𝟯𝟲
Que noite!
Tudo ficou tão complicado desde que Suna entrou na minha vida... Ele é como um pequeno furacão, que destrói tudo por onde passa. Teve seus momentos carinhosos, mas estes instantes são ofuscados por todas as vezes em que me fez mal. Como pode ser carinhoso numa hora, e no instante seguinte ser tão frio?
Suspiro, soltando uma fumacinha pela boca. Está muito frio, e talvez sair do bar não tenha sido uma ideia lá muito brilhante, mas qualquer coisa era melhor que continuar suportando aquilo. Tento ligar para Sophia de novo, mas nada. Penso em apoiar as costas numa árvore, mas é tão desconfortável que desisto.
E então escuto:
⎯ [Nome]!
A voz que atormenta minha cabeça e que faz meu coração disparar sem controle. Surpresa, olho para a rua e vejo Suna vindo depressa. Seu rosto deixa transparecer a preocupação, mas a essa altura não me importo mais. Adoraria dizer que não sinto nada ao vê-lo, mas não é verdade. Ele está sempre absurdamente lindo. Quando me alcança, Suna me envolve num abraço forte. Seu cheiro é sempre tão bom...
⎯ Pensei que não fosse te encontrar mais.
Permaneço imóvel, sem levantar os braços para retribuir o abraço. Ele me solta e segura meu rosto.
⎯ Está tudo bem?
Não respondo nada, apenas afasto as mãos dele. Suna fica chateado com meu gesto, mas não me impede.
⎯ Você está muito brava, né?
⎯ Não. -a frieza da minha voz surpreende a nós dois. ⎯ Estou decepcionada.
⎯ Eu... -ele coça a parte de trás da cabeça, bagunçando os cabelos castanhos. ⎯ Desculpa.
⎯ Tá.
Ele franze o cenho.
⎯ "Tá"? [Nome], fala comigo, sei que você tem um milhão de coisas para dizer.
Dou de ombros.
⎯ Na verdade, não.
⎯ Por favor, mente, me ofende, grita comigo, mas não fica assim calada. Seu silêncio é... angustiante.
⎯ O que você quer que eu diga?
Ele vira de costas, segurando a cabeça como se não soubesse o que dizer. Quando se vira para mim de novo, sua voz é doce:
⎯ Me desculpa, sério.
Dou um sorriso triste.
⎯ Isso não é suficiente.
⎯ Eu sei e não quero que seja. -ele contrai os lábios. ⎯ Só... me dá mais uma chance.
Meu sorriso fica mais triste.
⎯ É nisso que essa história se transformou: um ciclo interminável de chances. Você me machuca, eu te desculpo e volto como se nada tivesse acontecido.
⎯ [Nome]...
⎯ Talvez seja minha culpa ter tantas expectativas em relação a você.
Uma expressão de dor desponta em seu rosto. Eu me viro e começo a me afastar dele. Não sei o que estou fazendo nem aonde vou, mas preciso me afastar de Suna.
⎯ [Nome], espera! -suna me pega pelo braço, me virando para ele mais uma vez. ⎯ Tudo isso é muito novo para mim, e não é desculpa, nunca tinha... tentado nada sério com ninguém antes. Não sei o que você espera, sei que parece óbvio para muitas pessoas, mas para mim não é.
Desvencilho-me dele.
⎯ É questão de bom senso, Suna. Você tem o QI mais alto daqui e não é capaz de deduzir que não seria uma boa ideia me levar a um lugar onde estão duas garotas com quem você já ficou?
⎯ Duas garotas com quem já fiquei? -ele fica confuso. ⎯ Ah, Ari...
É sério que ele não lembrava?
⎯ Como você sabe...? Ah, merda, eu tinha esquecido totalmente. Foi coisa de uma noite, não significou nada para mim.
⎯ Aham.
⎯ O que mais ela te falou?
Levanto o queixo.
⎯ Também me contou que você ficava debochando com seus amigos da minha obsessão por você.
Ele não fica surpreso com a afirmação.
⎯ Isso foi muito antes de te conhecer melhor. A gente nunca tinha nem se cumprimentado direito.
⎯ E espera que eu acredite em você?
⎯ Por que não acreditaria? Nunca menti para você. -lembro de todas as vezes que ele falou comigo com tanta sinceridade que chegou a doer.
⎯ É verdade, eu tinha esquecido que a franqueza é uma de suas qualidades.
Seus olhos amarelados esbanjam sinceridade.
⎯ Acho que isso foi sarcasmo, mas eu realmente não estou mentindo. O que tive com a Ari não significou nada para mim.
Cruzo os braços.
⎯ E o que eu significo para você?
Ele baixa os olhos.
⎯ Você sabe.
⎯ Depois de hoje à noite, não tenho mais a mínima ideia. -suna ergue o olhar. seus olhos brilham com uma intensidade que acelera meu coração.
⎯ Você é... minha futura namorada. A garota que me entende, que me faz querer ser diferente, tentar coisas novas que me assustam, mas que sei que com você valem a pena.
As fisgadas na minha barriga são insuportáveis.
⎯ Lindas palavras, mas já não bastam, preciso de atitude. Quero que você me mostre de verdade que quer ficar comigo.
⎯ Estou tentando. Te apresentei para os meus amigos. O que mais você quer que eu faça? -ele parece tão vulnerável nesses momentos.
⎯ Isso é você quem tem que saber. Está acostumado a ter tudo de mão beijada, mas desta vez vai ser diferente. Se você quer ficar comigo, vai ter que lutar por isso, conquistar esse direito. Começaremos como amigos.
