𝟯𝟯
Nada é perfeito. Nem ninguém.
A perfeição é um tanto subjetiva. A declaração de Suna poderia parecer pouco romântica para muita gente, mas para mim? Bem, para mim foi imperfeitamente perfeita. Para mim ele é perfeito, com sua instabilidade e tudo.
Talvez eu esteja cega de amor, talvez não consiga ver além dos meus sentimentos, mas se existe a possibilidade, por menor que seja de ser feliz com ele, eu vou tentar. Quero ser feliz, eu mereço depois de ter passado por tanta coisa.
Quem não está nem um pouco satisfeito com essa escolha?
Ah, Oikawa, lógico.
Meu querido melhor amigo está na minha frente, seus olhos ardem de raiva. Ele está empunhando o celular de Suna para mim.
⎯ Ele está aqui, não está?
Abro a boca para negar, mas não sai nada. Oikawa contrai os lábios e desvia os olhos, como se não suportasse nem mesmo olhar para mim.
⎯ Você não aprende, [Nome].
Isso me irrita, e eu cerro os punhos.
⎯ E o que vai fazer? Dar uma de fofoqueiro e contar tudo para minha mãe? É sua especialidade ultimamente.
Antes que ele possa responder, eu continuo:
⎯ Me diz, Tooru. -reparo em sua expressão de dor quando o chamo pelo sobrenome novamente e não pelo apelido. ⎯ O que mais posso esperar? Que você conte a ela a primeira vez que fiquei bêbada? Ou aquela vez que matei várias aulas para ir com a Sophia jogar boliche? Me diz, assim eu posso me preparar.
⎯ [Nome], não faz isso, não me pinta como o vilão da história. Tudo o que fiz foi porque...
⎯ Porque está apaixonado por ela e é um babaca ciumento.
A voz de Suna me pega de surpresa, e eu o observo descer a escada, com o olhar frio cravado em Oikawa.
Oikawa fica na defensiva imediatamente.
⎯ Isso não é assunto seu.
Suna se direciona para perto de mim e me puxa pela cintura.
⎯ É, sim. Tudo que tem a ver com ela tem a ver comigo também.
⎯ Ah, é? -oikawa deixa escapar um riso sarcástico. ⎯ E quando você conquistou esse direito? Você só fez mal a ela. E vai continuar fazendo.
⎯ Pelo menos eu não estraguei a relação dela com a mãe por causa de uma crise de ciúmes. -olho surpresa para ele. suna balança a cabeça. ⎯ Você tem ideia de como foi egoísta? Deveria aprender a jogar limpo.
Esperem um momento. Como Suna sabe da história de Oikawa? Tenho o pressentimento de que Sophia não conseguiu se segurar e acabou contando para Atsumu, e ele talvez tenha dito a Suna. Sophia vai se ver comigo.
Oikawa lança um olhar assassino para ele.
⎯ Não quero falar com você. Estou aqui por ela, não por você. Você não deveria nem estar aqui. Deveria ir embora. -diz oikawa.
Suna lhe lança um sorriso torto.
⎯ Me tira daqui, então.
Suna me solta e vai até ele, com as mãos fechadas. Oikawa parece pequeno perto dele.
⎯ Vamos, tenta me tirar daqui. Me dá motivo para eu quebrar sua cara por ter feito tanta merda com a minha namorada.
Minha namorada... quando isso aconteceu? Quer dizer, ainda nem correspondi!
Isso me faz conter a respiração. Oikawa se mantém firme.
⎯ Típico. Recorre à violência quando não sabe o que dizer.
⎯ Não, recorro à violência quando alguém merece.
⎯ Pois então você deveria bater em si mesmo. -responde oikawa num tom venenoso.
Só consigo ver Suna tensionando os ombros e fechando os punhos. Logo me coloco entre os dois.
⎯ Acho que já deu. -lanço um olhar de súplica para oikawa.
Penso em pedir que ele vá embora, mas sei que isso só vai piorar as coisas. A única forma de evitar uma confusão é fazendo com que os dois saiam daqui.
⎯ Acho que vocês dois devem ir embora.
Olho para Suna, atrás de mim, e ele não parece surpreso com meu pedido. Levanta as mãos, em sinal de rendição.
⎯ Bem, como quiser.
Ele vai até a porta, mas para antes de sair, esperando Oikawa, que me lança um último olhar triste. Os dois saem pela minha porta. Parte de mim tem medo de que eles se ataquem, mas estando fora da minha casa, os dois já são grandinhos e podem tomar as próprias decisões.
Com um suspiro profundo, caio no sofá. Que manhã!
Não só escutei a declaração de Suna, que mexeu totalmente com minhas emoções, como precisei lidar com o estresse de Oikawa ao nos descobrir aqui. Além disso, de alguma forma, o que Suna disse sobre Tooru ficou na minha cabeça.
⎯ Porque está apaixonado por ela e é um babaca ciumento.
⎯ Pelo menos eu não estraguei a relação dela com a mãe por causa de uma crise de ciúmes. Você tem ideia de como foi egoísta? Deveria aprender a jogar limpo.
Será que Suna tem razão? Me convenci de que Oikawa tinha feito aquilo para o meu bem, porque assim eu talvez conseguisse perdoá-lo com o tempo. É uma vida inteira de amizade, mas se ele só fez isso por ciúmes, a possibilidade de perdoá-lo diminui. Suspiro de novo. Espero mesmo que ele não conte à minha mãe que viu Suna aqui. Não quero mais drama e problemas.
⎯ Estou perdidamente apaixonado por você.
Meu coração acelera com a lembrança dessas palavras.
Ainda não consigo acreditar. Suna está apaixonado por mim, tem sentimentos por mim, não sou apenas mais uma garota com quem ele sai para se divertir. Lembro-me de suas palavras frias de algumas semanas atrás, o gelo que me deu depois de transar comigo pela primeira vez, a sensação de acordar em uma cama vazia e escutá-lo dizer à empregada da sua casa que se livrasse de mim. Ele me magoou tantas vezes... mas não ponho toda a culpa nele, eu sabia onde estava me metendo. Ele foi sincero comigo e mesmo assim eu continuei disponível para ele em várias situações.
Mas agora...
Pela primeira vez, Suna demonstrou que se importa comigo.
O idiota instável tem coração. Eu me lembro de sua declaração e da intensidade de seus olhos lindos. Sem conseguir evitar, solto um gritinho infantil.
Estou sendo correspondida.
Com um sorriso bobo no rosto, subo até meu quarto. Apesar de tudo, consigo voltar a dormir. Eu sei, tenho uma habilidade sobre-humana para dormir em qualquer circunstância.
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