𝟭𝟳
⎯ Nutella?
⎯ Não.
⎯ Morangos e creme? -eu balancei minha cabeça.
⎯ Não.
⎯ Sorvete?
⎯ Não.
⎯ Eu já sei! Todos juntos? Sorvete, morango e Nutella? -eu apenas balanço minha cabeça novamente e oikawa ajusta seus óculos.
⎯ Chega. Me dou por vencido.
Estamos sozinhos na sala de aula, a última aula acabou e Oikawa está tentando me animar. Ele tem seus cabelos castanhos meio bagunçados e seus óculos, como sempre. Já é sexta-feira e passei a semana rastejando por todo o colégio.
Não tive coragem de contar a ninguém o que aconteceu, nem mesmo a Sophia. Estou muito decepcionada comigo mesma, acho que não posso falar sobre isso ainda.
⎯ Vamos, querida. O que quer que tenha acontecido, não deixe isso te derrubar. Lute. -ele aconselha, acariciando minha bochecha.
⎯ Não quero.
⎯ Vamos tomar um sorvete, dá uma chance, ok? -seus lindos olhos me imploram e eu mal consegui recusar.
Ele está certo, já que o que aconteceu... aconteceu. Não posso fazer nada para voltar no tempo. Oikawa estende sua mão para mim.
⎯ Vamos?
Eu sorrio para ele e pego em sua mão.
⎯ Vamos lá, [Nome]. Vamos tomar um sorvete e ficar na praça da cidade, está um dia lindo. Apesar de já passar das quatro horas, o sol ainda brilha como se fosse meio-dia.
⎯ Você se lembra quando costumávamos vir aqui todas as tardes depois da escola no primário?
Eu sorrio com a memória.
⎯ Sim, ficamos amigos da senhora que vendia doces.
⎯ E ela nos deu doces grátis! -eu rio, lembrando de nossas doces infâncias. oikawa ri comigo.
⎯ Eu gosto assim, sorrindo você fica mais bonita. -eu levanto uma sobrancelha.
⎯ Você está admitindo que eu sou bonita?
⎯ Mais ou menos. Talvez com uns drinks por cima eu consiga te conquistar.
⎯ Só com algumas bebidas por cima? Nunca!
⎯ E a Soph? Eu não a vi na escola. -eu tomei uma colher do meu sorvete.
⎯ Isso porque já se passaram dois dias. Ela está ajudando a mãe com um projeto na agência. -eu respondi.
A mãe de Dani tem uma agência de modelos de muito prestigio.
⎯ É a primeira semana de aula e ela já está faltando às aulas, típico da Soph.
⎯ É bom que ela seja inteligente e saiba pegar matéria muito rápido.
⎯ Sim. -lambendo meu sorvete, noto como oikawa me encara como se esperasse por algo.
⎯ [Nome], você sabe que pode confiar em mim. -ele me pergunta e eu sei para onde ele está indo. ⎯ Você não tem que lidar com as coisas sozinha.
Eu exalo tristemente.
⎯ Eu sei, é só que... Estou tão decepcionada comigo mesma que não quero desapontar mais ninguém.
⎯ Você nunca me desapontaria.
⎯ Não tenha tanta certeza. -seus olhos me olham com expectativa.
⎯ Acredite em mim, talvez falar sobre isso ajude você a se sentir um pouco melhor.
Não há uma maneira fácil de dizer isso, então tento apenas dizer, sem rodeios para não deixá-lo ainda mais confuso comigo.
⎯ Eu perdi minha virgindade.
Oikawa quase cospe o sorvete na minha cara, o choque em sua expressão é completamente visivel.
⎯ O que? Ta brincando né? -eu torço meus lábios.
⎯ Não.
Uma expressão indecifrável cruza seu rosto.
⎯ Como? Quando? Com quem? Merda, [Nome]! -ele se levanta e seu sorvete caiu à parte.
⎯ Merda! -eu me levanto e tento acalmá-lo, as pessoas estão começando a olhar para nós. ⎯ Oikawa, acalme-se.
⎯ Com quem? -o rosto dele está vermelho e ele parece muito chateado. ele retira minhas mãos de seus ombros. ⎯ Você nem tem namorado. Diga-me com quem foi.
Oikawa agarra sua cabeça e vira as costas para mim para chutar uma lata de lixo. Tabom, já chega.
⎯ Vá com calma! -essa não era a reação que eu esperava. ⎯ Oikawa, você está exagerando. Vá com calma.
Ele passa a mão no rosto e se vira para mim.
⎯ Diga-me quem foi. Eu vou matar esse cara.
⎯ Este não é o momento de agir como o irmão mais velho ciumento e super-protetor.
Ele ri sarcasticamente.
⎯ Irmão mais velho? Você acha que essa é a reação de um irmão mais velho?
Você é tão cega, [Nome].
⎯ O que diabos aconteceu com você? -ele olha para mim e parece que milhares de coisas passam por sua mente.
⎯ Você é cega. -ele diz ele em um sussurro. ⎯ Eu preciso respirar, até mais. -e assim, segue adiante.
Isso me deixa sem palavras na praça. Sorvete derretido rolando pela casquinha de waffle, pingando no chão. O que diabos aconteceu?
Suspirando, vou para casa.
É sábado e é minha vez de limpar.
Grunhindo, sigo a lista de tarefas que minha mãe me deu. Já fiz quase tudo, só preciso limpar meu quarto, então ligo o computador e coloco alguma música, isso me motiva.
Abro meu Facebook e deixo aberto porque, agora que estou sem telefone, o Facebook se tornou meu único meio de comunicação. Estou ouvindo a minha música favorita atualmente enquanto arrumo minha bagunça, pego o controle do meu ar condicionado e uso-o como microfone para cantar.
⎯ Louca! -minha mãe grita da porta após jogar um sapato em minha direção.
⎯ Ai! Mãe!
⎯ É por isso que você demora tanto para limpar.
⎯ Você sempre corta minha inspiração... -eu rosno, me levantando.
Mamãe desvia o olhar.
⎯ Depressa, tire suas roupas sujas e traga-as para mim, vou lavar hoje. -ordenou.
⎯ Ela ainda não reconhece meu talento.
⎯ [Nome], ainda me resta um sapato pra jogar em você! -mamãe grita comigo da escada.
⎯ Eu estou indo!
Depois de levar minhas roupas e terminar meu quarto, sento-me em frente ao computador. Eu entro na minha caixa de mensagens no Facebook e fico surpresa ao encontrar duas pessoas diferentes. Uma mensagem é de Sophia e outra de Suna Iscariote.
Eu pisco, verificando o nome uma e outra vez. Ele e eu não somos amigos no Facebook, mas sei que ele ainda pode me enviar mensagens. Meu coração estúpido dispara e meu estômago se enche de borboletas. Eu não posso acreditar que ele ainda tem esse efeito sobre mim, apesar do que aconteceu.
Abro sua mensagem, nervosa.
SUNA ISCARIOTE: Esquisita.
A sério? Quem cumprimenta alguém assim? Só o meu lado curioso mesmo para saber o que ele tem a dizer. Respondo secamente:
Que?
Ele demora um pouco e fico cada vez mais ansiosa.
SUNA ISCARIOTE: Quando você puder, passa na minha casa.
Então você pode me usar de novo? Não, obrigado. Quero escrever isso para ele, mas não quero dar a ele o prazer de saber o quanto isso me fez se sentir tão mal.
Você está louco. Por que eu faria isso?
SUNA ISCARIOTE: Você deixou algo aqui.
Já te disse que não quero o telefone.
Suna enviou uma foto.
Quando eu abro, é uma foto da mão dele. Onde tem a corrente de prata que minha mãe me deu quando eu tinha nove anos, tem o pingente com meu nome nele. Instintivamente, minha mão sobe ao pescoço para confirmar que não a tenho, nunca a tirei. Como é que não percebi que não estava aqui? Talvez eu estivesse muito ocupada com meu rancor pós-florescimento.
A ideia de ver Suna me enche de raiva e excitação ao mesmo tempo. Esse idiota me atingiu com sua instabilidade. Recuperando um pouco da minha dignidade, eu digito uma resposta.
Você pode mandar para mim, seu irmão, Atsumu me entrega na escola na segunda.
SUNA ISCARIOTE: Você tem medo de me ver?
Eu não quero te ver.
SUNA ISCARIOTE: Mentirosa.
Pense o que quiser.
SUNA ISCARIOTE: Porque esta assim?
E você se atreve a perguntar? Apenas mande para mim pelo Atsumu e me deixe em paz.
SUNA ISCARIOTE: Não entendo sua raiva, nós dois sabemos o quanto você gostou. Eu posso me lembrar dos seus gemidos claramente.
Eu desvio o olhar decepcionada. Eu me sinto estúpida por não ir lá, pegar meu colar e fingir que nada aconteceu, apenas por não ter coragem. Mas me sinto bem de certa forma, por não ser como ele.
Suna, agora, não quero falar com você.
SUNA ISCARIOTE: Você vai ser minha de novo, garota
Um arrepio pecaminoso percorre meu corpo. Não, não, [Nome], não caia nessa denovo. Eu não respondo e deixo isso à vista. Ele escreve novamente.
SUNA ISCARIOTE: Se você quer sua corrente, venha buscá-la, não vou mandar por ninguém. Te espero aqui, tchau.
⎯ Esse idiota! Filho da puta!
Eu resmungo de frustração. Se a mãe perceber que perdi essa corrente, ela me mata. Atirar outro sapato em mim seria pequeno em comparação com o que faria comigo. Depois de tomar banho e colocar um vestido casual de verão com estampa floral, vou resgatar minha corrente. Tenho minhas estratégias claras para não cair nos jogos dele, não vou nem entrar na casa dele, vou esperar ele me trazer a corrente do lado de fora.
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