⎯ Como amigos? Amigos não sentem o que você e eu sentimos nem se desejam como nós nos desejamos.
⎯ Eu sei, mas você precisa conquistar as coisas depois de estragar tudo tantas vezes.
Ele passa a mão pelo rosto.
⎯ Está me dizendo que não vou poder te beijar nem te tocar? -limito-me a assentir. ⎯ Está me colocando na friendzone?
⎯ Não, não é bem isso, quer dizer, é, mas com a possibilidade de se tornar algo à mais se você souber como agir.
Um sorriso de ironia surge em seu rosto.
⎯ Ninguém nunca me deixou na friendzone.
⎯ Há uma primeira vez para tudo.
Ele se aproxima de mim.
⎯ E se eu não aceitar ser seu amigo?
⎯ Bom... -reúno toda a minha força para dizer isso. ⎯ Então, infelizmente, você vai estar fora da minha vida.
⎯ Uau, desta vez você ficou magoada mesmo.
Ignoro suas palavras.
⎯ Então, é pegar ou largar. -ele passa a mão pelos cabelos.
⎯ Está bem, faremos do jeito que você quer, mas com uma condição.
⎯ Qual?
⎯ Durante esse período de "amizade"... -diz suna, fazendo sinal de aspas com os dedos. ⎯ Você não pode ficar com outros garotos. Continuará sendo minha.
Deixo escapar um sorriso.
⎯ Por que você é sempre tão possessivo?
⎯ Só quero deixar registrado que, ainda que estejamos começando como amigos, isso não quer dizer que você vai poder sair por aí com outros caras. Entendido?
⎯ Amigos não têm direito de fazer esse tipo de exigência. -ele me olha desanimado.
⎯ [Nome]...
⎯ Está bem, sr. Ciumento, nada de sair com outras pessoas. Mas isso também se aplica a você.
⎯ E vale jogar sujo.
Franzo a testa.
⎯ Como assim?
⎯ O fato de eu ser seu "amigo"... -ele volta a fazer o sinal de aspas com os dedos. ⎯ Não quer dizer que eu não possa tentar te seduzir.
⎯ Você está louco.
Suna estica a mão para mim.
⎯ Estamos combinados?
Faço que sim com a cabeça e aperto sua mão.
⎯ Estamos. -respondo.
Ele ergue minha mão e a leva a seus lábios, dando um beijo úmido sem desgrudar os olhos dos meus. Engulo em seco e solto minha mão. Ele me dá aquele sorriso torto que eu tanto amo.
⎯ O que você quer fazer? Quer que eu te leve para casa ou quer voltar lá para dentro?
Não sei o que responder.
Acabo decidindo voltar e testar Suna, para ver como ele lidará com a situação, agora que se deu conta de que estava mandando muito mal. Com muita segurança, volto para o bar.
A mesa está quase vazia, exceto por Ari e Samy, que estão ali conversando. Imagino que os outros tenham ido dançar. Eu me sento ao lado de Ari, e Suna, do meu. Ela me lança um olhar incomodado e eu abro um enorme sorriso.
I'm back, bitch, como diria Sophia.
⎯ Quer beber alguma coisa? -suna mumura na ponta do meu ouvido.
⎯ Uma margarita. -respondo, e ele se levanta para ir buscar o drinque.
Pouco tempo depois, vejo Suna voltando ao longe. Uma taça de margarita aparece diante de mim na mesa, e ele se senta ao meu lado. Começa a tocar música eletrônica, e Ari se levanta, dançando, passa por mim e para em frente a Suna.
⎯ Quer dançar? -convida ele, estendendo a mão.
Eu me limito a tomar um gole da minha margarita, fingindo um sorriso.
⎯ Não.
Sem qualquer explicação.
⎯ Ai, deixa de ser chato. Por que não?
⎯ Porque a única mulher com quem eu quero dançar, é ela.
Essa resposta me surpreende. Ari volta para seu lugar. Suna aperta minha mão e me obriga a me levantar, e depois vamos andando até a pista de dança. Isso vai ser interessante.
Passamos por um monte de gente até nos enfiarmos no meio da multidão dançando. Estou nervosa, não posso negar, é a primeira vez que dançarei com ele. Suna está na minha frente, esperando. Está incrivelmente bonito sob as diversas luzes coloridas. Mordo o lábio e começo a me mover. Ele segue meus movimentos, colando seu corpo ao meu.
Passo as mãos ao redor do pescoço de Suna, mexendo os quadris suavemente junto ao corpo dele. Posso sentir sua respiração no meu rosto, seu corpo pressionando o meu. Estar tão perto dele é intoxicante, e me dou conta de que talvez subestime o efeito que ele tem sobre mim com essa história de começarmos como amigos.
Suna coloca as mãos na minha cintura, movendo-se comigo. A tensão sexual entre nós é palpável, como uma corrente elétrica que atravessa nossos corpos com a música. Ele vai para trás de mim e passa os braços ao redor da minha cintura. Descansa seu queixo no meu ombro e me dá um beijo suave no pescoço. Sinto seus lábios úmidos e quentes na minha pele. Não sei quanto tempo passa, mas não quero que esse momento acabe. Quero ficar assim com ele, que nada mude, que mais nada dê errado, porque eu não suportaria.
Suna segura minha mão e me gira, num movimento um tanto teatral. Começo a rir e continuo dançando. O mundo ao nosso redor desaparece, somos só nós dois, cantarolando e dançando feito bobos no meio da multidão. Uma sensação de paz e alegria invade meu coração.
Quero acreditar nele, vou lhe dar um último voto de confiança para que conquiste meu amor. Vou ficar na torcida desse idiota que roubou meu coração.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro