𝟮𝟯
Futebol.
O esporte mais popular do mundo e um dos meus favoritos. Não sei quando desenvolvi essa paixão por assistir aos jogos, talvez tenha sido quando vi Suna jogando no quintal de casa ou naquele primeiro jogo no qual a mãe de Soph nos levou para vermos o primo dela jogar, não sei. O fato é que eu realmente gosto de assistir a uma partida de futebol. Então, passados alguns dias, não hesito em vir com Sophia e Oikawa ao jogo do time do primo de Sophia para torcer por ele. Tento ignorar ao máximo que esse também é o time de Suna e que isso significa que vou vê-lo pela primeira vez desde aquela manhã dolorosa. Admito que tem sido difícil, especialmente de noite, quando fecho os olhos e não consigo deixar de ficar revirando os acontecimentos na minha mente; fico tentando entender quando e por que tudo terminou. Em alguns momentos até assumi parte da culpa; ele me avisou, disse o que queria, mas mesmo assim fui e me entreguei a ele não apenas uma vez, mas duas. Tento afastar da cabeça esses pensamentos, estou aqui para me divertir e aproveitar um jogo do meu esporte favorito com meus amigos. Embora, para ser honesta, no fundo eu saiba que meu coração acelerado e as mãos suadas não são por causa do jogo, mas pela presença daquele filho da puta do meu vizinho.
Por que a possibilidade de vê-lo me deixa tão nervosa? Ele vai estar longe, nem vai me ver ou notar minha presença entre tanta gente nas arquibancadas.
Preciso ficar calma. Chegamos e, como previ, está lotado. Sophia demorou para encontrar uma vaga no estacionamento, mas depois de uma longa procura, conseguiu. Caminhamos e andamos em fila, procurando um lugar para sentar. Achamos um espaço na segunda fileira, e dali teremos uma boa visão do campo, então sentamos. Atsumu se junta a nós, tem estado conosco todos esses dias no colégio. É adorável.
Sophia se senta primeiro, depois Atsumu, Oikawa e eu. Não queria ficar tão longe da minha amiga, mas não quero que Oikawa pense que não quero estar perto dele ou que tenho alguma preferência. Existem duas torcidas bem definidas, e nós estamos do lado do time de Ginjima e Suna. A grama do campo é muito verde e bem aparada. Ainda há um pouco de luminosidade, embora o sol tenha se posto. O céu está cinzento, dando boas-vindas à escuridão da noite em breve, as grandes luzes estão acesas, iluminando o campo inteiro.
Eu engulo em seco enquanto meus olhos dançam até os jogadores se alongando e treinando com a bola perto do gol. O uniforme do time de Suna é preto com listras e números em amarelo, enquanto o da outra equipe é Branco e Roxo.
Camisa 01.
Onde está você seu idiota?
Como se tivesse me escutado, ele surge de um grupo de garotos de seu time, caminhando com aquela confiança tão típica dele. Meu coração voa na direção dele. A bermuda do uniforme se ajusta com perfeição a suas pernas definidas e a camisa também lhe cai muito bem, revelando os ombros que infelizmente me lembro. E leva a braçadeira de capitão presa no braço esquerdo.
Suna se aproxima de outro jogador que eu só consigo ver de costas, mas que me parece muito familiar. Os dois conversam e Suna mantém o ar sério, como se tomasse uma decisão importante. O jogador desconhecido se vira rapidamente e consigo ver quem é: Antony. Como eu pude esquecer que ele também joga nesse time?
Eu mordo o lábio, me lembrando de quando dancei para ele. Deus, que vergonha alhei por mim mesma. Mas, veja bem, Antony também não fica nada mal com o uniforme.
[Nome], pelo amor de Deus!
Eu me dou um tapa imaginário. Ter transado definitivamente libertou algo a mais na minha vida. Suna ri e balança a cabeça com algo que Antony diz e eu prendo a respiração. Ele fica tão lindo quando ri.
─ [Nome]? -oikawa me traz de volta à realidade.
─ Oi? -eu olho para ele e oikawa está com os olhos semifechados.
─ Apreciando a vista? -ele pergunta e eu dou uma risadinha.
─ Um pouco.
─ Eu perguntei se você quer refrigerante, eu vou buscar ali.
