.
Engolindo em seco, atendo a ligação.
⎯ Alô?
⎯ Ei, tudo bem?
⎯ Hmm, sim. -minha voz soa forçada.
⎯ Você nunca foi boa em mentir.
⎯ Estou bem.
⎯ Sabia que você costuma contrair os lábios quando está chateada?
Franzo as sobrancelhas.
⎯ E você está fazendo exatamente isso agora. -diz ele, e eu levanto o olhar e o vejo no corredor deserto e escuro vindo na minha direção. se ele já é lindo com roupas comuns, de terno e gravata fica maravilhoso.
Suna baixa o celular e me dá um sorriso que não é debochado nem arrogante, mas um sorriso genuíno que me desarma. Ele parece tão feliz em me ver que eu logo me esqueço de Ari ou de qualquer dúvida em minha cabeça.
Ele me ama, está estampado em seu rosto, em seus olhos, em seu sorriso. E eu me sinto uma boba por ter duvidado disso um segundo sequer por causa de uma simples foto, quando o que sentimos um pelo outro é tão sincero, tão puro...
Ele chega perto de mim e me dá um beijo rápido. Depois sussurra junto aos meus lábios:
⎯ Você está linda.
⎯ Você também não está nada mal. -admito.
⎯ O que houve? -pergunta, acariciando minha bochecha com o polegar. ⎯ O que te deixou chateada?
Para ser sincera, não estou mais chateada com nada, no momento só me importo com ele e com este instante. Então fico na ponta dos pés, agarro sua gravata e lhe dou um beijo, pegando-o de surpresa; não um beijo delicado, um beijo que extravasa todos os meus sentimentos, todo o amor que me consome. Não demora muito para que ele acompanhe meu ritmo, nossos lábios em sintonia, acelerando nossa respiração.
Quando nos afastamos, eu o pego pela mão e o levo a uma sala de aula vazia e fecho a porta. Suna me observa, curtindo. Dá para ver que ele está sedento por me beijar e me possuir. Mordendo o lábio, eu o encaro, com a mesa do professor logo atrás de mim. Suna não disfarça, sei que está tão enlouquecido quanto eu, seus olhos percorrem meu corpo com luxúria e atrevimento.
⎯ Hoje é sua formatura. -põe as mãos em meus quadris, apertando-os. seu cheiro delicioso me faz morder meu lábio de novo. é maravilhoso. ⎯ E você nunca transou aqui. -ele me levanta e me coloca na mesa do professor, se enfiando entre minhas pernas, seu polegar acariciando minha boca. ⎯ Isso está prestes a mudar.
Seus lábios engolem os meus num beijo possessivo, mas absurdamente irresistível e delicioso.
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