─ Não, estou bem. Obrigado!
Atsumu e Sophia parecem estar conversando, quer dizer, ela está falando e Atsumu simplesmente balança a cabeça, vermelho como um tomate. Oikawa desce para buscar refrigerantes quando o narrador da partida começa a falar: Boa noite! Bem-vindos ao jogo de abertura do campeonato municipal de futebol deste ano letivo. Por favor, deem as boas-vindas ao time convidado: Shiratorizawa diretamente de Tóquio!
A torcida da equipe rival uiva, grita e festeja enquanto nós vaiamos. Então o narrador continua: - Agora, vamos dar um salve pra nossa equipe local: Inarizaki!
Todo mundo está pirando, gritando e pulando, inclusive eu. Aproveito que os meninos saíram para trocar de lugar e ficar ao lado de Atsumu. Sophia me vê e imediatamente puxa Atsumu pelos ombros e o move para que ela fique entre nós dois. Sophia sussurra em meu ouvido.
─ Agora entendo por que você veio assistir aos treinos.
─ Cadê o Ginjima?
Sophia agarra meu queixo e move meu rosto na direção da trave.
─ Ali. Você com certeza está muito focada em seu Voldemort para prestar atenção no meu simples primo. -ela finge uma triste expressão.
Bem, é hora do grande jogo, senhoras e senhores. Vamos dar uma salva de palmas aos times e desejar-lhes boa sorte!
A multidão grita, erguendo as mãos no ar. Do meu lado, todos começam a gritar "Inarizaki, Inarizaki!", a emoção do jogo se infiltra em minhas veias e por um segundo eu me divirto, esquecendo aquele capitão arrogante que tem meu coração nas mãos.
A rivalidade entre as duas equipes está no ar. Shiratorizawa é o time do outro lado do mundo e eles sempre nos menosprezaram, dizendo por aí nas redes sociais que não temos talento. Nós os fizemos engolir cada palavra muitas vezes. Inarizaki ganhou vários campeonatos e nós até chegamos às competições estaduais enquanto eles não conseguiram passar nem da primeira fase.
Os times entram em campo, cada jogador segue para sua posição, as arquibancadas vibram com os pulos, gritos e incentivos dos torcedores. Eu bato palmas, meus olhos estão em Suna novamente. Como é possível ignorar Suna quando ele parece tão confiante, tão animado? Você é uma idiota, [Nome]. Minha consciência me reprova. Suna me machucou muito, e eu continuo olhando para ele e suspirando como uma tola. Por que não consigo controlar o que sinto? Eu gostaria que os sentimentos tivessem um botão de ligar e desligar. Isso tornaria as coisas muito mais fáceis para as pessoas.
Sentimentos...
É uma palavra forte, que não falo da boca para fora. Mas eu sei que sinto alguma coisa por ele, sei que estou mentindo para mim quando falo que "estou me apaixonando", quando a verdade é que já estou apaixonada, não dá para voltar atrás. Porém, admitir o sentimento não vai mudar nada, porque ele não sente o mesmo, então o que preciso fazer é enterrar o que sinto e seguir com minha vida como se nada tivesse acontecido. Oikawa surge ao meu lado.
Oikawa me oferece seu refrigerante.
─ Tem certeza de que não quer? É Coca-Cola, sua bebida favorita.
─ Só um gole. -eu bebo um pouco e a devolvo para ele.
Oikawa ajeita os óculos e me lança alguns olhares, como se quisesse dizer outra coisa, mas não diz. Nossos olhos se encontram e eu percebo que tinha esquecido como meu melhor amigo é adorável.
─ [Nome], está acontecendo alguma coisa entre você e aquele garoto da família vizinha?
─ Atsumu? Não mesmo, ele é um...
─ Não estou falando do Atsumu, e você sabe disso. -eu mordo os lábios, ganhando tempo.
─ Não, óbvio que não.
Por que estou mentindo?
Oikawa abre a boca para protestar, mas o árbitro apita, dando início à partida. Eu sorrio para Oikawa e me concentro no jogo. Todos os jogadores estão cheios de energia e com vontade de ganhar, por isso o começo é muito corrido, com passes muito bons e efetivos. Atsumu assobia de empolgação.
─ Uau! Viram como ele correu para conseguir esse passe? Esse atacante é bom pra cacete! -ele é outra pessoa quando se trata de futebol.
Suna está jogando muito bem e isso não ajuda em nada sobre aquele papo de enterrar meus sentimentos, especialmente quando quero gritar como uma fã apaixonada toda vez que ele se aproxima do gol. Sophia me cutuca com o cotovelo.
─ Você tem bom gosto.
Além de gato e inteligente, ele joga bem. E também é muito bom de cama.
Queria dizer isso, mas apenas sorrio. Quase na metade do primeiro tempo, Suna corre sozinho com a bola, se aproximando do gol, e todos se levantam na arquibancada, incentivando-o a continuar. Mas então o goleiro sai do gol e corre em sua direção, se chocando contra Suna com um baque surdo. Um grito de horror sai da minha boca quando vejo Suna no chão, se contorcendo de dor e com as mãos no rosto.
Sem pensar, fico de pé e quase corro na direção dele, mas Sophia agarra meu braço e me segura, me lembrando da realidade entre nós dois. Eu o observo se levantar com a ajuda de Antony e de outros jogadores, que o trazem para a beira do campo, perto das arquibancadas locais, e fico ainda mais assustada quando vejo sangue saindo de seu nariz.
O narrador informa ao público: Nossa, parece que houve um grande confronto entre o atacante e o goleiro.
O árbitro deu cartão amarelo, mas o nosso time não ficou satisfeito.
O técnico entrega um pano para Suna, que limpa o sangue do rosto em seguida. Seus olhos amarelados encontram os meus, e eu não posso deixar de perguntar a ele, movendo meus lábios em silêncio, na esperança de que ele entenda a pergunta a distância: Tudo bem?
Ele apenas acena com a cabeça. Eu me sento novamente. Oikawa vira o rosto e Sophia me lança um olhar cúmplice. Percebo que Atsumu não está conosco. Sophia explica para mim.
─ Ele correu para o outro lado quando você se levantou, acho que está se certificando de que está tudo bem com o irmão.
─ Foi uma jogada muito suja contra as regras. -oikawa comenta por cima.
Ele me dá um gole em seu refrigerante novamente.
─ Foi mesmo.
Atsumu volta com o rosto vermelho. É a primeira vez que o vejo com tanta raiva. Sophia aperta seu ombro de modo reconfortante.
─ Ele vai ficar bem.
Atsumu não fala nada, apenas cerra os punhos junto ao corpo e se senta, respirando fundo. Acho extremamente bonito que ele se preocupe tanto com o irmão. Atsumu é o menino mais doce que já conheci. O jogo continua, mas ainda tenso. Inarizaki está zangada com a falta injusta que seu capitão sofreu. Suna continua jogando, checando o nariz de vez em quando; não há mais sangue, mas imagino que ainda esteja doendo.
É quase a final do primeiro tempo quando começa a melhor jogada da partida: O meio-campo faz um passe longo para Antony, que após driblar dois jogadores passa a bola para Suna, que corre para recebê-la de um lado do gol. Todos se levantam empolgados, Suna chuta a bola na diagonal e acerta o gol quase de escanteio, em um ângulo impressionante.
O campo vai à loucura, nós pulamos e gritamos feito loucos.
─ TOMA ESSA SEUS FILHOS DA PUTA, VAI SE FODER SEU GOLEIRO DE MERDA! -surpreendendo a todos. grita atsumu.
Suna sai correndo com os braços estendidos no ar, comemorando o gol, se aproxima da arquibancada e puxa a camisa, mostrando algo escrito na barra da vestimenta.
Meu nome.
Eu paro de respirar, levando a mão à boca em choque.
O narrador fala: GOL! GOL! GOLAÇO! E UAU! PARECE QUE O GOL É DEDICADO A ALGUÉM!
Suna encontra o meu olhar e ele sorri fazendo um movimento com os dedos, indicando um "Eu te encontro mais tarde", antes de ser abraçado por todos os companheiros de time.
Meu coração ameaça pular do peito, batendo desesperadamente. Ele acabou de...? Suna Iscariote ainda vai me deixar louca com seus sinais confusos.
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